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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ

GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ


CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE TERAPIA OCUPACIONAL
DISCIPLINA: CLÍNICA V
PROFESSOR: JOÃO PEREIRA JÚNIOR

ADRIANE LEITE

TERAPIA OCUPACIONAL NAS AMPUTAÇÕES

BELÉM-PA
2009
ADRIANE LEITE

TERAPIA OCUPACIONAL NAS AMPUTAÇÕES

Trabalho referente à disciplina clínica v,


ministrada pelo professor João Júnior,
como critério de avaliação.

BELÉM-PA
2009
1-INTRODUÇÃO:

A amputação é uma das disfunções ortopédicas que mais resultam em


incapacidade física direta. É uma condição que pode gerar ao indivíduo
limitação ou perda da independência nas atividades de vida diária. Essa perda
afeta a auto-estima e a motivação, o que pode impor alteração em toda a vida
social e laborativa desse indivíduo.
A terapia ocupacional tem como objetivo a restauração funcional do
amputado, além de indicação, ajuste e treinamento protético
A intervenção terapêutica poderá melhorar a capacidade e impedir a
instalação de incapacidade adicional, bem como reintegrar socialmente o
indivíduo.
O terapeuta ocupacional deve estar atento às principais demandas do
sujeito, para que dessa forma possa promover uma prática que torne possível
uma visão global do indivíduo, promovendo bem estar e qualidade de vida.

2- ASPECTOS GERAIS:

Amputação é uma palavra que deriva do latim, com o seguinte


significado: ambi= em volta de; e putatio= podar/retirar.
Podemos definir amputação como sendo a retirada, normalmente
cirúrgica, total ou parcial de um membro. O termo “amputação” está
relacionado com o terror, derrota e mutilação, trazendo de forma implícita, uma
analogia com a incapacidade e a dependência. (TOOMS, 1990)
No entanto a amputação, de uma forma geral, provocada quer por
problemas vasculares, traumatismo, diabetes, tumor, quer por deformidade
congênita deve ser encarada como:
• Uma forma de tratamento, o qual desembaraça, a maior parte
das vezes os utentes de uma extremidade dolorosa e
frequentemente inútil.
• O único meio de fornecer uma melhoria de qualidade de vida
(QV) e não um fim em si mesmo, sendo um processo através do
qual se alcançam novos horizontes.
As amputações podem ter indicações eletivas, tal como, nos casos de
doenças e malformações ou indicações de urgência, tal como em traumas
importantes ou em casos de infecção grave.
A indicação para uma amputação inicia-se a partir de um estudo
cuidadoso das condições de permeabilidade vascular no nível da amputação e
de uma inspeção detalhada dos tecidos lesados.
Detalhes da operação variam ligeiramente, dependendo de qual parte
está a ser removido. O objetivo de todas as amputações é duplo: para remover
o tecido doente para curar a ferida e para construir um coto que permitirá a
fixação de uma prótese ou substituição artificial parcial. (KRUPSKI, 1993)
O cirurgião faz uma incisão ao redor da parte a ser amputada. A parte
é removida, e os ossos são suavizados. A aba é construída de músculo, tecido
conjuntivo, pele e para cobrir o final da matéria-prima o osso. O retalho é
fechado ao longo do osso com suturas (pontos cirúrgicos) que permanecem no
local durante cerca de um mês. Muitas vezes uma proteção rígida ou leve é
aplicada, que permanece no local durante cerca de duas semanas. (IDEM)
Antes de ser realizada a amputação é realizada testes para determinar
o nível adequado de amputação. O objetivo do cirurgião é encontrar o lugar
onde a cura é mais provável e que seja completa, permitindo simultaneamente
que o montante máximo da parte que permanecer tenha reabilitação eficaz.
Quanto maior o fluxo de sangue através de uma área, o mais provável é que
ocorra a cura mais rápida. Estes testes são projetados para medir o fluxo
sangüíneo através do limbo. Alguns ou todos eles podem ser feito para ajudar
a escolher o bom nível de amputação.
É fundamental esclarecer ao paciente que a amputação, por mais que
remeta a mutilação, é muitas vezes a conduta médica que poderá proporcionar
a eliminação de um processo patológico grave e melhora da qualidade de vida,
com redução de dor e risco de morte
O efeito psicológico da amputação sobre o paciente é variável. Em
algumas situações, os potenciais funcionais de longo prazo podem não ser
inicialmente ou aceitos pelo paciente e pela família, por causa dos sentimentos
de confusão, medo, insegurança, raiva, inadequação e desequilíbrio. Esses
pacientes e suas famílias vêem a lesão alterando, repentinamente, os níveis
prévios de ajuste de vida e atividade para condições ou situações incomuns ,
desconhecidas e inaceitáveis. Outros pacientes e famílias serão capazes de
reconhecer o ganho funcional potencial e trabalhar no sentido da recuperação
e de resultados positivos. (NATALE, 2005)

