Professional Documents
Culture Documents
E LAGUNARES
Uma iniciativa pública inovadora
para proteção e uso sustentado de nossos rios e lagoas
Para reverter a situação, a Secretaria de Estado do Ambiente – SEA tem construído uma nova visão
para orientar a gestão dos rios, no qual reconhece que:
Para materializar a nova visão, o Governo do Estado apresenta para a sociedade um novo conceito
de área protegida: os Parques Fluviais e Lagunares.
Parques Fluviais tem a finalidade de recuperar a integridade ecológica das margens e do canal do
rio e criar oportunidades para recreação e aprendizado da população local e dos visitantes. Parques
Fluviais colocam a população de frente para o rio, ao invés de costas. Parques Fluviais funcionam
como corredores florestais ao longo de rios. Reflorestamentos das margens sem definir e assegurar
um uso público futuro das mesmas coloca em risco o investimento. Em outras palavras, as mudas e
as árvores jovens ficam sujeitas a serem retiradas durante invasões, mortas pelo fogo ou servirem
de alimento para animais domésticos como bois e cabras. Parques Fluviais viabilizam o
reflorestamento à longo prazo, pois possuem funcionários para fiscalização e manejo florestal em
seu quadro de pessoal.
Em muitos Parques Fluviais, serão necessárias obras de engenharia ecológica para recuperar o
canal, as barrancas e as margens, ao qual chamamos de “renaturalização fluvial”. Esta nova
tecnologia junta os conhecimentos da hidrologia, da geologia, da biologia e da engenharia florestal.
Com isso, pretendemos reduzir a quantidade de sedimentos que o rio lança nas baias, mares e
lagoas, melhorar a qualidade da água , recuperar habitats aquáticos e baixar os custos de
tratamento.
A SEA pretende recuperar habitats aquáticos para favorecer a fauna e flora dos rios e lagoas e
incentivar o uso múltiplo destes ecossistemas, em especial para a visitação, aprendizagem,
interpretação, recreação e pesca.
Nossos rios e lagoas e suas margens oferecem oportunidades impares de recreação e turismo que
jamais foram organizadas e fomentadas, tais como banho, mergulhos, contemplação da paisagem,
caminhadas, fotografias da paisagem e da natureza, pic-nics e churrasco familiares, esportes de
vela, passeios de barco, canoa e caiaque, raftings, pesca e práticas religiosas. O foco dos Parques
são as crianças e suas famílias, além dos jovens e adultos esportistas.
CONCEPÇÃO GERAL
Definição
Parque Fluvial ou Lagunar é uma categoria de Unidade de Conservação inovadora que será incluída
e tipificada no Sistema Estadual de Unidades de Conservação e oficializada em ato legal.
Parques fluviais e lagunares não impedem a captação de água nem prejudicam a pesca, pois os
canais dos rios e o espelho de água das lagoas são incluídos no Parque como zona de
amortecimento. Usos que modificam os rios, tais como barragens, são proibidos.
Superfície
Parques Fluviais estendem-se na forma de faixa de largura variável ao longo das margens de um
rio, reunindo praias fluviais, bancos de areia, florestas, restingas, brejos, lagoas marginais, base de
morros, construções históricas, sítios arqueológicos, área de lazer e outros recursos. Alguns
Parques Fluviais podem ser implantados das nascentes até a foz de um rio. Quando muito pequenos
podem ser designados como praça fluvial.
Planejamento e Implantação
Operação
Reflorestamento e Renaturalização
As seguintes atividades poderão ser oferecidas por um Parque Fluvial, de acordo com as características
ambientais, culturais e sócio econômicas da faixa ao longo do rio.
Caminhadas e passeios de bicicletas: Ao longo dos caminhos e ciclovia nas margens do rio
Fotografias da Paisagem e da Natureza: O sistema de trilhas favorece aqueles que pretendem praticar este
hobby;
Observação de Animais Silvestres: Implantar e recuperar brejos nas margens do rio que atrairão aves.
Reintroduzir capivaras e outros mamíferos e répteis aquáticos. Cercar brejos
Interpretação da Natureza: Através das exposições de um único Centro de Visitantes, das trilhas
interpretativas e dos passeios guiados, o visitante pode se informar sobre o Rio ou contar com guias
credenciados pelo Parque para esta atividade.
