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Eutanásia

Direito de matar ou de morrer ?

Introdução
O nosso trabalho vem abordar um tema já há muitos séculos atras debatido,
continuando na actualidade a ser controverso e chocante visto que interfere com
determinados princípios (éticos, religiosos, jurídicos...), assim como com a
concepção criada em redor do valor da vida e da dignidade humana**. Este tema é a
EUTANÁSIA, podendo ser entendida por “Suicídio Assistido” ou “Morte
Voluntária”.

** Pois enquanto o estado tem como princípio a proteção da vida dos seus
cidadãos, existem aqueles que devido ao seu estado precário de saúde desejam dar um
fim ao seu sofrimento antecipando a morte

O objecto deste trabalho é bastante conhecido, levantando assim inúmeros


obstáculos na sua pesquisa. Este tema, tem despertado o interesse de muitos
indivíduos, daí que já tenham surgido vários debates bastante polémicas acerca
deste assunto. Serão descritos alguns aspectos fundamentais para compreender
melhor o tema e também serão avaliados e debatidos alguns presumíveis efeitos
negativos e positivos deste tema.
Eutanásia:

 A palavra "EUTANÁSIA" é composta de duas palavras gregas ― "eu" e


"thanatos" ― que significa, literalmente, "uma boa morte".

 Na actualidade, geralmente entende-se que "eutanásia" significa provocar uma


boa morte ― "morte misericordiosa", ou seja , é a pratica pela qual uma pessoa
abrevia a vida de um enfermo incurável de maneira controlada e assistida para o
beneficio desta

Nota:
o Este entendimento da palavra realça duas importantes características dos actos
de eutanásia. Primeiro, que a eutanásia implica tirar deliberadamente a vida a
uma pessoa; e, em segundo lugar, que a vida é tirada para benefício da pessoa
a quem essa vida pertence ― normalmente porque ela ou ele sofre de uma
doença terminal ou incurável. Isto distingue a eutanásia da maior parte das
outras formas de retirar a vida.

 Até agora, definimos "eutanásia" de forma vaga como "morte misericordiosa".


Contudo a Eutanásia pode ser dividida em dois grupos: a eutanásia activa e a
eutanásia passiiva,. Ou seja, há duas formas diferentes de provocar a morte de
outro; podendo ser por administração , por exemplo uma injecção letal, ou por
permitir a morte negando ou retirando tratamento de suporte à vida

 Embora existam duas “classificações” possíveis, a Eutanásia em si consiste no


acto de facultar a morte sem sofrimento, a um indivíduo cujo estado de doença é
crônico e, portanto, incurável, normalmente associado a um imenso sofrimento
físico ,psíquico.

Eutanásia activa e passiva

 A "eutanásia activa" conta com o traçado de acções que têm por objectivo pôr
término à vida, na medida em que é planeada e negociada entre o doente e o
profissional que vai levar e a termo o acto.
 A "eutanásia passiva" por sua vez, não provoca deliberadamente a morte, no
entanto, com o passar do tempo, conjuntamente com a interrupção de todos e
quaisquer cuidados médicos, farmacológicos ou outros, o doente acaba por
falecer. São cessadas todas e quaisquer acções que tenham por fim prolongar a
vida. Não há por isso um acto que provoque a morte (tal como na Eutanásia
Ativa), mas também não há nenhum que a impeça (como na Distanásia).

 A eutanásia pode ter três formas: eutanásia voluntária, não-voluntária e


involuntária que tanto podem ser passivos ou activos

Eutanásia voluntária, não-voluntária e involuntária

 Há uma relação estreita entre eutanásia voluntária e suicídio assistido, em que


uma pessoa ajuda outra a acabar com a sua vida (por exemplo, quando A obtém
os medicamentos que irão permitir a B que se suicide

Nota:
o Mesmo que a pessoa já não esteja em condições de afirmar o seu desejo de
morrer quando a sua vida acabou, a eutanásia pode ser voluntária. Pode-se
desejar que a própria vida acabe, no caso de se ver numa situação em que,
embora sofrendo de um estado incurável e doloroso, a doença ou um acidente
tenham tirado todas as faculdades racionais e já não seja capaz de decidir entre a
vida e a morte. Se, enquanto ainda capaz, tiver expresso o desejo reflectido de
morrer quando numa situação como esta, então a pessoa que, nas circunstâncias
apropriadas, tira a vida de outra actua com base no seu pedido e realiza um acto
de eutanásia voluntária.

