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Sub-projecto:

Igualdade de
Oportunidades

Manual do Formando
Gestão e Economia Familiar
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Gestão de Iniciativas Comunitárias do Emprego e
ADAPT/EQUAL.

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qual for sem autorização dos titulares do direito. Os
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Índice

Apresentação do Módulo 2
Noções Básicas de Contabilidade Doméstica 3
Planeamento das Aquisições 14
Aquisição de Produtos 22
Cálculo de Custos de Refeições 26
Orçamentação de Despesas Correntes e Gastos Extraordinários 31
Noções de Poupança e Investimento 43
Noções Básicas sobre Procedimentos -Administrativos Correntes 62

Bibliografia 72

Anexos 73
Anexo I – Casos Práticos
Anexo II – Plano Geral do Módulo
Anexo III – Circuito Real e Monetário
Anexo IV – Ciclo de Gestão
Anexo V – Sistema Organizativo das Compras
Anexo VI – Conceito de Preço
Anexo VII – Aquisição de Produtos
Anexo VIII – Caso Prático do Custo da Refeição
Anexo IX – Apresentação da Refeição
Anexo X – Orçamentação
Anexo XI – Gestão Previsional/Orçamental
Anexo XII - Nível de Risco dos Investimentos
Anexo XIII – Circuito Económico
Anexo XIV – Quadro dos Benefícios Fiscais
Anexo XV – Benefícios Fiscais e Sociais
Anexo XVI – Notas e Moedas em Euros
Anexo XVII – Modelo 3 - IRS
Anexo XVIII – Anexo B ao Modelo 3
Anexo XIX – Anexo H ao Modelo 3
Anexo XX – Certificados de Aforro
Anexo XXI – Declaração de Início de Actividade
Anexo XXII – Declaração de Alterações
Anexo XXIII – Declaração de Cessação
Anexo XXIV – Inscrição na Segurança Social
Anexo XXV – Alterações à Segurança Social
Anexo XXVI – Prestações Familiares
Anexo XXVII – Rendimento Mínimo Garantido
Anexo XXVIII – Pedido de Bilhete Identidade
Anexo XXIX – Recenseamento Eleitoral
Anexo XXX – Atestado de Residência
Anexo XXXI – Pedido de Isenção C. Autárquica
Anexo XXXII – Abertura de Conta Bancária
Anexo XXXIII – Contrato Fornecimento Telefone

1
Apresentação do módulo

Este módulo tem como objectivo global que os formandos


sejam capazes de gerir adequadamente o seu rendimento
familiar, utilizando técnicas de contabilidade e gestão.

O plano geral das sessões define os conteúdos programáticos


e os objectivos específicos a atingir:

CONTEUDOS OBJECTIVOS
Noções básicas Saber como se gere um
de contabilidade orçamento familiar, no que
doméstica respeita à utilização dos
recursos financeiros
disponíveis para suprir o
conjunto de necessidades e
consumos familiares
Planeamento das Saber planear as despesas
aquisições em função das receitas
previsíveis
Aquisição de Saber adquirir produtos e
produtos bens nas condições mais
favoráveis
Cálculo de custos Saber calcular os custos das
de refeições refeições
Orçamentação de Saber calcular os custos
despesas básicos imprescindíveis,
correntes e distinguindo-os de despesas
gastos não prioritárias
extraordinários
Noções de Saber tratar de assuntos de
poupança e ordem económica e fiscal
investimento Saber aplicar e investir os
excedentes financeiros
Noções básicas Saber tratar de assuntos de
sobre ordem administrativa em
procedimentos estabelecimentos de saúde,
administrativos bancos, empresas
correntes fornecedoras de serviços,
autarquias ou outras

2
Noções Básicas de
Contabilidade Doméstica
O que é?

Para que serve a contabilidade?

A contabilidade é uma técnica de registo e de


representação de todas as transformações sofridas pelo
património de qualquer entidade económica (empresa)
durante o exercício da sua actividade, de modo a saber em
qualquer momento a sua composição e o seu valor.

Ela permite assim que o gestor:

• Conheça o montante e a origem dos resultados,


passados e futuros;

• Verifique a justeza das decisões tomadas ou a tomar;

• Conheça a posição da empresa perante todas as pessoas


com que se relaciona, ou seja, conheça sempre a quem é
que a empresa deve dinheiro e quem lho deve a ela;

• Controla a evolução patrimonial da empresa.

Contabilidade doméstica, podemos defini-la como sendo


um meio utilizado pelas famílias no sentido de permitir
conhecer a cada momento, qual a sua situação patrimonial
ou financeira.

O método utilizado pode ser mais simples ou mais complexo,


o que importa é que ele permita uma gestão adequada das
receitas, para fazer face às despesas.

3
Tipos de Contabilidade

• Contabilidade Geral

- permite constatar os encargos e proveitos, isto é, os


fluxos de consumo e produção;

- permite apurar os resultados de um determinado


período, isto é, a variação do património devido à
actividade exercida;

- permite fazer periodicamente o ponto da situação dos


bens e das dívidas, isto é, identificar e quantificar a
situação patrimonial.

• Contabilidade Analítica

- tem como objectivo indicar os custos por sector de


actividade ou por produto. Regista os fluxos internos e
descreve o processo de transformação dos bens e
serviços, desde a sua entrada até ao consumo.

• Contabilidade Orçamental

- consiste na organização e quantificação das previsões


efectuadas pelos diversos centros de custos. O
conjunto destas previsões, depois de agrupadas e
coordenadas permite a elaboração dos diversos
orçamentos (compras, tesourarias, etc.).

Tipos de Custos e Proveitos

• Custos Correntes

- são aqueles que se referem à actividade diária e que


podem ser planeados, tais como, alimentação,
vestuário, transportes, etc.

• Custos Extraordinários

- são aqueles que ocorrem devido a eventos


inesperados, como seja, a aquisição de um
electrodoméstico devido a avaria irreparável, uma
deslocação inesperada, etc.

4
• Proveitos correntes

- são aqueles que se obtém pela actividade


desenvolvida com carácter de continuidade, rendas
recebidas periodicamente, etc.

• Proveitos Extraordinários

- são provenientes de eventos inesperados, como seja,


um prémio de jogo, uma herança, um trabalho
extraordinário realizado, etc.

Análise de custos e proveitos

• Numa óptica Financeira

- Referimo-nos a despesas e receitas, ou seja, a


despesa ocorre quando nasce a obrigação de pagar,
assim como a receita ocorre quando nasce o direito a
receber.

O resultado é obtido pela diferença entre receitas e


despesas.

Exemplo: quando se faz uma encomenda incorre-se


numa despesa, quando se executa uma tarefa obtém-
se uma receita.

• Numa óptica Económica

- Referimo-nos a custos e proveitos, ou seja, incorremos


num custo quando consumimos um bem ou serviço,
obtemos um proveito quando exercemos uma actividade
remunerada. Também aqui se apura o resultado pela
diferença entre proveitos e custos.

• Numa óptica de Tesouraria

- Estamos na presença de fluxos monetários, ou seja,


os recebimentos são a entrada de valores monetários
e os pagamentos a saída de valores monetários do
agregado familiar.

Isto não quer dizer que a data do recebimento


coincida com o período em que se obteve a receita
nem a data do pagamento coincida com o momento
em que se efectuou a despesa.

5
CIRCUITO REAL E MONETÁRIO

Despensa

Cozinha
Compras
Fornecedores
Consumo

Pagamento

Circuito real
Circuito monetário

O gráfico mostra-nos que estamos na presença de um


circuito real quando compramos um produto efectuando uma
despesa e quando consumimos esse produto incorrendo num
custo.

Estamos na presença de um circuito monetário quando


procedemos ao pagamento da despesa efectuada.

Conceitos Contabílisticos

Património

Uma empresa para exercer a sua actividade, necessita de um


conjunto de valores, como seja, máquinas, edifícios,
mercadorias, ferramentas, dinheiro ou outros valores activos
ou passivos.

Esse conjunto de valores utilizados constitui o seu


património.

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Definimos assim como património, o conjunto de
valores sujeitos a uma gestão e afectos a determinado fim.

O património de um comerciante, é pois o conjunto de


valores utilizados por esse comerciante na sua actividade
comercial.

Como o património é um conjunto de elementos bastante


diversificados, torna-se necessário transformar ou referir
esses elementos numa mesma unidade, a monetária
(escudos/euros).

No património podemos distinguir duas classes de elementos


patrimoniais distintos, ou seja:

Activo – constituído pelos elementos que representam aquilo


que se possui ou que se tem direito a receber;

Passivo – constituído pelos elementos que representam


aquilo que se tem a pagar (obrigações das empresas)

A diferença entre o valor do activo e o valor do passivo é:

Situação líquida

Ela pode ser negativa ou positiva e representa o conjunto de


valores que pertencem efectivamente ao proprietário da
empresa, ou seja o Capital Próprio.

Para melhor compreensão desta definição vamos ilustrar com


um exemplo, a composição do património de um
comerciante.

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PATRIMÓNIO DE UM COMERCIANTE

Activo

Edifícios 18 000 000$00


Viaturas 5 500 000$00
Máquinas 3 200 000$00
Mercadorias 20 750 000$00
Dividas a receber (clientes) 3 200 000$00
Dinheiro e cheques 5 300 000$00
55 950 000$00

Passivo

Dívidas a pagar (fornecedores) 15 000 000$00


Empréstimos bancários 16 000 000$00
Outros credores 12 500 000$00
43 500 000$00

Activo 55 950 000$00


Passivo 43 500 000$00
Capital Próprio 12 450 000$00

Quando analisamos a situação de um agregado familiar


também verificamos que esse património existe.

Ele será definido como o conjunto de bens físicos ou


monetários, utilizados na sua vida quotidiana, bem como os
direitos e deveres a que se encontra sujeito.

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A composição do património de um agregado familiar,
poderá ser como o exemplo seguinte:

PATRIMÓNIO DE UMA FAMÍLIA

Activo

Habitação 25 000 000$00


Viatura 3 500 000$00
Electrodomésticos 800 000$00
Mobiliário 1 150 000$00
Mercadorias 50 000$00
Acções 400 000$00
Dinheiro e cheques 300 000$00
31 200 000$00

Passivo

Dívidas a pagar 450 000$00


Empréstimos bancários 29 000 000$00
Outros credores 1 000 000$00
30 450 000$00

Activo 31 200 000$00


Passivo 30 450 000$00
Capital Próprio 750 000$00

Como já referimos, qualquer empresa ou agregado familiar


possuem um património que naturalmente vai sofrendo
transformações ao longo do tempo. São bens que se
consomem, são encargos que se contraem, são meios
monetários que se recebem, etc..

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Assim sendo, no fim de cada ano económico, deve ser
preparado o inventário e elaborado um balanço onde se
encontrem reflectidos os valores da situação patrimonial do
agregado familiar.

Inventário - O inventário consiste numa relação dos


elementos patrimoniais com a indicação do seu valor.
Proceder ao inventário consiste em analisar os elementos do
património, descrevê-los e atribuir-lhe um valor.

Balanço - É o documento (mapa) onde se compara o


Activo, o Passivo e o Capital Próprio de um agregado familiar,
após a elaboração do inventário.

Ele apresenta-nos a situação financeira desse agregado


numa determinada data, que deverá ser o final do ano
económico.

Estrutura do Balanço:

1º Membro 2ºMembro

ACTIVO CAPITAL PRÓPRIO


(bens e direitos) O que resta depois de
O que a família tem pagar o que deve

PASSIVO
(Obrigações)
O que a família deve

Equação fundamental do Balanço

CP = A - P

1ª Situação = > normal

• Os bens e os direitos (Activo) que a família possui são


suficientes para cobrir as dívidas (Passivo).

Suponha que o património da família SOUSA LIMA era:


Activo - 7000 cts.
Passivo - 4000 cts.
CP = ? CP =7000 – 4000 = 3000 cts.
Quer dizer que o Activo > Passivo e neste caso o capital
próprio é positivo.
A>P => CP>0

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2ª Situação = > pouco normal (académica)

• Os bens e os direitos (Activo) apenas chegam para cobrir


as dívidas (Passivo).

Suponha que o património da família SANTOS SILVA era:


Activo - 4000 cts.
Passivo - 4000 cts.
CP = ? CP =4000 – 4000 = 0.

Quer dizer que o Activo é igual ao Passivo e o CP é nulo.

A=P =>CP=0

3ª Situação = > anormal e grave

• Os bens e os direitos (Activo) não chegam para cobrir as


dívidas.

Suponha que o património da família CASTRO SANTOS era:


Activo - 4000 cts.
Passivo - 7000 cts.
CP = ? CP =4000 – 7000= -3000 cts.

Quer dizer que o Activo é < que Passivo e o CP é negativo.

A<P =>CP<0

Equação fundamental da Contabilidade

A=P+/-CP

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Depois de terem sido apresentadas algumas definições
usadas em Contabilidade, vamos então proceder à
elaboração do Inventário e do Balanço da família ALVES,
através do arrolamento dos seus bens e obrigações.

