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Saúde Mental e Psicologia da Saúde

1. Protocolo de Investigação
Este Protocolo visa elaborar um plano funcional e pragmático de abordagem ao Cancro
da Mama, tanto por parte da mulher que padece desta enfermidade, como por parte do
técnico de saúde (psicólogo, médico, enfermeiro). Assim, pretende-se criar um plano de
optimização do panorama geral existente actualmente em torno desta oncologia
específica.

2. Porquê o Cancro da Mama?


A escolha do Cancro da Mama como tema fulcral desta investigação prende-se com a
relevância que este assunto tem, não só para as mulheres, como também para os seus
conjugues, familiares e amigos; mas principalmente com o facto de ser uma doença, que
se diagnosticada em fase inicial, apresenta prognósticos muito favoráveis e poderá
mesmo vir a deixar poucas sequelas, tanto a nível físico como psicológico. Além das
razões já referidas, é de mencionar que o cancro da mama é uma das formas de neoplasia
mais frequentes nas mulheres. Em Portugal, são diagnosticados cerca de 3500 novos
casos todos os anos, infelizmente, muitos destes casos são já descobertos em fases mais
tardias, em que a cura total se torna mais difícil. Por tudo isto, e porque além de ser
necessário fortalecer o apoio junto dos doentes, é importante direccionar o mesmo para os
familiares e técnicos de saúde.

3. O que é o Cancro da Mama?

Qualquer célula possui um ciclo de vida que passa pelo seu crescimento, divisão e morte,
não sendo por isso as células mamárias excepção. O cancro da mama é um processo
oncológico em que as células sãs da glândula mamária se alteram, transformando-se em
células tumorais que proliferam, multiplicando-se descontroladamente até constituírem o
tumor. Quando este ciclo de vida é abalado e as células continuam a dividir-se, pode-se
estar na presença de um tumor maligno. Este tumor pode-se espalhar e afectar células
saudáveis, podendo mesmo passar para a corrente sanguínea e afectar órgãos vitais como
os pulmões, o útero e o cérebro. O reconhecimento do cancro pode ser feito através da
presença de caroços nos seios. No entanto, é preciso ter-se atenção e não entrar em

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pânico, porque cerca de oitenta a noventa por cento dos nódulos são benignos e muitos
são provocados por alterações hormonais.

Trata-se de uma patologia mais comum entre as mulheres (99%) mas também
afecta indivíduos do sexo masculino (1%). Apesar de 77 % dos casos de cancro da mama
se registarem em mulheres com mais de 50 anos, existe ainda uma percentagem de 3,5%
de incisão em mulheres na faixa etária dos 30 anos. Em 2000 registaram-se 129.698
mortes por cancro da mama na Europa, sendo que a Holanda é o país com mais
incidência, em que se verificam 90 casos por cada mil habitantes. A nível mundial, um
milhão de mulheres desenvolve este tumor e 500 mil acabam por falecer.

3.1. Grupos de Risco


Algumas mulheres são mais susceptíveis a contrair esta enfermidade, constituindo-se
assim do chamado “grupo de risco”. Neste grupo incluem-se:
- Mulheres com idade superior a 50 anos
- Antecedentes familiares de cancro da mama
- Mulheres com período fértil longo (menstruação antes dos 12 e menopausa após os 54)
- Ausência de filhos ou primeira gravidez depois dos 35 anos
- Má nutrição
- Ingestão de álcool
- Obesidade
- Uso de medicamentos contendo estrogénios (substituição hormonal ou pílula anti-
contraceptiva)

3.2. Sintomas
É fulcral perceber que numa fase inicial, os sintomas são praticamente não existentes,
como tal, quando são descobertos os sintomas já são, pertencentes a uma fase mais
avançada e de tratamento mais árduo. Os sintomas mais frequentes são:
- Nódulos na superfície do seio
- Deformação anormal do seio
- Dores nos seios
- Eczema junto aos mamilos

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- Endurecimento do tecido numa dada região do seio


- Retracção ou encovamento do mamilo
- Secreção do mamilo (sangue ou pus)
- Fadiga

3.3. Fases
O diagnóstico através das fases de desenvolvimento de um tumor maligno permite a
definição mais eficaz do tipo de tratamento apropriado. As fases ou estágios são
determinados consoante a extensão do tumor.
0 – Forma mais inicial do tumor, as células cancerígenas estão localizadas numa zona
sem interferir com o tecido gordo que reveste o seio.
I – O tumor tem menos de dois centímetros de diâmetro e não se alastrou à volta do seio.
II – O tumor tem mais de dois centímetros de diâmetro e desenvolveu nódulos debaixo do
braço, do lado do seio afectado.
III – O tumor é superior a cinco centímetros. Os nódulos estão agora unidos uns aos
outros ou em volta do tecido mamário. Não há registo de alastramento a outros órgãos.
IV – O tumor, independentemente da sua extensão, alastrou-se a outros órgãos como
ossos, pulmões ou outros nódulos distantes dos seios.

3.4. Rastreio
O rastreio deve ser efectuado por auto-exame por palpação ou por mamografia, o
importante é estar atento e em caso de dúvida, consultar um médico. Os números são
bastante positivos, sendo que 85 a 90% dos doentes com cancro da mama conseguem
curar-se com um tratamento precoce. Antes dos 35 anos, a mamografia deve ser
efectuada a título de rastreio, entre os 50 e 70 anos este exame deve ser feito anualmente.
Efectuar testes genéticos é ainda outra opção, uma vez que, cerca de 10% dos casos de
cancro da mama são devido a mutações genéticas, assim através destes testes será
possível determinar se uma pessoa tem ou não genes anómalos.

3.5. Cenários

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A taxa de sobrevivência nos cinco anos seguintes ao diagnóstico está dependente do


estado de evolução do tumor aquando da sua descoberta. Os níveis de desenvolvimento
são definidos por fases, sendo que, nas fases 0 e I, 98% dos pacientes sobrevivem neste
período de tempo. Quando o tumor se encontra na fase II, 88% dos enfermos vive cinco
anos. Na fase III, 67 pessoas em cada 100 sobrevivem, e na fase IV só 14 pacientes (em
média) sobrevivem mais cinco anos. Em Portugal, o número de casos registou um ligeiro
aumento, contudo existem também mais diagnósticos de tumor em fase inicial, o que
aumenta as probabilidades de cura. Portugal registou 4000 novos casos de cancro da
mama em 2003 comparativamente ao ano de 2002 em que se verificou 2800 casos, de
acordo com o director do serviço de cirurgia do Instituto Português de Oncologia (IPO).
Segundo o mesmo especialista cada vez mais se faz um diagnóstico precoce deste tipo de
tumor “o número de casos detectado em Portugal em fase inicial aumentou
substancialmente e estes têm 90% de hipóteses de serem curados”.

4. Criação de uma Unidade de Apoio Psicológico


Sendo uma doença crónica, é um acontecimento de vida que perturba o funcionamento do
indivíduo e da família, visto que é nesta altura da vida que as pessoas potenciam o que
são, os problemas que têm, as angústias e os medos. Assim sendo, uma unidade de apoio
psicológico visa orientar, apoiar, encaminhar e integrar as doentes e suas famílias
possibilitando-lhes uma maior autonomia, menor fragilidade emocional e uma maior
consciência e aceitabilidade de uma nova realidade e de si próprio como ser humano, ou
seja, um suporte psicológico contínuo e enquadrado na problemática promovendo a
“reestruturação do pensamento”. Esta unidade pretende ainda englobar os profissionais
de saúde que prestam serviço a estas pacientes, de modo a evitar a impessoalidade nos
serviços e a generalização dos doentes. Esta unidade estaria disponível principalmente
nos IPO, podendo depois estar presente nos principais centros hospitalares.

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4.1. Objectivo Geral


Recolha de informação para a possível criação de uma unidade de apoio psicológico, com
técnicos de saúde sempre disponíveis a prestar aconselhamento e apoio emocional, a
partir do momento de diagnóstico. Este apoio inclui ainda a família e os profissionais de
saúde.

4.2. Objectivo Específico


Prestar qualquer tipo de ajuda ao paciente com o diagnóstico de cancro da mama e
verificar até que ponto se sentem preparados para enfrentar a sua condição. Adopção de
um plano de acção que inclui uma série de etapas, para que, de acordo com cada caso, e
dentro dos seus condicionantes de vida, lhe seja proporcionado uma dita vida “normal”,
dependendo da gravidade da doença:
1º- Aceitação da doença
2º - Preparativos para os tratamentos
3º - Lidar com os tratamentos
4º - Preparação para eventual cirurgia
5º - Lidar e preparar para a cirurgia
6º - Apoio pós-cirurgia
7º - Lidar com a ausência de um peito

• Compreender o impacto interpessoal-como as outras pessoas veem


• Compreender o impacto intrapessoal-percepção da imagem
• Compreender o impacto biológico- imagem corporal
• Compreender o impacto familiar
• Compreender o impacto dos técnicos face à doença

5. Variáveis
- Doença
- Dependentes: factores biológico, social, inter e intra-pessoal relativamente ao paciente;
familiares e profissionais de saúde

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6. Questões de Investigação
- Em que medida as doentes se sentem apoiados por parte de psicólogos?
- Não será necessário disponibilizar apoio psicológico também para os familiares e os
pacientes?
- Face ao diagnóstico e mediante uma possibilidade futura de cirurgia, não precisaram as
doentes de apoio psicológico e emocional para enfrentar um eventual novo corpo?
- Será que as doentes com diagnóstico recente de cancro da mama não carecem de um
apoio psicológico especifico e direccionado as suas necessidades?
- Não precisaram também os médicos de apoio ou aconselhamento psicológico?
- De que forma se pode aperfeiçoar o apoio psicológico prestado às doentes?
- Até que ponto os médicos necessitam de apoio ou aconselhamento psicológico?

7. Metodologia

7.1 Instrumento
Para a recolha de informação foram utilizados três tipos de questionários diferentes, um
para a paciente, outro para a família e finalmente um para o médico, elaborados pelos
responsáveis pela investigação. Eram compostos por perguntas de resposta fechada,
variando nas opções consoante as perguntas. Assim, haviam opções que oscilavam entre
Sim/Não, outras que variavam entre Muito mau; Mau; Razoável; Bom; Muito bom
(escala tipo Likert) e, finalmente, opções de respostas específicas às perguntas. No caso
da paciente foi efectuada uma entrevista para um melhor esclarecimento de informação.

7.2 Participantes

A população-alvo dos questionários era, no caso das pacientes, mulheres após lhes ter
sido diagnosticado o tumor; no caso dos familiares, pessoas que tenham parentesco com
doentes a quem tenha sido detectado tumor na mama; finalmente, médicos que tenham
contacto directo com casos de cancro da mama. Pretende-se aplicar questionários a cerca
de 300 doentes, 300 familiares e cerca de 100 técnicos, em 5 hospitais distritais.

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7.3 Desenho da investigação


Estudo exploratório de carácter quantitativo e qualitativo, com uma amostra de
conveniência.

7.3.1 Recolha e Registo de Dados

Os dados vão ser recolhidos juntos dos doentes e familiares, em 5 hospitais diferentes. Os
investigadores informam que os dados recolhidos são anónimos e confidenciais. Estará
presente em todas as recolhas de dados, responsáveis pela investigação de modo a prestar
todos os esclarecimentos caso existam dúvidas. Após o preenchimento dos questionários
junto dos doentes, familiares e técnicos, pode existir a eventualidade de se colocar
questões abertas, de modo a clarificar a informação cedida anteriormente.

7.3.2. Tratamento dos Dados

Após a recolha dos dados, irá proceder-se ao tratamento estatístico através do


programa SPSS. Serão aplicados os testes necessários à análise e posterior interpretação
dos resultados.

7.3.3 Apresentação dos Resultados

A apresentação dos resultados será feita através de gráficos e tabelas,


acompanhados de uma breve análise descritiva.

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7.3.4. Cronograma

Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro


Revisão de
Literatura  
Tema do
Protocolo 
Construção
do  
Instrumento
Contacto
com 
Instituições
Aplicação do
Instrumento  
Tratamento
dos Dados 
Análise dos
Dados 
Elaboração
do Relatório  
Final
Preparação
da 
Apresentação
Apresentação
Pública do 
Protocolo

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8. Impacto
Espera-se que com a criação desta unidade, as doentes e os respectivos familiares,
bem como os técnicos de saúde se sintam apoiados e orientados em direcção a um
eventual futuro. Pretende-se ainda que com a divulgação desta unidade, se propicie uma
maior aliança entre as doentes e se crie uma inter-ajuda; Conta-se ainda que os técnicos
de saúde reconheçam os limites da sua profissão e, como tal evitem a “mecanização” das
relações médico-paciente e que saber reconhecer e reencaminhar pacientes e/ou
familiares para a unidade de apoio psicológico.

9. Expectativas
Promover campanhas de informação e sensibilização, bem como campanhas de
rastreio. Prevenir depressões e demais estados patológicos e emocionais que possam
advir da doença. Organização e implementação de acções de formação para a
aprendizagem de técnicas e instrumentos, com vista ao “desenvolvimento pessoal”,
dirigidas a grupos de técnicos e grupos de mulheres.

10. Conclusões
Quaisquer que sejam as estatísticas que a investigação clínica apresente ao
mundo, uma coisa fica-se a saber: a psicologia oncológica nasceu porque o cancro é cada
vez mais uma doença crónica. E como tal, a criação de unidades de apoio psicológico
assume-se cada vez mais como algo indispensável ao bem-estar de cada paciente. O facto
de o cancro matar cada vez menos leva a que as pessoas vivam cada vez mais tempo com
a doença, ou a tratar da doença ou já sem doença, mas a precisar de apoio e
acompanhamento periódico e sistemático. Sendo assim, porque não começar desde o
início do diagnóstico?

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11. Casos Clínicos


Foram aplicados três questionários modelo, um ao paciente, um ao familiar e um a
um médico. No caso da paciente

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