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CENTRO DE EDUCAÇÃO
Matemática da Paraíba
JOÃO PESSOA – PB
2006
2
Matemática da Paraíba
Paulo Freire
4
Matemática da Paraíba
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________
Profº. Dr. Rômulo Marinho do Rego (UFPB)
Orientador
_________________________________________________
Profª. Drª. Ana Alice Rodrigues Sobreira (UEPB)
Examinadora
_________________________________________________
Profª. Drª. Janine Marta Coelho Rodrigues (UFPB)
Examinadora
5
Dedico aos meus filhos Leyne, Luciano e Juliana, em especial ao meu filho neto
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente ao meu bom Deus, pois sem ele não tinha conseguido
perseverança nos momentos mais difíceis e assim concluir mais esta etapa na busca do
conhecimento.
Agradeço ao meu esposo Ladislau Rodrigues Gomes, pela força nos momentos de
fraqueza, pelo companheirismo durante as longas viagens para João Pessoa e Campina
Agradeço aos meus pais pela confiança que sempre depositaram em mim, pelos
Agradeço ao meu orientador, o Professor Dr. Rômulo Marinho do Rêgo, pela atenção
trabalho.
Agradeço aos meus amigos professores da FAMASUL Amaro José Bezerra e Vanda
Valéria Rodrigues pelo apoio e ajuda no final do trabalho e ao meu ex-aluno hoje também
durante a pesquisa.
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RESUMO
Esta pesquisa analisou como está se processando a implantação das mudanças curriculares
nos Cursos de Licenciaturas em Matemática da Universidade Federal da Paraíba, da
Universidade Federal de Campina Grande e da Universidade Estadual da Paraíba quanto à
formação para o uso de materiais concretos, jogos, desafios e quebra-cabeças matemáticos.
Consistiu no levantamento das ações que estão sendo executadas e/ou implantadas nesta
direção, e uma análise das crenças e concepções dos professores mais diretamente envolvidos
com este processo. O levantamento foi realizado a partir da aplicação de um questionário aos
professores formadores de formadores e o levantamento das concepções dos professores
diretamente responsáveis por ações nesta área – coordenadores e envolvidos com as
atividades aqui estudadas – por meio de uma entrevista semi-estruturada, que foi gravada e
transcrita. A análise das concepções teve como referência: 1. as tendências relativas a
concepções sobre a matemática e as praticas de ensino, explicitadas por Fiorentini, 2. o grau
de influencia do ambiente matemático nas instituições voltadas para a formação de bacharéis
e 3. o conhecimento e a aceitação das propostas de mudanças. A análise final indica uma
predominância entre os coordenadores das concepções formalistas e tecnicistas e entre os
professores uma maior identificação com as correntes ativistas e sócio-históricas. Concluímos
pela existência de barreiras para a implantação das mudanças curriculares, havendo tendência
para a permanência de processos de ensino baseados na transmissão do conhecimento. Foi
detectado ainda indicações de uma maior abertura para as mudanças propostas entre os
docentes ligados a grupos associados a proposta da Educação Matemática.
ABSTRACT
This work analyzed the way the establishment of syllabus changes is taking place in the
Licenciature Courses in Mathematics in the Federal University of Paraiba, Federal University
of Campina Grande and the State University of Paraiba as to the training for the use of
concrete materials, games, quizzes and puzzles in Mathematics. It consisted of the analysis of
the actions that are being conducted and/or established in this direction, and a survey of
beliefs and conceptions of the teachers who are more directly involved with this process. The
analysis was carried out from the application of a questionnaire for the teachers who are
trainers of the trainers and the analysis of the conceptions of the teachers directly responsible
for the actions in this área – coordinators and those involved with the activities studied hereby
– by means of a semi-structured interview that was recorded and transcribed. The analysis of
the conceptions had as its reference: 1. trends related to the conceptions about Mathematics
and the teaching practices stated by Fiorentini, 2. the degree of influence of the mathematical
environment on the institutions that graduate bachelors and 3. the knowledge and acceptance
of the proposals of changes. The final analysis indicates a predominance among the
coordinators of the formalist and tecnicist conceptions, and among the teachers a greater
identification with the activist and socio-historic fields. It was concluded that there are
barriers for the establishment of syllabus changes, with the trend for the permanence of
teaching processes that are based on the imparting of knowledge. We detected indications of a
greater opening for proposed changes among the teachers involved with groups associated
with the proposal of Mathematics Education.
