You are on page 1of 11

Ressel LB, Gualda DMR.

Reflexões sobre a sexualidade velada na imagem


414 da enfermeira. Rev Gaúcha Enferm, Porto Alegre (RS) 2005 dez;26(3):414-24. PESQUISA

REFLEXÕES SOBRE A SEXUALIDADE VELADA


NA IMAGEM DA ENFERMEIRA

Lúcia Beatriz RESSELa


Dulce Maria Rosa GUALDAb

RESUMO

Este artigo apresenta uma reflexão acerca da imagem que a enfermeira faz dela própria e da ausência de
sexualidade nesta. Fez-se interpretação cultural da temática, aplicando-se metodologia qualitativa. Coletou-se
dados através da técnica de grupo focal, em oito sessões, com catorze enfermeiras de uma universidade públi-
ca. A questão: Como é a imagem da enfermeira para mim? conduziu à construção destes dados. Revelou-se a
quase total ausência de sexualidade na representação que as enfermeiras fazem delas próprias. Depreendeu-se
que, em enfermagem, as normas culturais existentes estão veladamente presentes. Controlam e disciplinam pos-
turas individuais, limitam diferenças e uniformizam o grupo.

Descritores: Sexualidade. Auto-imagem. Enfermeiras.

RESUMEN

Este artículo presenta una reflexión sobre la imagen que la enfermera hace de ella propia y la ausencia
de sexualidad en esta. Se hizo interpretación cultural de la temática aplicándose metodología cualitativa. Se
recolectó datos a través de la técnica de grupo focal, en ocho secciones, con catorce enfermeras de una uni-
versidad pública. La cuestión: ¿cómo es la imagen de la enfermera para mí? condujo a la construcción de
estos datos. Se reveló la casi total ausencia de sexualidad en la representación que las enfermeras hacen
de ellas propias. Se concluyó que, en enfermería, las normas culturales existentes están veladamente pre-
sentes. Controlan y disciplinan posturas individuales, limitan diferencias y uniformizan el grupo.

Descriptores: Sexualidad. Autoimagen. Enfermeras.


Título: Reflexiones sobre la sexualidad velada en la imagen de la enfermera.

ABSTRACT

This article presents a reflection about the image that the female nurse makes of herself and the lack
of sexuality in this image. The cultural interpretation of the theme has been carried out by means of the quali-
tative methodology. Data have been collected through the technique of the focal group, in eight sessions with
fourteen nurses of a public university. The question: how do I see the nurse image? led to the construction
of these data. It has been revealed almost total lack of sexuality in the image nurses have of themselves. A
conclusion has been drawn that, in Nursing, the existing cultural rules are veiled. They control and disci-
pline individual attitudes, limit differences and level up the group.

Descriptors: Sexuality. Self concept. Nurses.


Title: Reflections about the vealed sexuality in the nurse image.

a
Doutora pelo Programa Interunidades da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. Profª Adjunta do Departamento de Enfer-
magem da Universidade Federal de Santa Maria.
b
Doutora, Profª Associada da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. Orientadora do Programa Interunidades
de Doutoramento em Enfermagem da Universidade de São Paulo.

Ressel LB, Gualda DMR.Reflexiones sobre la sexualidad velada en la Ressel LB, Gualda DMR. Reflections about the vealed sexuality in the
imagen de la enfermera [resumen]. Rev Gaúcha Enferm, Porto Alegre nurse image [abstract]. Rev Gaúcha Enferm, Porto Alegre (RS) 2005
(RS) 2005 dez;26(3):414. dez;26(3):414.
Ressel LB, Gualda DMR. Reflexões sobre a sexualidade velada na imagem
da enfermeira. Rev Gaúcha Enferm, Porto Alegre (RS) 2005 dez;26(3):414-24.
415

1 INTRODUZINDO O TEMA ção social e nomeadora dos dispositivos que


reconfiguram as representações da sexua-
A sexualidade como tema de estudo, lidade nos relacionamentos sociais(4). Nela a
permite inúmeras e singulares concepções. sexualidade é concebida como o resultado de
Ela pode ser abordada em diferentes ângu- uma construção histórica-social-cultural pro-
los, por isso sua delimitação e conceituação gressiva, singular, dinâmica, flexível e contex-
vão variar de acordo com os esquemas con- tualizada, isto é, uma elaboração de cada in-
ceituais utilizados. Talvez essa multiplicida- divíduo(9).
de conceitual tenha sua lógica relaciona- A percepção da sexualidade em traba-
da à própria multiplicidade interpretativa e lhos que trazem esta abordagem, no Brasil,
à forma como foi levada a objeto de estudo tem sido expressiva ao demonstrar um agir
no percurso da história. humano que não é fixo, nem estático por na-
Literatura específica sobre a sexualida- tureza, pois sua própria existência passa por
de no campo antropológico(1-3) relata que, uma simbolização, por uma construção cul-
até a década de 1970 ela esteve à margem tural e social num contexto singular. Nesse
dos espaços e estudos sobre o homem na sentido, os autores entendem a sexualidade
pesquisa social, ficando sob domínio e in- como um componente de nossa forma de vi-
fluência das ciências biológicas e biomédicas, venciar o mundo, o que garante a ela uma di-
recebendo uma interpretação essencialmen- mensão de construção(3,5-13).
te naturalizante, reprodutivista e determinista É preciso lembrar, nesse momento, o
da espécie, sendo classificada e normatizada conceito de cultura dado por conceituado an-
com um significado de negação ou afirma- tropólogo contemporâneo como um sistema
ção, ou seja, normal ou anormal. Essa perspec- de símbolos significantes. Refere que o ho-
tiva relacionou a sexualidade com a genitália mem é um ser simbolizante, conceptualizan-
e com o ato sexual e tal enfoque ainda é uma te e pesquisador de significados, pois se ex-
característica predominante nos estudos da pressa através de símbolos, ordena-se atra-
área da saúde hoje. vés de conceitos e busca os significados das
Vivenciando essa realidade, foi enfren- atitudes, dos pensamentos, valores e ações(14).
tado o desafio de trabalhar essa temática em A partir daí, é possível entender que somos
tese de doutorado, numa nova ótica, que pos- seres culturais. Nosso sentir, agir e pensar
sibilitou a interpretação cultural, ou seja, a expressam nossos significados, dentro da
compreensão de como se deu a construção da nossa visão de mundo.
sexualidade, seus significados e simboliza- Logo, a sexualidade, como expressão
ções, e a que valores e conceitos está vincu- humana é uma experiência pessoal, fruto de
lada, na rede social em que vivemos(4). uma construção única a cada ser e fundamen-
Decorrente de estudos na Antropologia ta uma representação cultural, que transpa-
existe uma tendência, na atualidade, a com- rece nos gestos, discursos, atitudes, postu-
preender a sexualidade como uma manifes- ras, olhares, silêncios, enfim, no comporta-
tação humana, que sofre modificações quanto mento de cada pessoa como um todo. Tem
ao seu sentido, função e regulação, ancoradas uma relação muito próxima ao sentimento, se
em diferentes períodos históricos e contex- expressa através das emoções, da sensibi-
tos culturais, e não como uma propriedade de lidade, do jeito de ser de cada um e da repre-
um indivíduo isolado(5-8). sentação verbal e não-verbal dos corpos. É
Na tese, origem deste recorte, o enfo- parte da construção sócio-cultural de todas as
que central sobre esta temática traz uma in- pessoas, independentemente do querer ou não
terpretação basicamente normativa, de media- delas(4).
Ressel LB, Gualda DMR. Reflexões sobre a sexualidade velada na imagem
416 da enfermeira. Rev Gaúcha Enferm, Porto Alegre (RS) 2005 dez;26(3):414-24.

2 A SEXUALIDADE COMO TEMA EM determinado, dentro da lógica da sociedade


ESTUDOS DA ENFERMAGEM ocidental moderna. Salienta que o ato do cui-
dar é um ato historicamente feminino e que se
Embora a sexualidade esteja presente dá no espaço privado, tendo aí uma dimensão
em todos os momentos vividos pela enfer- que atinge, pelo toque, a expressão de prazer,
meira através dos gestos, dos movimentos cor- de sensual, de erótico, de troca de sensações
porais e nas entrelinhas implícitas do que foi e sentimentos, naturalmente inerentes à mu-
verbalizado ou não(15), ainda é mantida silen- lher como um legado da cultura de gênero;
ciosa, encorberta, ou na invisibilidade das dis- no entanto limitado ao âmbito do privado, do
cussões e prática da enfermeira(16,17). Isso traz, doméstico e relativo à intimidade.
por si só, uma significação especial. Contudo, No momento em que a enfermagem, co-
no sentido de ampliar o olhar nas questões que mo profissão, possibilitou à mulher sair da
envolvem o cuidado de enfermagem, pode-se esfera do privado para a vida pública, o com-
dizer que já existe, atualmente, reflexões que portamento sensual e erótico como uma dimen-
envolvem este tema, no sentido de visibilizá- são natural da sexualidade, porém pertencen-
lo nesta área. te ao domínio íntimo, começou a sofrer inter-
Em obra oriunda de estudos sobre o cor- dições com a finalidade de controle de con-
po da enfermeira como instrumento do cuida- duta. A mulher, então, no papel de enfermei-
do, as autoras situam a essência da sexuali- ra, deveria conter seu próprio corpo, contro-
dade na noção de prazer, e relacionam o pra- lar emoções e asfixiar a sensibilidade para
zer ao ato de cuidar do outro, de se preocu- poder manipular o corpo do outro(16). A en-
par, de fazer as coisas para o outro, com o ou- fermagem é referida como uma instituição so-
tro e pelo outro(17). Estas afirmam que, se a en- cial que possui uma autorização implícita em
fermeira ainda não se percebeu como fonte suas normas culturais, que lhe permite a ma-
de prazer quando realiza as atividades de cui- nipulação do corpo do outro, criando uma re-
dar, certamente seus clientes percebem pra- lação de poder(16). Estas normas culturais se
zer quando são cuidados por ela. Reforçam a transmitem através dos discursos, existentes na
idéia da sexualidade ser percebida através de formação e na prática das enfermeiras, e na
um simples gesto, toque, palavra e olhar, ou própria técnica, utilizada no cuidado.
outra manifestação não-verbal do corpo, a Os discursos, na assistência de enfer-
partir da vibração energética que promove magem, excluem o erótico, o sensual e são
prazer. E sustentam que a sexualidade das en- carregados de preconceitos, agravando mitos
fermeiras está presente no ato de cuidar, está e tabus, criando limites proibidos, censurando
presente no corpo delas como instrumento de assuntos, fazendo surgir dúvidas e incertezas
trabalho, porém as enfermeiras tendem a omi- que se sobrepõem ao não dito, ao não expres-
tir (in)conscientemente essa presença, e com sado verbalmente. Isso faz com que cada um
essa postura, desencadeiam uma forma de haja de acordo com suas pré-concepções, ge-
controle social e cultural(17). rando, muitas vezes, constrangimentos, vergo-
Também, em outro estudo(16) que enfo- nha, culpa e hostilidade tanto para a enfer-
ca a sexualidade na assistência de enferma- meira quanto para o sujeito com quem ela es-
gem esta é apresentada numa perspectiva de tá se inter-relacionando no momento do cui-
sensualidade. Neste estudo são tecidas dis- dado.
cussões que abordam a questão de gênero na Quanto à técnica, estudos de enferma-
sexualidade feminina e a história da enfer- gem mostram quanto ela possibilita a apren-
magem. A autora se reporta à questão de ser dizagem de um comportamento de submissão
mulher e ao aspecto do cuidar, que a ela é a valores que controlam e reprimem a sexua-
Ressel LB, Gualda DMR. Reflexões sobre a sexualidade velada na imagem
da enfermeira. Rev Gaúcha Enferm, Porto Alegre (RS) 2005 dez;26(3):414-24.
417

lidade. Dizem que através da exaltação aos Participaram deste estudo catorze en-
passos da técnica e ao rigorismo que a com- fermeiras (07 docentes e 07 assistenciais) da
põe é possível manipular o corpo do outro Universidade Federal de Santa Maria, no
sem a possibilidade de prazer(16,18). Rio Grande do Sul (UFSM). A composição
Dessa forma a robotização de atitudes, dos dois grupos deu-se aleatoriamente atra-
a impessoalidade, a disciplina, tudo que mas- vés de convite. Os critérios de seleção foram:
sifica as tarefas e, ainda, o controle dos ges- ser enfermeira e estar atuando, no período da
tos, do sentimento, das emoções e do seu pró- pesquisa, no Departamento de Enfermagem da
prio corpo, funcionam como estratégias para UFSM, ou no Hospital Universitário de San-
interiorizar um determinado comportamento. ta Maria (HUSM), pois estes são locais on-
Assim, a denegação de sua sexualidade de nossos alunos vivenciam grande parte de
se transmite e se vitalícia na extensão da prá- sua formação acadêmica, e instigava a dou-
tica e da formação da enfermeira, nas peque- toranda a conhecer como o tema em estudo
nas e corriqueiras situações da vida dela(16-18). estava sendo tratado ali por enfermeiras.
Outros estudos mencionam esta idéia re- Este interesse foi conduzido com base
ferindo-se ao espaço hospitalar, no qual as no conceito de socialização secundária de es-
práticas se sustentam sobre uma espécie de tudo antropológico(22), que explica este como
código de ação. Neste espaço, os serviços de é um processo de interiorização de valores,
enfermagem, tem sido influenciados por um regras e normas do submundo institucional, ou
recurso normatizador através do controle às seja, o tornar-se enfermeira é uma construção
qualidades morais e aos rituais (técnicas) exer- social e cultural singular, e tal conformação
cidos. As autoras entendem que tais ações se dá ao longo da vivência institucional de
disciplinadoras se estendem na formação das cada sujeito.
enfermeiras para além do aspecto profissio- A participação das enfermeiras no refe-
nal, atingindo sua vida pessoal e se perpe- rido trabalho deu-se livremente, de forma vo-
tuando nas inter-relações, principalmente na- luntária, após assinarem o termo de consenti-
quelas de controle dos aspectos da sexuali- mento informado, concordando em participa-
dade(19-21). rem e garantindo seu anonimato. Estivemos
atentas ao cumprimento das disposições da
3 O CAMINHO PERCORRIDO resolução n. 196/96, do Ministério da Saúde,
na qual estão descritas as diretrizes e as nor-
Neste artigo trazemos um recorte da te- mas que regulamentam os processos inves-
se de doutorado Vivenciando a sexualidade tigativos que envolvem seres humanos, para
na assistência de enfermagem: um estudo não violar preceitos éticos(23).
na perspectiva cultural(4), onde a sexualida- Os dados da tese foram coletados prio-
de é entendida como o resultado de uma cons- ritariamente através da técnica do grupo fo-
trução histórica, social e cultural singular, que cal e complementados através de entrevistas
se integra e se manifesta através da rede de individuais no período de março a junho de
significados do grupo social em que os indi- 2002.
víduos vivem, possibilitando toda expressão O grupo focal é uma técnica que tem
relativa ao sexo. sido utilizada com bastante frequência na
O objetivo da referida tese foi compre- Antropologia, Ciências Sociais, Mercadologia
ender de que forma a sexualidade, condicio- e Educação em Saúde, sendo apropriada às
nada culturalmente, era vivenciada na práti- pesquisas qualitativas que objetivam explorar
ca de assistência de enfermagem pelas enfer- um foco, ou seja, um ponto em especial. De-
meiras. senvolve-se através de grupos de discussão
Ressel LB, Gualda DMR. Reflexões sobre a sexualidade velada na imagem
418 da enfermeira. Rev Gaúcha Enferm, Porto Alegre (RS) 2005 dez;26(3):414-24.

que dialogam sobre um tema em parti- dois grupos as temáticas e as dinâmicas de


cular, recebendo estímulos apropriados para estímulos à discussão. Chamamos as enfer-
desenvolverem o debate(24,25). Possibilita o pro- meiras participantes também de colaborado-
cesso de interação grupal, favorece trocas, ras porque entendemos que elas colaboraram
descobertas, participações comprometidas e na construção dos dados.
também descontração para os participantes Em uma sessão grupal tivemos como fi-
responderem as questões em grupo, em vez nalidade oportunizar a revelação da imagem
de individualmente(26). Essa técnica facilita a sexualizada ou não da enfermeira. Aplicamos
formação de idéias novas e originais, gera uma técnica projetiva(27), lançando às colabo-
possibilidades contextualizadas pelo próprio radoras o questionamento: como é a imagem
grupo de estudo(27), oportuniza a interpretação da enfermeira para mim?; e a partir da téc-
de crenças, valores, conceitos, conflitos, con- nica de colagem de figuras cada enfermeira
frontos, pontos de vista e ainda possibilita compôs um cartaz projetando indiretamente
entender o estrangulamento em relação ao suas próprias características. Após, expuse-
tema na prática cotidiana(25,26). ram seus trabalhos, justificando e argumen-
A operacionalização do grupo focal, des- tando com o grupo as suas escolhas.
de o recrutamento das participantes, dimen-
são do grupo, tempo de duração das sessões, 4 A REVELAÇÃO DA IMAGEM DA EN-
número de encontros, escolha e organização FERMEIRA
do local, organização e planejamento de cada
grupo focal, momentos chaves, elaboração do A partir dos elementos citados pelas co-
guia de temas, competências e característi- laboradoras neste exercício, foi possível or-
cas fundamentais do moderador e do observa- ganizar por afinidade, em cinco grupos, as
dor do grupo e estabelecimento do contrato características da imagem da enfermeira, se-
grupal de compromisso ético, foi respaldado melhantemente a trabalho publicado que re-
principalmente em orientações fornecidas em lata uma experiência com a técnica de gru-
um trabalho realizado na Enfermagem(28). po focal sobre a temática da sexualidade(29)
A participação da pesquisadora nas e a outro acerca das memórias de enfermei-
sessões de grupo focal deu-se como modera- ras(16).
dora, e uma colega do Departamento de En- É importante lembrar a importância des-
fermagem da UFSM atuou como observado- sa seleção em grupos, neste estudo, para
ra do grupo. Todas as sessões grupais foram revelar a questão da sexualidade presente
gravadas em fita cassete e transcritas após ou ausente nas representações que as enfer-
os encontros para serem validadas na ses- meiras-colaboradoras criam sobre si mesmas.
são seguinte pelo grupo de participantes. Este foi o objetivo perseguido neste exercí-
Além disso, as informações como aconte- cio e mostrou, de forma semelhante à achada
cimentos que ocorreram nos encontros, per- em outro trabalho na área da enfermagem(17),
cepções e emoções da pesquisadora eram a quase total ausência da sexualidade na re-
registradas no diário do pesquisador ao final presentação que as enfermeiras fazem delas
de cada evento, protegendo assim a fidedig- próprias.
nidade deles. Em todas as representações da imagem
Realizamos oito sessões de grupo fo- da enfermeira foram citadas: a procura pe-
cal, quatro com o grupo composto por en- lo conhecimento científico; o domínio da tec-
fermeiras docentes e quatro com o grupo de nologia; a necessidade da evolução e o aper-
enfermeiras assistenciais, cada uma com a feiçoamento teórico e técnico; e a necessida-
duração de 90 minutos. Repetimos com os de de instrumentalizar-se em nível científico.
Ressel LB, Gualda DMR. Reflexões sobre a sexualidade velada na imagem
da enfermeira. Rev Gaúcha Enferm, Porto Alegre (RS) 2005 dez;26(3):414-24.
419

Agrupamos as características afins neste gru- Estas características destacaram o cará-


po, e o denominamos de Técnicas e Cogniti- ter de respeito, união, integração, aceitação da
vas. diversidade cultural num mesmo contexto so-
As colaboradoras utilizaram, comumen- cial e o exercício político e ético, que deve ser
te, figuras de computador, de aparelhos de estabelecido nas relações interpessoais pela
telefone celular, de carros modernos e poten- enfermeira.
tes para representar simbolicamente as carac- Relacionamos no grupo das caracterís-
terísticas, atribuindo fundamental importân- ticas Afetivas os seguintes atributos: ser ma-
cia a elas quando referenciavam a imagem da ternal, cujo significado estendeu-se a ser dó-
enfermeira e atribuíam um significado final cil, meiga, carinhosa, dedicada, afetuosa, com-
relativo à valorização profissional. panheira, protetora e acolhedora; manter-se
Percebemos que estas características se equilibrada emocionalmente, que aponta pa-
relacionavam a uma imagem da enfermeira, ra o sentido de dar conta de lidar com o po-
projetada pelas colaboradoras, como um ser em der; a adquirir conhecimento e harmonizar
evolução, que acompanha o avanço teórico- os espaços de trabalho profissional e domés-
tecnológico, e se apoia num instrumental cien- tico, contrabalançando estas tarefas, buscan-
tífico para dar conta de toda a amplitude que do harmonia, mantendo serenidade e tolerân-
o trabalho da enfermagem, atualmente, com- cia no inter-relacionamento pessoal; gostar de
preende. As colaboradoras apontaram tam- si mesma, ou seja, cuidar-se física e espiritual-
bém habilidades básicas que a enfermeira de- mente para se manter em alto astral, buscar
ve possuir, como precisão nos procedimen- o prazer na vida, valorizando-se e reconhe-
tos técnicos, competência técnica, criativida- cendo-se como sujeito de uma vivência sin-
de, senso de organização, planejamento, pri- gular, como alguém que precisa, antes de cui-
mazia pelo contato direto com o sujeito do dar dos outros cuidar de si própria.
cuidado em oposição à imagem da enfermei- As características afetivas foram simbo-
ra burocrata, e ainda comunicação e atenção licamente representadas por: figuras de mu-
constante. lheres com crianças; de casais com expres-
Num outro agrupamento, denominado são feliz, em um cenário agradável; de pes-
Éticas e Políticas, selecionamos característi- soas em posição de ioga; de pessoas alegre-
cas que se referiam ao respeito e ao reconhe- mente cuidado de outras; de pessoas se abra-
cimento não só pela cultura individual, mas çando; de pessoas expressando serenidade por
também pela cultura interiorizada na enfer- meio de um sorriso, do olhar e da posição pos-
magem como instituição social; o respeito pe- tural.
la enfermeira como sujeito político, que está Nesta perspectiva, percebemos latentes
atrelado, em sua atividade profissional às po- qualidades interiorizadas nas enfermeiras pe-
líticas de saúde, necessitando exercitar uma la história profissional e reforçada pelo sis-
postura política organizativa de classe e de tema patriarcal, tais como a docilidade, a mei-
cidadania; o respeito pela vivência de um tra- guice, o equilíbrio emocional e a tolerância,
balhar em equipe, acatando os demais indiví- relativos à configuração do gênero feminino.
duos e atuando como integradora e líder da No entanto, percebemos também um movimen-
equipe e convivendo num contexto em que a to para buscar o prazer, o bem-estar pessoal, a
competividade e a união são forças propulso- harmonia, a alegria como elementos básicos e
ras e constantes. As simbologias dessas re- primordiais para a construção de uma mulher
presentações foram, predominantemente, fi- que sabe o que quer e labuta pelo que quer.
guras reunindo diferentes pessoas numa mes- Mulher que entende que os predicados pes-
ma atividade. soais vão interferir diretamente na sua vida
Ressel LB, Gualda DMR. Reflexões sobre a sexualidade velada na imagem
420 da enfermeira. Rev Gaúcha Enferm, Porto Alegre (RS) 2005 dez;26(3):414-24.

profissional. Então, trilha seu caminho pro- As características as quais nos referi-
curando alcançar os objetivos propostos. mos, trazem uma semelhança com o caráter
Num outro conjunto, agrupamos carac- missionário. Nele, a enfermagem se apoiou pa-
terísticas consideradas inatas a toda boa en- ra se estabelecer como um patrimônio público
fermeira, que, segundo um estudo da enfer- feminino, através de submissão à rigidez das
magem se assemelhariam a um pré-requisito normas e das condutas; com a aceitação das
da mulher ao nascer, que a qualificaria no fu- regras do jogo; com a não contestação ao es-
turo para essa profissão(16). Dentro da catego- tabelecido; com a prontidão para servir; com
rização Vocacional encontramos: dar conta de o controle de sentimentos e emoções(16); e, tam-
tudo; correr contra o tempo; vivenciar desa- bém, orientando a enfermeira para ser meiga
fios cotidianos; dispensar carinho e atenção em e servir por altruísmo(30).
todos os seus momentos de trabalho, a seus Entendemos que tais características se
colegas e pacientes; ter estrutura emocional encontram ainda internalizadas na enferma-
para atuar em determinadas áreas críticas, não gem enquanto instituição social, sendo repro-
se permitindo expressar sentimentos pessoais; duzidas através dos valores e normas cultu-
ser promotora de esperança, segurança e se- rais, e, embora novos valores venham se so-
renidade para os pacientes; buscar a grati- brepor buscando estreitar as relações com o
ficação pessoal na recuperação dos sujeitos universo da globalização cultural, há enrai-
cuidados; doar-se, esquecendo-se muitas ve- zado ainda este sentido cultural, numa pro-
zes de si mesma; ser alegre, disposta e per- porção variável a cada sujeito e de acordo
sistente; gostar do que faz; vencer limitações com seu contexto de vivência pessoal e pro-
e dificuldades. fissional.
Estas características foram apresenta- O quinto grupo de características acerca
das por recortes de revistas tais como: fi- da imagem da enfermeira apontou para uma
guras com mulheres ou homens cuidando ou categoria que pode ser definida como Gênero.
protegendo crianças; cadeira de rodas deno- Neste agrupamento foram arroladas caracte-
tando as limitações e dificuldades a superar; rísticas que mostraram a imagem da enfermei-
relógios demarcando a corrida contra o tem- ra como mulher, pertencente a uma profissão
po e o dar conta de tudo, significando a tare- quase exclusivamente feminina, caracterizada
fação executada na enfermagem(16); um cora- pela subalternidade, e onde a presença mascu-
ção recuperado indicando a gratificação pes- lina é também concebida numa situação de
soal com a recuperação do paciente; expres- submissão; como uma pessoa que busca evo-
sões faciais exibindo emoções e sentimentos luir, crescer pessoal e profissionalmente, que
de tranqüilidade e paz; e um cartaz com Cha- atua num contexto público, mas possui limi-
plin significando a proteção aos fracos, a lu- tada e contida sua representação neste ce-
ta e a combatividade do cotidiano da enfer- nário.
meira. Os objetos utilizados para expressar os
Nesta perspectiva, é vista a representa- significados de subalternidade, submissão,
ção do ideal vocacional da enfermeira, que limitação e contenção foram: um balão pron-
traduz um pouco do que é referido em tese to para subir, mas contido; uma marca de
de doutorado da área da enfermagem acer- uma pegada na terra representando o futu-
ca do significado da palavra vocação, que ro com figuras ao redor, simbolizando dog-
era apreendido ao longo do curso de enfer- mas e crenças do passado que ainda condicio-
magem e na vivência do internato na escola nam as enfermeiras; e ainda uma jóia repre-
de enfermagem no início do século XX, no sentando a necessidade de valorizar a enfer-
Brasil(16). magem.
Ressel LB, Gualda DMR. Reflexões sobre a sexualidade velada na imagem
da enfermeira. Rev Gaúcha Enferm, Porto Alegre (RS) 2005 dez;26(3):414-24.
421

O reconhecimento de que se trata de uma ceberam uma formação culturalmente definida


profissão feminina foi representado por re- por valores, significados, símbolos e concei-
cortes de figuras só com mulheres, utiliza- tos específicos do mundo institucional da en-
dos na montagem de alguns cartazes, e pelas fermagem, na qual a imagem da enfermeira
figuras femininas que representavam a pre- mantém velada a presença da sexualidade em
sença da enfermeira em outros. si mesma.
Em face do exposto pelas colaborado-
ras, e entendendo que o gênero é construído 5 ÚLTIMAS PALAVRAS
sócio-culturalmente, reportamo-nos a um estu-
do onde a autora depreende que a enferma- Em relação à revelação da imagem se-
gem é uma profissão feminina, uma vez que xualizada ou não da enfermeira no grupo es-
é exercida predominantemente por mulhe- tudado, cabem algumas reflexões finais. A
res(30). Logo, toda a problemática referente à construção da sexualidade se dá distintamen-
questão da mulher repercute na profissão. te de acordo com o gênero, masculino ou fe-
Isso, ao nosso ver, explica a situação de su- minino, e isso se reflete na imagem que a
bordinação, de pouca valorização social e de enfermeira faz de si própria. Ao encarnar seu
ínfima participação política nos processos de- personagem de enfermeira, a mulher assume
cisórios que a enfermeira vivencia em seu esse papel social, porém continua sujeita às
cotidiano. regras e aos valores sociais e culturais que
Finalizando, é importante lembrar um es- a mentalidade patriarcal impingiu em nos-
tudo da antropologia, onde o autor declara sa sociedade. Ademais, a enfermagem como
“nossas idéias, valores e atos são produtos profissão em que predominam as mulheres,
culturais”(14:62). Neste sentido, reforçamos que encerra em suas raízes normas e valores
a influência cultural do patriarcado marcou construídos culturalmente para as mulheres.
profundamente o ser e o estar da mulher em A sexualidade foi revelada explicitamen-
nossa sociedade. te por uma minoria de colaboradoras na ima-
Tal marca foi e continua sendo interio- gem de enfermeira. Nesta direção salientamos
rizada, por meio dos processos de socializa- que a questão interpretativa acerca do concei-
ção(24) onde os indivíduos, neste estudo mu- to da sexualidade, por ser bastante diversa e
lheres enfermeiras, interiorizam os conheci- variada, pode ter contribuído, já que o seu
mentos e os valores que vão compor seu uni- sentido pode ser concebido em diversos ân-
verso simbólico pessoal. Desta forma, na so- gulos(3,12). E, enquanto objeto de estudo, este-
cialização primária, a qual compreende a in- ve por muito tempo delimitada a interpreta-
teriorização de valores, de conceitos e de sig- ções das ciências biológicas, ficando o seu
nificados relativos ao cotidiano, principalmen- conceito limitado a um sentido de reprodução
te durante a infância e adolescência, a cons- e de ato sexual, sendo esta noção ainda mui-
trução da sexualidade se deu através de cir- to presente na área da saúde, fazendo com que
cunstâncias carregadas de alto grau de emo- as enfermeiras ainda possuam um equivocado
ção e da abstração progressiva de papéis e entendimento sobre esse tema, relacionando-
das atitudes em geral, estendendo-se generali- o sistematicamente à questão da genitalida-
zadamente às normas e às regras do grupo so- de que, na verdade, é uma das dimensões des-
cial onde as colaboradoras viviam. Essa apren- sa temática(17).
dizagem, como indivíduo social, enraizou um Ao mesmo tempo, percebe-se que o sexo
conteúdo de interdição à sexualidade que faz é considerado, ainda, um tabu para a maio-
parte da bagagem cultural delas até hoje. ria das enfermeiras. Em estudo sobre esta te-
Já na etapa de socialização secundária, re- mática, as autoras dizem que a enfermeira
Ressel LB, Gualda DMR. Reflexões sobre a sexualidade velada na imagem
422 da enfermeira. Rev Gaúcha Enferm, Porto Alegre (RS) 2005 dez;26(3):414-24.

possui uma representação social de anjo as- criatividade, de prazer e de liberdade na


sexuado e isso reforça também a ausência imagem da enfermeira composta por ela
da dimensão da sexualidade na imagem dela própria.
própria(17). Entendemos também que a consciência
Na maioria das vezes, a enfermeira da sexualidade é fundamental para o equilí-
utiliza (até inconscientemente) seu corpo co- brio emocional de qualquer pessoa, e con-
mo se fosse uma máquina. Ela desenvolve cordando com um estudo na área da enferma-
suas ações e atividades numa perspectiva gem com referência a este tema(17), pensa-
de corpo mecanizado(30) que tem suas rela- mos que o esquecimento da própria sexuali-
ções reguladas e normatizadas pela socieda- dade pode trazer prejuízos aos clientes, uma
de. Na mesma perspectiva, é também per- vez que a resolução pessoal de conflitos cer-
cebida, ou não, a sua sexualidade. A enfer- tamente refletirá no convívio profissional da
meira sabe – teoricamente sempre, na práti- enfermeira.
ca, nem sempre – que os corpos são sexua- Destacamos, ao final deste artigo, que
dos, e que a sexualidade vai expressar sen- a elaboração singular das características da
timentos e emoções em suas vivências. No imagem da enfermeira e a quase ausente re-
entanto, essas expressões se darão na lógi- presentação da sexualidade nesta imagem foi
ca sócio-cultural em que a pessoa estiver en- fruto de expressões e sentimentos vivenciados
volvida, e assim muitas vezes a sexualidade no momento específico deste exercício grupal.
será um elemento de interdição, será dene- Elucidou determinadas concepções normati-
gada, ocultada, e permanecerá na invisibili- vas referentes à cultura da enfermagem, e acla-
dade. rou os diferentes significados e simbologias
Depreendemos neste estudo que, na en- que tem servido para compor o universo sim-
fermagem, as normas culturais existentes es- bólico interiorizado pelo grupo de enfermei-
tão veladamente presentes. Controlam e dis- ras em estudo. É pertinente lembrar que nos-
ciplinam principalmente as posturas indivi- so olhar premiou um ângulo destas expres-
duais, vale dizer, limitam diferenças e uni- sões. Certamente outros olhares premiariam
formizam o grupo, buscando uma aproxima- ângulos diferentes donde emergiriam outras
ção à sóbria e austera imagem de enfermeira, análises. Logo, entendemos menos como uma
construída sob a rigidez das normas e das verdade absoluta nossas reflexões e pontos
condutas morais em que a enfermagem se es- de vista, e mais como uma abertura salutar à
tabeleceu como profissão. discordância e à revelação de outras pers-
Logo, se a lógica cultural que substancia pectivas.
as normas e os valores da enfermagem como
instituição social, grupo ou coletividade, de- REFERÊNCIAS
negam a percepção da sexualidade, e a con- 1 Parker RG, Barbosa RM. Sexualidades brasilei-
duzem para seu controle e interdição, é essa ras. Rio de Janeiro: Relume Dumará; 1996. 236 p.
interiorização mutilada que naturalmente se p. 7-13.
constituirá no processo de socialização secun-
dária na formação das enfermeiras. 2 Lock M. Cultivating the body: anthropology and
Resta-nos, então, o desafio de rever as epistemologies of bodily practice and knowled-
ge. Annual Review of Anthropology, Palo Alto
estratégias que têm limitado essa dimensão
(CA) 1993 Oct;22:133-55.
em nossa formação profissional, uma vez que
o viés de gênero, sobre a sexualidade femi- 3 Barbosa RM. Negociação sexual ou sexo nego-
nina, incide diretamente nas interdições li- ciado? Gênero, sexualidade e poder em tempos de
mitantes de expressões de sensibilidade, de AIDS [tese de Doutorado]. Rio de Janeiro: Instituto
Ressel LB, Gualda DMR. Reflexões sobre a sexualidade velada na imagem
da enfermeira. Rev Gaúcha Enferm, Porto Alegre (RS) 2005 dez;26(3):414-24.
423

de Medicina Social, Universidade do Estado do Rio 14 Geertz C. A interpretação das culturas. Rio de
de Janeiro; 1997. 241 f. Janeiro: Guanabara; 1989. 321 p.

4 Ressel LB. Vivenciando a sexualidade na assis- 15 Ressel LB, Silva MJP. Reflexões sobre a sexua-
tência de enfermagem: um estudo na perspectiva lidade velada no silêncio dos corpos. Revista da
cultural [tese de Doutorado]. São Paulo: Escola de Escola de Enfermagem da USP, São Paulo 2001
Enfermagem, Universidade de São Paulo; 2003. jun;35(2):150-4.
316 f.
16 Sobral VRS. A purgação do desejo: memórias de
5 A arquitetura do corpo feminino e a produção do enfermeiras [tese de Doutorado]. Rio de Janeiro:
conhecimento. In: Romero E. Corpo, mulher e so- Escola de Enfermagem Anna Nery, Universidade
ciedade. São Paulo: Papirus; 1995. 308 p. p. 235- Federal do Rio de Janeiro; 1994. 149 f.
70.
17 Figueiredo NMA, Carvalho V. O corpo da enfer-
6 Bandeira L. Relações de gênero, corpo e sexua- meira como instrumento do cuidado. Rio de Ja-
lidade. In: Galvão L, Diaz J, organizadores. Saúde neiro: Revinter; 1999. 161 p.
sexual e reprodutiva no Brasil: dilemas e desafios.
São Paulo: HUCITEC; 1999. 389 p. p. 180-97. 18 Loyola CMD. Os doce(i)s corpos do hospital: as
enfermeiras e o poder institucional na estrutu-
7 Giffin K. Corpo e conhecimento na saúde sexual: ra hospitalar [dissertação de Mestrado]. Rio de
uma visão sociológica. In: Giffin K, Costa SH, or- Janeiro: Escola de Enfermagem Anna Nery, Uni-
ganizadores. Questões da saúde reprodutiva. Rio versidade Federal do Rio de Janeiro; 1984. 137 f.
de Janeiro: Fiocruz; 1999. 467 p. p. 79-91.
19 Lopes MJ. O sexo no hospital. In: Lopes MJ,
8 Heilborn ML. Gênero, sexualidade e saúde. Cam- Meyer DE, Waldow VR, organizadores. Gênero e
pinas (SP): Universidade Estadual de Campinas; saúde. Porto Alegre (RS): Artes Médicas; 1996.
2000. 156 p. p. 76-105.

9 Parker RG. Corpos, prazeres e paixões: a cultura 20 Paskulin LMG. O saber e o fazer como proces-
sexual no Brasil contemporâneo. São Paulo: Best so educativo para a enfermeira. In: Meyer DE,
Seller; 1991. 295 p. Waldow VR, Lopes MJ. Marcas da diversidade:
saberes e fazeres da enfermagem contemporâ-
10 Victora CG. Corpo e representações: as imagens nea. Porto Alegre (RS): Artes Médicas; 1998.
do corpo e do aparelho reprodutor feminino. Ca- 241 p. p. 171-82.
dernos de Antropologia, Porto Alegre (RS) 1992;
(6):33-53. 21 Sobral VRS, Miranda CML, Figueiredo NMA,
Santos I. O que escondiam nossos corpos escon-
11 Vance CS. A antropologia redescobre a sexuali- didos pelos uniformes? Revista Enfermagem
dade: um comentário teórico. Physis: Revista de UFRJ, Rio de Janeiro 1995 out;3(2):244-8.
Saúde Coletiva, Rio de Janeiro 1995;5(1):7-31.
22 Berger P, Luckmann TA. A sociedade como
12 Loyola MA. A sexualidade como objeto de estu- realidade subjetiva. In: Berger P, Luckmann TA,
do das ciências humanas. In: Heilborn ML, or- Fernandes FS. A construção social da realidade.
ganizadora. Sexualidade: o olhar das ciências so- Petrópolis (RJ): Vozes; 1976. 247 p. p. 173-215.
ciais. Rio de Janeiro: Jorge Zahar; 1999. 206 p. p.
31-9. 23 Ministério da Saúde (BR), Conselho Nacional
de Saúde, Comissão Nacional de Ética em Pes-
13 Heilborn ML. Construção de si, gênero e sexua- quisa em Seres Humanos. Resolução 196, de 10
lidade. In: Heilborn ML, organizadora. Sexualida- de outubro de 1996: diretrizes e normas regula-
de: o olhar das ciências sociais. Rio de Janeiro: mentadoras de pesquisa envolvendo seres hu-
Jorge Zahar; 1999. 206 p. p. 40-58. manos. Brasília (DF); 1997. 20 p.
Ressel LB, Gualda DMR. Reflexões sobre a sexualidade velada na imagem
424 da enfermeira. Rev Gaúcha Enferm, Porto Alegre (RS) 2005 dez;26(3):414-24.

24 Morgan DL. Focus groups as qualitative re- 28 Dall’Agnol CM, Trench MH. Grupos focais co-
search. 2ª ed. London: Sage; 1997. 80 p. mo estratégia metodológica em pesquisas na En-
fermagem. Revista Gaúcha de Enfermagem, Por-
25 Introduction: the challenge and promise of focus to Alegre (RS) 1999 jan;20(1):5-25.
groups. in: Kitzinger J, Barbour RS. Developing
focus group research. London: Sage; 1999. 225 p. 29 Ressel LB, Gualda DMR, Gonzáles RMB. Exer-
p. 1-20. citando a técnica do grupo focal como estraté-
gia para coletar dados em enfermagem: relato
26 Westphal MF, Bógus CM, Faria MM. Grupos de experiência. International Journal of Quali-
focais: experiências precursoras em programas tative Methods, Alberta 2002;1(2):1-11. Avai-
educativos em saúde no Brasil. Boletín de la Ofi- lable from: URL: <http://www.ualberta.ca/~
cina Sanitaria Panamericana, Washington (DC) 1jqm/1_2final/1_2toc.html>. Accessed at: 15 jul
1996 Dec;120(6):472-81. 2003.

27 Debus M. Manual para excelencia en la investiga- 30 Polak YNS. A corporeidade como resgate do hu-
ción mediante grupos focales. Washington (DC): mano na enfermagem. Pelotas (RS): Universitá-
Academy for Educational Development; 1997. 97 p. ria/UFPel; 1997. 151 p.

Endereço da autora/Author´s address: Recebido em: 25/10/2004


Lúcia Beatriz Ressel Aprovado em: 26/07/2005
Andradas, 1633/208
97.010-033, Santa Maria, RS

You might also like