3- INCIDÊNCIA E ETIOLOGIA:
O perfil das amputações vem mudando nos últimos anos. Isso se deve
por exemplo ao advento de novos medicamentos, à quimioterapia e
radioterapia, à utilização de fixadores externos , câmaras hiperbáricas e às
técnicas cirúrgicas de revestimento cutâneo. Portanto, tenta-se preservar o
membro o máximo possível por meio de condutas mais conservadoras: a
amputação é a última alternativa. (CARVALHO, 1998)
As amputações dos membros superiores são menos comuns que a
dos membros inferiores , provavelmente por serem estas últimas ocasionadas
por grande número de alterações vasculares.
As amputações consistem em cerca de 20% do total. As causas mais
freqüentes, cerca de 75%, são traumáticas (acidentes de trabalho e explosivos)
e tumorais.
As amputações traumáticas acometem principalmente pacientes
adolescentes e adultos jovens, os quais estão mais expostos a acidentes de
trabalho e acidentes por meios de transporte, frutos da tecnologia moderna. É
comum também indivíduos mais jovens sofrerem acidentes com arma de fogo,
queimaduras severas e descarga elétrica. Já em crianças os tumores são
responsáveis pelo maior número de amputações dos membros superiores e
inferiores. (CARVALHO, 1998)

4- DIAGNÓSTICO:
As caudas mais comuns de amputação do membro superior são
traumas, infecção prolongada, comprometimento neuromuscular graves e
tumores. Os sinais e sintomas típicos incluem a perda ou o comprometimento
do osso, do feixe, do tecido muscular, das funções do membro, das sensações
e preocupações cosméticas. Quanto mais alto for o nível de amputação,
maiores serão as perdas.
As amputações traumáticas normalmente geram cotos que podem
dificultar a colocação de uma prótese. Para sustentação de cabos e correias,
bem como a movimentação através de sinais elétricos detectados na superfície
da pele (prótese mioelétrica), é necessário um mínimo de alavanca que
possibilite o movimento do coto. Portanto, as amputações eletivas possibilitam
ao médico um planejamento, a fim de potencializar a indicação e uso da
prótese.
Além do tamanho do coto, o formato e a qualidade da cicatriz poderão
influenciar na protetização do paciente, pois um coto com áreas cutâneas
frágeis e proeminências ósseas pode comprometer a tolerância sensorial do
contato entre o encaixe e o sistema de controle da prótese. (SPENCER apud
SPACKMAN)
Os tecidos devem ter uma tenção especial, e os nervos devem
cuidadosamente transeccionados para permitir que se retraiam e não fiquem
aderidos à cicatriz ou áreas de contato com prótese. Nos músculos devem ser
feitas sutura miofacial e ancoragem ao osso para proporcionar bom controle
motor do coto de amputação sobre a prótese. A pele deve permitir sobra
suficiente pata que não haja tensão no fechamento do coto e para que a
cicatriz não fique aderida, em especial a uma eventual espícula óssea. É
necessário arredondar o osso para homogeneizar sua extremidade.