Rol de Bens e obrigações da família ALVES


Habitação 25.000.000$00
Automóvel 3 500 000$00
Electrodomésticos 800 000$00
Mobiliário 1 150 000$00
Mercearias 50 000$00
Acções 400 000$00
Depósitos Bancários 280 000$00
Caixa 20 000$00
Dividas a pagar 450.000$00
Dividas ao banco BCP 29.000.000$00
Divida ao Sr. João Antunes 1.000.000$00

INVENTÁRIO da família ALVES


Activo
IMOBILIZADO
Habitação 25.000.000$00
Automóvel 3 500 000$00
Electrodomésticos 800 000$00
Mobiliário 1 150 000$00
MERCADORIAS
Matérias Primas 50 000$00
DISPONÍVEL
Acções 400 000$00
Depósitos Bancários 280 000$00
Caixa 20 000$00

Total do Activo 31 200 000$00

Passivo
Dividas a pagar 450.000$00
Empréstimos bancários 29.000.000$00
Outros Credores 1.000.000$00
Total do Passivo 30 450 000$00

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BALANÇO da família ALVES – Ano de 1999

Activo Capital Próprio e Passivo


Imobilizado Capital 750 000$00
Imobilizações 30 450 000$00
Corpóreas

Circulante Passivo
Mercadorias 50 000$00 Empréstimos obtidos 29 000 000$00
Dívidas a pagar 450 000$00
Disponibilidades Outros credores 1 000 000$00
Acções 400 000$00
Depósitos Bancários 280 000$00 Total do Passivo 30 450 000$00
Caixa 20 000$00

TOTAL DO ACTIVO 31 200 000$00 TOTAL CP /PASSIVO 31 200 000$00

13
Planeamento das
Aquisições
As funções de gestão que estão presentes no desempenho de
qualquer organização, são concretamente: planear, organizar
e controlar, ou seja:

- planear, que consiste em definir os objectivos e o que


fazer para os atingir;

- organizar, que consiste em decidir, em face dos


objectivos pretendidos;

- controlar, que consiste em verificar em que medida os


objectivos estão a ser atingidos.

Esta sequência é designada por ciclo de gestão e pode-se


representar da seguinte forma:

Planear Organizar Controlar

O planeamento pode definir-se como sendo a primeira função


administrativa que serve de base às demais.
Ele compreende:

- A definição dos objectivos (o que se deve fazer, como


e para quê)
- A escolha dos meios para alcançar os objectivos

O planeamento é uma necessidade indispensável ao


desenvolvimento das acções futuras, contrariando a
mentalidade simplista que preconiza a solução dos problemas
à medida que eles vão surgindo.

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Um agregado familiar consome permanentemente matérias
primas, mercadorias e outros bens, para fazer face às suas
necessidades do dia a dia, efectuando por esse facto
despesas.

Matérias primas são todos os artigos que sofrem


transformação antes de serem consumidos. São exemplo de
matérias primas: arroz, farinha, açúcar, carne, peixe, etc.

Mercadorias são todos os artigos que são consumidos tal


como são adquiridos. Como exemplo podemos referir: pão,
queijo, presunto, bolos, bebidas, etc.

Outros bens, como o vestuário, calçado, livros, jornais, etc.

De acordo com os rendimentos do agregado familiar, assim o


mesmo deverá planear as suas aquisições, tendo sempre em
consideração que algumas são prioritárias, mas outras serão
não prioritárias.

Dentro das prioritárias consideramos as aquisições de bens


alimentares, vestuário, medicamentos, etc..

Dentro das não prioritárias consideramos a aquisição de


artigos de luxo, perfumes, jóias, etc.

Gestão do Aprovisionamento

A gestão do aprovisionamento consiste em abastecer o


agregado familiar dos bens e serviços necessários ao seu
funcionamento no momento oportuno, atendendo à
quantidade, qualidade e procurando que o custo seja o
menor possível.

Para tal é necessário escolher:

• locais de aquisição:

- que proporcionem melhores preços

- menores despesas de transporte

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• um sistema que permita a programação das
encomendas a realizar e as respectivas quantidades a
comprar

Organização Administrativa das Compras

Deve procurar-se, através de uma boa organização, utilizar


um sistema fácil que se apoie em documentos elaborados, de
modo a que as compras sejam realizadas no momento
próprio e ainda que:

- Os prazos de aquisição sejam definidos;

- Exista uma boa identificação dos bens, e se


especifique os preços previstos;

- O stock de segurança que deve existir, de modo a


não haver roturas.

Esse sistema organizativo deve responder às seguintes


questões:

Quando comprar?

Quanto comprar?

Como comprar?

• Para responder à primeira questão :

A periodicidade das aquisições pode ser diária, semanal ou


mensal. Ela depende de diversos factores como sejam:

- Tipo de produtos

- Hábitos do agregado familiar

- Dificuldade ou não de acesso aos locais de


abastecimento

As famílias consomem bens e serviços diariamente e alguns


dos produtos consumidos devem ser adquiridos todos os
dias, estamos a referir-nos
naturalmente, a bens alimentares cujo prazo de validade é
muito curto e são considerados indispensáveis, como o pão
ou o leite.

16
Contudo, outros há que podem ser adquiridos
periodicamente e por isso as famílias podem adoptar o
método que mais se adapte aos seus hábitos, tendo em
conta a deslocação aos locais de abastecimento.

• Para responder à segunda questão:

As quantidades a adquirir devem depender dos consumos


previsíveis, ou seja, é necessário saber quais as quantidades
necessárias para um determinado período.

Depois, deve-se ter em conta as quantidades que temos


ainda em stock, de modo a que não sejam adquiridos artigos
desnecessários, sobretudo se eles se referem a bens
perecíveis ou com um período de validade relativamente
curto.

As compras em excesso, dão origem a que ocorram gastos


desnecessários, por isso é importante que haja um
planeamento correcto das quantidades a adquirir e do
conhecimento dos preços dos bens.

Para se optimizar as quantidades a adquirir é necessário ter


em conta, os consumos de períodos anteriores, com vista ao
cálculo das médias.

Exemplo: Consumo médio de batatas

Dados históricos:
1.ª semana de Agosto - 10 Kgs
2.ª semana de Agosto - 6 Kgs
3.ª semana de Agosto - 9 Kgs
4.ª semana de Agosto - 7 Kgs
Média semanal = (10 + 6 + 9 + 7) / 4 = 8 Kgs

A elaboração de mapas como o modelo seguinte, pode


ajudar a ultrapassar a dificuldade de saber quanto comprar.

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Mapa de Aquisições Mensal

Rubrica Unidade Quantidade Preço Unitário Preço Total


Média
Açúcar Kgs 1,00 196 196
Arroz Kgs 1,00 215 215
Azeite Litro 1,00 820 820
Bacalhau Kgs 0,91 1750 1600
.....

Estas quantidades para além de terem em conta os


consumos médios, conforme já foi referido, também estão
relacionadas com as refeições a efectuar no mês.

Por isso, se o agregado familiar tiver fichas técnicas do mês


actualizadas, permitir-lhe-ão saber:
• Quanto comprar
• O que comprar

Exemplo: Considerando que o seu agregado familiar atribui


uma verba de 32.000$00 mensais para aquisição de bens de
1ª necessidade, com base na lista de preços (em Anexo) e
levantamento das necessidades de matérias primas e
mercadorias para as refeições desse período, elabore
mapas de planeamento das aquisições, conforme os
seguintes modelos:

Planeamento de aquisição de matérias primas

Rubrica/Período 1.ª 2.ª 3.ª 4.ª Total


semana semana semana semana Mensal
Açúcar
Arroz
Azeite
Bacalhau
Batatas
Café
Carne de porco
Carne de vaca
Legumes
Margarina
Massa
Óleo
Peixe
Sal
Vinagre
TOTAL

18
Planeamento de aquisição de mercadorias

Rúbrica/Período 1.ª 2.ª 3.ª 4.ª Total


semana semana semana semana Mensal
Bens Alimentares
Bebidas
Fiambre
Fruta
Iogurtes
Leite
Manteiga
Pão
Queijo
Outros Bens
Detergentes
Medicamentos
Produtos Higiene
Vestuário
Outros
TOTAL

A aquisição dos produtos, cálculo do custo da refeição e


orçamento mensal vai ser desenvolvido nas sessões
seguintes.

• Para responder à terceira questão:

Como comprar leva-nos a pensar em compras a crédito ou


a pronto pagamento. Nos dias de hoje, a grande maioria das
famílias procura os grandes centros – mais propriamente os
hipermercados, para fazer as suas compras. Podemos então
dizer que a forma mais utilizada para comprar é a pronto
pagamento, dado que, os hipermercados não praticam o
sistema de vendas a crédito.

Isto no que diz respeito a bens de consumo corrente, porque


em outro tipo de bens está bastante generalizado o sistema
de compras a crédito.

19
Planeamento de Aquisições de Bens de
Investimento

Bens de Investimento, são adquiridos para aumentar o


património e são considerados como bens imobilizados, isto
é, tem um período de duração relativamente grande, como
por exemplo: um andar, um automóvel, um frigorifico ou
uma mobília.

Este tipo de bens requer ainda um maior planeamento para


as suas aquisições, porque:

• os seus custos são mais elevados, originando maiores


encargos;

• comprar sem planear, corre-se o risco de assumir


compromissos, que mais tarde podem surgir dificuldades
para o seu cumprimento.

Por isso, há que ter uma especial atenção ao planear estas


aquisições, atendendo aos encargos que elas possam trazer
ao orçamento das famílias.

As despesas de investimento devem ser, sempre que


possível, inferiores ao rendimento disponível para poder fazer
face a despesas extraordinários que possam surgir.

Rendimento disponível é o rendimento após retirar as


despesas prioritárias.

Exemplo: Um agregado familiar dispõe mensalmente, de um


rendimento disponível de 110.000$00, pelo que, planeou
adquirir alguns bens de investimento, de acordo com o mapa
seguinte:

20
Mapa de investimento

Descrição Valor Bem Capital Juros Mensalidade


Casa 15.000.000$00 45.000$00 15.000$00 60.000$00
Carro 1.550.000$00 27.500$00 7.500$00 35.000$00
Mobiliário 90.000$00 12.500$00 2.500$00 15.000$00

Se o investimento planeado se concretizar, a partir do


momento em que ele for realizado, esta família passa a ficar
com um encargo mensal fixo de 110.000$00, pelo tempo
inicialmente previsto, com o qual terá de contar, quando
planear outro tipo de despesas.

21
Aquisição de Produtos

Nas funções de gestão do agregado familiar devem ser


considerados alguns aspectos importantes nas despesas a
efectuar na sua vida quotidiana, nomeadamente, no que
respeita às opções a tomar quanto aos produtos a adquirir,
tendo sempre presente, o rendimento e a prioridade em
relação a esses mesmos produtos, considerando que eles
podem ser agrupados em:

• Produtos básicos imprescindíveis – são aqueles que são


indispensáveis no dia a dia, como os produtos
alimentares e de higiene, vestuário, medicamentos, etc.

• Outros bens não prioritários – são aqueles que


proporcionam bem estar, mas dos quais se pode
prescindir, como alguns electrodomésticos, produtos de
beleza, ou outros artigos de luxo.

No que respeita aos produtos básicos imprescindíveis, a sua


aquisição nas condições mais favoráveis não é tarefa fácil,
porquanto, quando procuramos melhores preços, a qualidade
pode não ser a ideal. Por isso é importante tentar comprar a
melhor qualidade ao melhor preço.

Conceito de preço

Num conceito simplista o preço significa o valor monetário


dispendido para obtenção de uma mercadoria ou serviço
prestado.

Ele está relacionado com o prazo de pagamento, descontos


oferecidos, o mercado, a concorrência, a elasticidade da
procura e a conjuntura económica.

Podemos pois dizer que o preço assenta em três aspectos


fundamentais:

• Custo do produto ou serviço, isto é, as empresas


apuram o custo total do produto e aplicam-lhe a margem
de lucro desejada. É este valor que serve de base à
fixação do preço.

22
• O mercado, ou seja, a determinação do preço é feita de
acordo com a oferta e a procura do bem ou serviço
pretendido.

• Concorrência, ou seja, os preços são fixados em função


dos preços praticados pelas outras empresas que
comercializam o mesmo produto.

Então quando pensamos adquirir qualquer produto temos de


ter em atenção as várias condicionantes do seu preço.

Considerando estas vertentes do preço dos produtos,


verifica-se actualmente que devido à forte concorrência,
podemos adquirir o mesmo bem, a preços significativamente
divergentes, dependendo apenas da marca e do local em que
são adquiridos. Como exemplo podemos referir:

• Uma garrafa de azeite tanto pode ser adquirida ao preço


de 630$00 num hipermercado, como noutro
hipermercado a 710$00 e no comércio tradicional a
820$00.

• Um electrodoméstico de uma marca com nome firmado


no mercado, pode ser adquirido por um preço bastante
superior a um outro electrodoméstico com as mesmas
características, de uma marca pouco divulgada no
mercado.

Isto reflecte bem, o significado da vertente concorrência na


formação do preço dos bens.

No entanto, as aquisições nos hipermercados levam-nos a


correr outros riscos, nomeadamente, a aquisição de produtos
não planeados, e por vezes desnecessários, ou até em
quantidades excessivas, devido a pressões de campanhas
publicitárias, em que o cliente é aliciado para a compra de
grandes quantidades beneficiando de descontos ou
promoções.

Contudo, nem só o preço interessa, já que devemos também


ter em consideração a qualidade e a necessidade, porquanto
no dia a dia adquirimos produtos básicos imprescindíveis,
bem como outros não prioritários.

23
Por isso é importante considerar os seguintes aspectos:

• Preço
• Necessidade
• Qualidade

Assim sendo, deve ser tido em conta o que os produtos


representam para nós. Se eles são imprescindíveis e por isso
importantes, não podemos ficar condicionados pelo preço.

