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De Evana Ribeiro
Capítulo 80
CENA 1 – ESTÚDIO – INT – TARDE
Continuação da cena final do capítulo anterior. Valentina beija várias vezes
o rosto de Angela, e depois a coloca no chão.
VALENTINA – Meu Deus, obrigada! Minha filha tá viva, sem nenhum arranhão!
MILENA – Bem, isso eles podem explicar melhor. (indica Karen e Julian)
VALENTINA – Bem, eu... Eu não sei como agradecer a vocês por isso! Mas como
foi que ela chegou até vocês?
CORTA PARA
MARCELO – Mas é claro, Herman! (levanta) Vou preparar uma dose pra você.
HERMAN – Não, não precisa! Eu mesmo faço.
Herman prepara uma dose dupla de uísque e senta-se junto com Jerri e
Marcelo.
MARCELO – Saiu com Leon e Milena. É que Milena vai gravar um CD e chamou
eles pra assistir a um ensaio. É bom que ela sai um pouco, tenta se distrair...
HERMAN – É verdade.
MARCELO – Herman, depois que todo esse problema se resolver, você ainda
pretende casar com Valentina?
MARCELO – E depois?
MARCELO – Está mesmo querendo começar uma vida com a minha filha?
MARCELO – Sempre achei estranho o fato de você nunca ter se casado. Pelo
menos durante o tempo em que mantivemos contato.
HERMAN – Pois é. Algumas coisas me fizeram não ter mais fé no casamento.
Mas agora isso mudou.
Jerri sai.
CORTA PARA
CENA 3
Tomada de Londres.
CORTA PARA
ISAAC – Hoje de manhã recebi uma ligação muito importante pras investigações!
ISAAC – Não, mas é quase isso. Valentina, a mãe, lembrou de um detalhe meio
bobo, mas que pode levar ao comparsa da falecida Lucille e finalmente à menina.
PETER – Aliás, e o corpo dessa criatura? Encontraram?
ISAAC – Não. A terra deve ter engolido essa mulher, mas é o de menos. O
importante agora é achar a menina, devolvê-la à mãe, e depois a gente acha o
corpo da Lucille. Ou não. (t) Agora vou dar uma saída. Vou à floricultura. (levanta-
se)
PETER – Você não parece ter se abalado muito com a perca de seu filho.
ISAAC – Não sei. Eu sinto pela morte dele, mas não tanto. Nem o vi!
Isaac sai.
CORTA PARA
MONIKA – Liv, sinto muito, mas tenho que interromper a sua brincadeira.
Marianne, precisamos falar.
Liv sai.
MARIANNE – O que foi?
MARIANNE – Já sei o que você quer. Quer que eu fale sobre o que aconteceu pra
eu ficar desse jeito.
MONIKA – É.
MONIKA – Mas minha irmã, é importante que você diga o que aconteceu! Eu
preciso entender...
MONIKA – Não! Preciso saber o que fez você ficar assim. Por que aquele medo
todo da Marya, que a gente nem conhecia?
MONIKA – Marianne, por favor. Eu passei tantos anos tentando fazer você voltar
ao normal, tudo porque queria uma explicação pra isso que aconteceu, e agora
você não quer falar?
MONIKA – Tudo bem… Vou fazer como você quer. Mas a nossa conversa ainda
não acabou!
Monika sai.
CORTA PARA
MONIKA – Não! Ela se recusa terminantemente a falar sobre o que fez ela ficar
muda e sem andar.
MONIKA – Mais tempo do que já passei sem saber das coisas? Achei que quando
ela falasse pela primeira vez ia contar tudo o que aconteceu, de uma vez só. Mas
não! A única coisa que disse foi o nome de uma mulher que vivia com a gente mas
que víamos muito pouco, a... Marya.
MICHAEL – Espere mais um dia ou dois, depois você toca de novo no assunto.
MICHAEL – Então só existe uma opção. (t) Chamar Ian de novo para conversar
com ela. Acho que é o único que pode resolver o problema.
Monika pega o telefone sem fio e sai da sala. Michael continua assistindo
ao jogo.
CORTA PARA
CENA 7
Tomada de São Paulo no fim da tarde.