5- PROGNÓSTICO:
Inúmeros fatores influenciam no tratamento e na evolução do paciente
amputado, fatores que vão desde a forma em que ocorreu a amputação até a
situação socioeconômica do indivíduo e adesão ao tratamento.
Pacientes que sofrem amputações traumáticas tendem a negar o fato, ao
passo que o paciente que depende da amputação para sobreviver pode aceita-
la e incorporar o uso da prótese com maior facilidade.
A colocação da prótese, seja ela estética ou funcional, dependerá da
vontade do paciente e de sua condição física e psíquica. Nem todos os
amputados de membro superior são candidatos à protetização, uma vez que
muitos realizam suas atividades de forma independente. Portanto, a opção, por
parte do paciente ou da equipe de reabilitação, pela não-utilização de uma
prótese de membro superior não deve ser encarada como uma falha do
processo de reabilitação. (SALES apud CAVALCANTI)
6- CLASSIFICAÇÃO DAS PRÓTESES DE MEMBRO SUPERIOR:
As próteses podem ser classificadas de acordo com a capacidade funcional,
suas características de construção e fontes de energia.
A classificação é feita da seguinte forma:
• Próteses estéticas
• Próteses ativas
• Próteses mio elétricas
• Próteses híbridas.

6.1- Próteses estéticas:


As próteses estéticas pertencem ao grupo de próteses passivas. Elas
restabelecem o aspecto externo, e muitos pacientes renunciam de forma
consciente as funções ativas de uma prótese de membro superior, fornecendo
mais aspecto estético.

6.2- Próteses ativas:


Próteses ativas são acionadas pelo próprio paciente. As funções da
prótese realizam-se imediatamente o movimento do coto ou do ombro através
da tração das correias. Para a coordenação das diferentes funções, o paciente
necessita de um intenso programa de treinamento.
6.3- Próteses mio elétricas:
Próteses mioelétrcas pertencem a um grupo de prótese com fonte de
energia externa. Suas características específicas influenciam de forma decisiva
a protetização do membro superior. O resultado da reabilitação não depende
do princípio de construção dessa prótese, mas principalmente da adaptação do
paciente ao sistema
Para o controle mioelétrico utilizam-se potenciais elétricos da ordem de
microvolts, que são detectados na superfície da pele durante a contração
muscular do coto.
Próteses mio elétricas podem ser empregadas para todos os níveis de
amputação. Um pré-requisito é a capacidade do paciente em diferenciar a
contração de distintos grupos musculares, além da habilidade de contraí-los,
emitindo um sinal suficientemente forte.

6.4 Próteses híbridas:


São próteses que usam uma articulação mecânica em combinação
com uma mão mioelétrica. Usam, dessa forma, uma fonte de energia externa e
uma tração com correias.
A confecção individual do encaixe da prótese é de importância
fundamental. Ele é a peça de união entre o corpo do paciente e a prótese. Para
a confecção do encaixe deve-se respeitar a fisiologia do coto, devidamente
avaliado.
Devem-se observar o grau de liberdade dos movimentos, a condição
muscular do coto e as saliências ósseas, assim como cicatrizes sensíveis,
defeitos na pele e neuromas.

7- NÍVEIS DE AMPUTAÇÃO E USO DE PRÓTESES:


• Interescapulotorácico ou quarto anterior do ombro: favorece a colocação
de prótese estética, evitando problemas posturais e melhorando o
equilíbrio.
• Desarticulação de ombro: indica-se a colocação de prótese estética ou
funcional. Na prótese funcional tipo mecânica, o paciente poderá
apresentar dificuldades em seu manejo pela falta do braço de alavanca.
O abandono do uso das próteses é bastante elevado.
• Amputação transumeral (terço superior, médio e distal) : indica-se a
colocação de prótese funcional, podendo o paciente apresentar
dificuldade no manejo da prótese mecânica quando o coto de
amputação for muito curto. A prótese é utilizada em cerca de 25% das
atividades bimanuais.
• Desarticulação do cotovelo: é necessário utilizar uma articulação do
cotovelo que torna a prótese pouco estética. Pode ser utilizada uma
prótese estética.
• Amputação transradial: favorável à colocação de próteses funcionais
(mecânica ou mioelétrica) com bom funcionamento do aparelho de
preensão da prótese. O paciente não realiza prono-supinação com o
coto de amputação.
• Desarticulação de punho: favorece a colocação de prótese funcional.
• Amputações parciais da mão ou dos dedos: indicada a colocação de
prótese estética, devido ao elevado índice de rejeição e à excelente
função do coto como auxiliar.

