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CONSELHO ESTADUAL DE POLÍTICA AGRÍCOLA – CEPA

Lei nº 105 de 29/01/2003

PLANO SETORIAL DA AVICULTURA


(Aprovado pela Câmara Técnica em 22/08/06)

GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS


AÉCIO NEVES
Governador

GILMAN VIANA RODRIGUES


Secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento

MINAS GERAIS / 2007


Índice
1. Apresentação..................................................................................... 3
2. Contexto do setor no Estado.............................................................. 3
2.1. Produção brasileira de carne de frango.......................................... 3
2.2. Exportações brasileiras de carne de frango.................................... 5
2.3. Produção mineira de carne de frango............................................. 6
2.4. Exportações brasileiras de ovos..................................................... 7
2.5. Produção de ovos em Minas Gerais............................................... 9
3. Tendências e oportunidades............................................................ 9
3.1. Aspectos ligados à produção de aves e ovos................................ 9
3.2 Aspectos ligados à qualidade dos produtos.................................... 11
3.3 Aspectos ligados à produtos industrializados.................................. 12
3.4. Aspectos ligados à comercialização de ovos.................................. 11
4. Principais problemas/entraves ao desenvolvimento da cadeia
produtiva da avicultura e principais propostas para solução dos
problemas............................................................................................ 13
4.1. Setor de produção primária......................................................... 13
4.2. Setor de transformação industrial................................................... 14
4.3. Setor comercial.............................................................................. 15
4.4. Setor institucional............................................................................ 16
4.5. Setor de infra-estrutura................................................................. 17
5 . Integração/inserção dos programas já existentes para o setor........ 17
6. Operacionalização............................................................................. 18
7. Equipe técnica................................................................................... 19
8. Parceria.............................................................................................. 19
9. Bibliografia / referências..................................................................... 19

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1 – APRESENTAÇÃO

A avicultura de corte e de postura vem apresentando, desde a década de 70,


importante contribuição à economia estadual e brasileira, seja pela geração de
empregos, riqueza ou, ainda, pela participação ativa nos programas de exportação,
contribuindo para a balança comercial.

O desenvolvimento extraordinário da avicultura brasileira é atribuído a uma


associação entre genética, nutrição, manejo, sanidade e ambiência. O setor avícola
adota com facilidade as novas tecnologias e as técnicas de manejo para obter altos
índices de produtividade.

Apesar de todo esse processo de desenvolvimento, a avicultura mineira


apresenta ainda problemas comuns aos da avicultura brasileira e dos países mais
desenvolvidos do mundo, que interferem diretamente na cadeia produtiva desta
atividade e geram instabilidade na produção e na formação da renda dos produtores.

Além disso, a avicultura mineira está exposta a uma competição de mercado


com países que praticam altos subsídios, barreiras tarifárias e não tarifárias, e a
demanda reprimida de alimentos pelos consumidores, que enfrentam problema da
insuficiência de renda para um consumo adequado de alimentos.

Este trabalho foi elaborado e é apresentado por setores integrantes da cadeia


produtiva das aves, nos quais foram destacados os fatores que impedem o pleno
desenvolvimento da atividade e suas respectivas propostas de solução.

2 – CONTEXTO DO SETOR NO ESTADO

2.1. Produção brasileira de carne de frango

A produção brasileira de carne de frango vem crescendo, desde 1990, à taxa


média anual de 8,8% ao ano, basicamente ancorada no consumo interno que, no
período, cresceu a taxas semelhantes (8,5% ao ano).

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A produção de pintos de um dia determina a oferta de carne de frango. A
capacidade de rápido ajuste no alojamento de matrizes para a produção dessas aves
possibilita ao setor adequar a oferta à demanda em aproximadamente seis meses.

Adicionalmente, a exportação também funciona como variável de ajuste na


produção de frangos. O setor vinha mantendo uma taxa de exportação máxima de
14% da produção até 1999, ajustando-a também de acordo com a demanda interna.
Porém, as crises sanitárias do mal da vaca louca e da aftosa e a ação mais vigorosa
das empresas abriram maior espaço ao consumo da carne de frango brasileira, com a
taxa de exportação passando a 15% em jan/2000 e chegando a 21,5% em 2002.