 A eutanásia é não-voluntária quando a pessoa a quem se retira a vida não


pode escolher entre a vida e a morte para si .Por exemplo, um recém-nascido
irremediavelmente doente ou incapacitado, ou porque a doença ou um acidente
tornaram incapaz uma pessoa anteriormente capaz, sem que essa pessoa tenha
previamente indicado se sob certas circunstâncias quereria ou não praticar a
eutanásia.

 A eutanásia é involuntária quando é realizada numa pessoa que poderia ter


consentido ou recusado a sua própria morte, mas não o fez, seja porque não lhe
perguntaram, seja porque lhe perguntaram mas não deu consentimento,
querendo continuar a viver. Embora os casos claros de eutanásia involuntária
possam ser relativamente raros, houve quem defendesse que algumas práticas
médicas largamente aceites (como as de administrar doses cada vez maiores de
medicamentos contra a dor que eventualmente causarão a morte do doente, ou a
suspensão não consentida para retirar a vida do tratamento) equivalem a
eutanásia involuntária.

IMPORTANTE:

. A eutanásia não é um acto privado.

A eutanásia significa permitir que uma pessoa facilite a morte a outra como já
referimos na sua própria definição e por isso é razão para grande preocupação,
pois pode levar a abusos tremendos, à exploração e à erosão dos cuidados aos
mais vulneráveis entre nós.

A eutanásia não consiste em dar direitos à pessoa que morre, mas em alterar a
lei e a prática de forma a que os médicos, parentes e outros possam directa e
intencionalmente acabar com a vida dessa pessoa.

Esta alteração não daria direitos à pessoa que morre, mas à pessoa que mata. Por outras
palavras, a eutanásia não diz respeito ao “direito a morrer”, mas sim ao direito a matar.

Apesar da grande diversidade de pontos de vista sobre este assunto, os


debates sobre a eutanásia têm-se centrado sobretudo em certos temas:

1.) O facto de a morte ser activamente (ou positivamente) provocada, em vez de


ter ocorrido em consequência dos tratamentos de suporte à vida terem sido
recusados ou retirados, é moralmente relevante?

2.) Deve-se usar sempre todos os meios de suporte à vida disponíveis, ou há certos
meios "extraordinários" ou "desproporcionados" que não é necessário
empregar?
3.) O facto de a morte do doente ser directamente desejada, ou acontecer apenas
como uma consequência antecipada da acção ou omissão do agente, é
moralmente relevante?

QUESTOES RELACIONADAS?

Qual é a diferença entre a eutanásia e o suicídio assistido?

É relevante distinguir eutanásia de "suicídio assistido", na medida em que se usa o


primeiro termo quando uma terceira pessoa executa o acto de pôr termo a vida de outra
(por ex. quando um médico dá uma injecção letal a um paciente), e usa-se o termo de
“suicídio assistido” quando é o próprio doente que provoca a sua morte, ainda que para
isso disponha da ajuda de terceiros (por ex quando o medico prescreve um veneno ou
quando uma pessoa lhe põe uma botija de monóxido de carbono e lhe faculta as
instruções necessárias para a sua utilização

A legalização da eutanásia não serviria para que os pacientes morressem


pacificamente, rodeados pelas suas famílias e médicos, em vez de serem
gaseados com monóxido de carbono?

Não.

Os defensores da eutanásia muitas vezes dizem isso, mas não é verdade.

Nos três lugares onde foram aprovadas leis que permitem a eutanásia, ficou
claro que a legalização apenas legitimiza o uso do monóxido de carbono para
matar pessoas vulneráveis.
Por exemplo, imediatamente após a aprovação da Medida 16, que legalizou a
eutanásia no Estado americano do Oregon, os seus apoiantes admitiram que
quando são usados comprimidos para causar a morte, um saco de plástico deve
também ser usado para garantir que a morte de facto ocorre.