8- COMPLICAÇÕES:
Os cotos estão sujeitos a complicações precoces ou tardias. Algumas
dessas dificuldades são atribuídas às condições cirúrgicas inadequadas ou
protéticas; outras surgem de causas conhecidas, mas inevitáveis. As
complicações tardias mais freqüentes são ulcerações, infecções e condições
por dor ou hipersensibilidade:
• Ulcerações: geralmente associadas a isquemia local, e aparecem
ao longo da cicatriz cirúrgica.
• Infecção: causada por algum agente microbiano e pode evoluir
para um quadro grave, caso não seja tratada. Quando a ferida
fica aberta para cicatriz por segunda intenção, está mais sujeita a
contaminação.
• Sensação fantasma: ocorre, normalmente, no pós- operatório
imediato e tende a diminuir de intensidade com o tempo. Trata-se
da persistência da representação sensorial do membro no
cérebro depois que o membro foi removido; a sensação da parte
ausente (sensação fantasma) pode ser deflagrada ou reforçada
por estímulo sensorial de outro ponto do corpo. As sensações
fantasmas podem ser experimentadas pelo amputado como
formigamento, preensão, aperto, queimação ou cãibra.
Geralmente faz-se uso da sensação fantasma para treino e
fortalecimento da musculatura restante que será utilizada para o
funcionamento de uma prótese mioelétrica.
• Dor fantasma: dor sentida no membro ausente em cerca de 50%
dos amputados, descritas como picadas de faca ou como uma
forte corrente elétrica.
Todas as complicações devem ser tratadas com especial cuidado. O
uso de antibióticos profiláticos pode reduzir o risco de infecção. O tratamento
adequado do coto pode evitar ulcerações, e o uso de antidepressivos, técnicas
de enfaixamento e a protetização mais precoce pode contribuir para minimizar
a sensação de dor fantasma. (FISHER apud TEIXEIRA)

9-REABILITAÇÃO DO AMPUTADO: ABORDAGEM DA TERAPIA


OCUPACIONAL.
O objetivo da reabilitação do amputado é a independência nas tarefas
de nível ocupacional, e para que haja o sucesso é necessário um programa
abrangente de reabilitação que inclua a adaptação de uma prótese confortável
e mecanicamente segura em todo o treinamento protético. (CAVALCANTI,
2007)
A adaptação precoce de uma prótese acelera o ajuste psicológico,
reduz dor e edema, facilita a cura dos tecidos, limita as sensações fantasmas
pelo contato e função precoce da prótese para o amputado e sua família. A
prótese é indicada pelo médico e fabricada pelo protético. O terapeuta
ocupacional deve avaliar a adequação e a função, além de orientar o paciente
sobre o uso, operação, precauções e funções da prótese nas atividades
diárias.

9.1 Avaliação:
Devem constar os dados de identificação do paciente: nome, idade,
sexo, profissão, escolaridade, estado civil, situação econômica. Deve conter a
história da amputação e dados do exame físico: nível de amputação,
comprimento do coto, espessura, cobertura cutânea, sensibilidade, edema,
aspecto da cicatriz, presença de neuroma, infecção, seroma. Anotar a
presença de sensação e/ou dor fantasma, amplitude de movimento das
articulações remanescentes, tônus e força muscular.
Deve-se avaliar o que o paciente é capaz de realizar nas atividades de
vida diária (AVD), como uso de talheres, instrumentos para a realização de
tarefas domésticas, e finalmente nas atividades profissionais que envolvem uso
de computador, de materiais de escritório, canetas etc.