O Quadro I, abaixo, apresenta os índices de crescimento da produção e do


consumo da avicultura de corte partir de 1990. Estes números demonstram bem o
grau de aderência entre produção e consumo internos. Observa-se que esta
produção, crescente ao longo de todo o período, foi fruto dos incentivos
governamentais, dos esforços privados e da abertura de mercados para a carne
brasileira.
Quadro I - Produção e consumo de carne de frango no brasil
Ano Produção de Consumo interno Consumo per Alojamento de
carne de frango (mil t) capita matrizes de corte
(mil t) (kg/hab) (mil cabeças)
1990 2.267 1.968 13,60 15.932
1991 2.522 2.200 14,96 17.009
1992 2.727 2.351 15,74 17.275
1993 3.143 2.710 17,87 18.913
1994 3.411 2.930 19,06 20.817
1995 4.050 3.617 23,21 22.068
1996 4.052 3.483 22,05 21.773
1997 4.461 3.812 23,83 23.115
1998 4.875 4.262 26,31 25.058
1999 5.526 4.755 29,14 28.966
2000 5.977 5.070 29,91 27.535
2001 6.736 5.486 31,82 28.596
2002 7.517 5.917 33,81 30.499
2003 7.843 5.921 33,34 31.034
Fontes: Abef, APA, UBA, Avisite./Elaboração:Mapa.

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2.2. Exportações brasileiras de carne de frango
As exportações brasileiras de carne de frango vêm crescendo de forma
consistente desde 1990, à taxa média anual de 13,5% a.a. em valor e à taxa anual de
14,1% a.a. em quantidade, segundo a FAO.

Na segunda metade da década, período de crise em mercados importantes,


como a Ásia e a antiga União Soviética, os exportadores brasileiros conseguiram
manter o bom desempenho, aumentando a oferta e a variedade de produtos.

Se até 1993 a exportação de frango inteiro representava mais da metade da


receita cambial com o comércio do setor, a partir de 1994 a venda de frango em
pedaços assumiu a liderança. Entre 1990 e 2002, a exportação de frango inteiro
cresceu 7,5% a.a., enquanto a de frango em pedaços aumentou à taxa de 17,4% a.a.
Destaca-se ainda o aumento da exportação de frango preparado, que representava
somente 0,4% da exportação em 1990 e, com uma taxa de crescimento de 37,2%
a.a., já equivalia a 4,2% do valor exportado pelo complexo frango em 2002.

Em 1997, mesmo com a diminuição de 33% das vendas de frango em cortes


ao Japão, o setor conseguiu redirecionar as vendas para o mercado de frango inteiro,
mantendo o crescimento das receitas cambiais. Em 1998, houve queda de 10% nos
preços internacionais, nova queda nas vendas ao Japão (20%) e diminuição de 33%
nas vendas à Arábia Saudita, maior cliente brasileiro de frango inteiro. Nesse ano
configurou-se a situação mais desfavorável para a exportação de frango em todo o
período posterior a 1990.

Mais da metade da exportação é destinado aos quatro maiores compradores.


No entanto, o índice de concentração de destino, medido pelo IHH, que chegou a
acusar uma alta concentração em 1993 (1.888 pontos), vem baixando desde 1995.

Em 2002 (875 pontos) já se demonstra que as exportações brasileiras de carne


de frango se encontram em bom nível de dispersão. O número atual de países
importadores aumentou de 27, em 1990, para 102 em 2001, tendo sido crescente em
todo o período, o que é um importante indicador de desconcentração e de
competitividade.

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Dos 202 países importadores de frango no mundo, o Brasil ainda não efetuou
nenhuma exportação para 79 deles, entre os quais 19 ilhas do Pacífico, 11 do Caribe
e 17 países da África. Dos 20 maiores países importadores, 15 fizeram importações
em todos os anos. Dos restantes, três iniciaram importações após 1990 e as fizeram
em todos os anos seguintes, enquanto somente dois foram intermitentes, não fazendo
importações durante dois anos do período.