SUMÁRIO
RESUMO
ABSTRACT
APRESENTAÇÃO -----------------------------------------------------------------------------------11
CAPÍTULO III…………………………………………………………………………......69
10
CAPÍTULO IV………………………………………………………………………........87
4.1. Projetos Políticos Pedagógicos dos Cursos de Matemática da UFPB, UFCG E UEPB......87
APÊNDICE A ....................................................................................................................116
APÊNDICE B .....................................................................................................................124
ANEXOS ………………………………………………………………....…………….....125.
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APRESENTAÇÃO
A matemática e o seu ensino são construções sociais e deste modo recebem influências
maneira de agir e de pensar dos professores em sala de aula, constituem segundo Shöenfeld,
(Apud RÊGO et all, p.26, 2006) a principal fonte das concepções e crenças desenvolvidas
pelos alunos sobre a ciência e o seu ensino. As concepções, conforme Moron e Brito,
constituem a “maneira própria de cada indivíduo elaborar, interpretar, representar suas idéias
e agir de acordo com as mesmas. É construída a partir das experiências individuais que são
Usaremos o termo crença com o significado de ser uma parte do conhecimento sem
uma maior elaboração, tendo sido desenvolvida sem levar em conta critérios de racionalidade
nem o confronto com a realidade empírica. Tanto as crenças como as concepções contribuem
para os indivíduos organizarem suas idéias, e neste sentido, serão por nós consideradas.
Desse modo, elas representam neste contexto, o que conhecemos vulgarmente por “filosofia
Pesquisa conduzida por Thompson (1997) mostrou que “crenças, visões e preferências
principalmente dos docentes, pois estes, ao influenciar nos seus comportamentos pedagógicos,
almejadas.
temporalmente. A sua prática docente pode contribuir para reforçar ou ajudar a superar
do que seja esta disciplina, como se aprende os seus conhecimentos e de como devem ser
ensinados, idéia esta desenvolvida empiricamente observando e vivenciado a prática dos seus
professores da educação básica em sala de aula. Caso este sistema de crenças e concepções
não seja devidamente trabalhado ele exercerá influência sobre a sua vida escolar, podendo
ainda estender esta influencia para suas ações futuras no que se refere ao conhecimento
adquiriram.
o domínio do rigor absoluto, da certeza; 4. A matemática escolar é uma ciência abstrata, pura
e auto suficiente e 5. Nada de novo pode ser feita em matemática a não ser pelos gênios.
Segundo este autor estas idéias sobre a matemática e o seu ensino podem ser
continua:
matemática podem ser influenciadas pelas concepções por eles desenvolvidas enquanto
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realização de atividades direcionadas para reforçar aquelas idéias prévias que estiverem na
como para superar as que servirem de empecilhos à formação almejada. Caso contrário, estas
poderão influenciar o licenciando para investir tempo e esforço na direção daquilo que ele
acredita e realizando as atividades por ele consideradas de menor importância meramente para
requerem ações sobre o sistema de crenças e de concepções que lhes fornecem suporte,
requerendo mudanças conceituais, que serão tanto mais eficazes quando processadas por meio
de um trabalho coletivo.