Algo de semelhante aconteceu na Austrália, onde os defensores da eutanásia pintaram o


quadro de uma morte calma e pacífica do paciente, cercado pelos seus entes
queridos.Mas contudo não era isso que realmente se passava, visto que foi recomendado
caso a morte fosse causada através de drogas , os membros da família poderiam sair de
quarto quando desejassem , visto que morte do paciente não decorre de maneira tão
calmo como descrevem já que as injeçoes letais frequentemente causam convulsões
violentas e espasmos
Será que as pessoas devem ser forçadas a permanecerem vivas pelo
avanço da medicina actual?

Não.

Nem a lei nem mesmo a ética médica exigem que “tudo seja feito” para manter
uma pessoa viva.

A insistência, contra o desejo do paciente, em adiar a morte com todos os


meios disponíveis seria contrária à lei e não é prática corrente nos hospitais.

Seria algo cruel e desumano. Visto que a morte é algo de natural e não se
justifica a sua recusa absoluta.

Há um momento a partir do qual as tentativas de curar podem deixar de


demonstrar compaixão ou de fazer sentido sob o ponto de vista médico. Nessa
altura, o esforço deve ser posto em tornar o tempo de vida que reste ao doente
o melhor possível e não o seu prolongamento.

A intervenção médica pode-se limitar a aliviar a dor e outros sintomas que o


incomodem. Deve também ser dado apoio humano, psicológico e espiritual,
tanto por pessoal especializado como pelos familiares. Esses cuidados
designam-se por cuidados paliativos e são referidos noutro artigo deste
número.

A eutanásia não estaria disponível apenas para doentes em estado


terminal?

Definitivamente, não.

Há dois problemas nessa questão: a definição de “terminal” e as alterações que


já tiveram lugar e que estenderam a eutanásia a doentes não terminais. Há
muitas definições da palavra “terminal”.

Por exemplo, em 1992, Jack Kevorkian definiu uma doença terminal como
“qualquer doença que encurte a vida nem que seja em um só dia”.

Algumas leis definem condição “terminal” como aquela na qual a morte


decorrerá “em relativamente pouco tempo”.
Outras declaram que “terminal” significa que a morte é esperada em seis
meses ou menos.

Ora, mesmo quando uma esperança de vida definida (tal como seis meses) é
referida, os médicos reconhecem que é virtualmente impossível predizer a
esperança de vida de um paciente. Além disso, algumas pessoas a quem é
diagnosticado uma doença terminal não morrem senão ao fim de anos, se é que
morrem da doença que foi diagnosticada.

No entanto, cada vez mais os defensores da eutanásia deixam cair a expressão


“doença terminal” e substituem-na por outras mais abrangentes como “doente
sem esperança”, “doente desesperado”, “doente incurável”, “estado
desesperado” e “vida sem sentido”.

A eutanásia não seria só a pedido do paciente, não seria sempre


voluntária?

Não. Um dos principais argumentos dos defensores da eutanásia é a de que


esta deveria ser considerada “tratamento médico”.

Se se aceita essa ideia de que a eutanásia é algo de bom, então não só será
desapropriado mas discriminatório negar esse “bem” a uma pessoa com base
em que a pessoa é muito nova ou mentalmente incapaz de fazer esse pedido.

De facto, para efeitos legais, a decisão de um representante é geralmente


tratada como se tivesse sido tomada pelo próprio paciente. Isso significa que
crianças e pessoas que não podem tomar as suas próprias decisões podem ser
sujeitas a eutanásia.

Suponhamos no entanto, que não fosse admitida a opção de morte tomada por
um representante. O problema de quão livre é um pedido de morrer continua
em aberto.

Se a eutanásia for aceite, quer legalmente quer apenas em termos práticos, um


certo grau de coerção, mesmo que involuntária, é inevitável.