O Oriente Médio, bloco de países onde se concentrou a grande maioria das


exportações na maior parte do período, foi o destino de mais de 37% das vendas
brasileiras até 2000 (chegou a representar 52% em 1993 e só foi suplantado em 1995
pela Ásia). De 1990 a 2001, a participação da União Européia como importadora de
carne de frango do Brasil aumentou significativamente, passando de 11% em 1990
para 33,2% em 2001, quando se tornou o maior destino das exportações
brasileiras.(TABELA I)

Tabela I - Exportações brasileiras e mineiras de frangos (em t)


BRASIL MINAS GERAIS
ANO FRANGO FRANGO PERU
2000 916.093 12.461 -
2001 1.265.886 30.830 4.720
2002 1.599.923 59.304 16.600
2003 1.922.042 52.687 Sem Inf.
2004 2.469.696 77.792 S.I.
Fonte: Abef – Elaboração Avimig fevereiro de 2005

2.3 Produção mineira de carne de frango

Podemos observar, nos quadros abaixo, que a produção mineira de frangos


cresceu ano a ano, a partir do ano 2000, sofrendo uma pequena oscilação em seu
crescimento, passando por uma redução no ano de 2001 e voltando a crescer nos
anos seguintes. Em relação à produção brasileira no ano de 2000, Minas participou
com cerca de 7,78%; em 2001 com cerca de 7,15; em 2002 com cerca de 9,03; e
2003 com cerca de 8,26.

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Estes números apontam Minas Gerais como grande produtor nacional de
frangos e ovos e como um Estado em busca do caminho para se inserir de forma
mais forte nas exportações nacionais destes produtos. (Tabela II)

Tabela II - Produção mineira – frangos


Nº de aves PESO
ANO
(nº cabeças) (ton.)
2000 252.641.760 530.547
2001 246.729.816 540.338
2002 286.125.372 643.782
2003 306.800.000 647.400
2004 315.000.000 660.000
Fonte: UBA - Apinco – Elaboração Avimig fevereiro de 2005

2.4. Produção brasileira de ovos

a) Plantel de poedeiras no Brasil

De 2000 a 2003, aproximadamente 55,5% dos plantéis de poedeiras


encontrava-se na Região Sudeste, seguida da Região Sul (18,5%), Nordeste (15,5%),
Centro Oeste (7,7%) e Região Norte (2,8%) . São Paulo tinha, em 2003, 25,3 milhões
de poedeiras (81% para ovos brancos e 19% para vermelhos). Se este Estado é o
grande produtor nacional de ovos, vale salientar também a evolução de seu plantel,
que em 2002 aumentou 11,2% em relação ao ano de 2000. Contudo, em 2003
diminuiu 11,7%, em comparação com o plantel de 2002. O segundo lugar é de Minas
Gerais, com 5,4 milhões de poedeiras em 2003, sendo 78,7% para ovos brancos e
21,3% para vermelhos. Com o terceiro plantel aparece o Paraná, que em 2003 era de
5,4 milhões de poedeiras, sendo 69,5% para ovos brancos e 30,5% para ovo
vermelhos, seguido do Rio Grande do Sul, com plantel de 4,1 milhões no referido ano,
e de Pernambuco, com 3,6 milhões de poedeiras em 2003. Santa Catarina, em 2003,
possuía 1,5 milhão de poedeiras, sendo 93,3% para ovos vermelhos e 6,7% para

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brancos, sendo o nono plantel do Brasil. Em 2003, o plantel foi inferior em 11,7% ao
de 2002 e 1,7% ao de 2000.

b) Produção de ovos

Os últimos dados do IBGE para 2002 indicam que o Brasil produziu


2.579.213.000 de dúzias de ovos (IBGE-Sidra, 15/06/2004), ou seja, 85,97 milhões de
caixas de 30 dúzias, compreendendo, além da produção comercial, a produção de
ovos tipo “caipira”, tanto a consumida na propriedade quanto a comercializada.

Segundo o Anualpec 2004, p. 261-2, dados fornecidos pela União Brasileira de


Avicultura (UBA), a Associação Paulista de Avicultura (APA) e a FNT Consultoria &
Agroinformativos, que levam em conta apenas a produção comercial de ovos, a
produção brasileira em 2003 atingiu 40,1 milhões de caixas de 30 dúzias, número
este 12,5% inferior ao de 2002 e 5,5% menor que o volume produzido em 2001.
Do total previsto para 2003, são produzidas 22.257.942 caixas de trinta dúzias
(55,5%) na Região Sudeste, liderada por São Paulo, com 76,3% da produção regional
e 42,3% da nacional, seguida por Minas Gerais, com 16,4% da região e 9,1% da
produção brasileira. A segunda região produtora é a Sul, com 18,5% da produção
brasileira. O Paraná produz 49% do total da região da região e 9,1% do total nacional.
O Rio Grande do Sul responde por 37,3% da produção regional e 6,9% da brasileira.
Aparece em seguida a Região Nordeste, com 6,2 milhões de caixas de 30 dúzias,
representando 15,5% da produção nacional. Nessa região, destacam-se
Pernambuco, com 39% da produção regional e 6% da nacional e Ceará, com 24,3%
da produção da região e 3,7% da produção do país.
A Região Centro-Oeste é a quarta em produção de ovos no Brasil, com 7,7%,
sendo o Estado de Goiás o maior produtor, com 56% da produção regional e 4,3% da
nacional.

