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O Brasil

e o seu entorno

O Brasil e a América do Sul – Moniz Bandeira


O Brasil e a Construção do Mercosul – Janina
Onuki
A ALCA e a Política Externa Brasileira –
Marcelo Passini Mariano e Tullo Vigevani
A América Latina como conceito
� As origens da expressão (Moniz Bandeira):
� Hegel (1820): contraponto entre a América do Sul católica
e a América do Norte (EUA) protestante; México como
país à parte
� Michel Chevalier (1837): paralelo entre a América do Sul-
Europa meridional e América do Norte-Europa anglo-
saxônica
� José María Torres Caicedo: poema Las dos Américas (do
Sul e do Norte); Bases para la formación de uma Liga
LatinoAmericana (1861)
� L. M. Tisserand: América Latina; não mais Novo Mundo,
América do Sul ou Repúblicas Hispano-Americanas
� Abade Emmanuel Domenech: América Latina como a do
Norte, Central e do Sul
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Visões da França, do Chile e do Brasil

� Reinado de Luís � Visão do Império


Bonaparte (Napoleão brasileiro: ênfase na
III): América Latina América do Sul,
como pan-latinismo particularmente na
ideal, com base nas região do Prata
idéias de Chevalier e Argentina, Uruguai,
Tisserand; adequação Paraguai e Bolívia;
às pretensões bloqueio da livre-
imperialistas francesas navegação como
� Francisco Bilbao casus belli
Barquín (1862): La � Rio Branco: ênfase na
América em peligro; América do Sul; ABC;
denúncia do preconceito quanto
despotismo europeu aos regimes políticos
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América do Sul x América Latina

� Octavio Mangabeira e � Tratado Brasil-


Ronald de Carvalho Argentina de 1941: de
(1927): o Brasil livre comércio a união
deveria retomar seu aduaneira, aberto aos
lugar na América do países limítrofes;
Sul fracasso: Pearl Harbor
� Oswaldo Aranha � Sob a OPA e sob a
(1935): nada explicava aproximação dos anos
o nosso apoio aos 1960/1970: “o que
EUA em suas estava subjacente era
questões na América a idéia de América do
Central, sem atitude Sul”
recíproca de apoio ao
Brasil na América do
Sul Prof. Dr. Carlos Eduardo Vidigal 5
[A visão do San Martín]
� A linha de estratégia sul-americana, que o Brasil
segue no presente [1954], obedece não mais a
concepção de Rio Branco, e sim a que é imposta,
quase seguramente, pelos Estados Unidos da
América.
� O Itamaraty não toma praticamente a iniciativa
em assuntos de importância sul-americana sem
avaliar antes as ações argentinas
� Existe uma circunstância que caracteriza hoje a
atuação do Itamaraty: a desorientação. “E
quando não se sabe o que fazer... é que se
passou para a defensiva”.

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O Brasil e os Países da Região
Amazônica
� Viagem de Castelo Branco aos países amazônicos
(1966): proposta de integração regional
� Tratado da Bacia do Prata (1969)
� Governo Geisel: Tratado de Cooperação Amazônica
(1978): ocupação racional e prevenção diante de
interesses estrangeiros
� Comércio do Brasil com as repúblicas do
Amazonas-Pacífico: de US$ 173 milhões (1972)
para US$ 2,3 bilhões (1982)
� Tratado de Assunção (1991): “núcleo de um futuro
mercado comum, base de um estado supranacional,
sobre o lastro geográfico da América do Sul”

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Mercosul x ALCA
� Samuel P. Guimarães: a ALCA como parte da
estratégia de manutenção da hegemonia política e
econômica dos Estados Unidos
� “A ALCA levará ao desaparecimento do Mercosul”
� FHC retomou o conceito de América do Sul, ao
realizar a Cúpula de Brasília (2000) � integração
energética e viária regional
� “A vocação da América do Sul é ser um espaço
econômico integrado, um mercado ampliado...” �
espinha dorsal: Mercosul-Comunidade Andina
� Kissinger reconheceu a necessidade do diálogo
Brasil-EUA

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Conflitos na América do Sul
� Segunda Reunião de Presidentes da América do
Sul (Guayaquil, Equador, 2002): Integração,
Segurança e Infra-Estrutura para o
Desenvolvimento, nasce a IIRSA
� Conflitos:
� Equador-Peru (1995): mediação do Brasil e dos
garantes do Protocolo do Rio de Janeiro (1942)
� Crise Paraguaia (1996): Wasmosy x Oviedo �
Mercosul + EUA + OEA (C. Gaviria)
� Cláusula Democrática do Mercosul (Protocolo de
Ushuaia, 1996)
� Nova crise no Paraguai (1999): renúncia de Raúl
Cubas; ascensão de Luís González Macchi
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A Crise Colombiana e o Brasil

� A crise colombiana:
� Plano Colômbia (2000):
US$ 1,2 bilhão em material
bélico e US$ 238 mi para a
promoção dos DDHH e
defesa da democracia
� Brasil: possível uso do
território brasileiro por
guerrilheiros e soldados
colombianos;
contaminação das águas
� Separação de tráfico de
drogas e guerrilha
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Relações Brasil-Venezuela
e a CASA

� Aproximação FHC- � Locaute da PDVSA (dez


Chávez (final dos 1990) 2002): apoio do Brasil a
Chávez
� “A ALCA é opção, o
Mercosul é destino” FHC � Lula (2003):
robustecimento das
� Crise argentina: reforço relações com a
dos laços Brasil- Venezuela
Venezuela � BNDES: linha de crédito
� Tentativa de golpe na � Petrobrás-PDVSA: 15
Venezuela (abr 2002): acordos
� Brasil: defesa da ordem � 3ª Cúpula (Cuzco, Peru,
constitucional 2004): Comunidade Sul-
Americana de Nações
� OEA: resolução
condenatória da alteração
da ordem constitucional
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Era de Incertezas e Conflitos (MB)

� Brasil: liderança em � Brasil: condenação do


uma era de incertezas embargo a Cuba;
� Expectativa brasileira: papel positivo na
Argentina com redemocratização do
coerência na política país
exterior, a articular os � Participação na
hispânicos missão da ONU no
� Presença dos EUA na Haiti
Colômbia, Equador e � Afastamento relativo
Bolívia em relação ao México

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UNASUL (BSB, 2008): avanço na
integração

� Contexto de incertezas:
� Crise energética
regional
� Dificuldades políticas
na Bolívia e na
Argentina
� Relativo isolamento da
Colômbia: recusa inicial
da proposta brasileira
de criação de um
Conselho de Defesa da
América do Sul

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A UNASUL frente à crise boliviana: a
declaração de La Moneda (15/09/2008)

� Apoio ao governo constitucional do Presidente da


República da Bolívia, Evo Morales
� Não reconhecerá qualquer situação que implique
uma tentativa de golpe civil, a ruptura da ordem
institucional ou que comprometa a integridade
territorial da República da Bolívia
� Condena o ataque a instalações governamentais
e à força pública
� Expressa sua mais firme condenação ao
massacre ocorrido no Departamento de Pando
� Instará a todos os membros da sociedade
boliviana a preservar a unidade nacional e a
integridade territorial desse país
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O Brasil e a Construção do Mercosul
(Janina Onuki)

� Constante na PEB: perspectiva da integração sul-


americana
� Avanços e dificuldades: dependência das
“mudanças conjunturais domésticas”
� Primeira fase (1991-1994): constituição do Bloco e
da União Aduaneira, por meio da Tarifa Externa
Comum (TEC)
� Segunda Fase (1995-1999): aumento da
interdependência e da credibilidade �
personalidade jurídica internacional
� Terceira Fase (1999-2006): acirramento dos
conflitos comerciais; aprofundamento das
assimetrias; dificuldades diplomáticas
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A Origem da Cooperação Brasil-
Argentina

� Início da aproximação: final dos anos 1970 e início


da década seguinte
� Aprofundamento dos anos 1980: Acordo Tripartite
(1979) e volta ao regime democrático
� Raúl Alfonsín (1983-1989): “giro realista” �
fortalecimento da democracia + novo parâmetro de
inserção internacional
� Entendimento na área nuclear
� Programa de Integração e Cooperação Econômica
(PICE)
� Acordos técnicos e econômicos; maior dinamismo
comercial
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O Fim da G. Fria e a Criação do
Mercosul

� Fim da Guerra Fria: � Caráter mais reativo


instabilidade e que afirmativo �
imprevisibilidade cenário internacional
� Mercosul: proteção e adverso + formação
maior autonomia do NAFTA
� “Regionalismo aberto”: � O Mercosul depende
abertura econômica e do relacionamento
integração regional Brasil-Argentina
� Mercosul: melhoria na � Tornou-se item
inserção competitiva permanente das
internacional agendas de política
externa

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O Ponto de Partida da Integração

� Tratado de Assunção � Desequilíbrio entre as


(26/03/1991): dimensões econômicas
� Crescimento do e a condução das
intercâmbio comercial políticas
� Convergência de macroeconômicas de
interesses Brasil e Argentina
� Defesa da democracia � Redução de tarifas,
remoção de barreiras
� Primeira etapa: não-tarifárias, decisão
aprofundamento da de manter a integração
cooperação; econômica
predomínio de certa � Comércio Brasil-
desconfiança Mercosul: aumento de
300%
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Mercosul: sucesso e retrocessos

� Sucesso: � Retrocessos:
� Estabilização da � Conflitos comerciais;
economia brasileira ausência de maior
� 2005: otimismo = institucionalização
maior participação da � Crise asiática (1997):
sociedade civil e de “aviso” para a
empresários proteção frente à
� Protocolo de Ouro instabilidade
Preto (1994) conjuntural
� Criação da União � Proposta da ALCA
Aduaneira (1995) (1998): Brasil propõe o
� TEC aprofundamento do
Mercosul
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Crises Domésticas e Integração

� Crise cambial
brasileira (1999): risco
para a integridade do
bloco
� Análises: da
dissolução do bloco à
atribuição das
dificuldades à
conjuntura
� Monica Hirst: 4 crises
� de resultados, de
compromisso, de
expectativa política, do
relativo isolamento do
Brasil Prof. Dr. Carlos Eduardo Vidigal 21
O Governo Lula e o Mercosul
� Objetivos divergentes � Dificuldades:
de política externa: � Percepções negativas
� Argentina: saída da sobre os interesses do
crise Brasil
� Brasil: projeto sul- � Ausência de Kirchner
americano em foros de
� O Brasil teria de negociação
assumir os custos � Ausência de
internos do Mercosul participação efetiva da
� Desconfianças sobre população
quanto cada país deve � Processo decisório por
contribuir consenso

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A visão de Janina Onuki

� É preciso analisar se a integração é um fim ou um


instrumento para satisfazer outros objetivos
� É preciso saber à qual modelo de integração se
pretende chegar e qual o grau de envolvimento dos
países?
� Inicialmente o Mercosul promoveu uma integração
de curto prazo
� A “crise” do Mercosul: divergências estruturais,
sobretudo no que diz respeito aos modelos de
política econômica interna e política externa
� Interesses semelhantes; conflitos localizados
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A Argentina dos Kirchner: “setentismo”
e centralismo

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A ALCA e a PEB (Marcelo P. Mariano e Tullo
Vigevani)

� Pós-Guerra Fria: nova política dos EUA: Iniciativa


para as Américas; desdobramento: ALCA
� Desafios para o Brasil:
� Dimensão político-estratégica: aumento da
influência econômica dos EUA
� Dimensão econômico-comercial: um entendimento
que reflita a complexidade da estrutura econômica
e social do Brasil
� Celso Amorim: “O Brasil tem necessidade de uma
política industrial, uma política tecnológica, uma
política que possa fazer, se necessário, com certo
grau e em sentido positivo, uma discriminação em
alguns setores em favor da indústria”
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Uma Integração Assimétrica