Estudos do meio: Visitas com fins educacionais, realizadas em geral por público escolar, sob a orientação
dos funcionários do Parque, utilizando os recursos do Centro de Visitantes e as trilhas com placas, dentre
outros;
Pic-Nic e Churrasco Familiares: O Parque deve oferecer área(s) específica(s) para estas atividades. Trata-
se de uma instalação fundamental para atrair visitantes.
Passeio de Bicicleta/Ciclismo: Oferecer rede de ciclovias pavimentadas para os visitantes que tragam suas
próprias bicicletas, em especial no baixo curso.
Rafting
Filmes: Passar filmes sobre o rio no Centro de Visitantes. Produzir filmes específicos sobre o Rio;
Contemplação: Bancos e pequenos mirantes devem ser colocados em locais com visão do rio
Leitura: Oferecer áreas reservadas e sombreadas para leitura de livros, inclusive com postes para redes;
Celebração: Datas comemorativas devem ser sempre celebradas, em especial o dia do parque, 7 de
setembro, dia da bandeira e o dia do meio ambiente.
Experiência da Roça: as crianças passam um dia na roça plantando, colhendo ou cuidando de animais
(sítios e fazendas ribeirinhas)
INFRA-ESTRUTURA
IMPORTANTE: A concentração de edificações em uma determinada área do Parque facilita e reduz o custo
de implantação e manutenção, assim como dos serviço de segurança (mais concentradas, menos vigilância
noturna).
A área central do Parque pode conter as seguintes facilidades:
Sede Administrativa: A sede administrativa do Parque serve para abrigar a equipe de funcionários, materiais
e equipamentos.
Cerca: A área central pode ser cercada com alambrado (moirão de concreto e tela).
Edificações e Ruínas Históricas: O Parque deve assumir a manutenção quando não implicar em despesas
consideráveis.
Trapiches e Mirantes: Devem ter bancos, lixeiras e serem sinalizados, com placa contendo mapa que
explique a paisagem que se vê.
Tirolesa
Abrigos com mesas de pic-nic: Devem ser implantados nas áreas de uso diário.
Áreas de Uso Diário: Áreas gramada e arborizadas contendo bancos para pic-nic e churrasqueiras
individuais, com abrigos simples de diversos tamanhos, lava-pratos, banheiros públicos e duchas, manilha
para depósito de carvão usado, parque infantil (escorregas, balanços comuns e de pneus, trepa-trepas,
barras–fixas, gangorras, tambor giratório, rema-rema, etc.) quadras de vôlei, mesas para jogos de dama,
restaurante/lanchonete, postes para pendurar redes, área para leitura de livros. Estas espaços devem ser
operados pela administração do parque, direta ou indiretamente sob concessão a empresa local.
Praça de Exercícios:
Postos de Guarda: A quantidade de Guaritas ou Postos de Guarda deve ser definida pelo Programa de
Segurança do Plano de Manejo por especialistas em segurança. Todos devem ter comunicação por rádio com
a sede.
Caçambas e Cestas de lixo: Em vários lugares do Parque, construidas de modo a evitar que animais tenham
acesso.
Sistema de Circulação
Ciclovias: Devem ser construidas com base em especificação técnica e somente no baixo curso
Sistema de Sinalização
Formado por painéis e placas informativas externas. Devem ser bilingues (português e inglês) e padronizados.
ANEXO II
FUNDAMENTOS DA ENGENHARIA DE RECUPERAÇÃO OU RENATURALIZAÇÃO DE RIOS
Entende-se por Renaturalização, a realização de obras e outras atividades que tem como meta
recuperar a integridade ecológica de um rio e de sua zona marginal. O processo de renaturalização
não é uma obra de engenharia com início, meio e fim estabelecidos em cronograma. Em linhas
gerais, é um processo de ajuda para que o rio se autorecupere. Ele parte do principio do rio vivo
(“living river”), ou seja, um rio é um ecossistema autoajustável que esta sempre recriando sua forma.
Desta modo, após cada intervenção, no qual se projeta uma tendência, espera-se um tempo para
observar o seu comportamento e parte-se ou não para nova intervenção. Trata-se de um
gerenciamento adaptativo, como chamam os engenheiros e cientistas que estão recuperando o rio
Colúmbia.