Nesta situação o preço é irrelevante, porque temos


necessidade de os adquirir, ainda que a preços mais
elevados.

Contudo, alguns produtos não são absolutamente


necessários, e por isso podem ou não ser adquiridos em
função do preço, ou seja, só se compra se o preço for
convidativo, tendo sempre presente o factor qualidade.

Acontece por vezes que são oferecidos produtos a baixo


preço mas não têm qualidade. Então não podemos dizer que
o preço é baixo, mas sim que o produto não tem a qualidade
desejada, pelo que, ele não deve ser adquirido pelo simples
facto de ser barato.

Tipos de bens a adquirir

• Bens de consumo corrente – São aqueles que se


adquirem para consumo imediato.

• Bens de investimento – São destinados a aumentar, e


permanecer no património da família por um largo
período de tempo, é exemplo disso a aquisição de um
imóvel para habitação.

24
Formas de Pagamento

Para a aquisição dos produtos necessários no dia a dia de


qualquer agregado familiar, podem ser utilizadas diferentes
formas de pagamento a saber:

• A dinheiro/cartão Multibanco, isto é, o pagamento


ocorre no momento da compra, quer seja com dinheiro
na mão, quer seja através de uma ordem dada ao banco
(via automática e electrónica).

• Cartão de crédito, ou seja, o banco concede um


determinado plafond que o detentor do cartão pode
utilizar, independentemente de ter ou não, dinheiro na
sua conta bancária.

• Compras a crédito, que são efectuadas após a


concessão de um empréstimo concedido pelas
Instituições Bancárias, reembolsável em período pré -
definido, sendo o montante das prestações a pagar,
acrescidas do pagamento dos juros respectivos.

Muitas famílias têm vindo progressivamente a aumentar o


recurso ao crédito, embora com encargos acrescidos,
principalmente nas compras de bens que não são
considerados de 1.ª necessidade.

Esta não é de facto uma atitude de boa gestão dos recursos


financeiros, porque gerir, é essencialmente rentabilizar os
recursos existentes.

25
Cálculo de Custos de
Refeições
Os agregados familiares, incorrem em custos que são básicos
e imprescindíveis, mas também efectuam despesas que não
são prioritárias.

Por isso há que ter em conta os recursos financeiros, por


forma a que seja garantida a aquisição desses bens
imprescindíveis, e só depois se faça outro tipo de aquisições.

Custos básicos, são aqueles que se fazem com a aquisição de


bens de 1.ª necessidade, nomeadamente os bens
alimentares. Entre esses custos incluem-se naturalmente, os
custos das refeições.
As refeições são planeadas em função do número de
pessoas que compõem o agregado familiar, nunca devendo
ser desprezado um factor tão importante como é, o
rendimento que pode ser afectado aos custos com a
alimentação.

Tradicionalmente, as famílias portuguesas fazem três


refeições diárias:

• Pequeno almoço
• Almoço
• Jantar

Cada refeição é composta por um variado número de


produtos, conforme os gostos e as possibilidades financeiras
de cada família. Para podermos calcular o custo de cada
refeição, temos de considerar o número de pessoas e saber o
custo das matérias primas ou mercadorias que vão ser
consumidas na preparação dessas refeições.

Na maior parte das famílias o almoço é uma refeição que não


é efectuada em casa, mas sim próximo do seu local de
trabalho.

Se pretendermos calcular o custo das refeições diárias para


um determinado agregado familiar, podemos considerar que
as mesmas têm a seguinte composição:

• Pequeno almoço: café com leite, pão, manteiga, queijo,


doce, fiambre, etc.

26
• Almoço: prato de peixe ou carne, pão, fruta, água,
sumos, vinho, salada, etc. (ao fim de semana)

• Jantar: prato de peixe ou carne, salada, pão, fruta, água,


sumos, queijo, etc.

Para se obter o custo de uma refeição, é conveniente


começar por elaborar fichas técnicas. Estas fichas não são
mais do que resumos das quantidades necessárias para a
confecção dos pratos que compõem as refeições, das quais
apresentamos um exemplo:

Ingredientes Quantidade Necessária Preço Unidade Preço Total


Lombo de Vaca 800 gr.
Margarina 100 gr.
Batatas 1 Kg.
Fatias Presunto 4 (150gr.)
.............
.............
Total

Numa primeira fase dever-se-ão pesar as quantidades


necessárias e por último valorizá-las de forma a obtermos o
custo de cada prato.

Cálculo do Custo das Refeições

Para o cálculo destes custos vamos considerar um agregado


familiar composto por quatro pessoas.

1) Pequeno Almoço Diário

Ficha Técnica

Ingredientes Quantidade Necessária Preço Unidade Preço Total


Café 25 grs 1600$00 40$00
Leite 1 litro 140$00 140$00
Açúcar 40 grs 196$00 8$00
Flocos 20 grs 690$00 14$00
Pão 3 15$00 45$00
Manteiga 25 grs 1200$00 30$00
Fiambre 50 grs 1650$00 83$00
Total 360$00

27
2) Almoço/Jantar

O custo de cada refeição (Xt) é composto pelos seguintes


elementos:
• X1 = Bebidas
• X2 = Prato de carne ou peixe
• X3 = Pão
• X4 = Sobremesa

Cálculo do custo da refeição

Xt = X1+X2+X3+X4

Custo das bebidas (X1)

Ficha Técnica

Ingredientes Quantidade Necessária Preço Unidade Preço Total


Vinho 0,5 litros 375$00 188$00
Água 0,5 litros 120$00 60$00
Refrigerantes 1 coca-cola 140$00 140$00
Total 388$00

Custo do Prato (X2)

Ficha Técnica

BIFE À PORTUGUESA (4 pessoas)

Ingredientes Quantidade Necessária Preço Unidade Preço Total


Lombo de Vaca 800 gr. 1890$00 1512$00
Margarina 100 gr. 380$00 38$00
Batatas 1 Kg. 120$00 120$00
Fatias Presunto 4 (150gr.) 1980$00 297$00
Salsa q.b. 130$00 50$00
Alho 4 dentes 490$00 25$00
Louro 2 folhas 263$00 5$00
Sal fino q.b. 109$00 6$00
Pimenta q.b. 215$00 10$00
Total 2 063$00

28
Custo do Pão (X3)

3 * 15$00 = 45$00

Custo da Sobremesa (X4)

Ingredientes Quantidade Necessária Preço Unidade Preço Total


Doce 2 pudins 100$00 200$00
Fruta 200 grs Maçãs 230$00 46$00
Total 246$00

Xt = X1+X2+X3+X4

Xt = 388$00+2 063$00+45$00+246$00

Xt = 2 742$00

No exemplo apresentado foi efectuado o cálculo do custo de


uma refeição para quatro pessoas.
Se pretendermos saber qual o custo por pessoa basta
dividirmos por quatro o custo total apurado, o que dará:

Xt /4 = 2742$00/4 = 685$50

Custo médio das refeições

O custo médio das refeições é igual ao somatório do custo


das refeições em diversos dias, a dividir pelo número de
refeições.

Exemplo:

Refeição de 2.ª feira 2515$00


Refeição de 3.ª feira 2616$00
Refeição de 4.ª feira 2605$00
Refeição de 5.ª feira 2040$00
Refeição de 6.ª feira 2830$00
Refeição de Sábado 3028$00
Refeição de Domingo 3560$00
Total 19 194$00/ 7 = 2 742$00

29
As refeições não têm todas os mesmos custos, porque os
produtos que as compõem têm valores diferentes. Contudo,
se considerarmos que para este agregado familiar o custo
médio das refeições são os valores apurados, podemos
considerar que o seu custo mensal com a alimentação
confeccionada em casa será:

22 dias de trabalho = 22 refeições (só jantar)


8 dias referentes aos fins de semana = 16 refeições (almoço
e jantar)
30 dias de pequeno almoço

CUSTOS MENSAIS

Designação N.º de Refeições Valor Unitário Valor Total


Pequeno Almoço 30 360$00 10 800$00
Almoço/Jantar 38 2742$00 104 196$00
Total 114 996$00

Nos exemplos apresentados, estamos a referir-nos apenas ao


cálculo das refeições feitas em casa, porque as refeições
tomadas fora de casa estão sujeitas aos preços praticados
pelo sector de hotelaria e restauração, que, ao custo dos
produtos necessários para a preparação das refeições lhe
acresce o preço dos serviços prestados, bem como a sua
margem de lucro.

30
Orçamentação de
Despesas Correntes e Gastos
Extraordinários

Definição

O orçamento é essencialmente um meio de gerir com


segurança e de forma organizada, os rendimentos
disponíveis, para se conseguir os objectivos pretendidos, ou
seja, a previsão quantificada de todos os elementos que
correspondem a um programa determinado.

Enquanto que nas empresas e na Administração Pública o


orçamento tem carácter obrigatório, para as famílias é um
acto voluntário e pouco utilizado.

A noção de orçamento deve estar sempre presente, quer ao


nível do Estado ou outras instituições, quer ao nível
doméstico ou de qualquer organização com ou sem fins
lucrativos.

O orçamento familiar apresenta a particularidade de ser


uma relação previsional das despesas e das receitas
correntes, para um dado período, que pode ser semanal,
mensal ou anual.
Podemos dizer que é basicamente um orçamento de
tesouraria.

Como se disse o orçamento prevê apenas as despesas e


receitas correntes.

No entanto, no dia a dia de uma família ou de uma


organização para além destas, existem também os gastos ou
despesas extraordinárias.

Despesas correntes, são todas aquelas que se destinam a


fazer face às necessidades do dia a dia, e das quais o
agregado familiar não pode prescindir, como por exemplo: a
alimentação, o vestuário, ou a aquisição de outros bens e
serviços.

31
Despesas extraordinárias, são situações pontuais as
quais não estão previstas e como tal não é possível fazer um
orçamento em que as mesmas sejam considerados. São
despesas imprevisíveis e quando ocorrem podem gerar
situações difíceis de ultrapassar, sobretudo se o orçamento
familiar é curto e não existem poupanças.

Contabilidade Orçamental ou Previsional

A contabilidade orçamental é uma contabilidade que


permite:

• antecipar o futuro
• associar aos valores constatados os valores previstos
• analisar os desvios entre esses mesmos valores
• actualizar as previsões para o período orçamentado, em
função dos primeiros resultados

Gestão Orçamental

Orçamentação

A elaboração dos orçamentos constitui a fase essencial da


gestão orçamental. Os orçamentos são assim:

• a tradução das intenções em termos económicos e


financeiros

• uma referência indispensável para o controlo

Orçamentar é em primeiro lugar prever, em seguida decidir,


e por fim programar.

Prever Decidir Programar

A orçamentação é o processo pelo qual é programado


detalhadamente o que foi planificado, e os recursos
necessários para a obtenção dos objectivos pretendidos.

32
Orçamentar é pois prever o que se quer e o que se pode ter,
atendendo aos meios existentes, isto é, não se pode elaborar
um orçamento de compras sem ter em conta os recursos
financeiros existentes para esse fim.

Deste modo organiza-se um verdadeiro sistema de previsões


cujo encadeamento deve ser o seguinte:

Programa de
Programa de Programa de
Poupança e
Receitas Aquisições
Investimentos
Depois de uma programação, que procura ser a mais
correcta, as famílias analisam o seu património, no sentido
de verificar se os recursos financeiros são suficientes para a
totalidade dos financiamentos necessários.

As previsões de tesouraria e de uma forma geral, a


determinação das necessidades de financiamento, a curto ou
a médio prazo, tornam-se uma necessidade imperiosa.

É o advento da gestão previsional, onde os orçamentos


constituem um sub-conjunto, que corresponde ao horizonte
de curto prazo, conforme se encontra reflectido no esquema
seguinte:

Gestão Previsional/Orçamental

Orçamento das
Receitas

Orçamento de Orçamento de Orçamento de


Investimentos Compra Mer. Compras MP

Orçamento de Orçamento de
Forn. Serv. Impostos

Orçamento de
Tesouraria

33
O orçamento é, não só um meio de previsão do futuro,
mas também a determinação de se atingir os objectivos
planeados.

Para uma boa gestão familiar podem ser elaborados os


orçamentos em função dos objectivos pretendidos, dos quais
se destaca o Orçamento de Tesouraria que tem como
objectivo a definição das necessidades de financiamento a
curto prazo.
Trata-se de verificar se os créditos são possíveis e aceitáveis
para os rendimentos do agregado familiar.
Como se pode ver, no exemplo seguinte, ele está
directamente relacionado com todos os outros orçamentos:

Balanço Orçamento
Inicial de Compras

Orçamento Orçamento de
de Receitas Outras Despesas
Orçamento de Orçamento de
Investimentos Impostos

ORÇAMENTO DE TESOURARIA
J F M A M J J A S O N D
ENTRADAS
______________
______________

SAÍDAS
________________
________________

34
O orçamento de tesouraria é resultante de todos os
orçamentos de receitas, despesas e investimentos.

Concluindo, a simulação que é o orçamento geral, permite ao


agregado familiar gerir com segurança os seus recursos
financeiros, sem comprometer o seu equilíbrio financeiro.

Além do orçamento de tesouraria podemos ainda apresentar


exemplos de outros modelos de orçamentos:

ORÇAMENTO DE COMPRAS
(Matérias primas)

Rúbrica/Período 1.ª 2.ª 3.ª 4.ª Total


semana semana semana semana mensal
Açúcar
Arroz
..........
..........
..........

