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INTRODUÇÃO
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Em face destas constatações, julgámos haver espaço para desenvolver e
aprofundar um conjunto de diagnósticos e reflexões sobre o estado actual da
educação em Portugal. Hoje, mais do que nunca, a discussão gerada em torno da
educação em Portugal, as suas graves carências, as polémicas emergentes em
torno do tema e a exigência educativa resultante da globalização e da consequente
intensificação da competitividade global, merecem uma reflexão profunda sobre o
tema: foi isto que nos motivou.
I - Razões
Exemplos
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II – Diagnóstico da situação actual
Portugal é um país de baixa literacia. A suportar esta afirmação está o baixo nível
de escolaridade da população bem como as elevadas taxas de analfabetismo dos
grupos etários mais velhos. O sistema de ensino caracteriza-se pelo elevado
abandono escolar, provocado quer pela adopção, no passado, de um modelo de
crescimento sustentado em mão-de-obra intensiva e baixos custos salariais, quer
pela elevada taxa de insucesso escolar, a qual foi por sua vez motivada pelo baixo
grau de motivação e débil situação financeira das famílias.
1º Noruega – 12,6
2º Nova Zelândia – 12,5
3º EUA – 12,4
5º Alemanha – 12,2
11º Suécia – 11,6
12º Irlanda – 11,6
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Recente publicação do INE “A Península Ibérica em Números – 2009” refere que a
formação escolar dos empregadores portugueses é substancialmente inferior à da
população empregada, à dos seus colegas espanhóis e à média dos empregadores
da União Europeia, segundo dados relativos a 2008.
Portugal surge também entre os seus pares com um nível de produtividade per
capita que representa 75% da média da UE a 27 (dados da Comissão Europeia).
- Efectuar um esforço nacional para que todos os jovens em idade escolar e/ou a
frequentar a escola terminem a escolaridade obrigatória, se necessário com o apoio
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social do Estado em casos de manifesta dificuldade das famílias, através de bolsas
escolares para os alunos carenciados mas que revelem elevados resultados
escolares.
- Redefinir o critério dos apoios escolares com base no IRS das famílias uma vez
que estes são por vezes deturpadores das verdadeiras necessidades das famílias já
que se assiste a situações em que famílias não necessitadas usufruem de apoios
que depois faltam a famílias mais necessitadas cujo acesso a livros escolares ou
refeições lhes são vedadas.
I - Razões
II – Diagnóstico da situação
* Elevado nível de abandono escolar no país que atinge cerca de 36% da população
estudantil no secundário e 10% no básico (informações do Governo veiculadas
pelo 1º Ministro em entrevista televisiva realizada em finais de 2008).
Considerando a faixa etária dos 18 aos 24 anos a taxa de abandono escolar
atingiu em 2006 os 39.2% contra uma média da UE a 15 de 17%.
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2006) contra 3% e 3,9% respectivamente registados como média dos países da
OCDE.
* Sentimento negativo por parte dos alunos, das famílias e da sociedade em geral
no que concerne à qualidade do sistema de ensino nacional.
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- Premiar sempre os melhores nunca baseando essa avaliação exclusivamente nos
resultados escolares (nas notas) mas igualmente premiar os melhores
comportamentos (esforço e dedicação). Esta será uma forma de motivar os que
apresentam maiores dificuldades de aprendizagem (e que nunca são os primeiros)
mas fazendo-os sentir que as atitudes também se valorizam. Em resumo combater
a cultura da desistência e trabalhar por uma cultura do saber e do conhecimento.
I - Razões
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II – Diagnóstico da situação (Dados do Eurostat)
Para termos uma ideia da nossa posição vejamos alguns exemplos de países
referência (dados de 2006):
Finlândia – 6.14%
Irlanda - 4.74%
Dinamarca – 7.98%
Suécia – 6.85%
Noruega – 6.55%
Nota: Dados mais recentes de 2007 apontaram para uma despesa pública em
educação de 5,3%, em linha com a média da OCDE.