A eliminação do lançamento de esgoto bruto no rio não representará água limpa e rio saudável, pois
uma grande quantidade de barro permanecerá na água. A cor da água é reflexo da erosão das
próprias barrancas do rio, causada pela retificação e pela eliminação das matas ribeirinhas, aliado a
perda de solos da bacia e a mineração de areia. Outra questão fundamental: qual é a vazão mínima
que a represa de Juturnaíba terá que liberar no inverno e no verão para permitir que o rio provoque
uma pequena inundação das lagoas e brejos marginais, fato fundamental para assegurar a
reprodução dos peixes?
Mesmo em rios dados como mortos, como os que atravessam cidades com curso canalizado e com
margens concretadas é possível fazer melhorias. E os exemplos são muitos, abrangendo desde
diminutos córregos que atravessam fazendas até rios grandes como o Mississipi, onde o exército
americano esta refazendo os meandros, passando pelo mais recente que é o rio Colorado, também
situado nos EUA. No rio Colorado, criou-se o “gerenciamento adaptativo” da usina hidrelétrica de
Glen Canyon, concluída em 1963. O gerenciamento adaptativo tem por finalidade minimizar os
impactos causados no rio à jusante pela barragem, entre eles uma colossal perda de areia,
encolhimento das praias, invasão de plantas e peixes não-nativos, extinção de espécies nativas e a
erosão de sítios arqueológicos.
Permitir que o rio desenvolva um curso mais natural e volte a formar meandros. Depois de um
certo tempo, os processos erosivos fluviais se estabilizariam e assim, facilitariam o
ressurgimento da biota, e conseqüentemente a revitalização do rio. Em comparação à situação
anterior (rio retificado), necessita-se de mais áreas marginais;
A mata ciliar melhora as condições ecológicas, hidrológicas e morfológicas. Por isso, nesses
trechos de rios deve-se proteger ou plantar mata de espécies nativas. Em geral, utiliza-se uma
faixa com largura mínima de 30 metros, nas áreas rurais, para atendimento ao disposto no
Código Florestal;
Suspender as retiradas de areia para deter o aprofundamento do leito do rio. Esse rebaixamento
é responsável pela escavação das infra-estruturas de pontes e outras obras, tornando-as
instáveis;
Não se deve postergar a renaturalização de rios contaminados por esgoto. Ao contrário, pode-se
começar a recuperá-los através do reflorestamento das margens e de algumas obras emergenciais e
mesmo de medidas preventivas tomadas pelas Prefeituras para evitar que a ocupação das margens
se acentue. Uma campanha para evitar que a população jogue lixo nos rios é fundamental. Em
suma, recuperar rios e lagoas exige muito mais que a aplicação dos instrumentos contidos nas leis
nacional e estadual de recursos hídricos.
O uso de gabiões e de estruturas de concreto deve ser evitado ao máximo. A prioridade deve recair
no uso de materiais locais, como capim colonião para produção de cilindros, pedras, folhas de
palmeiras, capim sapê, etc. Há empresas brasileiras que tem desenvolvido técnicas de
bioengenharia e produtos biodegradáveis de elevada qualidade tal como strawmulch, adesivos
orgânicos, geotêxteis, telas biodegradáveis e bermalongas, entre outras, todos biodegradáveis.
Não se deve postergar a renaturalização de rios contaminados por esgoto. Ao contrário, pode-se
começar a recuperá-los através do reflorestamento das margens e de algumas obras emergenciais e
mesmo adotar medidas preventivas a serem tomadas pelas Prefeituras para evitar que a ocupação
das margens se acentue. Uma campanha para evitar que a população jogue lixo nos rios é
fundamental. Em suma, recuperar rios e lagoas exige muito mais que a aplicação dos instrumentos
contidos nas leis nacional e estadual de recursos hídricos.
Allan, J.D. 1995. Stream ecology: structure and function of running waters. Chapman and Hall
Allan, J.D. and A.S. Flecker. 1993. Biodiversity conservation in running waters. BioScience 43: 32-43.
American Society of Civil Engineers Task Committee on River Width Adjustment. 1998. Processes and
mechanisms. Journal of Hydraulic Engineering 124: 881-902.
Cairns, J., Jr. 1995. Rehabilitating Damaged Ecosystems. Ann Arbor, Lewis Pbl.