9.2- TRATAMENTO
9.2.1- Tratamento pré-cirúrgico:
Nessa fase é fundamental a amplitude de movimento, a força muscular ,
o grau de independência nas atividades de vida diária (AVD), o
condicionamento físico, o suporte social e a reação do paciente perante a
cirurgia. O paciente deve ser orientado sobre o procedimento que será
realizado, bem como sobre a possibiliadde de protetização.

9.2.2- Tratamento pós-cirúrgico imediato:


Assim que possível, o terapeuta ocupacional deve iniciar um programa
para readquirir e/ou manter a força e a amplitude de movimento de todas as
articulações remanescentes.
É fundamental o controle da dor, e técnicas de alívio poderão ser
instituídas, visando minimizar os efeitos imediatos da cirurgia, viabilizando a
execução dos exercícios e das atividades de auto cuidado. A Escala Analógica
de Dor poderá ser utilizada para auxiliar na avaliação e evolução do quadro
doloroso.
O enfaixamento é iniciado assim que o curativo pós-cirúrgico possa ser
removido. A ferida deve apresentar bom aspecto, sem a presença de secreção
ou seroma. O enfaixamento tem como objetivo controlar o edema modelar o
coto para a adaptação da prótese. Bandagens elásticas são aplicadas de modo
que a pressão seja maior distalmente, diminuindo de forma gradual
proximalmente. A compressão realizada no coto não deve ser muito apertada e
desigual, nem muito frouxa, a ponto de não permitir que a bandagem
permaneça no lugar. (RAMOS, 2003)
É indicado que o enfaixamento seja feito depois de ocorrida a
contração do coto; para se adaptar a prótese definitiva (cerca de 6 a 8
semanas), é necessário enfaixar o coto três ou quatro vezes por dia.
A prótese imediata ou provisória é colocada ainda no bloco cirúrgico, visando
diminuir a taxa de rejeição da prótese, controlar o edema e acelerar a formação
do coto. Apesar dos benefícios da protetização imediata, poucos utilizam essa
técnica.

9.2.3- Tratamento pré-protético:


O tratamento de terapia ocupacional inicia-se na fase pré-protética
para identificar as condições de colocação imediata ou não da prótese,
devendo, ser avaliados, a princípio, os seguintes aspectos: forma do coto,
condições da cicatriz, amplitude passiva e ativa de movimento, força muscular,
presença de espícula óssea, neuroma doloroso.
Essas são as informações básicas que irão nortear o tratamento pré-
protético, mas é de extrema importância a verificação da independência nas
atividades de vida diária e prática, a necessidade de troca de dominância.
Inicia-se, então, o preparo do coto por meio de um programa que deve
englobar, sempre que necessário, os seguintes aspectos:
• Espícula óssea: o tratamento é sempre cirúrgico.
• Neuroma doloroso: não sendo necessária sua remoção por cirurgia,
poderá ser dessensibilizado por “tapping”, vibração, massagem.
• Conificação: deve ser precoce, utilizando uma faixa elástica própria. O
coto deve ser enfaixado no sentido distal para proximal, “em oito”, com
maior pressão distal e diminuindo progressivamente na parte proximal.
O enfaixamento deve ser feito com cuidado, evitando-se pregas. Deve
ser retirado apenas para banho ou para verificação das condições da
pele (vermelhidão, pressão excessiva).
• Exercícios passivos: objetivando o ganho ou manutenção da amplitude
articular.
• Exercícios ativos: para fortalecimento de ambos os membros, mesmo
que a amputação seja unilateral. O membro que sofreu a amputação
deve ser fortalecido visando o suporte e manejo da prótese e o membro
intacto para evitar lesões por sobrecarga.
Apesar do grande enfoque dado à preparação do coto, nesse período
já é iniciado o treino de troca de dominância, quando necessário, assim como a
confecção de adaptações que viabilizem a maior independência possível do
paciente nas atividades de vida diária e prática.
Para o paciente que não realizou a protetização imediata, deve ser
instituído um programa de exercícios a fim de proporcionar força muscular no
coto necessária para o controle e o uso da prótese.
O terapeuta ocupacional deve estar atento às alterações no peso,
sensação e uso da parte ausente, pois é comum haver um deslocamento do
centro de gravidade do amputado. A avaliação e indicação de exercícios
globais do paciente são essenciais para detectar e evitar atrofias musculares,
escoliose e curvaturas compensatórias. (CAVALCANTI, 2007)
Caso o lado amputado seja o dominante, é necessário iniciar um
programa que visa aumentar a habilidade e a coordenação do lado
contralateral.