Muito contribuiria para isto, a popularização de uma cultura de base científica voltada
para a realização das demandas sociais da nossa população. Uma escola baseada em práticas
educativas que visem superar o sistema de idéias que sustentam a lógica perversa da exclusão
que hora vivenciamos, requer não somente ferramentas teóricas para compreender a estrutura
para a mudança. Neste sentido, faz-se necessário transformar a sala de aula em um espaço
questão, assim formulada, pressupõe a idéia de que os conhecimentos matemáticos podem ser
Segundo Ernest (apud FRADE e BORGES, 2006) “dentre as principais mudanças que
enquanto que o conhecimento tácito estaria mais associado ao 1´. conhecimento prático, 2´.
matemático explícito é aquele que pode ser adquirido por meio da linguagem proposicional ou
matemático tácito “é aquele adquirido por meio da ação ou da experiência e que não pode ser
Os autores destacam ainda que este modelo apesar de não contemplar, por exemplo, os
ser considerado uma sua boa aproximação no sentido de que ele nos ajuda a compreender
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(física ou abstrata) e através de dados nos dão informações sobre a mesma. Os fatos somente
Em (Coll, idem), encontramos o seguinte exemplo: ao afirmarmos que o Brasil foi descoberto
em 1500, temos um fato que para ser interpretado por alguém precisa que este tenha uma
idéia, ou seja, tenha desenvolvido uma base conceitual onde conste o significado de Brasil,
descoberto e 1500 como uma data histórica. Estes constituem os conceitos por meio dos quais
descobrimento do Brasil pode não ter o mesmo significado para um indígena brasileiro e para
triângulo no plano medem dois ângulos retos, devemos saber os conceitos de triângulos, de
ângulo, de ângulo interno e de ângulos retos, para que o fato afirmado tenha sentido.
execução de uma determinada tarefa. Por exemplo, o algoritmo da adição de inteiros constitui
um procedimento, pois explicita uma série de passos necessários para obtermos uma soma de
los entre si, tornando os fenômenos (maneira como os fatos são percebidos pelos indivíduos)
significativos.
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Quanto às atitudes devemos observar que a maneira dos alunos reagirem às ações
pedagógicas constitui uma importante variável com relação à aprendizagem. Por exemplo, se
importância para sua formação, ele tenderá a desenvolver atitudes de realizar as atividades
nelas previstas com pouco empenho, prejudicando assim a sua aprendizagem. As atitudes
diferem das concepções, representando disposições pessoais dirigidas a fatos da realidade, tais
como gostar ou não gostar de estudar matemática, não se envolver devidamente com a
resolução de uma determinada situação, ou ainda, dedicar pouco tempo ao estudo de uma
níveis. Uma pessoa pode desenvolver a idéia de fração como sendo uma relação de parte e
todo, enquanto uma outra pode ter conhecimentos mais avançados e pensar uma fração
também como uma divisão indicada. Para uma terceira, a fração pode representar ainda uma
razão, como também pensar a fração como um número racional representado em uma reta.
Podemos também pensar um conceito quanto a sua aplicação: uma pessoa pode dominar o
conceito de função contínua e resolver uma série de exercícios escolares e não ser capaz de
associar este conceito a questão do cotidiano “Se a temperatura ao meio dia era de 35º e a
noite baixou para 28º, o que nos garante ela ter atingido em certo momento deste intervalo, os
30°?”
conhecimentos possibilita para a maioria dos alunos apenas a aprendizagem de fatos quando o
padrões permite que o aluno aprenda a realizar um determinado procedimento. Caso o aluno
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não disponha de uma base conceitual que lhe permita a atribuição de significado os fatos e aos
procedimentos, o aluno poderá até memorizá-los, mas estes não terão significado nem serão
transmissão de conhecimentos utilizado na maioria das nossas salas de aula. Ele tem sido de
pouca eficiência para a construção de conceitos e de atitudes que permitam usar e ver a
matemática como uma ferramenta para entender e agir sobre a realidade, pois estes, em nível
de ensino básico, são de natureza principalmente tácita. Não tem sido suficiente para
contemporânea.
contribuir para uma visão de beleza do mundo (estéticas) dos indivíduos e dos grupos sociais
competências de base matemática que não são suficientemente atendidas pelas práticas de
de formação inicial, não somente com respeito aos conteúdos como também quanto as
metodologias empregadas.