A Região Norte produz aproximadamente 2,9% da produção nacional, sendo o


Amazonas o Estado de maior produção, com 46,3% da produção regional e 1,3% da
nacional.

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2.5. Produção de ovos em Minas Gerais

A produção estadual de ovos aumentou significativamente de 2000 a 2004, em


Minas Gerais. Os números da Tabela IV, abaixo, indicam a produção de 6.629.042
caixas de trinta dúzias em 2004, volume aproximadamente 1008% superior ao de
2000, que apresentou a produção de 3.903.836 caixas de trinta dúzias.

Tabela IV – Produção de ovos


ANO Produção Mineira – Ovos - CX 30 dúzias
2000 3.903.836
2001 6.163.100
2002 6.599.513
2003 6.396.000
2004 6.629.042
2205 7.455.061
Fonte: UBA - Apinco – Elaboração Avimig fevereiro de 2005

3 – TENDÊNCIAS E OPORTUNIDADES

3.1 Aspectos ligados à produção de aves e ovos

3.1.1 Material genético:

Mesmo com os avanços tecnológicos das atividades corte e postura, a


avicultura ainda será totalmente dependente da importação de material genético nos
próximos anos.

3.1.2 Engenharia de construção e de equipamentos:

Muito embora a engenharia de construção e de equipamentos esteja em ativa


evolução, a utilização dos galpões e dos equipamentos ainda é, em muitos casos,
inadequada e assim permanecerá por mais algum tempo.
O desenvolvimento da atividade avícola exige, atualmente, a construção de
galpões para abrigar lotes com mais de 10.000 aves, obrigando o avicultor a respeitar

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os princípios básicos de produção, o que ainda não ocorre em sua totalidade. O que
se observa, na realidade, é que, a despeito da alta tecnologia disponível, o manejo
dos lotes muitas vezes não tem seguido as recomendações técnicas.
A tendência é de que o manejo continue melhorando, o que significa dizer que,
nos próximos anos, existirá ainda parte da produção de aves e de ovos obtida com
manejo não condizente com o potencial que as instalações e equipamentos oferecem.

3.1.3 Mão-de-obra:

A avicultura é uma das as explorações agro-industriais, que melhor


remuneram; porém deverá exigir, em diversas tarefas, um nível de qualificação maior
do que a alfabetização.

3.1.4 Pintos de um dia:

Existe um aumento geométrico na produção de pintos de um dia, enquanto o


consumo de produtos avícolas e o poder aquisitivo da população não crescem na
mesma proporção, o que acarreta saturação do mercado com oscilações de preços
geralmente desvantajosas para o produtor. Esta situação continuará sem grandes
mudanças nos próximos anos.

3.1.5 Ração:

A avicultura é, basicamente, dependente de milho e soja durante todo o ano.


Em vista da instabilidade de oferta e de preço desses produtos, ocorre elevação no
custo da produção, o que não é absorvido ou remunerado pelo mercado consumidor.
Esta realidade ocorre há mais de 20 anos e assim deverá permanecer, pelo menos
nos próximos anos.

3.1.6 Defesa sanitária:

Apesar do rígido controle existente na produção intensiva, a atividade avícola


está em risco permanente, exigindo a implementação e acompanhamento constante

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do Programa Nacional de Sanidade Avícola, que atende inclusive as criações
extensivas de aves domésticas e silvestres.
Atualmente, os países importadores impõem barreiras sanitárias que impedem
a entrada de produtos avícolas naqueles mercados. Tais barreiras tendem a
permanecer enquanto não forem adotadas medidas corretivas.

