You are on page 1of 1

08

TEOLOGIA

Movimento Cristão
Antonio R. S. Mota S.J.

O que Jesus Cristo nos revela sobre Deus? Os cristãos têm a convicção de que, revivendo, de modo sempre novo, a fé
de Jesus, encontramos a Deus. Precisamos redescobrir assim os valores cristãos, através dos textos bíblicos à luz dos
seus contextos e pela atualização da sua mensagem em nossas vidas.
PARA ESTUDO: cap. 8 do livro Deus e os homens ou então:
revistas: Jesus e os mistérios... Revista Galileu Especial, julho de 2003
Cristianismo e modernidade. Revista Cult. Ano VI, nº 64, dezembro de 2002.
romances. A sombra do Galileu. Gerd Theissen. Editora Vozes.
Entre todos os homens. Frei Betto. Editora Ática.
filme: Jesus de Montreal (ler o artigo do prof. a respeito, Jornal do Commercio 26/1/96)
PARA PESQUISA: análise das pinturas/esculturas que representam Jesus: o que elas revelam e o que ocultam? Ou
comparação de alguns filmes que tratam de Jesus: quais as razões dos diferentes perfis?

“Uma criança nasceu em Belém e instaurou os tempo novos Deus é discreto. Deus é silêncio e vazio. Deus é liberdade. Cristo é
– Ano-Novo. A criança tornou-se homem e tornou-se Deus. uma imensa árvore copada, sem copa e sem tronco, dentro de cujo
Seus pés inventaram o Caminho. Sua boca preferiu a ardente perfil vazado todas as coisas cabem. Tudo e todos. Somos
Verdade. Sei peito abrasou-se do amor que é Vida, em todos convidados para o banquete , Cristo, à cabeceira da mesa,
perfeita abundância. Jesus Cristo. Senhor nosso, dono do nos convoca para o ágape. O pão, o vinho, a alegre – e leve –
gesto exemplar, luz de deus feita carne. O que subitamente embriaguez apolínea. Cristo Apolo, elegantíssimo na sua túnica,
transfigura – e transverba – a humana condição. Somos pregando pelos campos. As ervas do caminho e os lírios das
deuses. ravinas o compreendem.
Nós, humanos, temos ouvido mais duro.
Crucificadamente deuses. Na carência e na morte. O
Deus é paciente, o tempo divino é todo tempo e, portanto, abolição
Terceiro Mundo e, em particular o Nordeste brasileiro, que
do tempo, enquanto sudário da morte. Deus se mistura ao nosso
o digam. Nascem crianças, cruscificadamente. O egoísmo barro, nasce, vive, morre e ressuscita conosco. O companheiro.
dos ricos – classes e nações – as crucifica, a cada dia, pelo Cristo companheiro, acompanhante, acompanhado. O amigo, o
mundo afora. A fome se expande, a miséria pulula, o vigilante, o peregrino, senhor do Verbo. Cristo é a juventude do
sacrifício dos inocentes fecha o ciclo homicida, segundo mundo. Sua esperança. Sua tenaz – terna, eterna – esperança.
por segundo. A iniquidade e a injustiça dão sinais de si, Lâmina de acerados açúcares, vulnerante e irresistível.
como o pulsar de um coração de pedra. Por isto é que Cristo Somos fuliginosos, perplexos, desgarrados e tristes. Somos seres
nasceu, para nos salvar: ossos, músculos, nervos, pão e humanos, transmudados por Cristo, homem divino. Somos bichos
vinho. Que persuasiva – e infinita – paciência, ano após da terra, tão pequenos, mas o fogo do amor de Deus mora em nós.
ano, nasce e renasce no Natal – e no Ano-Novo. Até o fim Por isto, temos a possibilidade da louca alegria. Cristo bailarino.
dos tempos, na ordem circular do eterno retorno, surgirá o Cristo dançarino. O mais próximo Próximo. Alí, na esquina, está
Cristo, cercado de forças elementares, para testemunhar a ele, e nos olha. Naquele bar, naquele beco, naquela masmorra,
dignidade e os direitos da vida – e do homem. A essa hospital ou cortiço. Onde a carne sofre, aí está o Cristo,
teimosa sublime damos o nome de Ressurreição da Carne. crucificado. Onde a carne ama, aí esta o Cristo, glorificado. Onde
Há um Cristo da palavra, da pregação e do milagre, esta o homem, aí esta o Cristo, suprema possibilidade do humano.
pescador de peixes e de homens. Há um Cristo que morre Aqui.
na cruz para morrer, por nós, a morte, ensina-nos que o (...) Somos deuses, por decreto de uma criança que nasce.
Carreguemo-la conosco – nosso centro. Entre quedas, desistências,
amor vence o derradeiro lance, e que é possível viver – e
covardia e grandezas, somos deuses. Há uma criança eterna em
morrer – para os outros, pelos outros. Há um Cristo que nos
nós, que a cada dia quer nascer. A insofrida antemanhã. Que a
diz: Ama o Teu Próximo Como a Ti Mesmo. Esta é a regra cada momento a ajudemos. A incessante maiêutica. O parto, na
santa – difícil regra. Pois sermos deuses significa, não a agonia do caminho, da verdade e da vida. Por mão do mestre
dominância da soberbia e da grandeza, mas a vitória da Jesus, carpinteiro, companheiro, fiador da justiça no mundo.
humildade. Deus é quem hospeda o Próximo, no espaço de Lumen”. (Pellegrino. Hélio. A burrice do demônio).
seus braços abertos. O Próximo é o mistério luxuoso diante
do qual devo apagar-me, para que seu rosto resplandeça. É
PARA DINÂMICA EM GRUPO:
esta a excentricidade que o Cristo veio ensinar ao mundo. ● Quais os motivos históricos da morte de Jesus? Qual seria a
Só consigo ganhar-me, perdendo-me, só amealho riqueza, mensagem de Jesus para nós hoje?
doando-a, só conquisto o meu nome, nomeando, chamando,
clamando, consentindo no ser.

1 de 1

You might also like