Finlândia – 6.1%
Irlanda - 4.7%
Dinamarca – 8%
Suécia – 6.8%
Noruega – 6.6%
* A despesa por aluno em relação ao PIB per capita também registou um dos
valores mais elevados entre os países da UE com esta a atingir em 2005 os 27,8 %,
acima dos 25.2% da UE a 27. Comparando com os mesmos países temos:
Finlândia – 24.1%
Irlanda – 18.7%
Dinamarca – 29.1%
Suécia – 26%
Noruega – 22.7%
Os países que afectam uma maior percentagem da sua despesa pública à educação
foram a Irlanda, a Dinamarca e a Polónia (um pouco acima dos 12%) embora
abaixo dos 15% dos EUA.
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III - Propostas de Acção
- Equacionar aumentar a carga horária nas disciplinas inseridas nas áreas científicas
e tecnológicas acima referenciadas.
I - Razões
Este sentimento tem crescido de forma muito acentuada nos últimos 10/12 anos
curiosamente quando se começou a falar na “paixão pela educação” nas diversas
tentativas políticas de dar à educação um outro grau de qualidade e
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competitividade e após a moda surgida com os rankings – nacionais e
internacionais.
Não é porém aceitável desvalorizar uma profissão cujo papel na sociedade é tão
importante e que diz respeito à responsabilidade de ensinar, orientar, formar os
cidadãos (crianças e jovens) deste país. Ainda que esta responsabilidade deva ser
partilhada entre professores, pais e tutores.
Citando Lee Iacocca no seu livro “Onde estão os bons líderes?” – diz o mesmo o
seguinte: “Estamos mesmo virados do avesso. Numa sociedade racional completa,
os professores estariam no topo da pirâmide não perto da base. Nessa sociedade,
os melhores de entre nós aspirariam a ser professores e os restantes teriam de se
contentar com outra coisa. O trabalho de passar os conhecimentos civilizacionais de
uma geração para a seguinte deveria ser a maior honra que alguém poderia ter”.
Inúmeros jovens que outrora se encontravam fora das redes de ensino, estão hoje
a frequentar a escola – hoje é designada escola inclusiva - O surgimento de turmas
com uma enorme diversidade de alunos quanto à sua maturidade intelectual,
socialização, moralidade, iniciativa e capacidade de comunicação, dificultou o papel
do professor. Exige-lhe um novo tipo de competências. O ritmo das inovações no
saber e das temáticas a ensinar obriga-os a estar permanentemente actualizados,
impondo-lhes metodologias de ensino muito diversificadas.
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papel levou a uma drástica redução do tempo que o professor dispõe para estar
com os seus alunos.
Por tudo isto, “a profissão do professor é hoje mais complexa, onde a incerteza, a
ambiguidade das suas funções são o melhor traço definidor”. (Carlos Fontes).
II – Diagnóstico da situação
* Transição para uma escola inclusiva onde todos têm lugar, independentemente
da sua origem familiar, quadro socioeconómico, raça ou credo, esta consagrada aos
seguintes princípios: a) o direito à educação independentemente das diferenças
individuais; b) as necessidades educativas especiais abrangendo não apenas
crianças com problemas, mas todas as que possuem dificuldades escolares; c) a
escola dever adaptar-se às especificidades dos alunos e não o contrário; d) o
ensino diversificado e realizado num espaço comum a todas as crianças. No fundo
criou-se um modelo de pertença a uma instituição.
* Excesso de burocracia que retira aos professores tempo para se dedicarem aos
alunos, à preparação das aulas, às matérias, ao estudo e à investigação.
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III - Propostas de Acção
- Criar um quadro disciplinar único, rígido e claro no que diz respeito à punição dos
actos de indisciplina, agressão ou ofensa, praticados por alunos no recinto escolar.