3.1.7 Tamanho de granja e organização empresarial:

As empresas avícolas independentes e de pequeno porte, embora em número


cada vez menor, têm custos altos, porque não operam em economia de escala e não
possuem poder de barganha. Estes fatores as tornam mais vulneráveis às oscilações
do mercado.
Além disso, existe nestes casos o agravante da falta de espírito associativista.
Este quadro permanecerá por um algum tempo, porque exige aprendizado e
amadurecimento de alguns produtores, que entram com relativa facilidade e saem da
atividade com prejuízo econômico.
O desconhecimento do produtor, em alguns casos, quanto ao destino e ao
valor sócioeconômico do seu produto, assim como a ausência de centrais para
classificar, industrializar e comercializar ovos, além da má apresentação, manuseio e
exposição inadequados desses produtos no varejo, impedem que o avicultor visualize
os benefícios resultantes do associativismo e da integração.
Embora exista alguma conscientização neste sentido, sabe-se que nos
próximos anos ocorrerá pouca mudança significativa nesse quadro.

3.2 Aspectos ligados à qualidade dos produtos

3.2.1 Inspeção:

Minas Gerais atravessa uma fase de falta de pessoal no que se refere à


fiscalização de produtos de origem animal, o que deverá perdurar ainda por tempo
considerável.
Em alguns casos, frangos enviados ao abate apresentam excesso de gordura
na carcaça. Este fato faz com que o consumidor pague gordura por preço de carne,

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além do que, existe uma rejeição ao consumo de gorduras, em geral. Essa rejeição,
ao que tudo indica, é uma tendência crescente na sociedade.
A classificação de carcaça ainda não é exigida pelos consumidores, por falta
de conhecimento e por não haver diferença de preço decorrente da qualidade.
A falta de rigor nos padrões oficiais para corte e recorte de carcaça, possibilita
fraudes e produtos com excesso de gordura e água.
A tendência, para os próximos cinco anos, é de uma melhor conscientização e
educação do consumidor quanto à mudança de hábitos de consumo e à adoção de
uma postura exigente quanto à qualidade do produto a ser adquirido.

3.3 Aspectos ligados a produtos industrializados

Ainda existe um número deficiente de indústrias de abate em Minas Gerais e


as existentes, em alguns casos, estão pouco equipadas para oferecer carcaças e
cortes mais elaborados, como, por exemplo, produtos desossados, moídos e
conservados (temperados e embutidos).
No que se refere a ovos de consumo, um número pequeno de empresas
trabalha com produtos semi-elaborados, quais sejam, ovos liqüefeitos e ovos
liofilizados, o que já ocorre em outros Estados.
A tendência é que haja mais investimentos em produtos industrializados e
elaborados.

3.4. Aspectos ligados à comercialização de ovos

Alguns produtores desconhecem os procedimentos necessários à manutenção


da qualidade, externa e, principalmente, interna de ovos para consumo.
Além disso, verifica-se pouca fiscalização sobre varejistas e atacadistas quanto
aos seguintes aspectos:

a) Entrada de ovos no Estado sem informação de origem e sem registro da data de


postura.

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b) Uso de embalagens sem identificação tanto no atacado quanto no varejo. Muitas
vezes ocorre reutilização de embalagens, o que pode acarretar problemas sanitários
na própria granja.

c) Prática desonesta quanto ao tamanho e peso de ovos, por ocasião da classificação


e da embalagem do produto.

d) Finalmente, cita-se a pouca orientação ao consumidor no que diz respeito à


qualidade de ovos, para que o mesmo possa ser mais exigente por ocasião da
compra. A tendência é de conscientização do consumidor, durante os próximos anos,
para exigir as mudanças relativas à comercialização de ovos.