O caso da Holanda é muito claro: quando se aceita a eutanásia voluntária, a involuntária


segue-se como consequência inevitável. No inicio começou por ser apenas voluntária,
tendo depois passado à eutanásia involuntária, acabando depois por ser ser confiada aos
médicos para a qual não carecem de autorização das famílias. No princípio fixou-se que
os médicos só podiam matar as crianças sem autorização dos pais com mais de 13 anos,
e actualmente autoriza-se que o façam logo à nascença desde que tenham uma mal
formação.
A eutanásia não se poderia tornar num meio para conter os custos dos
sistemas de saúde?

Nos últimos anos a preocupação com os custos dos sistemas de saúde tem sido
crescente. Em tal clima, a eutanásia pode aparecer como um meio de
contenção de custos.
Por exemplo, ao ser legalizada a sua pratica iria devolver muitas camas vagas
aos hospitais . O que pode ser para uns bom e para outros mau..

Se a morte é inevitável, a pessoa que está a morrer não tem o direito a


cometer suicídio?

É importante perceber que o suicídio de uma pessoa a quem foi diagnosticada


uma doença terminal não é diferente do de uma pessoa que não é considerada
doente terminal.

A depressão, conflitos familiares, sentimentos de abandono, desespero, etc.


conduzem ao suicídio, independentemente do estado de saúde da pessoa.

Diversos estudos mostram que se a dor e a depressão são tratadas de forma


adequada num doente terminal – da mesma forma que o seriam num suicida
não terminal – o desejo de cometer suicídio desvanece-se.

O suicídio dos doentes terminais, como o suicídio entre a população em geral,


é um acontecimento trágico que mata as vítimas e deixa sobreviventes
arrasados.

A eutanásia não é por vezes a única forma de aliviar uma dor


insuportável?

Pelo contrário. Os activistas da eutanásia exploram o medo natural que as pessoas têm
do sofrimento e da morte, e muitas vezes concluem que quando a cura é improvável só
há duas alternativas: eutanásia ou dor insuportável.

Por exemplo, um funcionário da organização pró-eutanásia “Escolha na Morte”, disse


que recusar a liberalização da eutanásia “seria, de facto, abandonar o paciente a uma
morte horrível”. Uma afirmação irresponsável como essa esquece que virtualmente
qualquer dor pode ser eliminada e, nos casos raros em que não pode ser eliminada, pode
ser muito reduzida desde que tratada adequadamente.

É um escândalo que haja tanta gente que não receba tratamento adequado da dor. Mas
matar não é a resposta para esse escândalo.

A solução é melhorar a formação dos profissionais de saúde nessa área, melhorar o


acesso aos serviços de saúde, e informar os pacientes sobre os seus direitos como
consumidores.

Toda a gente quer seja uma pessoa com uma doença mortal ou em condição crónica –
tem o direito a tratamento que alivie a dor.

Com os modernos avanços no controlo da dor, nenhum paciente pode estar sujeito a dor
insuportável. No entanto, muitos médicos nunca tiveram formação específica nessa área
e podem não saber o que fazer.

Já que o suicídio não é criminalizado, porque é que deve ser ilegal ajudar
alguém a cometer suicídio?

Nem o suicídio nem a tentativa de suicídio são criminalizados em Portugal,


nos E.U.A. ou em muitos outros países, mas não por causa de um “direito” ao
suicídio.

O suicídio não é penalizado por motivo evidente: o suicida morre e, por isso,
não pode ser punido.

A tentativa de suicídio deixou de ser penalizada para facilitar que as pessoas


que a cometem possam recorrer a ajuda antes de a morte chegar e também
porque não há necessidade de penalizar quem já sofre com um mal que a leva
a dar esse passo.

A lei portuguesa pune, apenas, quem incitar outra pessoa a suicidar-se, ou lhe
prestar ajuda para esse fim.

Onde é que a eutanásia é legal?

O Estado americano do Oregon tinha ate bem pouco anos, a única lei no Mundo que
permitia explicitamente a um médico prescrever drogas letais com vista a terminar a
vida do paciente, ou seja, suicídio assistido.
Na Holanda, a eutanásia é muito praticada desde há muitos anos, mas só há poucos anos
foi legalizada. Essa lei entrou em vigor no dia 1 de Abril de 2002.