9.3.4- Prescrição protética:


Para indicação de prótese devem-se considerar: a habilidade, a
necessidade, os objetivos, os interesses vocacionais e as possibilidades
financeiras do paciente.
O terapeuta ocupacional inicialmente deverá: avaliar criteriosamente o
paciente, considerando aspectos físicos, emocionais e sócias; proporcionar um
primeiro contato visual dos tipos de prótese que são mais indicadas, por meio
do contato com o equipamento, por fotos ou vídeos; definir com o auxílio do
protético, o tipo de prótese mais adequada; iniciar o treino protético.

9.3.5- Treino protético:


Essa fase vede ser iniciada precocemente, e deve-se proporcionar um
contato direto e diário do paciente com a prótese. As orientações iniciais
incluem instruções quanto a higiene e aos cuidados com a prótese, bem como
colocá-las e removê-las e como fazer a manutenção da rotina, tal como mudar
cabos e tiras de borracha, ajustar a fricção nas articulações e a armação.
(CAVALCANTI, 2007)
A transpiração é um problema comum entre os pacientes protetizados.
Sendo assim, é indicado lavar o coto duas vezes por dia com sabão neutro e
água, enxugá-lo bem e usar talco inodoro ou amido de milho, antes de colocar
a prótese. Nos dias mais frios o paciente poderá usar uma camiseta por baixo
da prótese e uma meia no coto, protegendo assim a pele.
O coto deve ser verificado antes e depois da colocação da prótese, em
busca de áreas de irritação. Se não houver sinais de irritação, a prótese é
recolocada após intervalo de 1 /2 horas, caso contrário deve-se aguardar até
que a irritação desapareça. Uma vez que a prótese possa ser usada por 2
horas, o tempo de uso pode ser aumentado desde que o amputado esteja
consciente da importância de remover a prótese quando sentir irritação ou
desconforto. Caso a prótese cause irritação durante o treino, é necessário
revisão ou ajuste para alívio. (IDEM)
Após o período de adaptação, colocação e retirada da prótese, é
iniciado o treino de controle dos cabos através dos movimentos corporais. Os
movimentos de controle de controle do corpo são demonstrados primeiro
movendo-se passivamente o membro amputado na direção do movimento
correto. O movimento de controle do corpo para operação do dispositivo
terminal é ensinado primeiro.
Quando o amputado já é capaz de abrir e fechar ativamente o
dispositivo terminal, é iniciada a prática do aperto de objetos de diversos
tamanhos, densidades, texturas e formas. É indicado que o treino inicie com
objetos mais fáceis, mais grossos e gradualmente aumentando a complexidade
de ação, com objetos mais finos e delicados.
O treino para manuseio de talheres e objetos de autocuidado é
realizado após o paciente adquirir habilidade de abrir e fechar o dispositivo
terminal.
Nas amputações unilaterais, a prótese será auxiliar durante a
execução das atividades bimanuais, ao passo que nos amputados bilaterais o
treinamento será mais intensivo, sendo muitas vezes necessária a confecção
de adaptações para colocação da prótese e para a execução de atividades de
vida diária e autocuidado. As adaptações usadas são para talheres, aparelho
de barbear, banho, zíper com argola e abotoador ou velcro em substituição aos
botões.
Durante todo o treinamento de uso, o terapeuta tenta envolver o
amputado no processo de análise da atividade. Isso habilita o amputado a
determinar como usar a prótese em novas atividades aprendidas depois da
alta.
A proporção de rejeição de prótese de membro superior é elevada. A
razão da rejeição pode ser física ou clínica (fraqueza, incoordenação,
deficiência associada, dor, coto não-adaptável ao ajuste protético, por exemplo)
ou ainda protética (ajuste pobre, não-confiabilidade mecânica). A prótese
também pode ser rejeitada porque o amputado desenvolve padrões de
atividades com a mão que permitem independência nas tarefas de
desempenho ocupacional. Antes de se adaptar e treinar com a prótese, o
amputado é solicitado a usar a prótese até mesmo quando as exigências da
atividade excedem as capacidades funcionais da mesma.
A falta de adesão do paciente ao uso da prótese não implica o
insucesso da reabilitação, pois esta faz parte de todo um processo de
reintegração social do paciente. Assim, o uso de uma prótese pode ser
facultativo e depender da vontade, habilidade e necessidade real do paciente.