4 – PRINCIPAIS PROBLEMAS/ENTRAVES AO DESENVOLVIMENTO DA CADEIA


PRODUTIVA DA AVICULTURA E PRINCIPAIS PROPOSTAS PARA SOLUÇÃO
DOS PROBLEMAS
4.1 – Setor de Produção Primária
PROBLEMAS/ENTRAVES SOLUÇÕES
A) Profissionalização da atividade Proporcionar maior qualificação técnica e
avícola - Despreparo da mão-de-obra gerencial aos produtores de aves e técnicos
utilizada nas pequenas e médias que atuam nesse segmento da produção,
unidades produtivas, bem como o em todo Estado de Minas Gerais, por meio
deficiente gerenciamento nessas de “Programas de Qualificação de Mão-de-
unidades avícolas, são responsáveis, em Obra” e de “Programas de Gestão do
parte, pelos baixos índices zootécnicos e sistema de Produção da Avicultura”,
econômicos verificados neste segmento tornando os sistemas de produção mais
da produção, através dos levantamentos competitivos e gerando produtos de melhor
zootécnicos e econômicos elaborados. qualidade para o mercado consumidor, sem
prejuízos ao meio-ambiente.
B) Crédito Rural - A disponibilidade do Intensificar ações junto aos agentes
crédito rural muitas vezes é insuficiente e financeiros no sentido de adequar o aporte
inoportuna, não atendendo às demandas de recursos financeiros de forma suficiente
dos produtores rurais quanto aos e às épocas demandadas.
custeios e investimentos, dentro do
calendário agrícola.

13
4.2 – Setor de transformação industrial

PROBLEMAS/ENTRAVES SOLUÇÕES
A) Adequação Ambiental e Gestão - Discutir, definir, adequar e unificar, com
Modelos inapropriados de gestão base técnica e científica, os dispositivos da
ambiental praticados pelas unidades de legislação ambiental relacionados a
produção e processamento dos produtos atividade avícola, visando facilitar seu
avícolas. cumprimento.
Criar e implantar “Programa de Gestão
Ambiental” para a Avicultura em todo o
Estado de Minas Gerais, visando a o
cumprimento das exigências requeridas
pela Legislação Ambiental;
Adequar linhas de crédito para garantir a
implementação do programa;
B) Setor de industrialização - A atuação Estimular o Sistema de integração, o
isolada dos pequenos e médios Cooperativismo e o Associativismo dando
produtores de aves fragiliza as ênfase em regiões onde essa atividade
negociações frente a um mercado ainda é incipiente;
produtor de insumos e comprador de
produtos organizado e não lhes permite
negociar melhores preços para a
aquisição de insumos e serviços
necessários ao desenvolvimento de suas
atividades, bem como da
comercialização de seus produtos.

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4.3 – Setor comercial
PROBLEMAS/ENTRAVES SOLUÇÕES
A) Instabilidade de oferta e preços - Mais Promover, por meio de parcerias público-
de 90% dos frangos produzidos em privadas, ações de caráter educativo e
Minas Gerais são abatidos em projetos de educação sanitária dirigidas aos
abatedouros com inspeção federal ou produtores e aos consumidores, com o
estadual; porém, parte da intuito de coibir a prática da informalidade e
comercialização de aves no Estado garantir a segurança alimentar.
ainda é feita na informalidade, gerando Disponibilizar, por meio de projetos
riscos à saúde humana. negociados, estruturas e equipamentos
coletivos de abate de frangos e
processamento de ovos, aliados a ações de
fiscalização por parte das prefeituras para
coibir a comercialização informal.
B) Promoção de campanhas de Realizar campanhas de divulgação e
marketing para aumentar o consumo de valorização do consumo de frangos, ovos e
frangos e ovos - Pouco uso da mídia subprodutos a partir de ações políticas
para promover as qualidades e conjuntas com os representantes da
vantagens do consumo de frangos e iniciativa privada, visando ao aumento do
ovos e seus subprodutos junto aos consumo per capita;
diferentes segmentos da sociedade, Criar programas sociais que tornem
além da insipiência dos programas disponíveis o frango, os ovos e subprodutos
institucionais de fornecimento de frangos para a merenda escolar e população
e ovos à população carente. carente;
Promover internacionalmente os produtos
avícolas do Estado de Minas Gerais;
C) Mercado externo - Pouco uso da Realizar campanhas de Marketing de
promoção de marketing externo para divulgação e valorização dos produtos
promover a qualidade e a diversificação avícolas produzidos no Estado de Minas
dos produtos avícolas Minas Gerais junto Gerais visando à exportação para os países
aos diferentes segmentos de importadores no mercado internacional de
compradores internacionais. frangos, ovos e subprodutos avícolas;