CORTA PARA
VINÍCIUS – Ah, mas isso não é um adeus. É só um até loguinho! Não vamos
deixar que Angela esqueça de vocês dois.
JULIAN – Claro, ela sempre vai lembrar que nós produzimos o CD de estréia do
pai e da tia! (ri)
LEON – Que tal se a gente saísse à noite pra... Pra qualquer coisa que Angela
escolher. E dona Valentina não pense em dizer não, que agora não tem motivos
pra isso!
HERMAN – Alice!
ALICE – Sim?
Alice vai até onde Herman está e senta-se a uma certa distância dele, em
outro sofá.
ALICE – Vou buscar meu chá. Você devia tomar um banho e ir se deitar.
CORTA PARA
VALENTINA – Ah, não vamos falar mais nisso por enquanto, tá bom? Quero saber
onde você quer ir hoje à noite, Angie.
VALENTINA – Outro dia eu conto melhor a história. Mas você vai chamá-lo de
papai, tá certo?
ANGELA – Tá. (t) Tio Herman não vai ser mais meu papai?
Todos riem.
VALENTINA – Vai, meu anjo! Depois que eu casar com Herman, você vai ter dois
papais. Gosta disso?
ANGELA – Gosto.
CORTA PARA
HERMAN – Você tem certeza que não sente mais nem um pouco de saudades
daquele tempo?
ALICE – Por que sentiria? Aquele foi o pior momento da minha vida! Quase perdi
meu filho.
ALICE – Não tenho por que sentir saudades de nada. O presente me faz feliz.
ALICE – Já chega...
Herman corta a fala dela beijando-a. Alice começa a se debater para sair,
mas ele a aperta.
Corta para a porta de entrada da casa. Valentina entra primeiro com
Angela, e pára imediatamente ao ver a cena. Corta para Alice, que consegue se
livrar dos braços de Herman.
ALICE – Sai! Você está completamente bêbado, não vai explicar nada.
LEON – Vai pegar nada. O problema dele é com mamãe e Tininha. (t) Mãe, posso
ficar pra conversa?
ALICE – Você deve ter notado que ele estava muito bêbado. Isso não justifica o
que ele fez, mas... Você precisa saber, Herman está usando você.
VALENTINA – Usando?
ALICE – Sim, meu bem. Você deve saber que Herman foi apaixonado por mim na
juventude.
ALICE – É verdade. Ele foi apaixonado por mim, chegamos a nos envolver
rapidamente depois que Leon se recuperou da operação, mas foi loucura e eu me
arrependi, pedi para ele esquecer tudo aquilo, mas ele não esqueceu.
VALENTINA – Mas...
ALICE – Ele disse que pode amar você pelo que é, mas ele está muito preso ao
passado, ao que viveu comigo. Ele só quer ficar com você porque lembra de mim.
E você não merece isso. Eu nunca pude dar um conselho a você, mas agora vou
dar um: termine com ele, não por mim, mas pelo seu próprio bem.
ALICE (segura a mão dele) – Não fale nada agora, apenas pense. Pense se você
vê mesmo um futuro ao lado dele. Se você o ama de verdade e se tem certeza do
amor dele. Eu só falo do que eu vejo. Mas você escolhe o que vai fazer. Acredito
que vai tomar a decisão correta.
CORTA PARA
MILENA – Nossa, que história louca. Ele tava ficando com a Tina pensando na
sua mãe?
LEON – Pra você ver como são as coisas. (t) Esse negócio não vai pra frente,
ainda mais depois da cena de agora...
MILENA – Será que ainda vai ter clima pra sair de noite?
LEON – A gente achou que você não ia mais querer sair, depois daquilo...
VALENTINA – Ficar trancada em casa? Nada disso! Combinamos que íamos sair
pra comemorar a volta de Angela e vamos sair!
LEON – Já ligou pra polícia lá na Inglaterra pra contar que ela já apareceu?
VALENTINA – Liguei. E recebi uma outra notícia. (t) Lembra daquele sonho das
rosas vermelhas que eu te falei?
CORTA PARA
CENA 14 – LONDRES/DELEGACIA – INT – NOITE
Isaac conversa com Paul.