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E – Ajustamento do ensino às necessidades efectivas do país
I - Razões
Já no que diz respeito ao ensino não superior, o que nos merece reflexão é o facto
deste muitas vezes não reflectir e não promover o que de mais relevante se espera
dos estudantes: interesse pela aprendizagem, vontade de aprender, assimilação
dos conhecimentos escolares exigíveis à classe etária, formação cívica e humana,
sensibilidade para a aprendizagem científica e tecnológica na justa medida do que é
esperado a este nível, capacidade de competir com os seus pares e evolução
cultural. Daqui resulta muitas vezes um elevado e precoce abandono escolar com o
consequente nivelamento por baixo do grau de escolaridade da mão-de-obra
nacional, com os consequentes reflexos negativos no grau de produtividade e
competitividade empresarial que tanto afecta o país.
II – Diagnóstico da situação
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* Este existe num quadro de diferentes graus – coexistindo com o ensino
secundário geral e de cariz técnico-profissional, temos o ensino médio (politécnico)
e o ensino de nível superior universitário.
Defendemos:
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- A exigência pela tutela de uma melhor qualidade do ensino superior privado e a
implementação de acções adequadas de monitorização do mesmo.
* Portugal entrou na média da OCDE quanto aos resultados obtidos nos testes de
Português, Ciências e Matemática.
* Portugal foi o quarto país que mais progrediu na literacia de leitura entre 2000 e
2009; foi o quarto país que mais evoluiu na literacia Matemática entre 2003 e
2009; foi o segundo país que mais evoluiu quanto à literacia nas Ciências entre
2006 e 2009.
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* Na leitura, os alunos portugueses ultrapassaram os colegas de cinco países; nas
Ciências os de quatro países e na Matemática os de dois países. Por exemplo em
2006, os resultados na literacia Matemática obtidos pelos alunos nacionais ficaram
31 pontos abaixo da média da OCDE enquanto no estudo de 2009 esta diferença
passou apenas para 9 pontos face à média.
* No conjunto dos resultados obtidos nos testes, Portugal está à frente de países
como a Alemanha, Áustria, Bélgica, Eslováquia, Espanha, França, Grécia, Itália,
Luxemburgo, Republica Checa e Reino Unido.
* 35,6% dos estudantes portugueses afirmam ter hábitos de leitura como uma das
suas actividades preferidas contra uma média de 32,9% da OCDE embora em
regime “on line” leiam menos jornais e visitem mais chats e e-mails.
* Portugal tem uma das mais altas taxas de reprovação dos países da OCDE com
35% dos alunos a “chumbarem” um ou mais anos contra uma taxa média da OCDE
de 13%. Apenas a Espanha, França e Luxemburgo apresentam uma taxa de
reprovação superior à nacional.
Nota: regista-se neste item uma evolução negativa quer para Portugal quer na
média da OCDE face aos dados obtidos no PISA 2006 e que apresentámos
anteriormente neste documento. Tal leva-nos a concluir que o critério que estamos
a considerar difere do anterior uma vez que os dados de PISA 2009 fazem
referência a um ou mais anos de reprovação.
G – Conclusão
- Exigente
- De qualidade
- Disciplinador
- Motivador
- Integrador social
- Um instrumento de inter-relação entre o ensino e o meio profissional/empresarial
- Um factor de competitividade, de crescimento e de desenvolvimento do país.
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particular, para o que consideramos serem hoje, alguns, sublinhamos, alguns, dos
principais problemas que atravessam o sistema de ensino em Portugal. Não
dispomos de soluções mágicas nem saberes transcendentais. Apenas nos
dedicámos o melhor que sabíamos e no tempo que dispusemos, a reflectir e
analisar estes problemas, a diagnosticá-los e a apresentar, de boa fé, os nossos
pontos de vista e o que julgamos serem algumas soluções através de propostas de
acção concretas.
Algumas delas serão concretizáveis, outras talvez não o sejam, porém o nosso
objectivo final é levar-nos a todos a reflectir e debater o tema e a apontar alguns
caminhos.
Este trabalho nada mais pretende por isso do que relançar a reflexão sobre este
tema, talvez um dos mais importantes para a evolução do país, agora e no futuro,
e cujo contributo para a produtividade, competitividade, atitude cívica,
desenvolvimento e coesão social é, sem sombra de dúvida, essencial para Portugal.
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