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exercícios padrões para “depois apresentar um problema para avaliar se os alunos são capazes
de empregar o que lhes foi ensinado. Para a grande maioria dos alunos, resolver um problema
significa fazer cálculos com os números do enunciado ou aplicar algo que lhes foi ensinado”.
mostra bem que a concepção que está por trás da proposta dos PCNs de Matemática é a de
que seus conhecimentos são tácitos, conforme podemos deduzir dos seguintes princípios:
propostas dos PCNs de Matemática dentro das concepções da matemática e do seu ensino
Estes enquadramento das concepções que regem os PCNs de Matemática como sendo
de natureza principalmente tácita também podem ser observado quando recomenda o uso de
novas tecnologias, na utilização da história e dos jogos no ensino de matemática, bem como
estende aos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio - PCNEM, quando trata
da Matemática.
matemática não devem ser atribuídos apenas ao peso do sistema de concepções predominante
docente. Ao professor submetido a uma carga excessiva de trabalho semanal em sala de aula
em diferentes escolas e atendendo a um grande número de alunos, torna-se mais fácil seguir
um livro texto e a partir deste expor a disciplina no quadro, resolver exercícios padrões e
A própria sala de aula, geralmente repleta de alunos, com uma distribuição física
realização de aulas expositivas. As escolas em sua maioria, por outro lado, não dispõe na atual
estrutura de meios para incentivar um maior contato aluno-aluno e aluno-professor, bem como
para permitir o acesso destes a uma maior variedade de recursos didáticos, aos cursos de
aprendizagem.
deficiente, bem como o custo que representa para o indivíduo as reprovações e os abandonos,
Esta percepção já se faz presente na nossa sociedade, embora ainda não seja
majoritária. Com efeito, vivenciamos nos últimos quinze anos uma efervescência quanto a
propostas de mudanças educacionais, propostas estas que, no nosso entendimento, não têm
conseguido chegar à sala de aula com a rapidez e o grau de profundidade que deveriam ter.
Nesta direção, na área de ensino de matemática foram lançadas várias propostas, as principais
(BRASIL, 1998) as Diretrizes do Ensino Básico (BRASIL, 2002) e as Diretrizes dos Cursos
contemporânea, bem como na procura de uma educação voltada para a formação do cidadão.
melhor adequadas à realidade de nossos jovens, todas tendo como fundamentos uma maior
sala de aula, incluindo calculadoras e computadores. Todas estas metodologias, bem como as
que os docentes necessitam dominar para sua aplicação. Requer a sua implantação que o
de uma gama imensa saberes associados aos diversos temas transversais, além de um
matemática. Entretanto, mesmo com esta limitação, representa um imenso avanço, não
somente para uma formação mais voltada para as necessidades contemporâneas, incluindo o
mercado de trabalho, como também uma fundamentação para o exercício de uma cidadania
crítica. Qualquer proposta de mudança deve, no nosso ponto de vista, ter como referência os
Por outro lado, a proposta da SBEM sobre a formação inicial dos docentes de
E continua: ...
Esta caracterização dos objetivos a serem alcançados com as mudanças nos processos
de formação inicial dos docentes pode ser caracterizada como uma formação voltada para os
conhecimentos matemáticos de natureza tácita, conforme itens 1´, 2´ e 3´´, e depois
explicitadas em a, c, d, f, i, e j.
Nas propostas das mudanças encabeçadas pelos PCNs de Matemática e pela SBEM
nada melhor que utilizar jogos, desafios e quebra-cabeças matemáticos, bem como materiais
concretos, pois, estes estão associados a processos de pensamentos quase sempre voltados
para situações problemas abertas, requerendo para sua solução procedimentos corriqueiros.