9.3.6- Reintegração social:


O terapeuta ocupacional pode visitar a comunidade a que o paciente
pertence para conhecer a residência, a forma de locomoção e atividades
recreacionais/lazer, e, caso seja necessário, desenvolver dispositivos,
adaptações ou técnicas que proporcionem ao paciente uma vida normal.
(SALES apud CAVALCANTI)
Reuniões com a família são importantes para esclarecer dúvidas
sobre todo o processo de reabilitação e de reintegração do paciente à vida
familiar. Condutas superprotetoras podem influenciar negativamente, porque a
família deve estar ciente do seu real papel, auxiliando da forma mais
adequada, permitindo que o paciente se torne o mais independente possível.

9.3.7- Reabilitação profissional:


A avaliação da atividade profissional é realizada pelo terapeuta
ocupacional assim que o paciente esteja apto para retornar ao trabalho. Em
alguns casos será impossível o paciente voltar para sua antiga função; será
necessário um treinamento específico para possível remanejamento. (RAMOS,
2003)
O acompanhamento do processo deve ser realizado para verificação
do uso real e adequado das condições do coto e dos dispositivos protéticos.
10- CONCLUSÃO:
A abordagem da terapia ocupacional com o amputado enfoca o treino
de prótese e a reintegração social, essenciais para a recuperação do paciente.
O atendimento ao paciente amputado requer um trabalho criterioso,
objetivando proporcionar o máximo de independência possível. O uso da
prótese poderá favorecer essa independência, mas é discutível que a
adaptação, a habilidade e a vontade do paciente devem ser sempre
consideradas.
O terapeuta ocupacional deve ter a habilidade de perceber as reais
demandas do paciente, para que possa reintegrá-lo como ser atuante,
buscando sempre uma prática coerente com a realidade de cada sujeito.
O trabalho com o amputado é multidisciplinar, considerando uma abordagem
completa e coordenada. Adaptação e a reintegração do paciente dependerão
de um trabalho coeso entre toda a equipe.

11- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

CARVALHO, J. Amputações de membros superiores. São Paulo. Manole,


1998.

CAVALCANTI. A ;GALVÃO.C .Terapia Ocupacional: fundamentação e


prática.Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2007.

FISHER, A. Amputação e próteses. In: Terapia Ocupacional na reabilitação


física. São Paulo. Santos, 1989.

HAGEDORN , R. Processos de mudança. In: fundamentos para a prática em


Terapia Ocupacional. São Paulo. Roca, 2000
NATALE, V. Próteses: reabilitação do amputado do membro superior In:
Reabilitação da mão. São Paulo. Atheneu, 2005.

SPENCER, E. Disfunções musculoesqueléticas em adultos. In: Terapia


Ocupacional Willard & Spackman. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan, 2002.

TOOMS, R. Princípios gerais das amputações. In: Cirurgia ortopédica de


Campbell. São Paulo. Manole, 1990

KRUPSKI, W et al. Amputação. In: cirurgia-diagnóstico e tratamento. Rio de


Janeiro. Guanabara Koogan, 1993.

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