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INTRODUÇÃO

Uma das coisas mais importantes para se viver uma boa aventura é evitar
lesões. Machucar-se, além de causar transtornos e exigir ações de primeiros socorros,
pode fazer com que o aventureiro de primeira viagem passe a ter uma visão pejorativa
dos esportes praticados em contato com a natureza. A idéia de que as pessoas que
praticam atividades outdoor são verdadeiros suicidas é enganosa: são pessoas que
adoram a vida e querem aproveitá-la muito bem.
Por isso, é tão importante a prevenção de lesões. Em primeiro lugar, é
necessário que a pessoa que vai praticar uma atividade em ambientes naturais
observe seus hábitos e modifique, se necessário, algumas coisas no seu estilo de
vida. Praticar algum exercício regularmente, alimentar-se de forma mais saudável e
variada, evitar estimulantes como cafeína, álcool e outras drogas, são atitudes que
ajudam a evitar lesões durante o esforço físico e outros problemas de saúde mais
sérios.
Evite ingerir bebidas alcoólicas antes de partir para a sua aventura. O álcool
desidrata o organismo, acelera o desgaste físico, altera a regulação da temperatura
corporal e em maiores doses provoca alterações mentais que afetam a concentração e
o julgamento, o que pode causar não só lesões, como acidentes graves. Uma boa
hidratação é fundamental para qualquer atividade física e essencial para uma vida
saudável.

Humildade e segurança

Durante a prática esportiva, não basta apenas um corpo saudável. É


fundamental ter uma atitude saudável, respeitando os procedimentos de segurança, o
meio ambiente, os outros e a própria vida. Mesmo pessoas experientes, acostumadas
a atividades de aventura, devem respeitar todas as regras com atenção, para não
correr riscos desnecessários.
É fácil evitar acidente, basta prestar atenção às instruções dadas antes da
atividade. Técnica, postura e movimento correto não devem ser vistos como
acessórios. São procedimentos fundamentais para evitar lesões, desde as mais
simples, como torções e arranhões, até as mais sérias que podem levar à morte.
Agir sempre como iniciante, prestando atenção aos detalhes, é uma boa dica. A
outra, para quem está realmente começando, é ter o cuidado de procurar empresas e
instituições idôneas para captar informações. Nas instituições (clubes, associações,
etc.) a preocupação com a segurança e o respeito aos praticantes ajudarão você a
entender quais são os procedimentos corretos e quais devem ser evitados.

Uma boa aventura para todos!

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REGRAS PARA A CAMINHADA NA MATA NÃO VIRAR PESADELO

Conhecimento: ter informações sobre o local é fundamental.

"Polícia resgata grupo na selva"; "Salvos pelo celular"; "Grupo passa a noite
perdido na mata". Essas manchetes já estão virando rotina quando você abre o jornal
ou liga a TV, geralmente depois de um fim de semana. Outro dia, foi a vez de um
grupo de crianças e adolescentes com idade entre 7 a 17 anos se embrenhar na Serra
da Cantareira, se perder e mobilizar os bombeiros para o resgate concluído um dia
depois.
Felizmente, nada aconteceu ao grupo e eles acabaram rindo da "aventura"
vivida, do medo de serem picados por uma cobra e do improviso de dormir sobre
folhas e se alimentar de "coquinhos"... Por outro lado, 70 homens contando entre
bombeiros, polícia militar e mateiros foram destacados para trazer a turma de volta à
civilização e à segurança.
"Essas situações de pessoas perdidas na mata são cada vez mais freqüentes",
admite o tenente Valdir Pavão, bombeiro especialista em resgate. "É normal que a
incidência cresça porque a prática de atividades outdoor está vivendo um boom. Mas
muitos dos que se aventuram estão despreparados. As situações em que se envolvem
são totalmente previsíveis, um planejamento básico evitaria tudo isso".
Abaixo, estão listadas as regras básicas, contando com as dicas de Pavão, que
podem evitar que uma simples caminhada numa tarde se transforme em pesadelo.
Veja quais são:

1 - Conhecimento
Nunca faça uma caminhada sem conhecer muito bem a região - e não vá além do
trecho que conhece! Caso não esteja familiarizado com o local, vá acompanhado de
um guia. Em ambos os casos, ande apenas pela trilha, inclusive para evitar degradar o
local. E escolha uma caminhada compatível com seu preparo físico.

2 - O clima
Esteja atento à previsão do tempo para aquele dia e de qualquer forma leve um
agasalho e, se possível, capa de chuva. Previna-se contra eventuais mudanças
climáticas e lembre-se de que, no caso de a caminhada se estender por mais tempo
do que o planejado, as noites na mata costumam ser frias, não importa qual seja a
estação do ano.

3 - Vestimenta adequada
Na mata, dê preferência para calça e manga comprida para se proteger. Não se
esqueça de cobrir a cabeça em dia de sol.

4 - Comida e água sempre!


Não importa que a sua caminhada vá durar apenas duas horas ou uma tarde.
Imprevistos podem acontecer e esta duração ser aumentada. Leve alguma comida
(barrinhas de cereais, sanduíche, frutas) e água mineral. A água é fundamental para
evitar a desidratação - não conte apenas com bicas pelo caminho e cuidado para não
tomar água não-purificada!

5 - Avise alguém sobre os seus planos


Deixe sempre alguém ciente de onde você vai iniciar a caminhada e aonde quer
chegar e também da duração estimada desta atividade. Assim, se acontecer algo, esta
pessoa vai perceber a demora e acionar as autoridades. Levar celular - com a bateria
devidamente carregada! - também é importante. "Hoje se tem sinal de celular em
praticamente toda a Serra do Mar (interior de São Paulo), por exemplo", lembra Pavão.

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CUIDADOS BÁSICOS PARA UMA TRILHA SEGURA

Para que esta atividade seja feita com um mínimo de segurança, alguns
cuidados jamais devem ser esquecidos:

Os olhos

Em primeiro lugar vamos falar dos olhos. Bastante diferente de percorrer um


calçadão de praia, quando estamos em uma floresta somos obrigados a ultrapassar
freqüentemente pequenos e médios galhos que parecem ter sido colocados
propositalmente à altura do rosto, mais precisamente dos olhos.
Para nos defendermos desse perigo, potencialmente maior do que a similar
situação durante uma caminhada, em que temos mais tempo de antever o perigo,
temos como solução o uso de óculos com lentes incolores, devido à falta de claridade
em alguns trechos do percurso. Esses óculos podem ser adquiridos em lojas que
comercializam itens de segurança para trabalhos industriais, de carpintaria etc. Estão
disponíveis em modelos diversos.

Cabeça

Pelos mesmos motivos dos óculos, um boné é fundamental para a proteção da


cabeça, testa e orelhas. Ele deve ser de um material suficientemente espesso para
conseguir exercer esta função. A desvantagem é o aumento de calor na região da
cabeça. Portanto, deve haver um compromisso entre a proteção e o calor para
chegarmos a uma espessura ideal do tecido.

O período

Assim como em uma caminhada, sempre que vamos correr em uma trilha
durante o dia devemos pensar na possibilidade de algum acidente que nos obrigue a
continuar no local à noite. E isto representa alguns equipamentos que devem ser muito
bem pensados e estudados para atingirmos o estado-da-arte em termos de volume e
peso: lanterna, faca, entre outros.

Concentração

Devemos ter como norma principal a concentração e a atenção durante todo o


percurso. Bastante diferente do que fazemos durante uma deliciosa corrida na cidade,
quando percorremos uma trilha não podemos nos desligar nem por um segundo de
todo o ambiente à nossa volta, pois é exatamente neste momento que aparece aquela
pedra ou raiz que nos faz tropeçar, torcer o pé ou nos furarmos em algum galho ou
espinho. Minhas cicatrizes comprovam... Além disto, uma desatenção de um segundo
pode nos fazer perder horas procurando a trilha certa pouco tempo depois.

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PRINCÍPIOS DE CONDUTA CONSCIENTE EM AMBIENTES NATURAIS

Hoje, milhares de pessoas procuram ambientes naturais, como parques e


outras áreas naturais protegidas, para atividades de lazer, que vão desde um simples
passeio até a prática de esportes de natureza como caminhadas, montanhismo,
canoagem, exploração de cavernas, mergulho e muitas outras.
Na maioria destes locais a natureza é frágil e precisa ser tratada com cuidado.
Lembre-se que nestas áreas é impossível realizar trabalhos de limpeza e conservação
da forma como acontece nas cidades. Portanto, a proteção destes locais depende
muito do comportamento dos visitantes.
Você pode evitar o impacto da poluição e da destruição das áreas que
freqüenta. É só seguir algumas regras simples como:

Planejamento é fundamental

Entre em contato prévio com a administração da área que você vai visitar para
tomar conhecimento dos regulamentos e restrições existentes. Informe-se sobre as
condições climáticas do local e consulte a previsão do tempo antes de qualquer
atividade em ambientes naturais;

Viaje em grupos pequenos de até 10 pessoas. Grupos menores se harmonizam


melhor com a natureza e causam menos impacto. Evite viajar para as áreas mais
populares durante feriados prolongados e férias.

Você é responsável por sua segurança

O salvamento em ambientes naturais é caro e complexo, podendo levar dias e


causar grandes danos ao ambiente. Portanto, não arrisque sem necessidade;

Calcule o tempo total que passará viajando e deixe um roteiro de viagem com
alguém de confiança, com instruções para acionar o resgate, caso necessário;

Avise a administração da área que você está visitando sobre: sua experiência, o
tamanho do grupo, o equipamento que vocês estão levando, o roteiro e a data
esperada de retorno. Estas informações facilitarão o seu resgate em caso de acidente;

Aprenda as técnicas básicas de segurança, como navegação (como usar um mapa


e uma bússola) e primeiros socorros. Para tanto, procure os clubes excursionistas,
escolas de escalada etc. Tenha certeza de que você dispõe do equipamento
apropriado para cada situação. Acidentes e agressões à natureza em grande parte
são causados por improvisações e uso inadequado de equipamentos.

Leve sempre: lanterna, agasalho, espelho pequeno,celular, bússola, corda,


pinça, material para anotação a prova de água, capa de chuva, kit de primeiros
socorros, alimento e água, mesmo em atividades com apenas um dia ou poucas
horas de duração.

Caso você não tenha experiência em atividades recreativas em ambientes naturais,


entre em contato com centros excursionistas, empresas de ecoturismo ou condutores
de visitantes. Visitantes inexperientes podem causar grandes impactos sem perceber
e correr riscos desnecessários.

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Cuide das trilhas e dos locais de acampamentos

Mantenha-se nas trilhas pré- determinadas – não use atalhos que cortam caminhos.
Os atalhos favorecem a erosão e a destruição das raízes e plantas inteiras;

Mantenha-se na trilha mesmo se ela estiver molhada, lamacenta ou escorregadia. A


dificuldade das trilhas faz parte do desafio de aproveitar a natureza. Se você contorna
a parte danificada de uma trilha, o estrago se tornará maior no futuro;

Acampando, evite áreas frágeis que levarão um longo tempo para se recuperar
após o impacto. Acampe somente em locais pré- estabelecidos, quando existirem.
Acampe a pelo menos 60 metros de qualquer fonte de água;

Não cave valetas ao redor de barracas, escolha melhor o local e use um plástico
sob a barraca. Bons locais de acampamento são encontrados, não construídos. Não
corte, nem arranque a vegetação, nem remova pedras ao acampar.

Traga seu lixo de volta

Se você pode levar uma embalagem cheia para um ambiente natural, pode trazê-la
de volta;

Ao percorrer uma trilha, ou sair de uma área de acampamento, certifique-se de que


elas permaneçam como se ninguém houvesse passado por ali. Remova todas as
evidências de sua passagem. Não deixe rastros;

Não queime, nem enterre o lixo. As embalagens podem não queimar


completamente, e animais podem cavar até o lixo e espalhá-lo. Traga todo o seu lixo
de volta com você;

Utilize as instalações sanitárias que existirem. Caso não haja instalações sanitárias
(banheiros) na área, cave um buraco com quinze centímetros de profundidade a pelo
menos 60 metros de qualquer fonte de água, trilhas ou locais de acampamento, em
local onde não seja necessário remover a vegetação.

Deixe cada coisa em seu lugar

Não construa qualquer tipo de estrutura. Não quebre ou corte galhos de árvores;

Resista a tentação de levar “lembranças” para casa;

Tire apenas fotografias, deixe apenas leve pegadas e leve para casa apenas suas
memórias.

Não faça fogueiras

Fogueiras matam o solo. Para cozinhar, utilize um fogareiro próprio para


acampamento. Para iluminar o acampamento, utilize um lampião ou uma lanterna;

Se você realmente precisa ascender uma fogueira, utilize locais previamente


estabelecidos e semente se as normas da área permitirem. Mantenha o fogo pequeno,
utilizando apenas madeira morta e tenha absoluta certeza de que sua fogueira está
completamente apagada antes de abandonar o local.

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Respeite os animais e as plantas

Observe animais a distância. A proximidade pode ser interpretada como uma


ameaça e provocar um ataque. Além disso, animais silvestres podem transmitir
doenças graves;

Não alimente animais e não retire flores e plantas silvestres.

Seja cortês com outros visitantes

Ande e acampe em silêncio. Deixe os animais domésticos em casa.

Colabore com a educação de outros visitantes, transmitindo os princípios de mínimo


impacto sempre que houver uma oportunidade.

Práticas de baixo impacto para a natureza:

O uso dos caminhos:

1. Sair em grupos pequenos. Os grupos grandes geram maior impacto que vários
pequenos separados entre si.
2. Caminhar em fila sem sair do caminho. Caminhar disperso usando a borda do
caminho, aumenta a erosão.
3. Evitar caminhar sobre solo molhado. O solo carregado de água é mais suscetível à
deterioração.
4. Não caminhar com mascotes como cães ou gatos. Eles podem alterar a fauna local.
5. Manter baixo o nível de ruído. Os ruídos estranhos alteram o comportamento da
fauna e atrapalham pedidos de socorro. Melhore a qualidade da sua experiência na
natureza.
6. Não cortar caminho nas curvas de nível. Andar por linhas de máxima pendente
produz um alto grau de erosão do solo.
7. Fazer os descansos fora da picada e em lugares com pouca vegetação. Fazer os
descansos sobre a picada obriga a outros caminhantes, a sair da mesma para passar
pelo lugar.
8. Traga todo o lixo produzido de volta, separando e destinando a um lugar onde
possa ser reciclado.
9. Em hipótese alguma abra novos caminhos, dê o direito ao próximo de estar em um
local sem interferência. Todos os cumes da serra já foram subidos, não seja apenas
mais um, mas sim aquele que foi gostou e não causou impacto. NÃO CORTE A
VEGETAÇÃO

Em zonas de acampamento:

1. Acampar em lugares permitidos e em zonas livres muito freqüentadas, em lugares


bem compactados.
2. Em lugares pouco freqüentados só acampar em locais livres de vegetação.
3. Nunca acampar em lugares ligeiramente compactados.
4. Sempre que possível faça bivaque.
5. Usar fogareiro em lugar de fogo.
6. Eleger um lugar suficientemente grande para o grupo.
7. Não construir estruturas de nenhum tipo.
8. Em zonas de acampamento usar calçado de sola macia como sapatilhas ou
alpargatas.
9. Evitar o pisoteio de vegetação.

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10. Lavar panelas, pratos e roupas somente com sabão branco e longe dos córregos
de água, utilizando um recipiente.
11. Usar os banheiros se existirem, na falta, ir ao banheiro a mais de 50 metros dos
cursos de água e enterrar os dejetos pelo menos um palmo.

Em zonas onde não existam picadas:

1. Dispersar as atividades e não caminhar em fila. Caminhar em fila onde não existe
picada, deteriora o solo.
2. Eleger zonas de superfícies duráveis, como rocha, cascalho ou cursos de rios.
3. Eleger as zonas de acampamento em locais duráveis, livres de vegetação.
4. Dispersar as atividades quando se acampa.
5. Eliminar todas as evidências de acampamento antes de deixar o local.

Recicle suas atitudes, seja correto e dê o exemplo. Comece agora!

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A ALIMENTAÇÃO E HIDRATAÇÃO DURANTE A TRILHA

Nosso organismo necessita, e muito, de alguma forma de "combustível" para


funcionar e nada mais "alimentar" (com o perdão do trocadilho) que uma boa refeição
quando estamos praticando alguma atividade.
Em atividades outdoor, como o trekking, devemos dar a devida atenção à
alimentação, pois além de garantir o combustível necessário para aproveitar a
atividade ela também garante a nossa saúde.
Dependendo da extensão do seu trekking seu cardápio poderá variar de
algumas frutas e lanches até ter que cozinhar por muitos dias. A regra é: leve o menor
peso, mais energético e maior conservação.

Trekking Leve (1 dia)

Frutas : qualquer tipo, cuide para não amassar dentro da mochila - recomendo
Bergamota (mexerica),laranja ou kiwi pelas vitaminas, Banana pelo potássio e/ou
frutas cristalizadas como figo, ameixa;

Chocolates;

Sanduíches : Presunto, queijo ou salame (preparados no dia), não use maionese,


requeijão. Opte por margarinas light ou geléias. O salame tem maior durabilidade;

Bolachinhas recheadas;

Alguma coisa com um pouco de sal, tipo avelã, amendoim ou castanha de caju;

Um pé de moleque é uma boa pedida e junto com uma Bebida isotônica


(santal/gatorade/red bull) garantem a reposição de sais minerais.

Faça paradas estratégicas para a alimentação, respeite seus horários, pare na


sombra, em um lugar aprazível, descanse o que achar necessário após a refeição.

Evite cardápios exóticos pêlos lugares que passa. Muitas iguarias regionais
são um veneno para quem não está acostumado. Assim como frutas silvestres.

Trekking com mais dias de duração:

Em um Trekking com mais dias adicione a sua mochila:

Frutas : Maçã, laranja;


Leite em pó e café solúvel;
Sopas /macarrão instantâneo;
Patê de fígado ou de frango;
Pão integral ou bisnaguinhas;
Arroz em saquinhos.

Acondicione em embalagens plásticas e não os misture. Se possível, embrulhe


sanduíches e patês em papel alumínio, ele também tem utilidade para outras coisas.
Durante a noite use e abuse de chás naturais. Cidreira, Camomila, marcela,
laranjeira, hortelã, funcho, tudo de graça e muito saudável. Aprenda a identificá-las na
sua cidade em uma visita ao jardim botânico ou floricultura.
Coma em intervalos menores, poucas quantidades e evite alimentação
gordurosa ou que só sirva para "tapar buraco", quando estiver com muita fome beba
água ou outra bebida, isto ameniza a ação dos ácidos e envia uma mensagem para
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nosso cérebro que diminui a sensação de fome.
Nunca é demais lembrar: Não deixe embalagens e alimentos pelos locais que
passam, atraem animais, doenças e deixam sua marca (coisa que a natureza não
precisa). Embrulhe tudo nas embalagens e traga de volta, no máximo material
orgânico poderá enterrado para que a própria natureza recicle-o.

A importância da hidratação

Sem a devida reposição de líquidos, o próximo passo do organismo é,


certamente, desidratar-se. Diante da falta de água, ele passa a absorver do sangue e
de outros órgãos do corpo, o líquido de que precisa, e a pessoa começa a sentir sede,
febre, fraqueza, cãibras, sono, dores de cabeça, boca seca e assim por diante. Para
não passar mal, é importante começar a se prevenir. Segundo a nutricionista Mariana
Rezende Gomes, da Universidade de São Paulo (USP), deve-se beber água uma hora
antes de iniciar a atividade física.
Se o exercício for prolongado, o ideal é tomar um isotônico - 200 a 300 ml -, de
20 em 20 minutos. "O isotônico é mais apropriado durante o exercício, prevenindo as
duas causas principais do cansaço: diminuição do nível de glicose no sangue e perda
de sódio, responsável pelo equilíbrio da pressão sangüínea", explica Mariana.
Cuidado: pessoas que ingerem isotônicos e não praticam atividades físicas
podem ter problemas de pressão, devido ao excesso de sódio.

Estou desidratado?

Outra noção errada é em relação à desidratação e seus sintomas. O atleta que


pratica atividades não prolongadas e não ingere líquidos tem sua temperatura corporal
elevada e cansa mais rápido, em decorrência da perda de nutrientes, o que não quer
dizer que esteja desidratado. Em casos de atividades prolongadas - mais de uma hora
- o que causa tais sintomas é a baixa de glicose no sangue e nos músculos e a falta
de nutrientes e não a falta de água.

É bom saber

São sinais e sintomas de desidratação:

Câimbras musculares através da perda de eletrólitos pelo suor;


Pele com excessiva transpiração;
Irregularidade urinária;
Urina escura e com odor;
Fraqueza e náuseas

Beber pode ser a diferença na própria performance do aventureiro. Segundo


Mariana, pesquisas recentes demonstram que a hidratação normal (ou próxima a esta)
durante o exercício mantém as respostas cardiovasculares e termo-reguladoras, além
de melhorar o desempenho no exercício. Equilibrar é o segredo: adote uma prática de
reposição de líquidos que promova a ingestão na mesma proporção da perda pelo
suor.

Não importa se você está treinando ou competindo. É importante se hidratar


antes e depois de qualquer atividade. Caso o tempo de duração desta atividade seja
mais longo, a hidratação deve ser feita também durante a atividade.

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Dicas rápidas:

- Não se esqueça de checar a procedência da água; prefira sempre levar a sua, em


garrafas, cantil ou squeeze, a comprar de vendedores ambulantes ou beber de fontes
pelo caminho;
- Jogar água sobre a cabeça pode provocar uma sensação muito boa, mas não ajuda
em nada a hidratar o corpo. O líquido tem de ser ingerido;
- Não troque a camisa molhada por uma seca durante a atividade física. Camisas
ensopadas ajudam mais a refrescar; Prefira as roupas claras e de tecidos que
permitam a entrada de ar.

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PRIMEIROS SOCORROS NA AVENTURA

Planejar corretamente, checando todos os itens é fundamental

Para se aventurar com segurança, um dos itens mais importantes é a


preocupação com os primeiros socorros. Saber o que levar e, principalmente, como
utilizar cada equipamento é fundamental para que a sua aventura traga ensinamentos
e experiências agradáveis e inesquecíveis, mesmo se algum imprevisto acontecer no
caminho.

Quando pensamos em primeiros socorros, lembramos de curativos,


atendimento, uso de aparelhos e equipamentos. Porém, para que esse socorro seja
possível e eficiente, deverá ser organizado muito antes da aventura, na sua etapa de
planejamento.
Se você parte para a aventura acompanhado por guias ou com alguma agência
operadora, verifique se a empresa está tomando todos os cuidados necessários com a
sua segurança e se seus guias estão preparados para prestar primeiros socorros,
caso seja necessário. Questione sobre os equipamentos de primeiros socorros, se os
profissionais possuem treinamento adequado e atualizado, qual a infra-estrutura
disponível para lidar com acidentes, etc. Não se arrisque desnecessariamente,
aventurando-se com empresas que não tenham a devida preocupação com o assunto.
Sozinho ou com a ajuda de agências, outro ponto importante é a procura por
informações sobre os lugares que serão visitados. Dependendo do local, é necessário
tomar uma série de precauções em relação a sua saúde e segurança. Por exemplo: ao
fazer uma viagem para regiões onde existam focos de febre amarela, o aventureiro
deverá tomar a vacina pelo menos dez dias antes da viagem, para que a mesma seja
eficaz. Por isso, nada de preparações de última hora.
Informações sobre as características geográficas, a fauna, flora e condições
climáticas também fazem parte de um planejamento adequado: saber o que vestir,
precauções em caso de alergias a certas plantas e animais, etc.
É importante saber que tipo de animais há na região, para que sejam levados
medicamentos específicos. Para áreas onde haja animais silvestres, morcegos, etc,
antes de partir, é bom estar vacinado contra raiva, pois todos eles são transmissores
desta doença.
Informações sobre vacinas e pesquisa das características locais também são
importantes quando a aventura está programada para acontecer em outro país. Tomar
água na Índia, por exemplo, pode significar problemas estomacais, já que a maior
parte da água disponível não é tratada.

Preparando o Kit Básico de Primeiros Socorros

Independente da atividade ou esporte a ser praticado na natureza, é importante


nunca deixar de levar itens básicos em seu Kit de Primeiros Socorros. Prepare-o
também com certa antecedência para que, depois de reunir o básico, possa
providenciar o que há de específico para a atividade que você vai praticar, para o local
e para as pessoas que participarão da atividade.

Os itens básicos são os seguintes:

EPI’s – Equipamentos de Proteção Individual: são as proteções que todos


precisam ter na hora de prestar socorro para evitar contato direto com o sangue e
secreções das vítimas, prevenindo contra contaminações, que podem transformar o
socorrista numa segunda vítima. As principais barreiras universais são as seguintes:
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- Luvas de látex: protege a vítima e o socorrista; todo kit deve ter no mínimo dois
pares de luvas, para o caso de rasgar ou de precisar prestar socorro a mais de uma
vítima (nunca usar a mesma luva em pessoas diferentes pois desta forma a luva
poderá ser um veículo de contaminação entre as vítimas).

- Máscara para ventilação artificial (respiração boca-máscara-boca): as melhores


possuem “válvula de não-retorno”, que permitem que o socorrista insufle os pulmões
da vítima de parada respiratória e evitam, ao mesmo tempo, que o mesmo entre em
contato com as secreções da vítima.

- Óculos: Qualquer tipo é útil para proteger os olhos do socorrista; isso evita o risco de
contaminação via mucosa ocular. Existem modelos modernos e eficientes que podem
ser encontrados nas principais lojas de aventura. Já há modelos adaptados
especialmente para esportes outdoor.

Além das barreiras universais, são necessários materiais para eventuais


procedimentos (curativos e imobilizações, por exemplo):

- Gaze;
- Ataduras;
- Esparadrapo;
- Tesoura com ponta romba;
- Manta térmica aluminizada;
- Soro fisiológico;
- Tala moldável;
- Colar cervical.

Vale lembrar que água e sabão são o que há de melhor para serem usados na
limpeza de ferimentos, inclusive os provocados por animais. Mas, a realização da
limpeza de ferimentos deve considerar os seguintes fatores:

- Tempo decorrido do acidente para o socorro e intensidade do sangramento.

Ou seja, o socorrista deve considerar que sua limpeza irá interferir no processo
de coagulação sanguínea, portanto deverá usar do bom senso para a realização
desse procedimento, considerando também o tipo de acidente que originou a lesão.

O Kit também deve conter medicamentos de livre consumo indicados para


enfermidades clínicas de rotina ou decorrentes da própria trilha. Assim, não esqueça:

- Analgésicos;
- Antitérmicos;
- Colírio;
- Anticépticos;
- Pomada para prevenção de assaduras;
- Anti-histamínicos;

Não se esqueça de levar os remédios que você toma regularmente, de


preferência acompanhados da receita médica devidamente carimbada e com a
orientação clara e legível, para o caso de alguém precisar medicar e você estiver
inconsciente.

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Necessidade do conhecimento em Primeiros Socorros

A tecnologia e os equipamentos na área de primeiros socorros estão cada vez


mais avançados. Porém, sem treinamento adequado, mesmo o melhor equipamento
pode ser uma ferramenta inútil. Até para quem não faz aventuras das mais radicais,
mas gosta de encarar trilhas no fim de semana, é importante o conhecimento básico
em primeiros socorros.
Há opções de cursos em todo o país. Para conhecê-los, entre em contato com
os principais centros médicos e corpos de bombeiros de sua região. Em Alagoas, já há
algumas alternativas específicas oferecidas pelo Corpo de Bombeiros, onde são
disponibilizados curso voltados para o público civil, capacitando pessoas das mais
diversas áreas de atuação com boas noções teóricas e, principalmente, práticas para
a prestação de atendimento pré-hospitalar (primeiros socorros).
Em cursos básicos ou avançados, serão aprendidos procedimentos importantes
que podem salvar vidas em casos onde o socorro médico está distante ou não tem
como chegar com a rapidez necessária.

Procedimentos Básicos

1) Avaliação Inicial

No local do acidente, deve-se fazer uma verificação inicial rápida, observando a


presença de algum perigo iminente, o número de vítimas, a natureza da ocorrência,
sua evolução e que tipo de apoio é necessário.
Devemos tratar toda vítima como portadora de lesão raquimedular e doença
infecto-contagiosa, por isso é imprescindível o uso de Equipamento de Proteção
Individual (EPI).
Antes de qualquer outra atitude no atendimento às vítimas, deve-se obedecer a
uma seqüência padronizada de procedimentos que permitirá determinar qual o
principal problema associado com a lesão ou doença e quais serão as medidas a
serem tomadas para corrigi-lo.
Essa seqüência padronizada de procedimentos é conhecida como Avaliação
da Vítima. Durante o exame, a vítima deve ser sumariamente examinada para que,
com base nas lesões sofridas e nos seus sinais vitais, as prioridades do atendimento
sejam estabelecidas. O exame do paciente leva em conta aspectos subjetivos, tais
como:

 O local da ocorrência. É seguro? Será necessário movimentar a vítima? Há mais


de uma vítima? Pode-se dar conta de todas as vítimas?
 A vítima. Está consciente? Tenta falar alguma coisa ou aponta para qualquer
parte do corpo dela.
 As testemunhas. Elas estão tentando dar alguma informação? O socorrista deve
ouvir o que dizem a respeito dos momentos que antecederam o acidente.
 Mecanismos da lesão. Há algum objeto caído próximo da vítima, como escada,
moto, bicicleta, andaime e etc. A vítima pode ter sido ferida ou mordida por um
animal? Foi envenenada/intoxicada?
 Deformidades e lesões. A vítima está caída em posição estranha? Ela está
queimada? Há sinais de esmagamento de algum membro?
 Sinais. Há sangue nas vestes ou ao redor da vítima? Ela vomitou? Ela está tendo
convulsões?

As informações obtidas por esse processo, que não se estende por mais do
que alguns segundos, são extremamente valiosas na seqüência do exame, que é
subdividido em duas partes: a Análise Primária e Secundária da vítima.
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1.1 Análise Primária

A análise primária é uma avaliação realizada no primeiro contato com a vítima


e é necessária para se detectar e corrigir as condições que colocam em risco iminente
a vida da vítima. Ela se desenvolve obedecendo às seguintes etapas:

 Verificar o estado de consciência;


 Liberação de vias aéreas com controle cervical;
 Checar respiração;
 Checar circulação e grandes hemorragias;
 Realizar exame neurológico;
 Expor a vítima.

Determinar o Estado de Consciência

Uma vítima consciente significa que a respiração e a circulação, ou só a


circulação (em caso de obstrução de vias aéreas), estão presentes. Porém, se ela está
caída ou imóvel no local do acidente, deve-se constatar a inconsciência, chamando a
vítima de 2 a 3 vezes: “Ei, você está me ouvindo?”. Não respondendo, será
considerada inconsciente.

Deve-se ter cuidado para evitar manipular a vítima mais do que o necessário.

Abertura de vias aéreas

Se a vítima não responde a estímulos, realizar a abertura das vias


aéreas para que o ar possa ter livre passagem aos pulmões.
O método consiste na colocação dos dedos, indicador, médio e anular, no
maxilar da vítima, com o indicador na parte central do queixo, que será suavemente
empurrado para cima enquanto a palma da outra mão será colocada na testa,
efetuando uma leve extensão do pescoço.

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Checar respiração

Após a abertura das vias aéreas, deve-se verificar se a vítima está respirando
espontaneamente. Para realizar essa avaliação, o socorrista deve colocar o seu
ouvido bem próximo da boca e do nariz da vítima e ver, ouvir e sentir a respiração.

Para determinar a respiração, o socorrista deve gastar de 7 a 10 segundos na


avaliação.
Se a vítima estiver respirando espontaneamente, haverá pulso.
Descartada a possibilidade de dificuldades respiratórias, o socorrista deve partir para a
verificação de grandes hemorragias. Entretanto, se a vítima não respirar
espontaneamente, é necessário agir imediatamente com estímulos respiratórios (duas
ventilações), pois, ou há alguma obstrução respiratória (Manobra de Heimlich) ou a
vítima está em parada respiratória (sem respirar).
Os procedimentos em Parada Respiratória, Parada Cardiorrespiratória e
Obstrução de Vias Aéreas serão abordados logo mais.

1.2 Análise Secundária

O principal propósito da análise secundária é descobrir lesões ou problemas


diversos que possam ameaçar a sobrevivência da vítima, se não forem tratados
convenientemente, tais como fraturas, escoriações, perfurações, queimaduras, etc. É
um processo sistemático de obter informações e ajudar a tranqüilizar a vítima, seus
familiares e testemunhas que tenham interesse pelo seu estado, e esclarecer que
providências estão sendo tomadas.
A análise secundária não é um método fixo e imutável, pelo contrário, ela é
flexível e será conduzido de acordo com as características do acidente e experiência
do socorrista.

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A análise secundária só deve ser iniciada depois de concluída a análise
primária.

Os elementos que constituem a análise secundária são:

 Análise Objetiva (Exame da cabeça aos pés) - realizar uma avaliação


pormenorizada da vítima, utilizando os sentidos do tato, da visão, da audição e do
olfato, identificando:
o Sintomas - são as impressões transmitidas pela vítima, tais como:
tontura, náusea, dores, etc.
o Sinais vitais - pulso e respiração.
o Outros sinais - Cor e temperatura da pele, diâmetro das pupilas, etc.

Exame da cabeça aos pés

Esse exame não deverá demorar mais do que 3 minutos. O tempo total gasto
para uma análise secundária poderá ser reduzido se um segundo socorrista cuidar de
obter os sinais vitais, enquanto o primeiro socorrista executa o exame do acidentado.

Durante o exame, o socorrista deve tomar cuidado para não movimentar


desnecessariamente a vítima, pois lesões de pescoço e de coluna espinhal, ainda não
detectadas, poderão ser agravadas.

Tomar cuidado para não contaminar o ferimento e/ou agravar lesões. Não
explorar dentro de ferimentos, fraturas e queimaduras. Não puxar roupa ou pele ao
redor dessas lesões.

Ao proceder um exame da cabeça aos pés, procurar seguir o método abaixo indicado:
 Examinar o couro cabeludo, procurando cortes e contusões.
 Checar toda a cabeça, procurando deformações e depressões.
 Avaliar a coluna cervical, procurando deformações e/ou pontos dolorosos.
 Examinar os olhos, procurando lesões e avaliando o diâmetro das pupilas, de
acordo com a tabela a seguir:

DIÂMETRO DAS PUPILAS


Observação Causa Provável
Dilatadas, sem reação Inconsciência, choque, parada cardíaca,
hemorragia, lesão na cabeça
Contraídas, sem reação Lesões no sistema nervoso central,
Abuso de drogas
Uma dilatada e outra contraída Trauma Crânio-Encefálico, Acidente
Vascular Encefálico (AVE).
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 Observar a superfície interior das pálpebras. Se estiverem descoloridas, pálidas,
indicam a possibilidade de hemorragia grave.
 Inspecionar as orelhas e o nariz. Hematoma atrás da orelha ou perda de sangue
ou líquido cefalorraquidiano pelo ouvido e/ou nariz pode significar lesões graves de
crânio.

 Observar a traquéia.
 Examinar clavículas (uma de cada vez);
 Examinar o tórax, procurando por fraturas e ferimentos;
 Observar a expansão torácica durante a respiração;
 Examinar o abdome, procurando ferimentos e pontos dolorosos.

 Examinar a cintura pélvica (bacia) procurando fratura;


 Observar lesões no púbis;
 Examinar as pernas e os pés, procurando ferimentos, fraturas e pontos dolorosos.
Checar presença de pulso distal e sensibilidade neurológica e motricidade.

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 Examinar os membros superiores procurando por ferimentos, fraturas e áreas
dolorosas. Checar presença de pulso distal e sensibilidade neurológica e
motricidade.

 Inspecionar as costas da vítima, observando hemorragias e/ou lesões óbvias.

Sinais Vitais

 Respiração;
 Pulso;
 Perfusão capilar;
 Temperatura, umidade e coloração da pele.

Aliado ao exame da cabeça aos pés, esses sinais são valiosas fontes de
informação, que permitem um diagnóstico provável do que está errado com a vítima e,
o que é muito importante, quais são as medidas que devem ser tomadas para corrigir
o problema.

Esses sinais estão esquematizados nas tabelas a seguir:

RESPIRAÇÃO:

MOVIMENTOS RESPIRATÓRIOS POR MINUTO (M.R.M)

Normal Adulto 12 a 20
Criança (1 a 5 anos) 25 a 28
Criança (5 a 12 anos) 20 a 24
Bebê (0 a 1 anos) 30 a 70

Para medir a taxa respiratória, deve-se contar o número de respirações


realizadas pela vítima no intervalo de 30 segundos e multiplicar por 2, obtendo a
freqüência respiratória por minuto.
Classificar a respiração de acordo com a profundidade (normal, superficial e
profundo), quanto ao tipo (regularidade, simetria e ruídos emitidos), sabendo ao final
se a respiração encontra-se normal ou alterada.

PULSO:

Deve-se determinar se o pulso é normal, rápido ou lento; se o ritmo é regular


ou irregular, e se, quanto à força, ele é forte ou fraco. Na análise secundária, o pulso
pode ser sentido na artéria radial. Caso não seja possível, procurar determiná-lo na
artéria carótida.Utilizar os dedos indicador e médio para verificar o pulso da vítima.

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Nunca verificar pulso através do polegar, pois o socorrista poderá se enganar,
sentindo o seu próprio pulso ao invés do pulso da vítima.
Pequenas variações para mais ou para menos devem ser consideradas
normais, levando-se em consideração o “stress” da vítima envolvido em um acidente
ou com um súbito problema de saúde.

BATIMENTOS POR MINUTO (B.P.M)

Normal Adulto 60 a 80
Criança (1 a 5 anos) 70 a 110
Criança (5 a 12 anos) 65 a 160
Bebê (0 a 1 anos) 150 a 180

PERFUSÃO CAPILAR:

Pode ser obtida pressionando-se o leito ungueal (unha) do polegar da mão ou


pé, conforme a figura abaixo, observando os seguintes valores:

PERFUSÃO MOTIVADOR DE ALTERAÇÕES


Retorna em até 2 segundos Normal
Retorna após 2 segundos Hemorragia intensa (interna ou ext.)
Não retorna Choque - PCR

TEMPERATURA E UMIDADE DA PELE Causa Provável

Choque, hemorragia, perda de calor do


Fria, Úmida corpo, intermação

Fria, Seca Exposição ao frio

Fria, com sudorese excessiva Choque, ataque cardíaco

Quente, Seca Febre alta, insolação

Quente, Úmida Infecções, exaustão pelo calor

COR DA PELE Causa Provável

Acidente vascular cerebral, hipertensão


Vermelha arterial, ataque cardíaco, coma diabético

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Choque, ataque cardíaco, hemorragia,
Pálida, Cinzenta colapso circulatório, choque insulínico

Deficiência respiratória, arritmias, falta de


Azulada, Cianótica oxigenação, doenças pulmonares, certos
envenenamentos

 Análise Subjetiva (Entrevista) - Conseguir informações através da observação do


local e do mecanismo da lesão, questionando a vítima, seus parentes e as
testemunhas.

De modo geral, deve-se, nessa fase, conseguir informações como: nome da


vítima, sua idade, se é alérgica, se toma algum medicamento, se tem qualquer
problema de saúde, qual sua principal queixa, o que aconteceu, onde estão seus pais
ou parentes (se for uma criança), se tem feito uso de algum medicamento ou se
apresenta algum antecedente clínico relevante para a sua melhora.

2. Parada Respiratória

Respirar é essencial. Se esse processo básico cessar todas as outras funções


vitais também serão paralisadas. Com a parada respiratória, o coração em pouco
tempo também vai deixar de bater. Quando isso ocorre, lesões irreversíveis nas
células do sistema nervoso central começam a acontecer, após um período de
aproximadamente seis minutos.

Identificação da Parada Respiratória

Como já foi descrito na análise primária, o socorrista deve:

 Estabelecer a inconsciência da vítima. Encontrando-se sozinho, deve


solicitar ajuda ao confirmar que a vítima está inconsciente.
 Posicionar-se de modo adequado e abrir as vias aéreas, optando por
um dos métodos vistos, de acordo com a necessidade.
 Olhar os movimentos do tórax.
 Ouvir os sons da respiração.
 Sentir o ar exalado pela boca e pelo nariz.
 Observar se a pele do rosto está pálida ou azulada.
 Utilizar de três a cinco segundos para se certificar que respira.

Respiração Boca-a-Boca

Esse tipo de ventilação é desaconselhado, pois coloca em risco a saúde do


socorrista.
Para prover a respiração artificial o socorrista deve:

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Manter as vias aéreas
da vítima liberadas,
colocando a palma de
uma das mãos na testa
da vítima ao mesmo
tempo que, com o
indicador e o polegar,
fecha completamente o
nariz da vítima;

Cobrir a boca da
vítima com sua
própria boca;

 Ventilar a vítima, observando ao mesmo tempo a expansão torácica. Essa


ventilação durará um segundo ou até haver a expansão torácica.
 Se a primeira tentativa de ventilação falhar, reposicionar a cabeça da vítima e
tentar outra vez;

Afastar a boca da
boca da vítima e
observar a exalação
do ar;

 Repetir a ventilação;

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Se a vítima não iniciar
a ventilação
espontânea, checar o
pulso carotídeo para
ver se não será
necessário iniciar a
RCP;

 Ventilar uma vez a cada 5 segundos, se a vítima for adulta (acima de 8 anos);
 Ventilar uma vez a cada 3 segundos, se a vítima for criança (entre 1 e 8 anos);
 Ventilar uma vez a cada 3 segundos, se a vítima for bebê (entre 1 ano e 28
dias);
 Ventilar uma vez a cada 2 segundos, se a vítima for recém-nascido (abaixo de
28dias)

Respiração Boca-máscara

Máscaras faciais são excelentes equipamentos para auxiliar o socorrista


durante uma respiração artificial. Elas permitem reduzir os esforços para manutenção
das vias aéreas abertas e, principalmente, reduzem os problemas de higiene e
contágio de doenças transmissíveis, sempre possíveis quando do contato direto pelo
método boca-boca.

Para prover boca-máscara em uma vítima, o socorrista deve:


 Posicionar-se atrás da cabeça da vítima e abrir as suas vias aéreas, utilizando-
se da tríplice manobra. Se necessário, limpar as vias aéreas.
 Colocar o equipamento de tal forma que o ápice da máscara (elas são
triangulares) cubra o nariz da vítima, e a base se posicione entre o lábio inferior
e a ponta do queixo da vítima.
 Segurar a máscara firmemente contra a face da vítima enquanto mantiver as
suas vias aéreas abertas.

 Fazer uma ventilação e observar a expansão torácica da vítima.


 Afastar a boca do orifício de ventilação da máscara para permitir a exalação da
vítima.

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3. Parada Cardiorrespiratória

Quando o coração pára de bombear sangue para o organismo, as células


deixam de receber oxigênio. Existem órgãos que resistem vivos, até algumas horas,
porém, os neurônios do sistema nervoso central (SNC) não suportam mais do que seis
minutos sem serem oxigenados e entram em processo de necrose.
Desta forma, a identificação e a recuperação cardíaca devem ser feitas de
imediato. Caso haja demora na recuperação cardíaca, o SNC pode sofrer lesões
graves e irreversíveis, e a vítima pode, até mesmo, morrer.

Identificação

 Inconsciência
 Ausência de respiração
 Ausência de circulação

Tratamento

 O socorrista deverá iniciar a massagem cardíaca externa o mais cedo possível.


Para realizá-la deve:
 Posicionar a vítima em superfície plana e rígida em decúbito dorsal, com vias
aéreas permeáveis;
 Expor o tórax da vítima;
Localizar o apêndice xifóide com o dedo indicador de uma das mãos;
 Colocar o indicador e o médio da outra mão acima do primeiro dedo;
 Após colocar os dois dedos, posicionar a região tenar e hipotenar da primeira
mão;
 Posicionar a segunda mão sobre a primeira, cruzando os dedos;
 Os ombros do socorrista devem estar paralelos ao osso esterno da vítima e os
seus braços estendidos totalmente;
 Somente a região tenar e hipotenar da palma da mão toca o esterno da vítima,
evitando-se, dessa forma, pressionar as costelas;
 Em conseqüência da massagem,o esterno, em vítimas adultas, deverá ser
deslocado para baixo entre 4 e 5 cm.

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Nos casos de parada respiratória e cardíaca simultâneas, deve-se intercalar a
respiração artificial com a massagem cardíaca, método conhecido como Reanimação
Cardiopulmonar ou RCP, do seguinte modo:

RCP BÁSICA

 Adulto - 30 massagens por 2 ventilações 100 vezes por minuto.


 Criança -30 massagens por 2 ventilações , 100 vezes por minuto.
 Bebê - 30 massagens por 2 ventilações, acima de 100 por minuto.
 A cada cinco ciclos de 30 massagens por 2 ventilações ou a cada 2 minutos,
checar o retorno espontâneo de pulso e respiração na vítima.

 A cada cinco ciclos de 30 massagens por 2 ventilações ou a cada 2 minutos,


checar o retorno espontâneo de pulso e respiração na vítima.

OBSERVAÇÃO:
 Não interromper a RCP, exceto se:
 A vítima apresentar retorno de pulso e respiração;
 A vítima tiver em condições de contar com recursos mais avançados e com
pessoal apto para prosseguir no tratamento;
 O socorrista estiver completamente exausto.

Casos de sinais evidentes de morte:


 Decapitação
 Calcinação
 Putrefação
 Rigidez cadavérica
 Manchas hipostáticas

4. Hemorragia

Hemorragia é a ruptura de vasos sanguíneos, com extravasamento de sangue.


A gravidade da hemorragia se mede pela quantidade e rapidez de sangue
extravasado.
A perda de sangue pode ocasionar o estado de choque e levar a vítima à
morte.
A hemorragia divide-se em interna e externa.

4.1 Hemorragia Interna

As hemorragias internas são mais difíceis de serem reconhecidas porque o


sangue se acumula nas cavidades do corpo, tais como: estômago, pulmões, bexiga,
cavidades craniana, torácica, abdominal e etc.

SINTOMAS
 Fraqueza; sede; frio; ansiedade ou indiferença.

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SINAIS
 Alteração do nível de consciência ou inconsciência;
 Agressividade ou passividade;
 Tremores e arrepios do corpo;
 Pulso rápido e fraco;
 Respiração rápida e artificial;
 Pele pálida, fria e úmida;
 Sudorese; e
 Pupilas dilatadas.

IDENTIFICAÇÃO

Além dos sinais e sintomas clínicos, suspeita-se que haja hemorragia interna
quando houver:
 Acidente por desaceleração (acidente automobilístico);
 Ferimento por projétil de arma de fogo, faca ou estilete, principalmente no tórax ou
abdome; e
 Acidente em que o corpo suportou grande pressão (soterramento, queda).

Se houver perda de sangue pela boca, nariz e ouvido, existe suspeita de uma
hemorragia no cérebro.
Se a vítima apresentar escarros sanguinolentos, provavelmente a hemorragia
será no pulmão; se vomitar sangue será no estômago; se evacuar sangue, será nos
intestinos (úlceras profundas); e se houver perda de sangue pela vagina, poderá estar
ocorrendo um processo abortivo.
Normalmente, estas hemorragias se dão (se não forem por doenças especiais)
logo após acidentes violentos, nos quais o corpo suporta pressões muito fortes
(colisões, soterramentos, etc.).

4.2 Hemorragia Externa

As hemorragias externas dividem-se em: arterial, venosa e capilar.


Nas hemorragias arteriais, o sangue é vermelho vivo, rico em oxigênio, e a
perda é pulsátil, obedecendo às contrações sistólicas do coração. Esse tipo de
hemorragia é particularmente grave pela rapidez com que a perda de sangue se
processa.
As hemorragias venosas são reconhecidas pelo sangue vermelho escuro,
pobre em oxigênio, e a perda é de forma contínua e com pouca pressão. São menos
graves que as hemorragias arteriais, porém, a demora no tratamento pode ocasionar
sérias complicações.
As hemorragias capilares são pequenas perdas de sangue, em vasos de
pequeno calibre que recobrem a superfície do corpo.

4.3 Métodos para Contenção de Hemorragias

 Elevação da região acidentada: pequenas hemorragias nos membros e outras


partes do corpo podem ser diminuídas, ou mesmo estancadas, elevando-se a
parte atingida e, conseqüentemente, dificultando a chegada do fluxo sanguíneo,
caso não haja suspeita de fratura ou luxação.

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 Compressão Direta: pequenas, médias e grandes hemorragias podem ser detidas
pela obstrução do fluxo sanguíneo, com as mãos ou, preferencialmente, com um
pano limpo ou gaze esterilizada, fazendo um curativo compressivo. É o melhor
método de estancar uma hemorragia.

 Compressão Indireta (ponto arterial): se os métodos anteriores não forem


suficientes para estancar a hemorragia, ou se não for possível comprimir
diretamente o ferimento, deve-se comprimir as grandes artérias para diminuir o
fluxo sanguíneo.

 Torniquete: é uma medida extrema que só deve ser adotada em último caso e se
todos os outros métodos falharem (amputação traumática seguida de hemorragia e
esmagamento de membro). Consiste em uma faixa de constrição que se aplica a
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um membro, cerca de 05 centímetros acima do local da lesão, de maneira tal que
se possa apertar até deter a passagem do sangue arterial. O material a ser
utilizado poderá ser o que houver à mão (gravata, lenço, toalha, suspensório, etc.),
não devendo ser inferior à 2,5 cm de largura para não afetar os tecidos. Deve-se
usar um pequeno rolo de gaze sobre a artéria para ajudar a compressão. Uma vez
realizado o torniquete não se deve mais afrouxá-lo. A parte do corpo que ficou sem
receber sangue libera grande quantidade de toxinas e, se o torniquete for
afrouxado, estas toxinas vão sobrecarregar os rins, podendo causar maiores
danos à vítima.

O torniquete só poderá ser retirado no hospital, quando medidas médicas


forem tomadas.

Tratamento da Hemorragia Interna


 Deitar o acidentado e elevar os membros inferiores (se não houver TCE).
 Prevenir o estado de choque.
 Providenciar transporte urgente, pois só em hospital se pode estancar a
hemorragia interna.

Tratamento da Hemorragia Externa


 Deitar a vítima; o repouso da parte ferida ajuda a formação de um coágulo.
 Se o ferimento estiver coberto pela roupa, descobri-lo (evitar, porém, o
resfriamento do acidentado).
 Deter a hemorragia.
 Evitar o estado de choque.

5. Fraturas

Fratura é a ruptura total ou parcial de osso. Podem ser fechadas ou expostas.

 Fratura fechada: na
fratura fechada não há
rompimento da pele,
ficando o osso no
interior do corpo.

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 Fratura exposta:
fratura na qual há
rompimento da pele.
Neste tipo de fratura
ocorre
simultaneamente um
quadro de hemorragia
externa, existindo
ainda o risco iminente
de infecção.

Identificação

 Dor local: uma fratura sempre será acompanhada de uma dor intensa, profunda e
localizada, que aumenta com os movimentos ou pressão.
 Incapacidade funcional: é a incapacidade de se efetuar os movimentos ou a
função principal da parte afetada.
 Deformação ou inchaço: ocorre devido ao deslocamento das seções dos ossos
fraturados ou acúmulo de sangue ou plasma no local. Um método eficiente para se
comprovar a existência da deformação é o de se comparar o membro sadio com o
fraturado.
 Crepitação óssea: é um ruído produzido pelo atrito entre as seções ósseas
fraturadas. Este sinal, embora de grande valor para diagnosticar uma fratura, não
deve ser usado como método de diagnóstico para não agravar a lesão.
 Mobilidade anormal: é a movimentação de uma parte do corpo onde inexiste uma
articulação. Pode-se notar devido à movimentação anormal ou à posição anormal
da parte afetada. Este método, assim como o anterior, não deve ser forçado. No
caso de dúvida, sempre considerar a existência da fratura.

Tratamento da Fratura Fechada

 Antes e após a imobilização, verificar no membro lesado: temperatura, coloração,


circulação, umidade e sensibilidade;
 Aplicar tração em fraturas de membros sempre que possível;
 Imobilizar a fratura mediante o emprego de talas, dependendo das circunstâncias e
alinhamento do osso;
 Imobilizar também a articulação acima e abaixo da fratura para evitar qualquer
movimento da parte atingida;
 Observar a perfusão nas extremidades dos membros, para verificar se a tala ficou
demasiadamente apertada;
 Verificar presença de pulso distal e sensibilidade;
 Tranqüilizar o acidentado mantendo-o aquecido e na posição mais cômoda
possível;
 Prevenir o estado de choque;
 Remover a vítima em maca;
 Transportar para o hospital.

OBS. Como em qualquer traumatismo grave, a dor e o estado psicológico alterado


(stress) podem causar o choque, devendo o socorrista preveni-lo.

Em fraturas anguladas ou em articulações não se deve tracionar. Imobilizar


como estiver.
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Tratamento da Fratura Exposta

Este tipo de fratura é caracterizado pela hemorragia abundante, risco de


contaminação, bem como lesões de grande parte do tecido. Os procedimentos são:

 Estancar a hemorragia, mediante emprego de um dos métodos de hemostasia


(ação ou efeito de estancar uma hemorragia);
 Não tentar recolocar o osso no interior da ferida. Imobilizá-lo na posição em que
estiver;
 Manter o ferimento coberto com gaze esterilizada ou com as próprias roupas da
vítima (quando não houver gaze);
 Imobilizar com tala comum, no caso de fratura onde os ossos permaneçam no seu
alinhamento;
 Checar presença de pulso distal e sensibilidade.
 Nos casos em que há ausência de pulso distal e/ou sensibilidade, o transporte
urgente para o hospital é medida prioritária.
 Prevenir o estado de choque tranqüilizando a vítima e evitando que veja o
ferimento.
 Remover a vítima em maca.
 Transportar a vítima para o hospital.

6. Acidentes com Animais Peçonhentos


Os envenenamentos são produzidos por picadas ou mordeduras de animais
dotados de glândulas secretoras e aparelho inoculador de veneno. As alterações
produzidas por esses acidentes estão relacionadas à inoculação de uma complexa
mistura de enzimas que ocasionam seqüelas ou até a morte da vítima. Se possível,
deve-se capturar ou identificar o animal que picou a vítima, mas sem perder tempo
com esse procedimento. Na dúvida, tratar como se o animal fosse venenoso.

Identificação

A vítima apresenta as seguintes características:


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 Distúrbios visuais;
 Queda das pálpebras
(ptose palpebral);
 Náuseas e vômitos;
 Pequenas marcas causadas pela picada;
 Dor local intensa;
 Inchaço, hematoma e bolhas no local;
 Dificuldades respiratórias;
 Convulsões; e
 Torpor e inconsciência.

Tratamento

 Não se deve amarrar ou fazer torniquete. Impedir a circulação do sangue pode


produzir necrose ou gangrena; o sangue deve circular normalmente.
 Lavar a ferida com água e sabão.
 Não se deve cortar o local da picada; alguns venenos podem provocar
hemorragias. Os cortes feitos no local da picada com canivetes e outros objetos
não desinfetados, favorecem as hemorragias e infecções.
 Manter o acidentado deitado em repouso, evitando que ele ande, corra ou se
locomova por seus próprios meios. A locomoção facilita a absorção do veneno e
os efeitos se agravam.
 Procurar manter a área picada em nível abaixo do coração da vítima.
 Remover anéis, relógios ou jóias, prevenindo assim complicações de correntes de
inchaço que, freqüentemente, ocorrem nestes casos.
 Levar o acidentado imediatamente para centros de tratamento ou serviço de saúde
para receber o soro próprio.

O soro cura somente quando aplicado convenientemente, de acordo com os


seguintes itens:
 Soro específico.
 Dentro do menor tempo possível.
 Em quantidade suficiente.

7. Insolação e Intermação

São acidentes provocados no organismo pela exposição prolongada ao calor.


Diferencia-se a insolação da intermação, pois a primeira corresponde ao excesso de
raios solares agindo diretamente no indivíduo, enquanto a segunda traduz a ação do
calor em ambientes pouco arejados, durante um trabalho muscular intenso.

Os fatores abaixo concorrem para o surgimento desses tipos de acidentes:


 Umidade do ar: quanto maior a umidade relativa do ar, mais difícil será a
evaporação cutânea e, conseqüentemente, o corpo acumulará maior quantidade
de calor.

 Ventilação: sem circulação constante do ar, o resfria- mento torna-se difícil,


ocasionando esses acidentes em indivíduos que trabalham em fundições, padarias
ou próximos a caldeiras.

 Condições físicas: o excesso de trabalho aumenta a produção de calor pelo


organismo, enquanto a fadiga muscular acumula substâncias tóxicas nos tecidos.
A associação de ambos predispõe ao acidente.

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 Alimentação excessiva: aumenta também a produção de calor corporal.

Identificação

 Dor de cabeça.
 Náuseas.
 Vômitos.
 Pele seca e quente.
 Tonturas.
 Inconsciência e coma profundo.
 Elevação da temperatura corporal.
 Insuficiência respiratória.

Tratamento da vítima

 Levar a vítima para local arejado e fresco.


 Deitar a vítima com o tronco ligeiramente elevado.
 Afrouxar as roupas da vítima.
 Aplicar compressas de água fria sobre a testa da vítima.
 Banhar a vítima em água fresca, acompanhando sua temperatura a cada 15
minutos, evitando resfriamento brusco do corpo.

8. Desmaio e Vertigem

O desmaio consiste na perda transitória da consciência e da força muscular,


fazendo com que a vítima caia ao chão. Pode ser causado por vários fatores, como a
subnutrição, o cansaço, excesso de sol, stress. Pode ser precipitado por nervosismo,
angústia e emoções fortes, além de ser inter-ocorrência de muitas outras doenças.

Vertigem consiste nos sinais e sintomas que antecedem o desmaio.

Identificação

 Tontura.
 Sensação de mal-estar.
 Pele fria, pálida e úmida.
 Suor frio.
 Perda da consciência.

Tratamento

Diante de uma vítima que sofreu desmaio, devemos proceder da seguinte


maneira:
 Arejar o ambiente.
 Afrouxar as roupas da vítima.
 Deixar a vítima deitada e, se possível, com as pernas elevadas.
 Não permitir aglomeração no local para não expor a vítima.

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Saiba o que não fazer

Caso surja a necessidade da prestação de primeiros socorros em alguma


atividade de aventura, o primeiro procedimento é manter a calma para analisar
corretamente o contexto. Mais importante do que fazer algo imediatamente é saber o
que não deve ser feito para não agravar a situação da vítima ou colocar a própria
segurança em risco.
Observe a pessoa que está machucada e, se ela estiver consciente, procure
saber onde ela sente dor. Caso ela tenha sofrido um corte superficial e esteja
sentindo-se bem, deixe-a o mais confortável possível e cuide do ferimento: limpeza e
curativo.
Caso exista a menor suspeita de lesão na coluna, principalmente no pescoço,
evite manipular a vítima, caso não seja extremamente necessário. Manter o pescoço
imobilizado e a coluna alinhada é fundamental para preservar a vida e a qualidade de
vida das vítimas com lesão na medula. Qualquer movimento brusco pode causar
ferimentos sérios, muitas vezes fatais.
Bom senso e tranqüilidade são essenciais para prestar um socorro adequado.
Sempre que não souber exatamente como proceder, a melhor atitude é deixar a
pessoa ferida em um local confortável e procurar ajuda, caso não seja arriscado deixar
a vítima sozinha. Por isso é tão importante nunca enfrentar os desafios da natureza
sozinha. O correto é estar sempre em grupo para que o socorro fique mais fácil.
Curtir a aventura não significa colocar-se em risco de forma irresponsável e
inconseqüente. Ao contrário, ser um aventureiro de verdade significa planejar sempre
para evitar erros e sofrimento desnecessários. Cuidar da saúde e forma física,
informar-se com profissionais confiáveis, procurar operadoras que respeitem sua
segurança e integridade física, buscar treinamentos de qualidade, utilizar
equipamentos adequados e acima de tudo amar e respeitar a vida e a natureza,
certamente garantirão muitos e maravilhosos anos na aventura.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A experiência mostra que atividades desse tipo (ecoturismo, trekking ou


quaisquer outras que envolvam o ambiente de mata) denotam algumas
particularidades que, se não forem levadas em conta na preparação o evento, podem
se transformar em riscos potenciais aos participantes. A mata é um ambiente hostil e o
homem é um intruso. Assim, deve estar preparado para as adversidades que há de se
deparar.
Um bom planejamento pode tornar sua atividade numa aventura inesquecível e
sem maiores problemas. Mas lembre-se que algumas vezes os acidentes são
inevitáveis e devemos ter o mínimo de conhecimento técnico e tranqüilidade para
atuar.
Com estas preocupações em mente, com certeza você terá muitas alegrias por
todas estas trilhas deste mundo afora. E, quem sabe, não nos cruzamos em uma
delas, qualquer dia desses?

Abraço!

Luiz Augusto de Medeiros Lira

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ANEXO

Guia com 122 dicas para prática de Ecoturismo e Esportes de Aventura com
segurança

Por Dr. Clemar Corrêa, especial para o Webventure em 18/11/2002.

Estima-se que cerca de 1,4 milhões de pessoas no mundo cruzam fronteiras


diariamente. O ecoturismo e os esportes de aventura também nunca foram tão
praticados. No entanto, é claro que esse ambiente tem seus perigos, maiores ou
menores.
Então, como preparar essa aventura com um mínimo de segurança? A
resposta é muito complexa, pois envolve inúmeros itens, que vão desde o
conhecimento prévio da topografia e clima do local a ser visitado até as formas de
acionamento de equipes de socorro numa situação de necessidade maior.

Seria impossível esgotar o assunto. Mas seguem abaixo algumas dicas básicas:

1. Procure um lugar compatível com o seu nível físico e técnico e adequado às suas
despesas.
2. Não leve apenas mapas rodoviários. Leve um mapa detalhado da topografia local, o
mais atualizado possível.
3. Plastifique esse mapa!
4. Escolha com rigor os guias, tanto das agências de turismo quanto os moradores
locais.
5. Verifique locais de suporte importante, como oficinas mecânicas, borracheiros,
postos de combustível (e qualidade do mesmo), pequenos hospitais e farmácias,
corrente elétrica, etc.
6. Procure saber se no local há sinal para telefonia celular ou pelo menos telefones de
fácil acesso.
7. Verifique se há ajuda especializada numa emergência médica.
8. As informações de guias podem eventualmente ser tendenciosas. Informe-se
sempre que possível com amigos que já estiveram no local.
9. Vá com um bom carro, de preferência 4x4 e com opção de marchas reduzidas de
alto torque.
10. Não esqueça: principalmente a parte elétrica, mecânica e pneus (e
estepe) devem estar em ordem.
11. Não esqueça chaves de reserva, cópias dos documentos do veículo e da
seguradora do mesmo.
12. Procure levar uma boa bússola e, se possível, um GPS (e saiba usá-lo).
13. Procure conhecer o clima, topografia, animais característicos da região e a
presença principalmente de doenças tropicais ou endêmicas peculiares do local.
Dependendo dessas doenças, pode ser necessário você tomar vacinas.
14. Em Alagoas, você pode obter informações sobre as doenças principalmente em
dois locais:
Hospital Escola Hélvio Auto – Doenças Tropicais. Rua Con. Fernando Lyra, s/nº,
Trapiche da Barra, Maceió – AL. Fones: (82) 3221 3100
Coordenação Geral de Vigilância Sanitária
Praça Visconde de Sinimbu, 161, CEP: 57020-270, Centro, Maceió – AL.
Tel.: (82) 3315-5242 / 3315-5240 / 3315-5241
E-mail: covisamaceio@hotmail.com

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Há vários sites especializados na Internet

15. Tenha sua vacinação contra Tétano em dia !!!. Pode ser tomada em Postos de
Saúde ou clínicas particulares de imunização. Ela é muito importante pois protege
você dessa doença gravíssima, que pode surgir mesmo com ferimentos leves (mesmo
sem “ferrugem”, o que é um mito).
16. Evite tomar qualquer vacina poucos dias antes da viagem, pelo risco de febre e
outros efeitos colaterais. Faça - o bem antes de viajar.
17. Evite contato com água parada, como algumas lagoas e poças. Esse tipo de água
pode transmitir doenças graves. Se molhar seus calçados, meias ou roupas com essa
água, procure se lavar e se trocar, logo que puder.

Quanto aos mosquitos, que incomodam e transmitem doenças importantes:

18. Evite o mato, principalmente fechado.


19. Nos horários do nascer e pôr-do-sol, procure usar mangas e calças compridas e
repelentes.
20. Evite acampar ou ficar em proximidade de rios ou depósitos de lixo.
21. Você pode mandar preparar em farmácias de manipulação o seguinte:
comprimidos de Vitamina B6 (Piridoxina) de 300 MG (não é Complexo B como muitos
pensam). Esse comprimido deve ser encomendado em farmácias de manipulação,
pois a dose de Vitamina B6 é muito alta. Fica pronto em menos de 24 horas, não
precisa de receita e não é caro. Deve–se começar a tomar 1 comprimido pela manhã e
outro à tarde já cerca de 05 dias antes da viagem e continuar tomando durante toda a
sua estadia no local. Essa vitamina, nessa alta dose, é exalada pela pele, sem cheiro
forte, atuando como repelente contra mosquitos (essa ação obviamente não é 100 %
eficaz). É usado por pesquisadores em áreas de transmissão de doenças por
mosquitos.
22. Outra boa opção, mais prática, é comprar em farmácias comuns, cápsulas de óleo
de alho, e tomar 03 a 04 ao dia (pode ser em dose única), iniciando também 05 dias
antes da prova. Não se preocupe: você não vai ficar cheirando alho. Têm a mesma
ação da Vitamina B6.
23. Faça uma ficha médica para cada membro da viagem, aproximadamente do
tamanho de um cartão de crédito, e plastifique–a. Essa ficha deve ficar com você
constantemente e pode ajudar muito numa emergência, principalmente se você não
puder dar informações. Coloque nela seu nome, endereço, convênio, alergias,
doenças prévias, medicamentos que usa, telefone de seu médico e de familiares. Não
a coloque na pochete ou mochila, mas sim num bolso seguro da jaqueta ou calça. O
ideal é pendurá-la no pescoço.
24. Prepare-se física e psicologicamente com seriedade. É difícil
chegar ao nível de um “Rambo”, de um Gurkha ou de um soldado do CIGS, mas vale
a pena tentar. (GURKAs: tropa de origem nepalesa, considerada uma das mais
eficientes do mundo em combate na selva – hoje serve também às Forças Armadas
da Inglaterra)
25. Tenha um bom plano de saúde, com serviço de resgate aeromédico.
26. Dependendo do local e do perfil da sua “aventura”, faça um seguro de vida.
27. Viagem com os dentes em ordem - bons dentistas estarão distantes
28. Se a “aventura” for ser longa e difícil, seus músculos e tendões vão sofrer. Procure
aprender alguns alongamentos e faça-os, sempre que puder. Alongue inclusive
pescoço, coluna, ombros, mãos e pés. Isso melhora a performance física e ajuda a
evitar câimbras.
29. Não se envergonhe de pedir ou aceitar uma massagem. Nos grandes rallies e
competições de esportes outdoor internacionais, várias equipes têm o requinte de
levar seus próprios massagistas!

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Noções de Segurança e Primeiros Socorros para Trilhas Ecológicas
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Quanto ao sono
30. Descanse e durma o melhor possível. Distâncias longas desgastam mais do que
parece e o cansaço físico e psicológico é acumulativo ao longo dos dias. Coca-Cola ou
Pepsi com café ainda ajuda, embora por pouco tempo. Se você tomar alguns “rebites”
ou similares, o sono poderá diminuir por algumas horas. Mas inevitavelmente,
retornará de forma incontrolável, adicionado dos efeitos indesejáveis desse tipo de
medicação. Assim, evite ficar acordado com uso de medicamentos.
31. Quando estiver absolutamente exausto num momento inadequado para dormir
bastante, um “cochilo” ajuda a recuperar energias. Se decidir por isso, procure não
deixar essa “soneca” ultrapassar 40 minutos. Se passar desse tempo, você entrará
numa fase fisiológica mais profunda do sono, e ao acordar no meio dela, estará muito
“sonolento”.
32. Não coma muito antes do sono (procure qualidade e não quantidade).
33. Cuide dos ferimentos e dores antes de dormir
34. Evite tomar muita bebida alcoólica, chá e café à noite.

Confortos, frescuras ou mordomias

35. Acredite no “efeito moral” das coisas. Vários estudos, principalmente em estratégia
militar e de sobrevivência, já provaram que alguns “confortos, frescuras ou mordomias”
são extremamente importantes para combater o estresse físico e emocional,
otimizando a disposição do ser humano, melhorando o "astral" e a performance,
principalmente em situações difíceis. Assim, procure, por exemplo:
36. Se alimentar bem
37. Tomar um bom banho
38. Fazer a barba
39. Aceitar, como dito acima, uma massagem, cuidar dos ferimentos e da dor
40. Dormir confortavelmente
41. Colocar uma roupa mais limpa
42. Deixar as coisas organizadas e limpas (se possível) no carro e no acampamento
43. Evitar ao máximo “discussões”, principalmente com amigos
44. Muito cuidado com rios, lagos, praias e mar. Estudos mostram que o afogamento é
o acidente que mais tira vidas no ambiente outdoor.
45. Informe-se quais são os perigos do local, como corredeiras, rios com sumidouros,
rochas instáveis, animais peçonhentos e não peçonhentos e eventualmente até
indígenas hostis.
46. Tenha um bom Kit de Primeiros Socorros, adequado à sua “aventura”.
47 Faça um bom curso de primeiros socorros. Mas um curso sério, onde não se
mostre o óbvio, que você já sabe.
48. Acidentes podem ocorrer em qualquer lugar, momento ou situação. Surgem
mesmo em situações aparentemente inofensivas.
49. Lembre-se: a prevenção é o melhor remédio.
50. Tenha a humildade de não exceder seus limites físicos e habilidades técnicas.
Muitos atletas experientes, feridos gravemente, confessaram que seus acidentes
ocorreram por confiança excessiva e imprudência!
51. Não dê chance ao azar. Ele (o azar) não as perde.
52. Mesmo não sendo médico, acredite - você é capaz de agir
corretamente na imensa maioria das situações. Diante de qualquer situação de
ferimento, acima de tudo acalme-se e raciocine. Sua experiência e bom senso
certamente vão levar a uma boa conduta.
53. Diante de um acidente, tome muito cuidado ao se aproximar e não se transformar
em mais uma vítima, por exemplo, num atropelamento, queda de rocha, queimadura e
principalmente em ambiente aquático

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As prioridades para uma vítima são as seguintes
54. Acalmá–la conversando e transmitindo segurança.
55. Facilitar sua respiração e proteger a coluna vertebral, principalmente cervical.
Verificar se a vítima está com pulso bom, com boa circulação sanguínea. Se a vítima
estiver conversando, lúcida e respirando bem, há boa chance de não haver risco de
vida.
56. Nessas situações, afrouxe roupas, cintos de segurança, jaquetas e coletes.
57. Diante de sangramentos, evite garrotes ou torniquetes. Faça uma compressão
direta sobre o ferimento, utilizando gaze, um pano limpo ou plástico e enfaixe com
atadura, com uma compressão moderada. Lembre-se: a imensa maioria dos
ferimentos sangrantes assusta muito, mas não são graves.
58. Quando houver uma suspeita de fratura ou fratura evidente de braço ou perna,
também não se assuste! Manipule–a cuidadosamente, sem medo e tente improvisar
uma tala para imobilizá-la.
59. Se após uma queda, por exemplo, você tiver dor muito forte e persistente na
cabeça, pescoço, tórax, abdômen ou bacia, pare, repouse e peça ajuda. Pode haver
uma lesão grave em progressão e você deve imediatamente solicitar um médico
60. Não deixe que o motorista de seu carro exceda os limites de segurança. O
constrangimento, não fazendo um alerta enérgico já causou gravíssimos acidentes.
61. Cobras, escorpiões e outros “bichos” são uma realidade. Botas macias ou
calçados especiais para trekking ou montanhismo são o ideal. Devem de preferência
ter impermeabilidade, canos mais altos e solado grosso e firme.
62. Ao recolocar casacos, botas e entrar em barracas, verifique rigorosamente o
interior das mesmos. Evite pisar no mato, em vegetação rasteira, manipular troncos de
árvore caídos ou similares. Deixe a barraca sempre fechada. Cuidado ao encostar em
árvores e construções rústicas.
63. Cerca de 80% das picadas de cobra são nas pernas, abaixo dos joelhos. Tome
cuidado por exemplo, ao fazer suas ”necessidades fisiológicas” no mato - as picadas
podem ser em outro lugar do corpo e você pode mudar as estatísticas !
64. Após picadas de cobras, não se deve entrar em pânico. Normalmente, o veneno,
ao contrário do que se pensa, leva horas para trazer risco real de vida. A vítima deve
ficar em repouso, não se deve garrotear o membro afetado nem cortar (ou chupar) o
ferimento. Procure um hospital.
65. Nem sempre você percebe que foi picado por uma cobra ou aranha. Diante de um
ferimento suspeito, principalmente com muita dor e inchaço, na altura dos pés ou
pernas, procure um hospital.
66. Nos acampamentos, mantenha fechada a barraca e evite restos de alimentos
próximo dela.
67. Cuidado com uso de lampiões e com a combinação “umidade x fiação elétrica”.
68. Evite montar a barraca dentro do mato e próximo a margens de rios.
69. Evite fogo próximo da barraca.
70. Hidrate-se o melhor possível. Ao entrar num trecho de caminhada onde não há
certeza da existência de água, beba–a bastante, mesmo sem sede. Trabalhos
médicos mostram que a resistência à sede assim será maior.
71. Prefira os líquidos não excessivamente doces e não gasosos.
72. Não tome água de origem duvidosa. Em farmácias você pode comprar um frasco
do produto Hidrosteril ou similar. Trata-se de uma solução química que adicionada à
água “limpa”, torna-a potável em instantes. Nas lojas de camping, pesca e
montanhismo há mais produtos similares.
73. Se você quiser sofisticar um pouco mais, água de rios limpos podem passar por
filtros portáteis especiais, antes do uso das substâncias acima. Tais filtros são
vendidos nessas mesmas lojas.
74. Antes de um esforço físico intenso e longo, coloque bebidas isotônicas no
Camelback ou cantil e não simplesmente água pura. Com suor intenso e prolongado,
se você só tomar água, poderá facilitar fadiga e câimbras importantes.
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75. Outra opção é junto com a água, comer alguns salgadinhos e/ou
frutas.
76. Às vésperas da viagem ou durante a mesma, não experimente novos hábitos,
como comidas não habituais, ou substâncias, vacinas e remédios novos. Você poderá
ter, por exemplo, diarréia, efeitos colaterais ou mesmo reações alérgicas.
77. Durante a viagem, prefira alimentos naturais, principalmente frutas e legumes -
evite alimentos gordurosos, muito condimentados ou de aspecto ou gosto estranhos.
78. Só coma frutas e verduras rigorosamente lavadas com água também limpa. Não
seria exagero evitar saladas quando for desconhecida a qualidade de seu preparo.
Evite igualmente carnes mal cozidas.
79. Evite comidas muito estranhas, principalmente preparadas na rua ou em
restaurantes sujos.
80. A menstruação ou tensão pré–menstrual durante a viagem pode ser muito
incômoda. Adote uma tática usada por atletas olímpicas: se você vai menstruar ou
ficar no período de TPM durante a viagem, converse com seu ginecologista. Com
hormônios simples, ele pode organizar melhor essas situações, por exemplo,
antecipando a menstruação (e a TPM).

Cuidados com o sol

81. Não subestime o sol e o calor. Suas ações são acumulativas e perigosas, podendo
causar queimaduras, desidratações graves, insolação e/ou hipertermia.
82. Em locais com vento forte (mesmo o vento relativo de trechos de ciclismo) ou
ambientes molhados como rafting, canoagem e natação, a ação do sol é menos
percebida e surgem importantes queimaduras de pele que só são percebidas
tardiamente.
83. Use, sob sol intenso, protetor solar, protetor labial, bonés e lenços para a parte
posterior do pescoço
84. Devem ser escolhidos protetores solares sem base oleosa ou gel, no sentido de
não comprometer a sudorese, importante para a termorregulação. Devem ser
aplicados de preferência na pele seca, que absorve componentes importantes
presentes nos bons protetores. Seu efeito não é apenas de uma barreira física ao sol,
mas também química.
85. A aplicação desses cremes deve ser contínua. O suor, a chuva, garoa, umidade,
respingos de água, banhos, água de rios e mar e o próprio atrito com a vegetação e
com a roupa podem continuamente diminuir a camada de creme que protege a pele.
86. Prefira roupas sejam de cor clara e de tecidos que permitam a transpiração.
87. Você não está resgatando prisioneiros americanos no Camboja - portanto
dispense seu espírito de Rambo e suas roupas camufladas. Elas dificultam sua
procura à distância ou mesmo sua localização em caso de resgate.
88. O lençol de alumínio é extremamente útil sob o sol escaldante. Pode ser usado
como uma capa, em situações extremas, como áreas desérticas, sem sombra. Além
de fazer sombra, ele reflete a luz solar, atenuando o seu efeito térmico. É também
mais visível para equipes de resgate.
89. Deve-se evitar ingerir alimentos quentes sob condições de muito calor. Alimentos
frios ajudarão no controle térmico corporal.
90. Em situações de calor extremo, tente molhar constantemente o corpo.
91. Após horas de exercício sob sol forte, com o corpo extremamente quente, você
pode ser atingido por uma chuva ou mesmo a água de rio ou mar. Dependendo da
intensidade do exercício e do calor, a exposição súbita a esse contraste de
temperaturas pode trazer um sensação de “mal-estar” importante, semelhante aquela
que precede os estados gripais. Esse “choque térmico” costuma ser passageiro e não
preocupante.

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92. Mesmo em locais quentes, de madrugada costuma haver frio. Assim, não esqueça
bons agasalhos.
93. Tenha também uma capa ou agasalho impermeável.
94. Em casos de frio intenso, evite ao máximo ficar com roupas molhadas, umidade ou
andar na água. A perda de calor corporal será muito mais rápida e agressiva.
95. Diante de alguém com suspeita de hipotermia, faça o seguinte:
96. Afaste a pessoa do frio, isolando-o o melhor possível.
97. Seque-a o melhor possível, antes de agasalhá-la.
98. Vista-a com roupas que conservam o calor, inclusive cobertores, lençóis
aluminizados e sacos de dormir.
99. Se a pessoa estiver em condições, pode ser estimulada a movimentar-se
(aquecimento “ativo”)
100. Faça massagens vigorosas (se a hipotermia for leve, sem congelamento, por
exemplo, de mãos e pés).
101. A vítima pode ser “abraçada” por várias pessoas, para aquecimento “passivo”
102. Ofereça-lhe alimentos e líquidos quentes.
103. Dê-lhe banhos quentes.
104. Aproxime-a de fontes de calor, como fogueira, radiação solar e lâmpadas.
105. Qualquer pequeno ferimento, como um bolha na mão, uma pequena pedrinha na
bota ou uma deformidade na palmilha podem ser inofensivos num percurso de 02
horas ou trechos curtos. Cuide precocemente deles, pois esses “pequenos
desconfortos” podem gerar ferimentos importantes após dias de caminhada. Cuide
também das suas unhas “encravadas”
106. Evite usar na viagem, pela primeira vez, aquela bota linda e novinha. Prefira
aquela já ‘amaciada “

Cuidado com tempestades e raios. Se surgir tal situação

107. Afaste-se de árvores isoladas, estruturas metálicas, redes elétricas, construções


pequenas de alvenaria.
108. Não fale ao telefone ou celular (nem mesmo utilize Fax-Moden) e disperse grupos
de pessoas.
109. Evite roupas molhadas ou pisos úmidos.
110. O interior de carros é um lugar relativamente seguro (apesar do metal)
111. Afaste-se de motos, bikes e quadriciclos.
112. Dentro de barracas, afaste-se de estruturas metálicas externas e da cobertura
molhada.
113. Evite proximidade de árvores isoladas em áreas abertas e alto de colinas ou
montanhas.
114. Cuidado com estruturas metálicas, por exemplo em mochilas.
115. Saia imediatamente de piscinas, mar ou águas abertas.
(Cultura “extra”: os raios tinham seu Deus na Mitologia Chinesa antiga: Tien Mu. E os
artistas gregos, já em 700 a.C. os descreviam como uma das armas de Zeus).
116. Procure sempre ficar facilmente localizável para os membros do grupo - não
suma!
117. Critique menos e elogie mais. Antes de criticar, procure também reconhecer os
esforços para o que já foi ou o que será feito.
118. Ao fazer uma crítica, faça-a com elegância, eloqüência e respeito.
119. Calma e paciência. Sempre. Principalmente com quem não merece ouvir
injustiças, e que se esforçou para todos ficassem bem !
120. Respeite mesmo a natureza !
121. Respeite a população local. Suas propriedades, seus costumes e
principalmente sua curiosidade e privacidade !
122. Finalmente, lembre-se que você está no campo, floresta, montanha, rio ou mar.

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Em toda parte do planeta, várias e sábias civilizações, grupos humanos e tribos
acreditaram e continuam acreditando que há entidades ou espíritos que povoam e
governam esses ambientes da natureza.
Vários estudiosos, expedicionários, viajantes e atletas também acreditam
piamente na existência deles. Eu também. Inclusive, é muito conhecida a idéia de que
o alpinista alcança o cume de uma grande montanha não quando ele quer ou pode,
mas sim quando “A Montanha Assim o Permite”. Dessa forma, antes de entrar no mar,
num rio, numa floresta, você não precisa conhecer e seguir determinado ritual perante
as entidades que lá estão.

REFERÊNCIAS:

1. Apostila do Curso de Primeiros Socorros para Civis. Corpo de Bombeiros


Militar de Alagoas: 2008.

2. Publicações do site webventure.ig.com.br, com as seguintes autorias originais:

 Evite lesões no esporte de aventura: SIMONE KUROTUSCHE;


 Guia com 122 dicas para a prática dos esportes com segurança: Dr.
CLEMAR CORREA;
 Primeiros socorros na aventura: SIMONE KUROTUSCHE;
 Regras básicas para fazer uma corrida de trilha em segurança:
CARLOS SPOSITO;
 Regras para a caminhada na mata não virar pesadelo: LUCIANA DE
OLIVEIRA;
 Alimentação durante o trekking: MARCOS CIDADE RUPERTI;
 A importância da hidratação: FERNANDA COLAVITTI;

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