DeAngelis, D.L. et al. 1998. Landscape Modeling for Everglades Ecosystem Restoration Ecosystems 1,
64-75
Dobson, A.P., A.D. Bradshaw and A.J.M. Baker. 1997. Hopes for the future: Restoration ecology and
conservation biology. Science 277: 515-522.
Gore, J.A., F.L. Bryant and D.J. Crawford. 1995. River and stream restoration. In: Rehabilitating
Damaged Ecosystems. J. Cairns, Jr (ed). Ann Arbor, Lewis Publishing:245-275.
Gore, J.A. and F.D. Shields, Jr. 1995. Can large rivers be restored? BioScience 45: 142-152.
Harding JS, Benfield EF, Bolstad PV, Helfman GS, Jones EBD. 1998. Stream biodiversity: The ghost of
land use past. Proceedings of the National Academy of Sciences, 95(25): 14843-14847.
Hart, D.D. and N.L. Poff. 2002. A special section on dam removal and river restoration BioScience 52:
653-655.
Hobbs, R.J. and J.A. Harris. 2001. Restoration ecology: Repairing the Earth's ecosystems in the new
millennium. Restoration Ecology 9: 239-246.
Karr, J.R. and E.W. Chu. 1999. Restoring life in running waters: better biological monitoring.
Washington, DC, Island Press.
Kondolf, G.M. 1995. Five elements for effective evaluation of stream restoration. Restoration Ecology
3(2): 133-136.
Leopold LB, Wolman WG, Miller JP. 1964. Fluvial Processes in Geomorphology. New
York: W. H. Freeman.
Palmer, M.A., R. Ambrose, and N.L. Poff. 1997. Ecological theory and community restoration ecology.
Journal of Restoration Ecology 5:291-300.
Poff NL, Allan JD, Bain MB, Karr JR, Prestegaard KL, Richter BD, Sparks RE, Stromberg JC. 1997. The
natural flow regime: A paradigm for river conservation and restoration. BioScience 47: 769-784.
Poff, N.l, and J. V. Ward. 1990. Physical habitat template of lotic systems: recovery in the context of
historical patterns of spatiotemporal heterogeneity. Environmental
Management 14: 629-645.
Riley, A.L. 1998. Restoring Streams in Cities: A guide for planners, policy makers, and citizens.
Washington, D.C., Island Press.
Rosgen, D.L. 1996. Applied River Morphology. Wildland Hydrology, Pagosa Springs, Colorado.
Roth NE, Allan JD, Erickson D. 1996. Landscape influences on stream biotic integrity assessed at
multiple spatial scales. Landscape Ecology 3: 141-156.
Sala, O.E., F.S. Chapin, III, J.J. Armesto and E. Berlow. 2000. Global biodiversity scenarios for the year
2100. Science 287: 1170-1174.
Smith, C., T. Youdan and C. Redmond. 1995. Practical aspects of restoration of channel diversity in
physically degraded streams. In: The Ecological Basis for River Management. D.M. Harper and A.J.D.
Ferguson (eds). Chichester, John Wiley & Sons: 269-273.
Stanford, J.A., J.V. Ward, W.J. Liss, C.A. Frissell, R.N. Williams, J.A. Lichatowich and C.C. Coutant.
1996. A general protocol for restoration of regulated rivers. Regulated Rivers: Research & Management
12: 391-413.
Swarts, F.A. eds 2000. The Pantanal of Brazil, Bolivia and Paraguay: Selected Discourses on the
World's Largest Remaining Wetland System, Hudson MacArthur Publishers van Diggelen, R., A.P.
Grootjans and J.A. Harris. 2001. Ecological restoration: state of the art or state of the science?
Restoration Ecology 9: 115-118.
Young, T.P., J.M. Chase and R.T. Huddleston. 2001. Community succession and assembly: comparing
contrasting and combining paradigms in the context of ecological restoration. Ecological Restoration
19: 5-18.
ANEXO V
WEBSITES ÚTEIS
EPA
http://www.epa.gov/owow/wetlands/restore/
River Restoration
http://www.riverrestoration.org/
Riverbend
http://www.riverrestoration.com/
Troutheadwaters
http://www.troutheadwaters.com/assessments.htm
Woodlot
http://www.woodlotalt.com/services/restoration.htm
New River Park, 70 mil acres de terra ao longo do rio New (Novo), EUA
http://www.nps.gov/neri/
Diretrizes: