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TRIBUNAL DE JUSTIÇA

PODER JUDICIÁRIO
São Paulo

Registro: 2011.0000008331

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos do Embargos de Declaração nº 9147075-

12.2008.8.26.0000/50002, da Comarca de São Paulo, em que é embargante COOPERATIVA

HABTACIONAL DOS BANCARIOS DE SAO PAULO BANCOOP sendo embargado

ASSOCIACAO DE ADQUIRENTES DE APARTAMENTOS DO EMPRRENDIMENTO TORRES

PIRITUBA.

ACORDAM, em 4ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São

Paulo, proferir a seguinte decisão: "Conheceram e rejeitaram os embargos. V. U.", de conformidade

com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmo. Desembargadores FÁBIO QUADROS

(Presidente) e FRANCISCO LOUREIRO.

São Paulo, 10 de fevereiro de 2011.

Teixeira Leite
RELATOR
Assinatura Eletrônica
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
PODER JUDICIÁRIO
São Paulo

Voto nº 11323ed
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. Caráter infringente.
Inadmissibilidade. Prequestionamento. Acórdão que
examinou todas as questões jurídicas relevantes para
decidir o recurso. Rejeição.

Trata-se de embargos declaratórios (fls.


3166/3174) do v. acórdão proferido nos autos da apelação cível nº
994.08.019922-1, para fins modificativos e de prequestionamento. No
seu entender a decisão padece de omissão e contradição, porquanto
ficou comprovada a existência do débito, conforme documentos, e que
foi regularmente aprovado pela Assembléia Geral. No mais, sustenta a
inexistência de relação de consumo, uma vez tratar-se de cooperativa,
requerendo o pronunciamento explícito da matéria dos artigos 4º, 38,
43, 79 e 80 da Lei 5.764/71 e dos artigos 2º e 3ºdo CDC.

Este é o relatório.

A embargante reclama da ausência de menção


expressa aos dispositivos legais apontados. Todavia, sem razão,
porquanto o v. acórdão examinou os pontos jurídicos relevantes por ela
suscitados e explorou aqueles necessários a fundamentar sua conclusão,
daí atendendo o requisito da motivação lógica e dispensando emendas.

Como já observou reiteradas vezes o Exmo.


Desembargador Maia da Cunha: “o acórdão não precisa abordar nem
responder todos os argumentos suscitados no recurso, bastando que, de
forma fundamentada exponha os motivos pelos quais a questão foi

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resolvida desta ou daquela maneira. O Colendo Superior Tribunal de


Justiça já firmou o entendimento de que 'ao tribunal toca decidir a
matéria impugnada e devolvida. A função teleológica da decisão
judicial é a de compor, precipuamente, litígios. Não é peça acadêmica
ou doutrinária, tampouco se destina a responder a argumentos, à guisa
de quesitos, como se laudo pericial fora. Contenta-se o sistema com a
solução da controvérsia observada a res in iudicium de ducta' (REsp. nº
664.484/RN, 2a Turma, Rel. Min. Franciulli Neto, em 03.02.2005)” (ED
378.995.4/9-01 São Paulo, TJSP 4ª Câm. Dir. Priv., j. 28.7.05,
rejeitaram os embargos, v.u.).
Ademais, este recurso deve obedecer aos
limites do art. 535 do Código de Processo Civil, consoante orienta a
jurisprudência:
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO - Prequestionamento -
Imprestabilidade da via processual eleita - Obrigação
de se observar os limites traçados no artigo 535 do
Código de Processo Civil - Decisão que analisou os
pontos relevantes da questão apresentada e houve por
bem em decretar a extinção da ação, por entender
inexistir, no caso, interesse de agir, dando, para tanto,
as razões que julgou aplicáveis à espécie - Caráter
infringente do recurso - Inadmissibilidade - Embargos
rejeitados (ED 27.248-4 - São Paulo - 8ª Câm. Dir.
Priv. rel. Debatin Cardoso j.10.02.99).

Declarada a finalidade de prequestionamento,


fica esta consignada.

Quanto ao caráter infringente, sabe-se que os


embargos de declaração não devem, em regra, modificar o julgado, a

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não ser na hipótese de erro material. Com efeito, já se decidiu pelo


descabimento deste instrumento recursal quer para “correção de
errônea apreciação de prova, com a alteração do resultado do
julgamento (STJ-3ª T., REsp 45.676-2-SP, rel. Min. Costa Leite, j.
10.5.94, deram provimento, v.u.)”, quer para o “reexame de matéria
sobre a qual a decisão embargada havia se pronunciado, com inversão,
em conseqüência, do resultado final (RSTJ 30/412)” (apud Theotônio
Negrão e outro, CPC e legislação processual em vigor, 37ª ed., SP:
Saraiva, 2005, p. 622, nota 4 ao art. 535).

Nesse mesmo sentido: “Os embargos de


declaração não devem revestir-se de caráter infringente. A maior
elasticidade que se lhes reconhece, excepcionalmente, em casos de erro
material evidente ou de manifesta nulidade do acórdão (RTJ 89/548,
94/1167, 103/1210, 114/351), não justifica, sob pena de grave
disfunção jurídico-processual dessa modalidade de recurso, a sua
inadequada utilização com o propósito de questionar a correção do
julgado a obter, em conseqüência, a desconstituição do ato decisório”
(RTJ 154/223, 155/964, 158/264, 158/689, 158/993, 159/638).

Não sendo essa a hipótese dos autos,


incabíveis os embargados declaratórios para modificação do julgado,
devendo o embargante utilizar-se dos meios processuais adequados para
esse fim.

Ante o exposto, voto pela rejeição dos


embargos.
TEIXEIRA LEITE
Relator

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