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Projecto
Introdução
(...) Do itaque ipsi castello de Abrantes terminos et divisiones per Ozezar (...),
et ultra Tagum per lombum de super vinea dos freires do templo et inde sicut vadit
per lombum illum de super ipsa mata Dalcolvra et inde quo modo fert in Arracef in
Almegian ad Pontem de Soor (...) Rui Azevedo, Documentos Medievais Portugueses, Tomo I,
Vol. I, APH, Lisboa, 1940.
(...) Item est carta de donatione que dedit Concilium Elborense (...) Cuius
herdeditatis isti sunt termini sicut dividuntur per marchos et divisiones, silicet per
primum Marchum qui est positus in Castello Latronibus et deinde eundo directe ad
allium Marchum qui est positus in buca de furadoiro in via que venit de Elbora
contra peçenas exeunde de Exara (...). Pedro Azevedo, Livro dos Bens de Dom João de
Portel. Cartulário do Século XIII. Lisboa, Arquvo Histórico Português, 1910.
Ou seja: E também há a carta da doação que deu o Concelho de Évora (...)
De cuja herdade estes são os termos, no modo em que são divididos por marcos e
divsões, assim: pelo primeiro marco que se pôs no Castelo dos Ladrões e daí
seguindo directamente a outro marco, que se pôs na boca do furadouro na via que
vem de Évora contra Pecenas partindo de Exara.
Para esclarecer os critérios da tradução, basta registar que alterámos a
pontuação para tornar a leitura mais clara, sem alterar o sentido. A tradução de
Castello Latronibus por Castelo dos Ladrões, presume que a extensão do ablativo, de
castello para latronibus, que dado o nominativo castellum se deveria enunciar no
genitivo latronum como seu determinante possessivo, é regida pela preposição in,
extensão canónica no latim cartulário medieval.
Num trabalho com alguns anos, em nota a propósito de uma outra importante
área do território eborense e da circulação viária e da sua colonização durante os
séculos XIII e XIV (6), o nó viário de Pontega ou Castelo do Mau Vizinho,
notávamos:
“Entre os séculos XIII e XV, as propriedades do Cabido nesta zona, tinham já,
entre outras, as seguintes confrontações:
A herdade de Pontega, que fora de Afonso Annes, irmão de Pero Anes e filho
de João Pires Aboim, e escambada por uma herdade de Martinhanes de Rodes,
confrontava com Gonçalo Mendes e, no século XV, com Álvaro Pires de Castro.
B.P.E. CEC.3.I e CEC.3.VII a, b, c e d; CEC.3.VIII.
A herdade de Almansor confrontava com várias herdades de Dona Ouruana,
mulher de Pai Gomes Carrinho, Çarrinho ou Charrinho, porventura o trovador. Tanto
o cavaleiro como a mulher deixaram o seu nome amplamente espalhado na toponímia
da região, caso da Herdade da Serranheira ou Çarrinheira e do Poço de Dona
Ouriana, ou da Oruana, na periferia urbana de Évora. Confrontava ainda com Álvaro
Pires de Castro e uma herdade que, segundo informação do Manuel Branco, em 1521
foi comprada por Simão Correia e sua irmã Joana, a prioreza do mosteiro do Paraíso.
B.P.E. CEC.3.I, CEC.3.II e Livro nº 1 do Convento do Paraíso, fol. 26. E
A herdade da Çarrinheira, onde recolhi para o Museu de Montemor o Novo
uma lápide funerária romana de dois irmãos Caecilius Niger e Caecilia Aranta e um
belíssimo sarcófago, foi doada por Dona Ouruana ao Capítulo de Évora.
A herdade do Pigeiro fora de Rui Queimado, trovador, e a de Vale de
Sobrados confinava com Rodrigo Anes da Rigueira, de família trovadoresca, e mais
tarde com Alvaro Pires de Castro. Ainda com um Dom Airas, que presumo ser Airas
Nunes, fidalgo, cónego de Évora e trovador.
Esta herdade, que se chamou a Torre do Daião, em referência à majestosa
mansão romana de aparelho megalítito cujas ruínas ainda se vêem, foi escambada no
século XVI com o Conde de Vimioso D. Francisco de Portugal, por confinar com o
seu morgado da Sempre Noiva. B.P.E CEC.3.I. e 3.VII a.”
I
Itinerário. Antecedentes.
III
Itinerário. Um novo horizonte.