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EDUCADOR E A MORALIDADE INFANTIL:UMA VISÃO CONSTRUTIVISTA

Percebe-se que em seu trabalho diário com os alunos, os professores deparam-se


constantemente com pequenos conflitos, desavenças e crises repentinas. Diante desses
conflitos ou de um "mau comportamento" da criança, mostram-se inseguros, não sabendo
quais são as condutas mais adequadas para lidar com o problema. Não querem repetir um
modelo de educação autoritária que receberam, porém não sabem como colocar os
parâmetros, ficando muitas vezes sem ação diante de um comportamento indesejável da
criança. Desse modo, acabam desembocando num outro extremo que é a permissividade ou o
espontaneísmo, dando larga margem de liberdade às crianças. Qualquer tentativa de restrição
ou de limite é vista como um ataque à liberdade, privacidade ou espontaneidade. Há o medo
de traumatizar. É a visão de que as crianças são naturalmente puras e boas e os adultos devem
deixar que isso aflore naturalmente, como se elas fossem, com o tempo, se autogerindo. Estão
formando pequenos "tiranos", futuros jovens e adultos que não levam em conta as pessoas, as
leis e regras em consideração, nem mesmo os sentimentos (a não ser o deles próprios é claro).

O desenvolvimento da autonomia moral é uma meta importante para a educação, e a escola


de educação infantil constitui local adequado para o desenvolvimento das diversas relações de
colaboração e cooperação. Piaget (1967) assinala que, "se para aprender matemática, química
ou gramática é necessário realizar experimentos e analisar textos, para aprender a viver em
grupo é necessário ter experiências de vida em comum". De acordo com esse ponto de vista, a
igualdade, por exemplo, não se pode aprender com lições ou teorias sobre o assunto, mas
experienciando relações de igualdade.

Importante destacar que desenvolvimento moral denomina-se o desenvolvimento dos


sentimentos, das crenças, valores e princípios. Segundo Jean Piaget, "toda moral consiste num
sistema de regras, e a essência de toda moralidade deve ser procurada no respeito que o
indivíduo adquire por essas regras" (1932/ 1977 p.11). Essa afirmação que Piaget faz é
fundamental e bem complexa, pois para ele o mais importante não é possuir esse ou aquele
valor moral, mas sim o motivo pelo qual aceitamos ou seguimos esses valores, dessa forma a
moralidade implica em refletir no porquê seguir certas regras ou leis e não outras, muito mais
do que simplesmente obedecê-las (Menin, 1996).

Piaget (1932/ 1977) explicou que, assim como o desenvolvimento da inteligência, o


desenvolvimento moral também é uma construção interior (lembrar que inteligência, segundo
esse autor, são estruturas específicas para conhecer, é a forma e não o conteúdo), portanto o
sujeito tem um papel ativo na construção dos valores e normas de conduta. Há uma interação,
isto é, um caminho de ida e volta, com o indivíduo atuando sobre o meio e o meio sobre ele, e
não simplesmente a internalização pura desse ambiente. A moralidade é construída, não vem
pronta. Uma criança aprende o que vive e se torna o que experimenta.

Portanto justificar o mau comportamento do sujeito como conseqüência unicamente dos


meios de comunicação, principalmente a televisão, que explora a violência e a pobreza
cultural, ou atribuir exclusivamente a culpa à desintegração da família, alegando que os pais
são separados, que não colocam limites ou são autoritários demais, etc ou também a questão
da escola ou a influência dos amigos, e por fim há os que consideram essas atitudes (mau
comportamento) como sendo desvios de personalidade (indivíduo apático, indiferente,
agressivo, egoísta, etc). Essas alegações é a visão de um indivíduo que simplesmente
internaliza as influências do meio em que vive e como dito anteriormente, não é isso que
ocorre.

Ao contrário do que se pensa, os valores morais não são ensinados diretamente. Não se pode
ensinar a ser honesto, justo ou a respeitar o outro com sermões, histórias ou lições de moral. A
criança irá construir sua moralidade (sentimentos, crenças, juízos e valores) a partir de sua
interação com as inúmeras e cotidianas experiências que tem com as pessoas e com as
situações.

Porém, o desenvolvimento intelectual é condição necessária, mas não suficiente para o


desenvolvimento moral. Assim o professor tem como intenção favorecer a conquista da
autonomia moral da criança deve, necessariamente, trabalhar o desenvolvimento da
inteligência de seus alunos. Sem ela a moralidade não se desenvolve, mas, priorizar apenas a
cognição é insuficiente. Para Piaget, é a harmonia entre a inteligência e a vontade que
realmente revela o homem maduro, quando a moral e inteligência se reúnem. A expressão
desenvolvimento moral abrange, então, "a vida afetiva, as relações interpessoais, a vida moral
e a construção dos valores" (Feltram, 1990, p. 77).

Contudo se o que se deseja é que ela construa tais valores, será necessária sua interação em
situações onde a h

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