Em 1995 , a Australia aprovou a eutanásia. Essa lei entrou em vigor em 1996, mas foi
anulada passados poucos meses por uma decisão do Parlamento australiano.

NOTA: O site do IAETF tem dados actualizados permanentemente sobre a evolução da


eutanásia no mundo.

NOTAS RECOLHIDAS:

 Revista científica suuge um artigo com tema “Suicídio e Comportamentos


que põem a Vida em Risco” , que descrevia orientações para o suicídio
assistido de pessoas em “estado desesperado”.

Este “estado” foi definido como incluindo doença terminal, dor física ou psíquica
intensa, debilidade ou deterioração física ou psíquica, ou qualidade de vida já não
aceitável para o indivíduo.

Isso inclui, evidentemente, o estado de qualquer pessoa com um impulso suicida.

 Num discurso à American Psychiatric Association (Associação


Psiquiátrica Americana) em Maio de 1996, George Delury (em 1995 ajudou
a sua mulher com esclerose múltipla a morrer) sugeriu que “as pessoas
desenganadas ou com mais de 60 anos são candidatas a uma licença para
morrer” e que essa licença deveria ser dada sem necessidade de exame
médico. É também necessário referir que, pelo menos nos E.U.A., é
permitida a eutanásia de recém-nascidos deficientes
ARGUMENTOS ACERCA DA EUTANASIA

 Argumentos a favor

Para quem argumenta a favor da eutanásia:

 acredita que esta seja um caminho para evitar a dor e o sofrimento de


pessoas em fase terminal ou sem qualidade de vida, um caminho
consciente que reflecte uma escolha informada. É término de uma vida
em que, quem morre não perde o poder de ser “actor e agente” digno até
ao fim.

 São raciocínios que participam na defesa da autonomia absoluta de cada


ser individual, na alegação do direito à autodeterminação, direito à
escolha pela sua vida e pelo momento da morte.
Uma defesa que assume o interesse individual acima do da sociedade
que, nas suas leis e códigos, visa proteger a vida.

 Afirmam que esta é a única forma de preservar a dignidade do ser


humano quando só lhe resta o sofrimento e a dependência extrema.
Manter a vida em condições artificiais é prolongar o sofrimento

 Eutanásia não defende a morte, mas a escolha pela mesma por parte de
quem a concebe como melhor opção ou a única.

 A escolha da morte, não poderá ser irreflectida. As componentes


biológicas, sociais, culturais, económicas e psíquicas têm que ser
avaliadas, contextualizadas e pensadas, de forma a assegurar a verdadeira
autonomia do indivíduo, alheio de influências exteriores à sua vontade,
certifiquando a impossibilidade de arrependimento.

 “A dor, sofrimento e o esgotamento do projecto de vida, são situações


que levam as pessoas a desistirem de viver” (Pinto, Silva – 2004)
Conduzem-nos a pedir o alívio da dor, a dignidade e piedade no morrer,
porque na vida em que são “actores” não reconhecem qualidade. A
qualidade de vida para alguns homens não pode ser um demorado e
penoso processo de morrer.
 A autonomia no direito a morrer não é permitida em detrimento das
regras que regem a sociedade, o comum, mas numa politica de contenção
económica, não serão os custos dessa obrigatoriedade elevados?

 Argumentos contra

 São muitos os argumentos “contra” a eutanásia desde os religiosos, éticos até os


políticos e sociais.

 Do ponto de vista religioso a Eutanásia é tida como uma usurpação do direito à


vida humana, devendo ser um exclusivo reservado ao “Criador”, ou seja, só Ele
pode tirar a vida de alguém. A Igreja, apesar de estar consciente dos motivos que
levam a um doente a pedir para morrer, defende acima de tudo o carácter
sagrado da vida,

 Da perspectiva da ética médica, tendo em conta o juramento de Hipócrates,


segundo o qual considera a vida como um dom sagrado, sobre a qual o médico
não pode ser juiz da vida ou da morte de alguém, a Eutanásia é considerada
homicídio. Cabe assim ao médico, cumprindo o juramento Hipocrático, assistir o
paciente, fornecendo-lhe todo e qualquer meio necessário à sua subsistência.