� Intenção dos EUA: uma � Dificilmente a ALCA


área de livre comércio teria a possibilidade
com todos os países do real de consolidar-se
continente, exceto Cuba como processo de
� Um esquema integração regional
assimétrico: � O argumento de
� EUA: 77% do PNB Washington é que o
� A população da Grande aumento do comércio
São Paulo é maior que traria benefícios
24 países do hemisfério diretos
� Renda: de menos de � Com países como o
US$ 735 a mais de US$ Brasil a negociação é
9 mil mais complexa
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Brasil, Estados Unidos e Integração
Regional

� A simples existência � EUA na negociação da


de um paymaster não ALCA: pouca
garante a integração disposição em ser o
� Alemanha na UE: paymaster
política � Negociações bilaterais:
macroeconômica Chile (2003), Colômbia,
comum, governança Equador, Peru...
multiestatal, etc � A ação norte-americana
� Brasil no Mercosul: aumenta os custos do
necessidades maiores Brasil
que a capacidade do � Brasil: negociações
pagador com a Europa como
contrapeso
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A Definição do Jogo

� O Brasil joga, desde � Os EUA utilizam as


meados dos 1990, em 3 negociações bilaterais
tabuleiros: OMC, ALCA e e regionais como
nas negociações instrumento de
Mercosul-UE negociação na OMC
� Temas: acesso a � O Brasil prioriza a
mercados, negociação
investimentos, multilateral:
propriedade intelectual, � Aumento dos custos
serviços e compras dos EUA na ALCA
governamentais � Diminuição dos custos
� Os jogadores reforçam do Mercosul
ou o regional ou o � Novas parcerias: G-20
multilateral
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A ALCA e a Política Doméstica

� Samuel P. Guimarães: � A indefinição de


a ALCA como área de interesses gera
livre comércio; como incertezas
espaço de confronto � Grupos favoráveis à
entre Brasil e EUA ALCA: agronegócio,
� Guilhon Albuquerque: siderurgia, calçados e
ALCA como fator para têxteis
a conquista da � Grupos contrários:
liderança regional pelo papel e celulose,
Brasil químicos, eletro-
� Burocracia (e eletrônica, bens de
empresários): capital
possíveis impactos � Senalca: interesses em
negativos conflito
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Autonomia pelo Distanciamento e
Autonomia pela Participação

� Autonomia pelo � Autonomia pela


Distanciamento: Participação:
� PEI (1961-1964) � Anos 1990: maior peso para
� Geisel (1974-1978) temas como comércio,
competitividade, fluxos
� Presença das idéias tecnológicos, etc
de Araújo Castro,
contrárias ao reforço � Adoção de medidas
do multilateralismo conformes com os regimes
(instituições e internacionais:
regimes), estabilização, liberalização
considerados cambial, relativa
“engessadores” do liberalização dos
poder existente investimentos
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Desenvolvimento Histórico da
Integração Hemisférica

� Origens do Mercosul: � Cúpula de Santiago,


Sarney-Alfonsín ALCA (1998): o Brasil
(1985) mantém a estratégia
� Iniciativa para as de participar e evitar a
Américas (1990) aceleração
� Mercosul (1991) � Quebec (2001):
� NAFTA (1994) reafirmação da área
de livre comércio
� Cúpula de Miami � Proposta brasileira da
(1994): ALCA ALCA light (2003)
� Protocolo de Ouro � Desqualificação do
Preto (1994) tabuleiro ALCA

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ALCA: EUA x Brasil

� Desafios para o � A paralisia da ALCA


Brasil: não reduz a
1. Consolidar o importância das
Mercosul escolhas colocadas
2. Qualificar-se como para o governo
um jogador capaz de brasileiro
influenciar os � O objetivo do jogo se
resultados no concentra mais em
tabuleiro multilateral evitar perdas do que
3. Impedir seu em obter ganhos reais
isolamento na � A estratégia do Brasil
América do Sul tem sido vitoriosa, mas
não pode se perpetuar
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