ISAAC – Meu sogro era o homem que comprava as flores que iam pra casa de
Valentina Prado!
ISAAC – É. Uma pessoa que eu nunca ia pensar ter algo a ver com a história.
PAUL – Mas você acha que ele tem algo a ver com o seqüestro?
ISAAC – Não, com o seqüestro não. Mas com o sumiço de Lucille ninguém sabe.
Vamos ter que chamá-lo para prestar esclarecimentos.
PAUL – O que?
ISAAC – Layla, minha sogra, uma vez me pediu para investigar Johann, pois
desconfiava que ele tinha uma amante. Pelo jeito, Lucille era a amante!
CORTA PARA
LAYLA – Eu já disse uma vez, e digo novamente. Essa mulher não está morta! Se
estivesse de verdade, o corpo já teria aparecido. Além disso, se estou aqui no
hospital com uma perna quebrada, entre outras avarias, a culpa é dela. (t) Saí
perseguindo uma enfermeira daqui muito parecida com ela, apesar dos olhos
verdes, do cabelo ruivo. Algo me diz que era ela.
ISAAC – Eu sei que você estava a perseguindo. (t) Porque eu também estava
perseguindo você. No final das contas, a culpa do acidente é toda minha.
AMANDA (off) – E como se não bastasse não ter ficado ao meu lado quando perdi
meu filho, quase mata a minha mãe!
AMANDA – Você, com essa obsessão por ser promovido, tem me decepcionado a
cada dia. Eu achei que te amava mesmo, sabia? Aliás, eu amava. (t) Amava
quem você era. Aquele cara despretensioso que eu conheci numa praia em
Recife, que guardou meus sapatos! Eu não imaginava que por trás daquele
homem tão bacana existia essa criatura fria, insensível. (t) Nem pra chorar a morte
do próprio filho!
ISAAC – Mas sua mãe também teve culpa, oras! Onde já se viu se meter a
perseguir uma enfermeira de táxi, só porque acha que é uma mulher que está
morta!
LAYLA – Já disse que ela não morreu! E enquanto não vir o corpo, continuarei
repetindo que ela está viva, e bem viva!
AMANDA – Mãe, quando ele sair daqui, eu volto. (faz menção de ir embora)
ISAAC – Não, Amanda. Eu já estou de saída, preciso falar com o seu pai. Depois
conversamos.
AMANDA – Não pretendo falar mais com você a não ser na presença de um
advogado.
ISAAC – Divórcio?
LAYLA – Filha, você está falando sério? Vai mesmo se divorciar de Isaac?
AMANDA – Do que ele me mostrou ser quando nos conhecemos. Agora isso não
importa. Meu filho se foi antes que eu pudesse vê-lo, vou me divorciar e depois a
gente vê se a vida volta ao normal.
LAYLA – É... Acho que você não vai ser a única a se divorciar.
AMANDA – Você?
LAYLA – Pois é. Quando eu sair daqui vou acertar as contas com seu pai. (t)
Aliás, ele vai ter que prestar contas a outras pessoas...
CORTA PARA
ISAAC – Johann, sinceramente. Eu não acredito que você tenha culpa alguma,
mas sua pronunciação é muito importante. Precisamos saber qual é a sua relação
com a senhora Lucille Petrović.
JOHANN – Tudo bem, eu aceito falar. Mas não na delegacia. Conto tudo a você
aqui mesmo, em casa.
JOHANN – Vamos ver. Amanhã eu ligo para você e digo se vou ou não à
delegacia.
ISAAC – Perfeito.
CENA 17
Tomada aérea de Recife.
CORTA PARA
AURORA – Vamos pra Toritama. Tenho umas coisinhas pra resolver lá e quero
fazer isso logo.
PIETRA – Ele me chamou pra morar com ele também. Amanhã tô me mudando.
MATEUS – Bronca?
CORTA PARA
CENA 19
Tomada de São Paulo à noite.
CORTA PARA
VALENTINA – Pára de influenciar a menina, Vinícius! Ela vai ser o que quiser.
LEON – Ah! Pensei que vocês já iam brigar pra ver se Angie vai ser veterinária ou
cantora...
MILENA – Vou dar uma palavrinha ali com a Ana Paula.