 "Nunca é lícito matar o outro: ainda que ele o quisesse, mesmo se ele o pedisse
(...) nem é lícito sequer quando o doente já não estivesse em condições de
sobreviver" (Santo Agostinho in Epístula)

 Outro dos argumentos contra, centra-se na parte legal, uma vez que o actual
Código Penal não especifica o crime de Eutanásia, condenando qualquer acto
anti-natural na extinção de uma vida. Sendo quer o homicídio voluntário, o
auxilio ao suicídio ou o homicídio mesmo que a pedido da vitima ou por
“compaixão”, punidos criminalmente.
Acções e omissões / Matar e deixar morrer

 A Igreja Católica Romana, na sua Declaração sobre a Eutanásia, por


exemplo, define eutanásia como "uma acção ou omissão que por si própria
ou por intenção causa a morte

 A discordância filosófica tem por origem a questão de saber quais as acções


e omissões que constituem casos de eutanásia. Assim, às vezes nega-se que
um médico, que se recusa a ressuscitar um recém-nascido gravemente
incapacitado, esteja a praticar eutanásia (não-voluntária passiva), ou que um
médico, que administra doses cada vez maiores de um medicamento para as
dores que sabe que acabará por resultar na morte do doente, esteja a praticar
algum género de eutanásia.

 Nem todas as acções ou omissões que resultam na morte de uma pessoa são de
interesse central no debate da eutanásia. O debate da eutanásia diz respeito a
acções e omissões intencionais, isto é, com mortes deliberada e
intencionalmente provocadas numa situação em que o agente poderia ter agido
de outro modo.

 Mas há alguns problemas em distinguir entre matar e deixar morrer, ou entre


eutanásia activa e passiva. Se a distinção entre matar e deixar morrer se apoiasse
meramente na distinção entre acções e omissões, então o agente que, digamos,
desliga a máquina que suporta a vida de outro, mata este, enquanto o agente que
se recusa à partida a colocar alguém numa máquina de suporte à vida, permite
apenas que alguém morra

 Muitos autores não consideraram esta distinção entre matar e deixar morrer
plausível e foram feitas várias tentativas de a traçar de outro modo. Uma
sugestão plausível é que vejamos matar como dando início a um curso de
acontecimentos que levam à morte; e permitir morrer como não intervindo num
curso de acontecimentos que levam à morte. Segundo este esquema, a
administração de uma injecção letal seria matar; enquanto que não pôr um
paciente num ventilador, ou tirá-lo, seria deixar morrer.

 Outros autores defendem que sempre que um agente pratica uma acção ou
omissão que deliberada e intencionalmente resulta na morte prevista do doente,
realizou eutanásia activa ou passiva
É a distinção entre matar e deixar morrer, ou entre eutanásia
activa e passiva, moralmente significativa? Matar uma pessoa é
sempre moralmente pior do que deixá-la morrer?

 Foram propostas várias razões para que seja assim. Uma das mais plausíveis
é que um agente que mata, causa a morte, enquanto que um agente que
deixa morrer permite apenas que a natureza siga o seu caminho.

 Houve também quem defendesse que esta distinção entre "fazer acontecer"
e "deixar acontecer", é moralmente importante na medida em que põe
limites aos deveres e responsabilidades que um agente tem de salvar vidas.
Embora evitar matar alguém exija pouco ou nenhum esforço, normalmente
salvar alguém exige esforço.

 Mas mesmo que às vezes se possa traçar uma distinção moralmente relevante
entre matar e deixar morrer, é claro que isso não significa que a distinção se
aplique sempre. Pelo menos às vezes somos tão responsáveis pelas nossas
omissões quanto pelas nossas acções.
 Além disso, quando o argumento acerca do significado moral da distinção entre
matar e deixar morrer é apresentado no contexto do debate da eutanásia, tem que
se considerar um facto adicional. Matar alguém, ou deixar deliberadamente
alguém morrer, é geralmente uma coisa má porque priva essa pessoa da sua
vida. Em circunstâncias normais as pessoas valorizam as suas vidas, e continuar
a viver é do seu interesse.