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4.4 – Setor Institucional

PROBLEMAS/ENTRAVES SOLUÇÕES
A) Inspeção, fiscalização e assistência Fortalecimento institucional do IMA e da
técnica - Escassez de recursos Emater-MG, proporcionando condições
humanos, materiais e financeiros dos materiais, humanas e financeiras a estas
órgãos de inspeção, fiscalização e instituições oficiais, no sentido de adequá-las
assistência técnica para o cumprimento estruturalmente à execução destas
das ações que lhe são inerentes. atividades;
Implementação de programa de
rastreabilidade dos produtos avícolas.
B) Fortalecimento do modelo de Estimular a desenvolvimento e a participação
integração - A atuação isolada dos dos pequenos e médios produtores em
pequenos e médios produtores de modelos de integração, através de
frangos e ovos eleva seus custos campanhas de divulgação e valorização do
de produção, reduz a sua margem de modelo de integração e da facilitação da
lucro e dificulta sua inserção no entrada de pequenos e médios produtores
mercado e a negociação de melhores neste modelo produtivo.
preços para a aquisição de produtos e
serviços necessários ao
desenvolvimento de suas atividades.
C) organização empresarial - A atuação Proporcionar maior qualificação gerencial
dos produtores do setor avícola de aos produtores de aves que atuam no setor,
forma empresarial desorganizada em todo Estado de Minas Gerais, por meio
fragiliza sua atuação frente a um de “Programas de Gestão do Sistema de
sistema de venda de insumos e de Produção da Avicultura”, tornando os
compra de produtos organizado e gestores da produção avícola mais eficientes
competitivo, não lhes permitindo e competitivos.
melhores negociações necessárias ao
desenvolvimento e à sobrevivência de
suas atividades.

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4.5 – Setor de infra-estrutura

PROBLEMAS/ENTRAVES SOLUÇÕES
A) Transporte rodoviário - A Promover a recuperação e conservação da
deterioração da malha viária no Estado malha viária do Estado, compreendida pelas
de Minas Gerais inviabiliza estradas rurais, vicinais e estradas tronco;
investimentos em logísticas orientadas Implementação de projetos específicos de
para a busca de maior racionalidade na melhoria da malha viária e rede vicinal do
definição de rotas de captação e Estado.
distribuição dos produtos avícolas.
B) Energia - Insuficiência de oferta de Aumentar a oferta de energia elétrica, a fim
energia elétrica, principalmente nas de proporcionar a viabilidade de
regiões mais deprimidas do Estado. investimentos a todos os elos da cadeia
produtiva.

5 – INTEGRAÇÃO/INSERÇÃO DOS PROGRAMAS JÁ EXISTENTES PARA O


SETOR

A Portaria Ministerial nº 193, de 19 de setembro de 1994, consolidou e


reestruturou o PROGRAMA NACIONAL DE SANIDADE AVÍCOLA (PNSA), no âmbito
do MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO, considerando a
importância da produção avícola nacional no contexto interno e internacional, a
necessidade de normalização das ações de acompanhamento sanitário relacionadas
ao setor avícola, observando o processo de globalização mundial em curso, tanto
quanto a necessidade de estabelecimento de programas de cooperação entre as
instituições públicas e privadas.

O setor produtivo tem procurado se adequar ao Programa Nacional e em


recente reunião da Câmara Técnica o IMA concedeu prazo até dezembro de 2006
para que o transporte e abate de poedeiras de descarte seja adequado as diretrizes
do PNSA.

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6 – OPERACIONALIZAÇÃO

Elaboração e proposição de um “Programa de Qualificação de Mão-de-Obra” e


do “Programa de Gestão do sistema de Produção da Avicultura”, com vistas a tornar
os sistemas de produção do segmento da avicultura mais competitivos, gerando
produtos de qualidade para o mercado consumidor, sem prejuízos ao meio-ambiente.

Discussão, formatação e apresentação de uma proposta junto aos agentes


financeiros no sentido de adequar o aporte de recursos financeiros para o bom
desempenho da atividade avícola.

Criar e implantar um “Programa de Gestão Ambiental” para a Avicultura no


Estado de Minas Gerais, visando ao cumprimento das exigências requeridas pela
Legislação Ambiental.

Discutir modelos e elaborar uma proposta que estimule o Sistema de


integração, o Cooperativismo e o Associativismo dando ênfase às regiões onde essa
atividade ainda é insipiente.

Promover, por meio de projeto em parceria público-privada, ações de caráter


educativas e projetos de educação sanitária dirigidos aos produtores e aos
consumidores, com intuito de coibir a prática da informalidade e garantir a segurança
alimentar.

Realizar uma campanha de divulgação e valorização do consumo de frangos,


ovos e subprodutos, a partir de ações políticas conjuntas com os representantes da
iniciativa privada, visando ao aumento do consumo per capita.