ANA PAULA – Ah, tudo bem! Estávamos falando sobre os pais que fazem às
vezes de mãe, sabe?
LILA – Até parece outra pessoa, juro. E tudo obra de quem? De quem?
LILA – Olha que fez... Essa beleza toda mexeu com a cabeça do Daniel de um
jeito que eu acho que ninguém mais faria! (ri)
LILA – Só deu pra marcar pra semana que vem. Tava faltando um padrinho, mas
seu Luigi topou na hora.
GIULIA – Falando no papai... Dêem só uma olhada ali no balcão. Vejam que
contatos!
Todos olham na direção para onde Giulia aponta e vêem Meire e Luigi
conversando.
Corta para o balcão.
LUIGI – Vá, não tem tanta gente assim. Por isso que te chamei.
LUIGI – Então tá. (t) Estou completamente apaixonado pela senhora, dona Meire!
MEIRE – Como?
MEIRE – E?
LUIGI – E é isso!
MEIRE – Não foi isso! Eu só perguntei se a sua intenção era casar comigo.
VINÍCIUS – Ô, vocês dois! Dá pra parar com isso? Duas pessoas livres,
desimpedidas, vai dar super certo! Quero cantar nesse casamento.
Meire e Luigi se olham por alguns instantes. Depois, Meire volta a olhar
para Vinícius.
MEIRE – Tá certo. (t) Contanto que você não invente de cobrar pela performance
depois...
CORTA PARA
VALENTINA – Na verdade quero pedir uma coisa. Que você fique com Angie hoje
à noite. Se tiver condições, é claro.
VINÍCIUS – Claro que tenho. Vou adorar ficar com a pequenininha. (t) Mas por
que?
VALENTINA – É que eu preciso ter uma conversa séria com meu noivo, Herman.
Vai ser uma coisa desgastante e muito chata, o clima vai pesar... Não quero que
Angela esteja lá pra ver isso.
VINÍCIUS – Você não vai bater no cara, não vai? Porque essa sua mãozinha...
VALENTINA (ri) – Não, pode ficar tranqüila que não vou fazer nada do tipo. Nesse
último ano, virei adepta da política da não violência, que nem o Leon.
VINÍCIUS – Ah, bom...
VALENTINA – Pensei bem nas últimas horas e cheguei à conclusão de que não ia
prestar.
VALENTINA – Não tem ninguém e ao mesmo tempo tem muita gente. Mas depois
a gente fala melhor sobre isso. Agora tenho que ir. Valeu pela noite, a
apresentação foi ótima.
Vinícius sai, abre uma das portas traseiras e retira Angela de lá.
VALENTINA – Sim...
Vinícius entra no prédio. Valentina sai em seguida.
CORTA PARA
CENA 22
Tomada de São Paulo no começo do dia.
CORTA PARA
CORTA PARA
JOHANN – Isaac, pensei bastante em nossa conversa de ontem. (t) Resolvi que
vou contar tudo em um depoimento oficial, contanto que o sigilo seja mantido. (t)
Ótimo, estarei aí em meia hora. (t) Até lá.
Johann desliga o telefone. Ao olhar para trás, vê Layla entrando em uma
cadeira de rodas, junto com Amanda, Michael e Darren.
JOHANN – Olá, Layla. Não esperava que você tivesse alta hoje.
LAYLA – Não tinha mais por que permanecer no hospital, posso me recuperar em
casa.
JOHANN – Sim.
LAYLA – Meninos, por favor, subam. Preciso conversar a sós com o pai de vocês.
Os três sobem. Layla olha séria para Johann, que mantém uma expressão
razoavelmente tranqüila.
CORTA PARA
IAN – Mas eu queria saber mais de você. De onde veio... Queria saber sobre a
mulher que eu amo.
IAN – Marianne?
MARIANNE – Sim.
IAN – Mas é a mais pura verdade. Eu amei você no mesmo instante em que
fomos apresentados. Por isso meu empenho em te fazer falar foi muito maior.
IAN – Será que nem em nome desse amor você não falaria tudo?
Marianne fica quieta por um minuto. Suspense.
MARIANNE – Tudo bem, eu falo tudo. Pode chamar Monika e Laurie aqui.