 Quando se trata de questões de eutanásia é diferente. Em casos de eutanásia, a


morte de uma vida não continuada é do interesse da pessoa. Isto significa que
uma pessoa que mata, ou uma pessoa que deixa morrer, não está a fazer mal mas
a beneficiar a pessoa a quem a vida pertence.

O Que Pensam Os Portugueses

 Estudo publicado este ano sobre "Atitudes Sociais dos Portugueses" da


responsabilidade de José Machado Pais, Manuel Vilaverde Cabral e Jorge Vala, do
Instituto de Ciências Sociais, da Universidade de Lisboa
http://jornal.publico.pt/publico/2002/04/22/Publica/TM01CX04.htm

Questionário realizado em 22 de Abril de 2002

62,6% - tem posições favoráveis à prática da eutanásia em Portugal

54,1 % - diz que a "eutanásia é um acto aceitável dentro de certos limites"

8,5% - aceita a eutanásia sem limite

35,3% - opina que a "eutanásia é um acto condenável em qualquer situação"

38,2% - diz que "o doente na posse das suas capacidades mentais tem o direito de
ser ajudado pela medicina se decidir morrer".

28% - pensa que "quando o doente se encontra em coma profundo, os médicos


podem desligar a máquina com o acordo da família"

33, 6% - considera inaceitável que nessa situação seja o médico a decidir

Nota:

o Mesmo os grupos mais favoráveis apenas tendem a ver a eutanásia como uma
orientação aceitável em certas condições

o São os homens, com idades entre os 30 e os 39 anos, mais escolarizados (com


o ensino superior completo ou incompleto), com alto rendimento individual,
nenhuma confiança na Igreja ou nas organizações religiosas, e muito alta
confiança na ciência aqueles que se apresentam como os mais favoráveis à
eutanásia".

Sondagem realizada :
Terça-feira, 07 de Janeiro de 2008

Nota:
O estudo consiste em perguntar, igualmente a pessoas de ambos os sexos sem ter em
consideração a idade ou estrato social, a opinião sobre eutanásia (pergunta -“Concorda
ou não concorda com a permissão da pratica da Eutanásia”).
O estudo foi feito a 30 elementos do sexo masculino e 30 do sexo feminino.
Os dados são apresentados no seguinte gráfico:

Conclusão

 A maioria das pessoas concorda com a prática da eutanásia embora a maior parte
concorda que deve haver restrições à aplicação e uma análise profunda das
consequências aplicadas a cada caso.

 As pessoas admitem frequentemente que pode não haver nenhuma diferença


moral intrínseca entre eutanásia activa e passiva, entre meios normais e
extraordinários, e entre mortes que são directamente desejadas e mortes que são
apenas previstas. No entanto, defende-se às vezes que distinções como estas,
representam, no que respeita à política pública, linhas importantes de
demarcação.

 A política pública exige que se tracem linhas, e as que são traçadas com o
objectivo de nos salvaguardar contra as mortes injustificadas estão entre as mais
universais.
Embora estas linhas possam parecer arbitrárias e filosoficamente perturbantes, são
apesar disso necessárias para proteger os membros vulneráveis da sociedade contra
o abuso.

 A questão é, claro, se este género de raciocínio tem uma base sólida: se


sociedades que, em certas circunstâncias, admitem abertamente o fim
intencional da vida irão inevitavelmente mover-se em direcção a um "declive
ardiloso" perigoso que as levará de práticas justificadas a práticas injustificadas.

 Na sua versão lógica, o argumento do "declive ardiloso" não é convincente. Não


há fundamento lógico para que as razões que justificam a eutanásia ,piedade e
respeito pela autonomia, também justifiquem logicamente mortes que não são
nem piedosas nem mostram respeito pela autonomia.

 Na sua versão empírica, o argumento do declive ardiloso afirma que as mortes


justificadas irão, de certeza, conduzir a mortes injustificadas
Há poucos indícios empíricos que suportem esta alegação. Embora o programa nazi de
"eutanásia" seja frequentemente citado como um exemplo do que pode acontecer
quando uma sociedade reconhece que algumas vidas não são merecedoras de serem
vividas, a motivação por detrás destas mortes não eram nem a piedade nem o respeito
pela autonomia; era antes o preconceito racial e a crença de que a pureza racial ,exigia a
eliminação de certos indivíduos e grupos.