ORÇAMENTO DE COMPRAS
(Mercadorias)

Rúbrica/Período 1.ª 2.ª 3.ª 4.ª Total


semana semana semana semana mensal
Bens
Alimentares
Bebidas
Fiambre
.................
.................
.................

35
ORÇAMENTO DE INVESTIMENTOS

Período/Rubrica Imóveis Mobiliário Viatura Acções Poupança


Habitação
Janeiro
Fevereiro
Março
.................

ORÇAMENTO DE RECEITAS

Período/Rubrica Ordenados Sub. Aj.Custo Juros TOTAL


Alim.
Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
Maio
................

Depois da apresentação de alguns exemplos de


orçamentos, a qual nos permite ficar com a percepção de
como eles se relacionam entre si, vamos passar da teoria à
prática, e proceder à elaboração dos orçamentos que as
famílias poderão fazer para melhor gestão dos seus
rendimentos.

Exemplo:

Consideremos que um agregado familiar composto por um


casal, sem filhos ou outros dependentes a seu cargo, aufere
uma remuneração mensal ilíquida de 220 000$00,
respectivamente, de 120 000$00 e 100 000$00 e 25.000$00
de subsídio de almoço.

No mês de Novembro teve os seguintes encargos:

Mensalidade do empréstimo para habitação.... 60 000$00


Mensalidade do empréstimo para aquisição
de mobiliário.............................................. 15 000$00
Prestação do automóvel................................ 35 000$00
Aquisição de matérias primas....................... 20 000$00
Aquisição de mercadorias.............................. 12 000$00
Pagamento de serviços.................................. 8 000$00
Impostos e taxas.......................................... 40 900$00

36
Com estes dados vamos proceder à elaboração dos
respectivos orçamentos.

ORÇAMENTO DE RECEITAS

Período/Rúbrica Ordenados Sub. Alim. Aj.Custo Juros TOTAL


Janeiro 179.100,00 25.000,00 204.100,00
Fevereiro 179.100,00 25.000,00 17.000,00 221.100,00
Março 179.100,00 25.000,00 35.000,00 239.100,00
Abril 179.100,00 25.000,00 204.100,00
Maio 179.100,00 25.000,00 12.000,00 85.000,00 301.100,00
Junho 179.100,00 25.000,00 204.100,00
Julho 358.200,00 358.200,00
Agosto 179.100,00 25.000,00 204.100,00
Setembro 179.100,00 25.000,00 38.000,00 242.100,00
Outubro 179.100,00 25.000,00 26.000,00 230.100,00
Novembro 179.100,00 25.000,00 204.100,00
Dezembro 358.200,00 25.000,00 32.000,00 415.200,00
TOTAL ANUAL 2.507.400,00 175.000,00 160.000,00 85.000,00 2.927.400,00

Bens de 1.ª necessidade

ORÇAMENTO DE COMPRAS
(Matérias primas)

Rúbrica/Período 1.ª 2.ª 3.ª 4.ª Total


semana semana semana semana mensal
Açúcar 196,00 196,00
Arroz 215,00 215,00
Azeite 820,00 820,00
Bacalhau 1.600,00 1.600,00
Batatas 1.200,00 1.200,00
Café 450,00 450,00
Carne de porco 1.600,00 1.150,00 2.750,00
Carne de vaca 4.500,00 4.500,00
Legumes 600,00 950,00 630,00 830,00 3.010,00
Margarina 220,00 220,00
Massa 320,00 320,00
Óleo 290,00 290,00
Peixe 2.750,00 520,00 3.270,00
Sal 109,00 109,00
Vinagre 295,00 295,00
Outros 235,00 250,00 270,00 755,00
TOTAL 15.400,00 1.200,00 2.300,00 1.100,00 20.000,00

37
ORÇAMENTO DE COMPRAS
(Mercadorias)

Rubrica/Período 1.ª 2.ª 3.ª 4.ª Total


semana semana semana semana mensal
Bens
Alimentares
Bebidas 450,00 450,00
Fiambre 250,00 190,00 440,00
Fruta 600,00 650,00 600,00 720,00 2.570,00
Iogurtes 260,00 320,00 580,00
Leite 350,00 370,00 370,00 350,00 1.440,00
Manteiga 300,00 150,00 450,00
Pão 400,00 480,00 390,00 415,00 1.685,00
Queijo 360,00 250,00 610,00
Outros Bens
Detergentes 1.700,00 1.700,00
Medicamentos 430,00 430,00
Produtos Higiene 830,00 420,00 1.250,00
Vestuário
Outros 270,00 125,00 395,00
TOTAL 6.200,00 1.500,00 1.800,00 2.500,00 12.000,00

ORÇAMENTO DE FORNECIMENTOS E SERVIÇOS

Rubrica/Período 1.ª 2.ª 3.ª 4.ª Total


semana semana semana semana mensal

Água 1.100,00 1.100,00


Condomínio 1.200,00 1.200,00
Electricidade 1.900,00 1.900,00
Gás 1.200,00 1.200,00
Reparações
diversas
Telefone 2.600,00 2.600,00
Outros

TOTAL 1.200,00 4.500,00 1.100,00 1.200,00 8.000,00

38
Bens de Investimento:

ORÇAMENTO DE INVESTIMENTOS

Período/ Imóveis Mobiliário Viatura Acções Poupança


Rúbrica Habitação
Janeiro
Fevereiro
Março * 15.000.000,00
Abril
Maio ** 90.000,00
Junho 120.000,00
Julho
Agosto *** 1.550.000,00
Setembro
Outubro 230.000,00
Novembro
Dezembro 60.000,00
TOTAL 15.000.000,00 90.000,00 1.550.000,00 230.000,00 180.000,00
ANUAL

* Amortizável em 25 anos com prestações mensais de 60.000$00


** Amortizável em 6 prestações mensais de 15.000$00
*** Amortizável em 48 prestações mensais de 35.000$00

ORÇAMENTO DE IMPOSTOS

Período/Rúbrica Seg. Social I. S/Veic. IRS Outros


Imp/Taxas
Janeiro 24.200,00 16.700,00
Fevereiro 24.200,00 16.700,00
Março 24.200,00 16.700,00
Abril 24.200,00 16.700,00
Maio * 24.200,00 16.700,00 4.500,00
Junho 24.200,00 16.700,00
Julho 48.400,00 33.400,00
Agosto 24.200,00 3.200,00 16.700,00
Setembro 24.200,00 16.700,00
Outubro * 24.200,00 16.700,00 4.500,00
Novembro 24.200,00 16.700,00
Dezembro 48.400,00 33.400,00
TOTAL ANUAL 338.800,00 3.200,00 233.800,00 9.000,00

* Pagamento da Taxa de Saneamento

39
ORÇAMENTO DE TESOURARIA

(RECEBIMENTOS E PAGAMENTOS)

Rubricas/Período 1.ª 2.ª 3.ª 4.ª Total


semana semana semana semana Mensal
Recebimentos
Ordenados 179.100,00 179.100,00
Outros 25.000,00 25.000,00
TOTAL PROVEITOS 204.100,00 204.100,00

Pagamentos
Habitação 60.000,00 60.000,00
Mobiliário 15.000,00 15.000,00
Aquisição Mat. Primas 15.400,00 1.200,00 2.300,00 1.100,00 20.000,00
Aquisição Mercadorias 6.200,00 1.500,00 1.800,00 2.500,00 12.000,00
Fornecim. e Serviços 1.200,00 4.500,00 1.100,00 1.200,00 8.000,00
Impostos 40 900,00 40.900,00
Outros 35.000,00 35.000,00
TOTAL CUSTOS 117.800,00 22.200,00 5.200,00 45.700,00 190.900,00

Saldo semanal (P - C) - -22.200,00 -5.200,00 158.400,00 13.200,00


117.800,00
Saldo inicial 180.000,00 62.200,00 40.000,00 34.800,00 180.000,00
SALDO FINAL 62.200,00 40.000,00 34.800,00 193.200,00 193.200,00

40
Controlo Orçamental

A função de controlo permite verificar ao longo do período


orçamentado, que pode ser uma semana, um mês ou um
ano, se os objectivos são cumpridos.

Como já foi dito os orçamentos destinam-se a programar


detalhadamente o que foi planificado, de forma a que sejam
atingidos os objectivos.

É importante que ao estabelecer-se o orçamento ele seja


feito de acordo com o planeamento efectuado pelos
intervenientes na gestão doméstica, no sentido de haver um
maior empenhamento no cumprimento do orçamentado.

Na fase de elaboração dos orçamentos são:

• definidos os objectivos referentes ao período a que os


mesmos se referem, geralmente um ano;
• definidos os recursos necessários para atingir os
objectivos.

Na prática, verifica-se com alguma frequência, que os


orçamentos não são cumpridos, pelas mais diversas razões,
originando por isso alguns desvios aos valores orçamentados.

Surge assim, a necessidade de que seja feito o controlo


orçamental, com vista ao apuramento dos desvios,
porquanto, o controlo orçamental consiste na comparação
entre os resultados reais e os resultados orçamentados,
evidenciando os desvios.

A constatação dos desvios permite controlar a gestão que


está a ser feita:

• funcionando como um alerta

• originando a análise das causas dos desvios

• sugerindo acções correctivas

41
A função de verificação e quantificação dos desvios aos
orçamentos cabe à Contabilidade, através da preparação de
mapas comparativos com os valores dos custos/receitas,
reais e orçamentados, como o exemplo seguinte:

Mapa mensal de aquisições

Designação Valor Orçam. Valor Real Desvio


Favorável Desfavorável
Bens alimentares 35 000$00 42 000$00 7 000$00
Produtos higiene 8 000$00 8 500$00 500$00
Vestuário 15 000$00 17 000$00 2 000$00
Outros bens 12 000$00 9 500$00 2 500$00

Total 70 000$00 77 000$00 2 500$00 9 500$00

No exemplo acima verifica-se que ocorreu um desvio total de


7 000$00. Mas conseguimos saber ainda que houve um
desvio favorável em outros bens, isto é, os valores reais
foram inferiores aos valores orçamentados. Em contrapartida
houve um desvio desfavorável nas outras rúbricas.

A análise efectuada permite tomar medidas correctivas nas


rubricas em que ocorreram os desvios desfavoráveis.

Através dos exemplos apresentados, consegue-se obter uma


melhor percepção das vantagens obtidas com a utilização dos
orçamentos e respectivo controlo orçamental.

42
Noções de Poupança e
Investimento/Economia

I – Poupança e Investimento

• Definições

Poupança corresponde à diferença entre o rendimento


líquido, e o montante total das despesas correntes. Esta
noção tem subjacente que no total das despesas correntes se
incluem todos os gastos necessários para manter um padrão
de vida considerado aceitável e que, existe uma parte do
rendimento disponível que a família se abstém de consumir
no presente, para poder consumi-lo no futuro.

Investimento corresponde à aplicação do excedente do


rendimento disponível – a poupança, para proporcionar um
rendimento adicional e ainda dar garantias para o futuro de
algum dinheiro disponível para fazer face a qualquer
eventualidade.

• Aplicações de Poupança

Quando pretendemos investir as nossas poupanças,


independentemente do montante, colocamo-nos no papel de
investidores. Como qualquer investidor, relativamente às
várias alternativas de aplicação de dinheiro, deveremos
sempre ponderá-las em três perspectivas:
- Liquidez
- Risco
- Rendimento

Liquidez tem a ver com o tempo que demora a reaver-se o


capital investido. Neste aspecto trata-se apenas de decidir,
qual o prazo por que se pretende fazer o investimento e,
consoante esse prazo, escolher os produtos ou instrumentos
financeiros que mais se adequam ao que pretendemos.

43
Os produtos financeiros que têm maior liquidez são
aqueles em que a aplicação se efectua por prazos mais
curtos, ou que podem ser desmobilizados mais rapidamente.

Temos, assim, por ordem decrescente:

Depósitos à Ordem e a Prazo Maior Liquidez


Fundos Investimento Mobiliário (FIM) c/prazo
Bilhetes do Tesouro
Certificados de Aforro
Outros F. Invest. Mobiliários
Depósitos Poupança-Habitação
Depósitos Poupança-Educação
Acções, Obrigações Clássicas,
Planos Poupança Reforma (PPR) Menor Liquidez

Risco de uma aplicação financeira tem que ver não só com a


garantia de podermos reaver o capital investido mas,
fundamentalmente, com a possibilidade de grandes
variações, positivas ou negativas, do rendimento que
esperamos obter, ou seja, a possibilidade de ganharmos ou
perdermos com o investimento efectuado.

Os títulos do Estado (títulos do Tesouro) são as únicas


aplicações que não têm risco, uma vez que o seu reembolso
e rendimento são garantidos pelo Estado. Todos os outros
produtos financeiros têm, em maior ou menor grau, algum
tipo de risco, como se encontra representado no esquema
seguinte:

Risco Elevado
Acções

Obrig. privadas
FIM
Depósitos Bancários
Títulos do Tesouro
Risco Nulo

44
Rendimento de uma aplicação ou investimento
corresponde à diferença entre o montante do capital
investido no início e o seu valor no fim do prazo da aplicação.
Esta diferença é medida por uma percentagem ponderada
pelo número de dias que durou a aplicação, que se designa
por taxa de rendibilidade.

Uma vez que, tal como se disse, qualquer investimento num


produto financeiro diferente dos títulos do Estado, tem
sempre algum grau de risco, significa que quando se
pretende fazer um investimento num determinado produto, o
rendimento por este oferecido deve ser comparado com o
rendimento dos títulos do Tesouro com o mesmo prazo de
vencimento.

Escolha das alternativas de investimento

Um aspecto importante a ter em conta na escolha entre


diversas alternativas de investimento é que: os produtos
financeiros com maior rendimento têm maior risco e, vice-
versa, aos produtos com menor risco está associado um
menor rendimento.

• Produtos com menor risco


Os Títulos do Estado são basicamente constituídos por
obrigações de diversos tipos a saber: Obrigações do Tesouro
clássicas (com rendimento fixo ou variável); Bilhetes do
Tesouro (BT); Certificados de Aforro (CA).
As obrigações são títulos representativos de empréstimos
efectuados pelo subscritor (pessoa que compra a obrigação),
ao emitente (entidade que emite as obrigações), a uma taxa
de juro pré fixada, e durante um período de tempo também
pré determinado nas condições de emissão.
Normalmente, excepto no caso dos BT e CA, os juros são
pagos periodicamente (anuais ou semestrais) e o capital é
reembolsado no final do período de vida do empréstimo.

45
Bilhetes do Tesouro (BT): Os juros são pagos
antecipadamente, isto é, os BT são emitidos a desconto.
Exemplo: Suponhamos que pretendemos aplicar
100.000$00 em BT, de valor nominal de 10.000$00 cada,
com vencimento a 1 ano e taxa de juro de 5%. O facto de os
juros serem pagos antecipadamente faz com que o valor (P)
a pagar por cada BT seria de:
P = 10.000$00 = 9.524$00
(1+0,05)
donde se conclui que, o valor a investir para adquirir 10 BT
no valor de 10.000$00 cada seria apenas, de 95.240$. No
final do ano, o valor do capital que teríamos a reembolsar
seria, obviamente, de 100.000$00.

Certificados de Aforro (CA): Os juros são capitalizados,


isto é, acumulados ao capital (a uma taxa que vai crescendo
cada 6 meses até um limite definido nas condições de
emissão) recebendo-se o valor total no fim.
Nota: Modelos em Anexo

Exemplo: Admita-se que investimos 100.000$00 em CA, de


valor nominal igual a 1.000$00 cada, que pagam uma taxa
de juro semestral de 3% e que esta taxa de juro é
aumentada em 0,25% no fim do 1º semestre e mais 0,25%
no final do 1º ano (2º semestre). Se mantivéssemos os CA
durante 3 anos (6 semestres), no fim do 3º ano o valor a
reembolsar de capital mais
juros seria:

1S 2S 3S 4S 5S 6S

100.000 101.500 103.149 104.954 106.791 108.660 110.562

0,03/2 0,0325/2 0,035/2

Nota: As taxas de juro vêm divididas por 2 porque se


referem a capitalizações semestrais (simplificando).

46
De acordo com o gráfico acima, a taxa de rendibilidade
efectiva anual, viria:
(110.562$00/100.000$00)1/3 - 1 = 0,0340 = 3,4%

Obrigações do Tesouro (OT): são produtos financeiros


com um período de vida de vários anos, que varia
geralmente entre os 3 e os 10 anos. São, portanto
investimentos de Médio/Longo prazo =» liquidez reduzida.
Podem, no entanto, se o investidor os quiser vender, ser
transaccionados em Bolsa.
• Risco das aplicações em títulos do Estado: Nulo

• Liquidez:
- BT - existem emissões de BT a 91, 182, 364 dias. É,
assim, um investimento típico de curto prazo =» grande
liquidez;
- CA - têm um prazo mínimo de aplicação de 6 meses, isto
é, não podem ser resgatados antes dos 6 meses. A partir
daí podem ser desmobilizados em qualquer altura, nos
CTT ou na Junta de Crédito Público. No entanto, este tipo
de investimento está vocacionado para Médio/Longo
prazo.

• Rendimento: Os títulos do Estado têm baixa rendibilidade


relativamente a outros produtos financeiros. Porém, no
caso dos BT (juros antecipados) e CA (juros capitalizados
a uma taxa crescente), atendendo à sua ausência de
risco, apresentam rendimentos que se podem tornar
competitivos. Sobretudo os CA são um boa alternativa de
aplicação para quem pretender um investimento seguro a
Médio/Longo prazo.

Depósitos Bancários: Em consequência do enquadramento


legal a que estão sujeitas as instituições bancárias e à
supervisão do Banco de Portugal, as aplicações em depósitos
bancários têm um risco muito baixo, praticamente nulo.

A questão que aqui se coloca é a da rendibilidade que


oferecem, tendo em conta que os juros são tributados em
IRS à taxa liberatória de 20%. Por isso, uma taxa anual de
4%, depois da tributação dos 20% de IRS, transforma-se
numa taxa líquida de 3,2%.

47
Por outro lado, os depósitos à ordem e os depósitos a
prazo, que são os produtos com maior liquidez, oferecem,
hoje, taxas de juro líquidas, na maioria das vezes, inferiores
à inflação. Por este motivo, não são boas alternativas de
aplicação de fundos.
Os produtos mais interessantes, têm também uma liquidez
mais reduzida. Referimo-nos, em concreto, aos depósitos do
tipo “Poupança Habitação” e “Poupança Educação”. Estes
produtos, paralelamente com taxas de juro mais atractivas,
oferecem benefícios fiscais aliciantes que fazem aumentar a
sua rendibilidade efectiva. São, no entanto, produtos com
finalidades específicas (aquisição de habitação própria ou
custear as despesas de educação dos elementos mais novos
do agregado familiar) e, assim, a sua mobilização para fins
diferentes daqueles para que foram concebidos, é fortemente
penalizada em termos fiscais. Por estas razões, são
investimentos tipicamente de longo prazo, por isso, de muito
pouca liquidez.

• Produtos com risco médio

Fundos de Investimento Mobiliário (FIM): são carteiras


de títulos constituídas por aplicações em diversos
instrumentos financeiros: depósitos bancários, aplicações no
mercado interbancário, obrigações, acções, etc. Os FIM são
emitidos por instituições financeiras (bancos, companhias de
seguro ou sociedades financeiras) e a sua gestão é
assegurada por sociedades, na maioria das vezes,
pertencentes àquelas instituições.

• Risco: os FIM têm de obedecer a requisitos legais muito


exigentes e são geridos por sociedades especializadas
cujos profissionais são profundos conhecedores dos
mercados financeiros. Estas circunstâncias, por si só,
garantem alguma segurança aos investidores. Existem,
porém, fundos especializados em tipos de investimentos
mais agressivos, com maior risco mas também maior
rendibilidade, e fundos com uma política de investimentos
mais conservadora que têm um baixo risco e que
apresentam rendibilidades mais modestas.

• Liquidez: Existem FIM com grau de liquidez variável,


desde os fundos abertos à subscrição pública permanente
e que têm grande liquidez, até aos FIM de
valorização/capitalização, cujo objectivo é valorizar o
capital do fundo, através do reinvestimento das mais-
valias geradas e que têm liquidez reduzida. Enquadram-
se nesta última categoria os PPR (Planos Poupança
Reforma) emitidos por várias instituições financeiras.

48
• Rendimento: O rendimento dos FIM deriva da
valorização das suas Unidades de Participação. Assim, a
rendibilidade obtida com o investimento pode ser avaliada
de acordo com o seguinte:

Exemplo: Investimento de 100.000$00 na aquisição de 100


UP valorizadas a 1.000$00 cada;
Resgate: 3 meses depois (91 dias), sendo que, cada UP no
momento do resgate valia 1.012$00
r = taxa de rendibilidade anualizada da aplicação.
Teremos, então que, r = (1.012$00/1.000$00)365/91 – 1 =
0,049 = 4,9%

Obrigações de empresas privadas: têm o risco inerente


ao emitente, isto é, a única garantia de reembolso do capital
e de recebimento dos juros é a boa saúde económica e
financeira das empresas emitentes.

Contudo, para poderem emitir empréstimos obrigacionistas e


para que as respectivas obrigações sejam admitidas em
Bolsa, as empresas têm de se sujeitar a uma avaliação
prévia por parte de entidades especializadas e
independentes, que as classificam, em função da sua
capacidade a longo prazo de solverem as suas
responsabilidades.

Como a autorização de emissão está condicionada a uma


classificação mínima de “Bom”, podemos aceitar que o risco
é consideravelmente reduzido, pelo que estes produtos têm
um risco de incumprimento moderado. Apesar de tudo, o seu
risco não é nulo, estas obrigações oferecem, normalmente,
um rendimento superior ao das obrigações do Estado do
mesmo tipo (Obrigações do Tesouro). Em tudo o resto, as
suas características são idênticas às obrigações do Estado.

• Produtos com risco elevado


Incluem-se neste grupo, o investimento em acções e os FIM
constituídos maioritariamente por aplicações em acções
nacionais e internacionais, nomeadamente em mercados
emergentes (Asiáticos e da América Latina).

49
As acções são títulos representativos de participações
no capital social das empresas. Os seus detentores
designam-se de Accionistas e, são, assim, os titulares do
capital social das empresas em que participam. O rendimento
que lhes é atribuído através das acções que possuem deriva
de dois factores: Dividendos distribuídos (resultados que as
empresas distribuem aos accionistas) e eventuais mais-valias
com a venda das acções em Bolsa.

• Risco: Decorre do que atrás foi dito, que as acções têm


dois tipos de risco:
- risco específico da empresa que as emite, isto é, haver
garantia de um crescimento contínuo dos lucros que
permita a distribuição de uma parte desses lucros sob a
forma de dividendos;
- risco de mercado que deriva da “incerteza do mercado”,
isto é, da possibilidade de se verificar uma “quebra” do
mercado que faça baixar repentinamente o preço de
todas as acções. Em consequência destas características,
o rendimento das acções tem grande variabilidade.

Uma forma para minimizar esta situação, poderá ser


investir em acções de diferentes empresas que actuem
em diversos sectores de actividade. Contudo, apenas
permite, diminuir ou, até eliminar, o que designámos por
risco específico. Porém, o risco de mercado está sempre
presente, nunca pode ser eliminado.

• Liquidez: existindo um mercado de Bolsa competitivo,


para as acções cotadas em Bolsa, existe sempre um
mercado de grande liquidez onde podem ser
transaccionadas a qualquer momento. No entanto, o
investimento em acções deve ser encarado como uma
aplicação de longo prazo, porque só a manutenção dos
títulos por um prazo prolongado permite absorver as
variações de rendimento que se verificam ao longo do
tempo. Neste sentido, é um instrumento de reduzida
liquidez, a não ser para os profissionais, que conhecem
profundamente o mercado e têm rápido acesso à Bolsa
estando em condições de dominar a situação.

Conclusão
Pelo que ficou explicitado podemos então concluir, que o
critério de decisão para realizar um qualquer investimento
deverá ser: em primeiro lugar, definir o prazo durante o qual
se pretende fazer a aplicação; em segundo lugar, convirá ter

50
sempre presentes duas regras de elementar bom senso
para decidir em que produtos ou instrumentos aplicar o
dinheiro:
1. Entre aplicações alternativas com igual nível de risco,
escolher a que apresentar maior rendimento;
2. Entre aplicações alternativas com igual rendimento,
escolher a que tem menor risco.

51
II – Economia

A Economia estuda todos os assuntos correntes da vida, por


isso é que ela é considerada uma ciência humana.

Segundo a opinião de Marshall:

“Economia é o estudo da humanidade nos aspectos


correntes da vida”

Conceitos essenciais em economia:

Bens: a definição económica de bens é algo que satisfaz


uma necessidade humana (o pão, a roupa, uma cama......)

Recursos: são coisas que não satisfazem directamente as


necessidades humanas, mas servem para produzir bens (a
máquina, o trabalho, matérias primas.....)

Circuito económico

A actualidade económica resulta da articulação entre a


produção, que consiste em transformar as matérias primas
em bens de consumo, o transporte e distribuição desses
bens e por fim o seu consumo, que consiste na satisfação de
necessidades humanas.

As unidades responsáveis pela articulação destas actividades


são sobretudo:

- As famílias (unidades essencialmente de consumo)


- As empresas (unidades essencialmente de produção e
distribuição)
- O Estado (unidade responsável pela satisfação das
necessidades colectivas)

Podemos então concluir que estas são unidades económicas


que integram um sistema económico e que se relacionam
entre si.

52
Bens e Serviços

Famílias Empresas

Trabalho e Iniciativa

Circuito Real: As famílias recebem das empresas os bens de


consumo e os serviços que necessitam para a satisfação das
suas necessidades em troca do seu trabalho e iniciativa.

Despesas de Consumo

Famílias Empresas

Rendimentos das Famílias (salários, lucros e juros)

Circuito Monetário: As famílias em troca do seu trabalho,


recebem rendimentos das empresas, efectuando junto
destas, gastos em bens de consumo.

Despesas de Consumo

Bens e serviços
Famílias Empresas
Trabalho e iniciativa

Rendimentos das famílias (salários, lucros e juros)

53
Circuito Económico: A agregação dos circuitos real e
monetário, conduz-nos ao circuito económico, no qual o
Estado também exerce grande importância.

O Estado visto como um conjunto dos serviços e


departamentos tem sempre uma participação directa ou
indirecta na actividade económica de um país ou
comunidade, através da satisfação das necessidades
colectivas.

• Impostos Taxas e outras Contribuições

É do conhecimento de todos, que o Estado necessita de fazer


despesas. O que acontece com o Estado acontece com outras
entidades públicas.

São as necessidades de toda a comunidade, de instrução,


segurança, saúde, defesa e tantas outras, que levam o
Estado a suportar elevadas despesas.

Para fazerem face a todas essas despesas necessitam de


receitas – as chamadas receitas públicas. É junto das famílias
e das empresas que quer o Estado, quer as outras entidades
públicas procedem à arrecadação de receitas através da
cobrança dos impostos.

Muito embora, quem tem de pagar qualquer importância a


uma entidade estatal considere que está a pagar um
imposto, essas importâncias não têm todas as mesmas
características, pelo que, vamos apresentar alguns conceitos.

Conceitos

O Imposto é uma prestação estabelecida por lei a favor do


Estado ou de outra entidade pública, destinada à cobertura
das despesas públicas, tendo em atenção objectivos de
ordem social e económica.
Exemplo: Imposto sobre o Rendimento das Pessoas
Singulares (IRS), Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA)
ou a Sisa.

54
As Taxas podem definir-se como pagamentos de
serviços prestados. É por isso uma receita obtida pelo
Estado proveniente de um preço geralmente inferior ao custo
do serviço. Embora também sejam fixadas por lei, têm a
particularidade de ser pagas apenas por as pessoas que
utilizam esse serviço.
Exemplo: Propinas ou Taxa de Saneamento

Contribuições são as prestações pagas pelos utentes dos


serviços públicos, para obtenção de benefícios imediatos ou
futuros. Verifica-se também uma obrigatoriedade ao seu
pagamento fixada por lei, mas também neste caso, só estão
obrigadas ao seu pagamento as pessoas que têm direito a
algum benefício.
Exemplo: Contribuição Autárquica ou Contribuições para a
Segurança Social

Imposto sobre o Rendimento

O IRS - Imposto sobre o rendimento das pessoas singulares,


é um imposto ao qual fica sujeito qualquer cidadão residente
em Portugal ou que cá obtenha rendimentos, quer seja do
trabalho, quer seja de outra espécie (capitais, prediais, mais
valias...).
Os rendimentos do trabalho podem ser provenientes de
trabalho por conta de outrem ou por conta própria.

Trabalhadores por conta de outrem

Se forem trabalhadores por conta de outrem, é à entidade


patronal que compete a obrigatoriedade de retenção do
imposto e a sua entrega ao Estado, embora anualmente,
todos os cidadãos residentes em Portugal ou aqui aufiram
rendimentos estejam obrigados à apresentação da sua
declaração Modelo 3 do IRS – Imposto sobre o Rendimento
das Pessoas Singulares.

Trabalhadores por conta própria

Os trabalhadores por conta própria, quer sejam considerados


como trabalhadores independentes ou empresários em nome
individual, têm algumas obrigações a cumprir perante o
Estado, entre as quais se destacam:

55
• Entregar na Repartição de Finanças da área do seu
domicilio fiscal, ou, em alternativa e dentro do prazo legal
para o efeito, nas lojas do cidadão, uma declaração de
início de actividade, de modelo oficial, antes de iniciar a
actividade.

• Adquirir livros de recibos, de modelo oficial, e passar


recibo de todas as importâncias recebidas dos seus
clientes, os quais podem ser obtidos pelo próprio ou não,
em qualquer Tesouraria da Fazenda Pública;

• Adquirir livros de registo de receitas e despesas, serviços


prestados e despesas gerais e de operações ligadas a
bens de investimento, com vista à sua escrituração com
base em todos os documentos de despesas e de receitas
originadas com a actividade exercida;

• Enviar as declarações periódicas do IVA, desde que não


tenha ficado enquadrado no regime de isenção, em
função da actividade exercida ou do volume de negócios.
As declarações podem ser mensais ou trimestrais, de
acordo com o preenchimento da declaração de início de
actividade já referida.

• As declarações periódicas do IVA são preenchidas com os


valores registados nos livros, e, se houver lugar a
pagamento de IVA o mesmo pode ser efectuado através
de Multibanco, CTT ou cheque que acompanhará a
respectiva declaração.

• Apresentar na Repartição de Finanças da respectiva área


de residência uma declaração de alteração ou cessação
de actividade, se ocorrer alguma alteração dos dados
indicados na declaração de início ou cessar a actividade,
nos prazos, respectivamente, de 15 e 30 dias da data em
que se verifique o facto;

• Apresentar anualmente uma declaração Modelo 3 do IRS


e respectivos anexos, onde constem os rendimentos
auferidos, bem como das despesas efectuadas com a
actividade que exerceu, para pagamento do imposto
devido, se a isso ficar sujeito.

56
Todos os documentos mencionados são de modelo
oficial, encontrando-se à venda nas Tesourarias da Fazenda
Pública ou estabelecimentos autorizados.

Nota: Exemplos em Anexo

Contribuições para a Segurança Social

As contribuições para a Segurança Social, são pagamentos


efectuados ao Estado, sendo obrigatórios para as pessoas
que exercem uma actividade profissional. Em contrapartida
são-lhe concedidos cuidados de saúde e assistência social,
bem como o direito à reforma.

Trabalhadores por conta de outrem

Para os trabalhadores por conta de outrem a obrigação pela


retenção da contribuição e sua entrega ao Estado é da
entidade patronal. O trabalhador apenas tem de preencher e
entregar na empresa onde trabalha, uma ficha de modelo
oficial indicando os seus dados pessoais.

Trabalhadores por conta própria

Quando nos referimos a trabalhadores por conta própria


neles podemos englobar, as sociedades unipessoais, os
empresários em nome individual e
os profissionais livres.

As sociedades unipessoais são sociedades por quotas,


constituídas por um único sócio que é o titular da totalidade
do capital. Elas podem resultar da aquisição das quotas de
uma sociedade que se encontrava já constituída, por um
único sócio, mas tem de ser através de escritura de cessão
de quotas e nela fique a constar que se transforma em
sociedade unipessoal

Empresários em nome individual são pessoas que exerce


uma actividade de comércio ou industria por conta própria,
sem estarem associados a ninguém, não sendo por isso
necessária escritura pública.

57
Profissionais livres são pessoas que prestam serviços,
por regra, em função das suas habilitações profissionais, sem
subordinação às pessoas a que prestam esses serviços.

Nesta situação, tal como já foi indicado para os impostos,


são os trabalhadores que tem algumas obrigações a cumprir,
nomeadamente:

• Participar, junto da Delegação Regional da Segurança


Social da sua área de residência, o início do exercício da
actividade após a entrega da declaração na Repartição de
Finanças, bem como a sua cessação, quando ela ocorre;

• Inscrever-se através da entrega de um boletim de


identificação de modelo oficial, declarando a remuneração
sobre a qual pretende fazer incidir a contribuição, bem
como o regime em que pretende ficar enquadrado, que
pode ser o obrigatório, com uma taxa de 25,4% ou o
alargado, com uma taxa de 32%;

• O pagamento das contribuições efectua-se através de um


documento de modelo oficial adquirido no Centro
Regional de Segurança Social, de 1 a 15 de cada mês,
das importâncias relativas ao mês anterior na respectiva
Instituição de Segurança Social.

• Pedir a isenção da obrigação contributiva, se reunir


condições para o efeito, como seja, o facto de exercer
uma actividade por conta de outrém ou ser pensionista
de invalidez ou velhice, através de preenchimento de
boletim de modelo oficial e a sua apresentação nos
serviços competentes.

Obrigações Declarativas

Exemplo: Considere que o Sr. José António Santos, iniciou a


sua actividade como trabalhador independente, com a
categoria de desenhador em 10 de Setembro de 1999,
prevendo auferir até ao fim do ano 500 contos.
Em 5 de Março de 2000 alterou a sua actividade por ter
começado a trabalhar como topógrafo.
Em 25 de Novembro de 2000 cessou o exercício da referida
actividade.

58
Com os dados indicados preencha os respectivos
impressos a entregar na Repartição de Finanças da sua área
de residência, bem como no Centro Regional de Segurança
Social.

Nota: Impressos em Anexo

Direitos e deveres dos Cidadãos

Como dissemos, o Estado têm o direito conferido pela lei


para arrecadar
receitas, mas tem também o dever de prestar assistência de
carácter económico e social aos cidadãos.

De igual modo, os cidadãos têm o dever de contribuir para


as receitas públicas, mas têm também o direito de exigir que
o Estado lhe preste os serviços de que necessitam para o seu
bem estar.

Benefícios Fiscais

A legislação fiscal prevê um conjunto de Benefícios


Fiscais, dos quais se salienta:

• Conta poupança habitação, destinada a adquirir,


construir ou ampliar imóveis para habitação própria e
permanente do agregado familiar ou arrendamento, só
podendo ser movimentada após um ano da sua
constituição.

• Planos de poupança reforma/educação, destinados a


custear despesas de educação do agregado familiar
(decorridos 5 anos) e a constituição de uma poupança
que pode ser reembolsada de uma só vez ou em
prestações mensais, após o seu titular se encontrar nessa
situação de reformado.

• Planos poupança em acções, a constituir junto de


instituições bancárias e destinada a investimento (não
pode ser movimentada antes de 6 anos)

• Contas poupança-condomínio, com o fim de acorrer a


despesas de conservação e reparação dos prédios de
habitação.

59
• Acções adquiridas em privatizações, ou seja, o valor
aplicado na compra de acções, quer seja pelo público em
geral, quer seja pelos trabalhadores da própria empresa
privatizada.

Todos estes benefícios estão limitados, de acordo com o


quadro seguinte, o qual faz referência a montantes aplicados
no ano fiscal de 2000:

Aplicações Dedução Limites Valor a


(Casal) investir
Conta poupança 25% do montante 107 100$00 428 400$00
habitação aplicado
Planos Poupança 25% do montante * 218 400$00 873 600$00
reforma/educação aplicado
Planos poupança em 7,5% do montante * 76 500$00 1 020 000$00
acções aplicado
Contas poupança Montante aplicado com 10 200$00 10 200$00
condomínio limite de 1% valor
matricial
Acções adquiridas em 5% do montante aplicado * 66 300$00 1 326 000$00
privatizações – público em geral
Acções adquiridas em 7,5% do montante * 100 000$00 1 333 333$00
privatizações aplicado – pelos
trabalhadores empresa

* Se for uma pessoa não casada o limite é 50% do valor referido

Benefícios Sociais

A segurança social também tem em vigor alguns benefícios


sociais, como sejam:

Isenção de pagamento das contribuições

• Isenção no 1.º ano de actividade, se for o primeiro


enquadramento (tem o prazo de um ano para se
inscrever após o início de actividade);

60
Isenção temporária devido a (suspensão da actividade,
períodos de incapacidade ou indisponibilidade para o
trabalho), carece de comunicação à Segurança Social;

• No 2.º ano e seguintes, se auferir anualmente


rendimentos inferiores a 6 ordenados mínimos nacionais,
o que equivale actualmente a cerca de 380 contos, pode
pedir o reembolso das contribuições que pagou.

Prestações Familiares e Pensões

• Prestações Familiares – apoio à família, sujeito a


determinados condicionalismos,

• Subsídio de funeral, sujeito a determinados


condicionalismos,

• Pensão de invalidez, velhice, sobrevivência, incapacidade


temporária e incapacidade permanente.

NOTA: Atendendo à diversidade e constantes alterações à


legislação, estas instruções não dispensam um pedido de
esclarecimentos mais pormenorizado e actualizado junto dos
Serviços competentes.

61
Noções Básicas sobre
Procedimentos
Administrativos Correntes
Procedimentos Administrativos Correntes

Os procedimentos administrativos em termos gerais


significam, entre outros, a maneira como efectuamos alguma
coisa ou tratamos de algum assunto relacionado com a nossa
vida pessoal e familiar.

Todos os dias surgem situações desta natureza, às quais é


preciso dar a resposta adequada, de forma a ultrapassar os
obstáculos que nos são colocados.

Qualquer agregado familiar se confronta no dia a dia, com


uma diversidade de assuntos correntes, ou não, e para os
resolver necessita de contactar as mais diversas entidades
públicas ou privadas.

Não sendo nossa intenção fazer um levantamento exaustivo


de todas as possíveis situações, vamos contudo abordar
algumas, que nos parecem de maior interesse e para as
quais apontamos algumas sugestões ou forma de as
resolver.

Entidades Públicas

• Serviços de Saúde/Cartão de Utente

A saúde é uma preocupação permanente para as famílias,


porque na generalidade os rendimentos são baixos e a saúde
privada pratica preços que se tornam incomportáveis. Os
hospitais públicos atendem essencialmente as situações
urgentes e os centros de saúde encontram-se com a sua
capacidade esgotada e difícil se torna obter uma consulta.

Perante a Lei todos os cidadãos têm direito a assistência


médica, independentemente do regime de saúde a que
estejam sujeitos. Por isso foi criado muito recentemente o
cartão de utente no sentido de simplificar e acelerar o
processo de admissão das pessoas a todo o tipo de serviços
de saúde, nomeadamente, consultas, análises, radiografias
ou quaisquer outros meios de diagnóstico.

62
Para obter esses serviços têm de se dirigir ao Centro de
Saúde da sua área de residência e ser portador de um cartão
que lhe permita ser atendido, o qual actualmente é o Cartão
de Utente ou documento que o substitua.

Para solicitar a emissão desse Cartão de Utente o interessado


deverá dirigir-se ao Centro de Saúde da sua área de
residência e apresentar os seguintes documentos:

- Cartão de consultas do Centro de Saúde


- Bilhete de identidade ou cédula pessoal
- Cartão de Beneficiário (Segurança Social, ADSE ou
qualquer outro)
- Caso beneficie de isenção deve apresentar o documento
comprovativo

Como os serviços utilizam equipamento informático não é


necessário o preenchimento de qualquer impresso, bastando
fornecer os dados necessários e assinar um documento
preenchido pelos serviços.

O cartão será levantado no Serviço em que foi solicitado,


findo o prazo indicado pelo mesmo.

• Segurança Social/Rendimento Mínimo Garantido

No sub-módulo anterior já nos referimos aos direitos e


deveres dos cidadãos, quanto aos pagamentos a efectuar e
aos benefícios sociais a conceder pela Segurança Social.

Abordamos agora a questão da concessão e manutenção do


rendimento mínimo garantido e as condições necessárias ao
mesmo.

O rendimento mínimo garantido (RMG) foi instituído em


1996, pela Lei n.º 19-A/96, de 29 de Junho, como uma
medida de política social que visa assegurar a inserção de
pessoas e famílias excluídas ou em risco de exclusão,
proporcionando condições mínimas de existência a todos os
residentes em Portugal.
A protecção inclui:

- Uma prestação pecuniária do regime não contributivo de


segurança social
- Um programa de inserção que visa uma progressiva
inserção social, profissional e autonomização dos
indivíduos e das famílias.

63
A atribuição da prestação pecuniária está a cargo do
Centro Regional de Segurança Social da área de residência
do requerente, onde deve ser apresentado um impresso de
modelo apropriado, devidamente preenchido.

As condições para a sua atribuição são as seguintes:

- Ter residência legal em Portugal


- Obrigatoriedade de subscrição e prossecução de um
programa de inserção
- Rendimentos do agregado inferiores ao mínimo garantido
por Lei
- Fornecimento dos meios de prova necessários à
verificação de carência económica.

O valor do RMG varia em função do valor da pensão social e


em termos do número, da idade e do grau de parentesco dos
elementos do agregado familiar.

O programa de inserção consiste num conjunto de acções


estabelecidas por acordo entre o Núcleo Executivo da
Comissão Local de Acompanhamento, o titular do direito à
prestação e os membros do agregado familiar.

A concessão da prestação pecuniária tem caráter temporário,


podendo cessar, se deixar de se verificar algum dos
pressupostos para a sua atribuição ou pelo incumprimento do
programa de inserção pelo titular, ou seja, à atribuição deste
benefício está subjacente a integração dos beneficiários no
mercado de trabalho, se o não fizerem cessa o direito ao
mesmo.

NOTA: Porque as condições de atribuição e manutenção


obedece a variados requisitos, deve ser solicitada informação
pormenorizada junto dos Serviços já referidos.

• Arquivo de Identificação

Todos os elementos que compõem um agregado familiar têm


de ser titulares de um documento de identificação, sendo a
cédula pessoal que é emitida quando a criança nasce e mais
tarde o bilhete de identidade.

Para pedir o Bilhete de Identidade é necessário preencher um


impresso e juntar uma certidão de nascimento para bilhete
de identidade e duas fotografias.

64
O mesmo impresso pode ser utilizado para a renovação ou
para um pedido de 2.ª via, em caso de extravio do original.
Se for um pedido de renovação tem de juntar apenas o
bilhete de identidade anterior e as fotografias. Se for um
pedido de 2.ª via tem de preencher ainda um outro impresso
a justificar o extravio.

• Junta de Freguesia

- Cartão de eleitor

Na Junta de Freguesia da sua área de residência pode tratar


de diversos assuntos, nomeadamente, proceder ao
recenseamento eleitoral depois de ter completado 18 anos de
idade, ou seja, obter um cartão de eleitor que lhe permitir
votar quando há eleições.

Para o efeito é necessário preencher um impresso próprio e


apresentar o Bilhete de Identidade com a morada
actualizada.

- Atestado

Também poderá pedir um atestado para fins diversos, como


exemplo, comprovar que a insuficiência de meios para pedir
apoio judiciário, qual a composição do seu agregado familiar
ou que tem a sua residência naquela freguesia. Para a sua
obtenção deverá preencher um impresso próprio e
apresentá-lo na respectiva Junta de Freguesia, exibindo
ainda o cartão de eleitor, o bilhete de identidade e o
duplicado da declaração de rendimentos apresentada na
Repartição Finanças para efeitos de IRS ou o último recibo de
vencimento.

• Câmara Municipal

Também junto das Câmaras Municipais as famílias podem


tratar de assuntos de ordem diversa, como exemplo
podemos referir a obtenção de uma licença para obras da
sua habitação, ou para construção de uma habitação nova.

Em determinados concelhos são as Câmaras as entidades


responsáveis pelo abastecimento de água às populações.

65
Assim, o contrato para obtenção desse bem tão
necessário é efectuado junto dos serviços camarários.

• Repartição de Finanças

- Cartão de contribuinte

No Sub-módulo anterior fizemos referência a vários


documentos que devem ser apresentadps na repartição de
finanças, contudo não foi referida a obtenção do cartão de
contribuinte e este é um documento que é essencial para
tratar dos mais diversos assuntos da vida quotidiana.
Para a sua obtenção deve ser preencheido um impresso que
será facultado no local e apresentar um documento de
identificação, que pode ser:

- Cédula pessoal (crianças)


- Bilhete de identidade
- Passaporte (estrangeiros)

- Pedido de Isenção de Contribuição Autárquica

Se uma família adquirir uma casa para habitação própria e


permanente do seu agregado familiar ela está isenta do
pagamento de contribuição autárquica por um período de 10
anos.

Contudo, tem de ser efectuado o pedido de isenção, através


do preenchimento de impresso adquirido no local, no prazo
de 180 dias.

Entidades Bancárias

Vai longe o tempo em que muitos dos pagamentos de bens e


serviços eram feitos em géneros. Com o avançar dos tempos
e a evolução verificada a todos os níveis, essa prática caiu
em desuso e o dinheiro tornou-se o meio de pagamento por
excelência, o que originou o surgimento de pessoas ou
empresas que facilitam a compra, venda ou guarda do
dinheiro – os Bancos.

• Abertura de conta

Por razões diversas, nomeadamente a segurança, não é


aconselhável as famílias guardarem o dinheiro em casa ou
andarem com ele diariamente, pelo que, necessário se torna
abrir uma conta numa entidade bancária, de modo a ter o
dinheiro em segurança e dele poder dispor a qualquer
momento.

66
Para abrir uma conta é necessário preencher um formulário
que o próprio Banco fornece, com diversos dados pessoais e
profissionais e devolvê-lo devidamente assinado e
acompanhado de:
- Bilhete de Identidade,
- Cartão de Contribuinte,
- Ficha com as assinaturas das pessoas que podem
movimentar a conta e
- Importância em dinheiro, que varia em função da
entidade bancária, mas nenhuma inferior a 10 000$00.

Se a conta for em nome de duas ou mais pessoas, tem de


ser preenchido um formulário para cada uma, com indicação
dos seus dados pessoais e profissionais.

• Pedido de cartão de crédito/cheques

O titular de uma conta bancária pode utilizá-la através da


emissão de cheques, transferências bancárias ou
pagamentos através de cartão de crédito.
Assim, na altura em que trata da abertura da conta deve
pedir um cartão de crédito e um livro de cheques, para a
poder movimentar sempre que necessário. Para o efeito têm
de ser preenchidos os formulários necessários e que são
facultados pela entidade bancária.

• Pagamento de serviços

Através do cartão de crédito podem ser feitos pagamentos de


serviços, como seja, o fornecimento de água, luz, telefone ou
outros.

Também pode ser feito o pagamento de compras efectuadas


em grande número de lojas, com o cartão de crédito. No
entanto se a loja não tiver aderido a esse sistema de
pagamento pode emitir um cheque para o efeito.

Outra forma de pagamento é através de transferência


bancária, ou seja, quando se preenche o contrato para o
fornecimento de luz, telefone ou outros, pode ser indicado o
número da conta bancária por onde deve ser feito o
pagamento e em simultâneo fazer uma comunicação escrita
ao banco para efectuar esses pagamentos mensais.

67
• Empréstimos bancários

Como já referimos os bancos dedicam-se ao negócio da


moeda, por isso, além de guardarem o dinheiro que os
clientes depositam e pagarem as despesas que os mesmos
lhe indicam para o fazer, também emprestam dinheiro para
fins diversos.

No caso das famílias, a situação mais comum é o pedido de


empréstimo para compra de habitação. Esse empréstimo
está sujeito a um processo de análise da situação económica
da pessoa que solicita o empréstimo e do bem que vai ser
adquirido.

Assim, para iniciar o processo é necessário preencher um


formulário com informação detalhada do montante solicitado,
da situação profissional e do rendimento que aufere, bem
como documento referente ao prédio, que pode ser cópia da
caderneta predial ou contrato de promessa de compra.

Se for autorizado o empréstimo, o pagamento é efectuado


em prestações mensais, durante o número de anos que fica
estabelecido nas condições do empréstimo e a habitação fica
hipotecada ao Banco até ao seu pagamento integral.

Naturalmente que esse empréstimo está sujeito a juros e


quanto mais anos decorrer o seu pagamento mais serão os
juros pagos. A taxa pode ser fixa ou variável e as prestações
também, dependendo das condições acordadas.

• Conversão de Escudos em Euros

A União Europeia, da qual Portugal faz parte, criou uma


moeda única – o Euro, o que significa que é comum a todos
os Estados-membros aderentes.

Portugal tal como outros dez países, aderiu à moeda única


querendo então dizer que desde 1 de Janeiro de 1999 temos
uma nova moeda, mas dado que se trata de um processo
complexo a sua introdução é feita de modo gradual.

A sua entrada em vigor em termos de utilização dos euros


para pagamentos em notas e moedas terá início em Janeiro
de 2002, prevendo-se que nos primeiros dois meses circulem
os escudos e os euros e em Março sejam retirados da
circulação os escudos.

68
As moedas apresentarão uma face europeia e outra
nacional e serão de 1, 2, 5, 10, 20 e 50 euro cent e de 1 e 2
euros, sabendo-se que 100 cêntimos perfazem um euro. As
notas serão iguais nos onze países aderentes e serão de 5,
10, 20, 50, 100 e 200 euros.

A taxa de conversão do euro é de 200,482 Escudos

Assim, para fazer a conversão um qualquer montante


expresso em escudos para euros, divide-se pela taxa de
conversão. Se tivermos um montante em euros e
pretendermos obter um valor em escudos multiplica-se pela
taxa de conversão.

Nestas operações, necessário se torna ainda efectuar os


arredondamentos obedecendo a algumas regras, que no caso
do escudo será para a unidade mais próxima, sendo
arredondado por excesso se a primeira casa decimal for
superior a 5 e por defeito se for inferior a 5. Se o resultado
for apresentado em euros pode haver duas casas decimais e
se a terceira casa decimal for inferior a 5 é arredondado por
defeito, se for superior a 5 é arredondado por excesso.

Exemplos:

1) Conversão de escudos em euros

710$00/200,482 = 3,541, o que corresponderá a 3,54 euros

850$00/200,482 = 4,239, o que corresponderá a 4,24 euros

2) Conversão de euros em escudos

Euros 43,99*200,482 = 8 819,203, o que corresponde a 8


819$00

Euros 34,26*200,482 = 6 868,513, o que corresponde a 6


869$00

Desde Janeiro de 1999 podem ser feitos pagamentos em


euros através de cartões de crédito, cheques ou
transferências bancárias.
Também desde essa data não é obrigatório, mas é
recomendado às empresas uma dupla afixação de preços, ou
seja, a apresentação simultânea em escudos e em euros
para o mesmo produto, de forma a que os consumidores
possam relacionar um e outro.

69
Algumas Vantagens do Euro

- baixas taxas de juro que reduzem o custo dos


empréstimos
- crescimento económico mais sustentável, aumentando a
segurança do emprego
- poder de compra protegido devido à diminuição da
inflação
- menores custos nas viagens a outros países

Empresas fornecedores de serviços

• Pedido de instalação de telefone

Os meios de comunicação facilitam de forma notável a vida


das famílias, nomeadamente o telefone tornou-se um bem de
primeira necessidade, sobretudo para quem tem crianças ou
pessoas idosas, as quais estão mais sujeitas a qualquer
situação de emergência.

Assim, qualquer família que pretenda instalar um telefone


fixo na sua habitação necessita de assinar um contrato de
prestação de serviço e respectivos anexos, onde constam
todas as condições a que as partes intervenientes ficam
obrigadas, nomeadamente quanto à utilização, conservação,
reparação, pagamento e rescisão do contrato.

A empresa fornecedora do serviço tem de possuir ficheiros


bastante completos com a indicação dos clientes, pelo que,
os impressos apresentam alguma complexidade de
preenchimento, dele constando não só a identificação de
quem solicita a instalação, mas também a identificação do
titular da habitação, caso não seja do próprio.

Os impressos depois de devidamente preenchidos e


assinados pelo requerente, são acompanhados dos seguintes
documentos:
- Bilhete de identidade
- Cartão de contribuinte
- Escritura de compra, contrato de arrendamento ou
atestado de residência

Em Portugal existem diversas empresas que fornecem


serviços de comunicação móveis, contudo para telefones
fixos existe apenas uma empresa fornecedora.

70
• Contratos de fornecimento de água e
electricidade

Podemos dizer que são bens indispensáveis em qualquer


habitação, por isso, necessário se torna a qualquer família
tratar de efectuar contratos para o seu fornecimento.

Para o efeito deverão dirigir-se às empresas fornecedoras,


proceder ao preenchimento e assinatura dos impressos
respectivos, apresentando o Bilhete de Identidade, Cartão de
Contribuinte e documento comprovativo da titularidade ou
arrendamento da habitação.

Alguns destes serviços já se encontram informatizados de


forma a permitir apenas a indicação dos dados necessários
ao preenchimento dos documentos que posteriormente serão
assinados pelo requerente dos serviços.

Se o pagamento for efectuado por Transferência Bancária é


necessária uma autorização, devidamente assinada, pelo
titular da conta.

• Transportes – Cartão de Identificação

Com o crescimento das cidades o comércio e serviços vão-se


instalando nos centros urbanos e as famílias são afastadas
para zonas residenciais, o que torna difícil e moroso o acesso
aos empregos, já que não é possível arranjar habitação
próxima do local de trabalho.

Assim, quer as empresas de transportes públicos, quer as


empresas de transportes privados, ou por vezes a
conjugação entre umas e outras, criaram um bilhete de
transporte mensal para quem se desloca diariamente entre a
sua residência e o local de trabalho ou de estudo.

Para isso, basta solicitar junto das empresas transportadoras


um impresso que será preenchido e acompanhado de uma
fotografia do utilizador, no sentido de lhe ser emitido um
cartão de identificação de transporte.
Na posse desse cartão, apenas necessita de adquirir
mensalmente o bilhete de transporte que lhe permitirá
utilizar determinados meios de transporte de acordo com as
condições acordadas.

71
BILIOGRAFIA

Livros:

• Caiado, António Campos Pires – Contabilidade de Gestão,


Editora Vislis
• Leiritz, Alain – Bases da Gestão Financeira, Ediprisma,
Lda
• Lochard, Jean – Compreender a Contabilidade Geral,
Ediprisma, Lda
• Machado, J.R. Braz – Contabilidade Financeira, Edição
Protocontas
• Margerin, Jacques – Bases da Contabilidade Analítica,
Ediprisma, Lda
• Margerin, Jacques – A Gestão Orçamental, Ediprisma, Lda
• Mendes, Júlio – Contabilidade Geral e Financeira, Plátano
Editora
• Saias, L.; Carvalho, R. e Amaral, M. Céu – Instrumentos
Fundamentais de Gestão Financeira, Universidade
Católica
• Seixo, J.M e Pinto, G. Alves – Manual Prático das
Profissões Liberais e Trabalhadores Independentes, Lidel
Edições Técnicas
• Silva, H. Viegas e Matos, Maria Adelaide – Didáctica da
Contabilidade e Gestão, Univeridade Aberta
• Silva, José Manuel Braz – Os Novos Instrumentos
Financeiros, Texto Editora

Outros:

• Guia Fiscal – 2000, Edideco – Editores para a Defesa do


Consumidor
• Folhetos diversos de: Entidades Bancárias, Fiscalidade,
Segurança Social, Empresas fornecedoras de serviços e
outros Serviços Públicos
• Legislação diversa sobre: Fiscalidade e Segurança Social

72
ANEXOS

• Casos Práticos

• Cópias de Acetatos

• Impressos a preencher

• Impressos preenchidos

• Outros Impressos

73
Caso Prático

Com base no rol de bens e obrigações do Sr. António


elabore o Inventário e o Balanço, utilizando os modelos em
anexo.

Recebimento de um cheque de comissões 50.000$00


Vale de Correio 20.000$00
Divida a pagar ao Estado de IRS 60.000$00
Mercearias 30.000$00
Divida do Sr. Aníbal 50.000$00
Empréstimo obtido 140.000$00
Aquisição de uma máquina de cozinha 55 000$00
Divida referente à compra de p/mobiliário 200.000$00
Divida a pagar ao banco X 100.000$00
Mobílias 500.000$00
Compra de Viatura a crédito 1 000 000$00

74
INVENTÁRIO

Activo
Imobilizado

Mercadorias

Dívidas de Terceiros

Disponível

Total do Activo
Passivo

Total do Passivo

BALANÇO

Activo Capital Próprio e Passivo

Imobilizado Capital Próprio

Passivo

Existências

Dívidas de Terceiros

Disponibilidades Total do Passivo

Total do Activo Total do Capital Próprio e Passivo

75
Caso Prático

Considere um agregado familiar composto por quatro


pessoas. Calcule o custo de uma refeição para essa família,
composta por:

• Lombo de Porco com infusão de alecrim


• Pudim de Laranja
• Restantes componentes de uma refeição

Para esse cálculo recorra à tabela de preços e ao conteúdo


das fichas técnicas (em Anexo).

Caso Prático

Considere o seu agregado familiar e calcule o custo de uma


refeição, composta por:

• Escalopes de Vitela com natas

• Semi-frio

• Restantes componentes de uma refeição

76
Ficha Técnica – Prato de Carne

Ingredientes Quantidade Preço Unitário Preço Total


Lombo de Porco 750 gr
Margarina 60 gr
Batatas 320 gr
Vinho Branco 1 dl
Alecrim 1 ramo
Pimenta 2 gr
Brandy 2 dl
Caldo de galinha 5 gr
Cebolas 300 gr
Alhos 80 gr
Esparregado 240 gr
Favas 100 gr
Total

Ficha Técnica – Sobremesa

Ingredientes Quantidade Preço Preço


Unitário Total
Pudim de laranja instantâneo Embalagem – 250 gr
Água 1 litro
Creme de Baunilha Embalagem
instantâneo
Hortelã 1 ramo
Laranja 250 gr
Total

Ficha Técnica – Bebidas e Outros

Ingredientes Quantidade Preço Unitário Preço Total


Vinho 0,5 litros
Água 1 litro
Refrigerantes 1 seven up
Pão 4 pães
Total

77
Tabela de Preços de Bens de 1.ª
Necessidade

Designação Unidade Preço


Açúcar Kilo 196,00
Aguardente litro 850,00
Alho Kilo 490,00
Arroz Kilo 215,00
Azeite litro 820,00
Azeitonas pretas Kilo 230,00
Bacalhau Kilo 1.750,00
Banana Kilo 210,00
Banha Kilo 200,00
Batatas Kilo 120,00
Brandy Garrafa 875,00
Bróculos Kilo 245,00
Caldo de galinha Embalagem 267,00
Carapaus Kilo 650,00
Cebolas Kilo 86,00
Cenouras Kilo 180,00
Choquinhos Kilo 1.680,00
Coelho Kilo 780,00
Colorau Embalagem 275,00
Creme de Baunilha Alsa Embalagem 126,00
Esparregado Kilo 1028,00
Farinha Kilo 96,00
Favas Kilo 653,00
Fígado Porco Kilo 275,00
Frango Kilo 427,00
Galinha Kilo 483,00
Grelos Molho 250,00
Hortelã Ramo 120,00
Laranjas Kilo 269,00
Leite litro 145,00
Lombo de Porco Kilo 1720,00
Lombo de Vaca Kilo 1.890,00
Louro Embalagem 263,00
Maçãs Kilo 325,00
Manteiga Kilo 1.200,00
Margarina Kilo 380,00
Mostarda Frasco 320,00
Mousse de chocolate Embalagem 249,00
Noz moscada Embalagem 318,00
Óleo litro 290,00
Ovos Dúzia 250,00
Pão caseiro Unidade 170,00
Passas de uva Embalagem 229,00
Pêras Kilo 280,00
Pimenta Embalagem 215,00

78
Presunto Kilo 1.980,00
Pudim de Laranja Alsa Embalagem 226,00
Queijo Kilo 1150,00
Sal Kilo 109,00
Salsa Molho 103,00
Tomates Kilo 145,00
Uvas Kilo 450,00
Vinagre litro 56,00
Vinho Branco/Tinto Garrafa 375,00
Vinho do Porto Garrafa 890,00

79
Caso Prático

1. - Considere um agregado familiar composto por um casal


com 2 filhos menores, auferindo uma remuneração mensal
líquida de 350.000$00, respectivamente, de 200.000$00 e
150.000$00. O subsídio de almoço é 28.000$00 mensais.
No ano em análise (2000) um dos elementos do agregado
auferiu ainda:
• ajudas de custo no valor mensal de 35 000$00
• dividendos de acções no valor de 25 000$00, no mês
de Abril
No mesmo ano adquiriram:
• Uma nova habitação em Fevereiro, no valor de 27 000
contos, para a qual contraíram um empréstimo de 24
000 contos, cuja prestação mensal é de 90 contos
• Um automóvel em Julho, no valor de 2 500 contos,
para o qual recorreram ao crédito, ficando com uma
prestação mensal de 32 contos
• Adquiriram Acções em Outubro, no valor de 180
contos

Encargos no mês de Junho:


Mensalidade do empréstimo para habitação 90 000$00
Aquisição de Matérias Primas 60 000$00
Aquisição de Mercadorias 25 000$00
Pagamento de Serviços Prestados 40 000$00
Impostos e Taxas 85 000$00

Com os dados indicados elabore os:


Orçamentos anuais de:
• Receitas e Investimentos

Orçamentos mensais de:


• Tesouraria, Compras de Matérias Primas, Compras de
Mercadorias e Fornecimentos e Serviços

2. - Faça o controle orçamental e analise dos desvios para o


mês de Junho, considerando que os valores reais foram os
seguintes: Compra de Matérias Primas – 62 contos; Compra
de Mercadorias: 30 contos; Pagamento de serviços - 34
contos; Impostos 87 contos.

NOTA: Utilize os modelos em anexo

80
ORÇAMENTO DE TESOURARIA

Rubricas/Período 1.ª 2.ª 3.ª 4.ª Total


semana semana semana semana mensal

Recebimentos
Ordenados
Outros
TOTAL PROVEITOS

Pagamentos
Habitação
Aquisição Matérias
Primas
Aquisição Mercadorias
Fornecimentos e
Serviços
Impostos e Taxas
Outros
TOTAL CUSTOS

Saldo semanal (P - C)
Saldo inicial
SALDO FINAL

ORÇAMENTO DE RECEITAS

Período/Rubrica Ordenados Sub. Alim. Aj.Custo Juros TOTAL


Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
TOTAL ANUAL

81
ORÇAMENTO DE COMPRA DE MATÉRIAS PRIMAS

Rubrica/Período 1.ª 2.ª 3.ª 4.ª Total


semana semana semana semana mensal
Açúcar
Arroz
Azeite
Bacalhau
Batatas
Café
Carne de porco
Carne de vaca
Legumes
Margarina
Massa
Oleo
Peixe
Sal
Vinagre
Outros
TOTAL

ORÇAMENTO DE COMPRA DE MERCADORIAS

Rúbrica/Período 1.ª semana 2.ª semana 3.ª semana 4.ª semana Total
mensal
Bens Alimentares
Bebidas
Fiambre
Fruta
Iogurtes
Leite
Manteiga
Pão
Queijo
Outros Bens
Detergentes
Medicamentos
Produtos Higiene
Vestuário
Outros
TOTAL

82
ORÇAMENTO DE FORNECIMENTOS E SERVIÇOS

Rubrica/Período 1.ª 2.ª 3.ª 4.ª Total


semana semana semana semana mensal

Água
Condomínio
Electricidade
Gáz
Repar. diversas
Telefone
Outros

TOTAL

Controlo Orçamental e Apuramento dos Desvios

MAPA MENSAL DE AQUISIÇÕES

Designação Valor Orçam. Valor Real Desvio


Favorável Desfavorável
Matérias Primas
Mercadorias
Serviços Prestados
Impostos

Total

83
Caso Prático

1. - Considere um agregado familiar composto por um casal


com um filho, em no ano de 2000 o sujeito passivo A, auferiu
rendimentos do trabalho dependente no valor de 2 830
000$00 e o sujeito passivo B passou recibos modelo 6 do
IRS, relativos a trabalho independente no valor 1 970
000$00.

Ao sujeito passivo A foram-lhe efectuados os seguintes


descontos:
- IRS: 268 850$00
- Segurança Social: 311 300$00
- Sindicato: 28 300$00

O sujeito passivo B suportou os seguintes encargos com a


sua actividade:

- Formação profissional: 48 000$00


- Deslocações e estadias: 104 000$00
- Despesas de comunicação: 35 000$00
- Descontos para a Segurança Social: 295 500$00
- Outras despesas: 65 000$00

No mesmo ano suportaram as seguintes despesas:

- Despesas de saúde : 110 000$00


- Despesas com educação: 145 000$00
- Seguro de saúde: 36 000$00
- Juros suportados com a aquisição de habitação: 425
000$00

Durante o ano de 2000 este casal:

- Constituiu um Plano Poupança Reforma/Educação no valor


de 450000$00
- Adquiriu Acções de Planos de Privatização no valor de
125000$00

Com os dados acima indicados proceda ao preenchimento da


Declaração Mod.3/IRS e respectivos anexos.

NOTA: Impressos em Anexo

84
Participaram neste trabalho os formadores abaixo referidos
que cederam os respectivos direitos de propriedade e autoria:

Maria do Céu Almeida (ESHTE)


Teresa Reis

85

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