Elaborar e apresentar aos governos federal e estadual um documento com


propostas que tornem disponíveis o frango, os ovos e subprodutos para a merenda
escolar e para a população carente.

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Promover discussões e elaborar uma proposição para recuperação e
conservação da malha viária do Estado, compreendida pelas estradas rurais, vicinais
e estradas tronco.

Promover discussões e elaborar uma proposição para aumento da oferta de


energia elétrica, a fim de proporcionar a viabilidade de investimentos em todos os elos
da cadeia produtiva.

8 – EQUIPE TÉCNICA

Dirceu Alves Ferreira – Emater- MG


Carlos Cabral Lage – IMA
Max Augusto Jorge – Epamig

9 – PARCEIROS
Associação dos Avicultores de Minas Gerais - Avimig
Instituto Mineiro de Agropecuária – IMA
Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado de Minas Gerais – Epamig
Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais – Emater
Aviário Santo Antonio
Rio Branco Alimentos - PIF-PAF
Universidade Federal de Minas Gerais - Ufmg
Universidade Federal de Lavras - Ufla
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Mapa
Companhia Nacional de Abastecimento - Conab
Granja Planalto
Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais – Faemg
Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais – Ocemg

10 – BIBLIOGRAFIA / REFERÊNCIAS

Revistas da Avimig. Diversos publicações.


Revista: Casemg Abronegócios, Ano I, Nº 2
Revista de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas. Julho/Agosto, 2003.

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Cenário Futuro do Negócio Agrícola de Minas Gerais. Volume XIV. Cenário Futuro
para Pequena Produção Familiar em Minas Gerais.
Revista de Política Agrícola do Ministério De Abastecimento /Conab. Ano VIII, Nº3.
Revista Relatório Anual da Abef, 2003
Revista Anualpec.
Sites:
Aroanalysis.
Avisite.
Avimig.
Safras e Mercado.
IBGE.

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CÂMARA TÉCNICA SETORIAL DE AVICULTURA

Coordenador - Luiz Cássio da Paixão _ FIEMG/Aviário Santo Antônio

Relator - Dirceu Alves Ferreira _ EMATER

1. Dirceu Alves Ferreira _ EMATER


2. Marcos Meokarem _ EMATER (Suplente)
3. Octávio Rossi de Morais _ EPAMIG (Titular)
4. Ana Júlia Sacramento Resende _ EPAMIG (Suplente)
5. Cristina Pena Abreu _ IMA (Titular)
6. Graciene Alves de Carvalho _ IMA (Suplente)
7. Luiz Fernando Teixeira Albino _ UFV (Titular)
8. Antônio Gilberto Bertechini _ UFLA (Suplente)
9. Adevaldo Antônio de Castro _ SEF (Titular)
10. Carla Porto Coelho _ SFA (Titular)
11. João Batista Amorim _ SFA (Suplente)
12. Vito Cardoso de Moraes _ APHCEMG (Titular)
13. José Cândido da Paixão _ APHCEMG (Suplente)
14. Antônio Carlos de Souza Lima Neto _ FAEMG (Titular)
15. Márcio Carvalho Rodrigues _ FAEMG (Suplente)
16. Luiz Cássio da Paixão _ FIEMG/Aviário Santo Antônio
17. Luiz Carlos Mendes Costa _ FIEMG/PIF PAF (Suplente)
18. Guilherme Gonçalves Teixeira _ FETAEMG (Titular)
19. Leandro Soares Moreira _ FETAEMG (Suplente)
20. Antônio de Melo Silva _ COGRAM / OCEMG (Titular)
21. Carlos Eduardo Ávila Borges _ OCEMG (Suplente)
22. Emílio Elias Mouchrek Filho _ SMEA (Titular)
23. José Flávio Mesquita _ SMEA (Suplente)
24. Marília Martha Ferreira _ SMMV (Titular)
25. Tarcísio Franco do Amaral _ SMMV (Titular)

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COMITÊ GESTOR DA CÂMARA TÉCNICA SETORIAL DE AVICULTURA

a) Dirceu Alves Ferreira – Emater – Coordenador


b) Carlos Cabral Lage – IMA
c) Octávio Rossi de Morais – EPAMIG
d) Rodrigo Almeida Pontes - FAEMG

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