 Como já referimos, na Holanda está a decorrer uma "experiência social" com


eutanásia voluntária activa. Até agora não há quaisquer indícios de que isto
tenha conduzido a sociedade holandesa por um declive ardiloso.

Distanásia:

 A distanásia vem do grego “dis”, mal, algo mal feito, e “thánatos”, morte, e é
etimologicamente o contrário da eutanásia.

 Consiste em atrasar o mais possível o momento da morte usando todos os meios,


proporcionados ou não, ainda que não haja esperança alguma de cura, e ainda
que isso signifique infligir ao moribundo sofrimentos adicionais e que,
obviamente, não conseguirão afastar a inevitável morte, mas apenas atrasá-la
umas horas ou uns dias em condições deploráveis para o doente.
Casos celebres de pratica de Eutanásia:

Nancy Cruzan (20/7/1957- 26/12/1990)

 Teve um acidente de automóvel no dia 11 de Janeiro de 1983, ficando pouco


depois em coma vegetativo permamente.

 Durante 8 (oito) anos o seu caso passou pelos tribunais norte-americanos,


onde se tentou averiguar sobre as suas eventuais convicções sobre a
eutanásia, acabando os juízes por decidir pela sua morte (as máquinas que a
mantinham viva foram desligadas).

Terri Schiavo (3/12/1963-31/3/2005)

Caso Terri Schiavo tem tido grandes repercussões nos Estados Unidos, assim como
noutros países, devido a discordância entre seus familiares na condução do caso

 Era uma adolescente obesa, com mais de 90 quilos., em que no Liceu começou
uma rigorosa dieta, que se prolongou após o casamento (1984).
 Terri emagreceu de tal forma que no dia 25 de Fevereiro de 1990 acabou por
desfalecer na sua casa. A desordem alimentar era de tal ordem que havia
provocado uma desrgyegulação dos níveis de potássio no organismo, entrando
num estado vegetativo permanente, tendo que ser alimentada através de um
tubo.

 Por três vezes o marido ganhou na justiça o direito de retirar a sonda. Nas duas
primeiras vezes a autorização foi revertida

 Durante 15 anos o seu marido lutou contra o seus pais nos tribunais norte-
americanos para que lhe fosse retirado o tubo de alimentação, pondo fim à sua
vida vegetativa, o que veio a ser autorizado.a 19 de Março de 2005

 Foi um caso de eutanásia não-voluntária passiva

A sociedade tem se manifestado nestes 15 anos tanto a favor quanto contra a retirada da
sonda de alimentação através de manifestações públicas e acções continuadas.

Alguns questionam o direito de uma outra pessoa poder tomar esta decisão, por
representação, tão importante em nome de outra. Outros discutem a questão de recursos
já gastos na manutenção de uma paciente sem possibilidade de alterar o seu quadro
neurológico

Ramón Sampedro (15/1/1998).

 Aos 26 anos ficou tetraplégico e assim permaneceu durante 29 anos.

 A sua luta judicial demorou cinco anos. Em 1993 solicita autorização para
morrer (direito à eutanásia activa voluntária), mas os juizes espanhóis não o
permitem.
 É então que planeia com o auxílio dos amigos a sua morte. Em 1997 muda-se
para uma pequena aldeia na Galiza (Porto do Son), onde é depois encontrado
morto a 15 de Janeiro do ano seguinte ( por ingestão de cianeto)

 Os seus últimos momentos da sua vida estão gravados num vídeo, onde se
regista uma acção consciente de morte, evidenciando a colaboração dos amigos
em colocar um copo com um canudo ao alcance da sua boca, ficando
igualmente documentado que foi ele quem fez a acção de colocar o canudo na
boca e sugar o conteúdo do copo

 A sua amiga acabou por ser incriminada pela polícia pelo homicídio, mas
acabou depois por ser ilibada..

 A repercussão do caso foi mundial, tendo tido destaque na imprensa como morte
assistida.

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