Permitem também trabalhar o lúdico, explorar regras que podem ser modificadas via
Jean Piaget (1974). Segundo as suas pesquisas, as crianças passam por etapas de
raciocínios abstratos. Estes seriam elaborados no início a partir de reflexões sobre ações e
coordenações de ações com os objetos concretos. Neste sentido, para Piaget, a construção de
conceitos matemáticos requer uma participação ativa da criança, partindo do concreto para o
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abstrato, primeiro interagindo com o meio, aqui incluindo materiais manipuláveis e depois
o indivíduo desenvolve o conhecimento matemático. Isto faz com que aos poucos os alunos
modo, as situações de conflitos criadas a partir do uso de material concreto, incluindo jogos,
desafios e quebra-cabeças, em sua maioria apresentam aspectos intuitivos para grande parte
dos alunos, influenciando diretamente sua aprendizagem, nesta situação com maior chance de
ser significativa.
Uma tendência que se observa no nosso sistema de ensino é uma maior abertura para a
utilização de materiais concretos por parte de professores das séries iniciais do ensino
fundamental. Uma parcela dos docentes acredita que o uso de metodologias utilizando jogos e
material concreto representa uma saída para a atual crise de ensino. Entretanto, esta aceitação
parece diminuir bastante entre os docentes das séries mais avançadas, mesmo havendo
pesquisas indicando que o aluno apresenta ganho cognitivo quando realiza atividades
intuitivas utilizando materiais concretos, independentemente da sua idade, desde que realize
para o uso das metodologias alternativas a partir de jogos, desafios matemáticos e de materiais
inicial, na prática docente ou na sua formação contínua. Entretanto, cabe aos cursos de
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materiais concretos. Após esta formação inicial, estes saberes seriam lapidados no exercício
desenvolvimento de imagens, intuições e idéias. Desse modo verificaremos como estão sendo
porquê da utilização do material concreto nas aulas de matemática, fazemos uma retrospectiva
Capítulo III – Realizamos a justificativa teórica da nossa pesquisa por meio da teoria
CAPÍTULO I
1.1. PROBLEMATIZAÇÃO
Mata Sul – FAMASUL – PE, participamos de discussões sobre as propostas curriculares para
profissional apto para um ensino de Matemática. No entanto, o que temos presenciado em sala
de aula é uma realidade bem diferenciada daquela proposta, com poucas diretrizes executadas,
professor, devendo para isto, serem levantadas reflexões e discussões sobre metodologias,
exercício.
Curriculares Nacionais, nas Diretrizes Curriculares do Ensino Médio e nas Diretrizes dos
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Cursos de Formação de Professores estão chegando às salas de aula das nossas licenciaturas?
Em caso positivo, em que nível? Como os professores dos cursos de licenciatura estão
modificações?
Para tentar responder a estas questões, escolhemos um tema proposto nos Parâmetros
concreto no ensino de matemática. A questão que buscamos responder é: como está sendo
redescoberta, constituem fortes recursos para a construção de saberes de base matemática, que
Para atingir tal objetivo explicitamos as diferentes teorias sobre o uso destes recursos
pesquisadas que usam estes recursos em sala de aula, e estes em conjunto com os
Optamos em fazer uma pesquisa qualitativa por ser esta a forma mais coerente de se
apresentação dos fatos que determinam o objeto pesquisado. Richardson (1999, p.79)
estamos estudando não ocorrem domínios quantificáveis para se perceber a sua natureza, não
tem sentido a utilização deste tipo de pesquisa. Segundo o mesmo autor, uma análise
metodológicos que viabilizam alguns aspectos técnicos empregados durante os estudos, como,
por exemplo, técnicas de observação e entrevistas, devido à forma como esses instrumentos
p.82)
minuciosas que nos permitem analisar categorias já levantadas por pesquisadores, como
pesquisador trato especial nos modos das observações e habilidades quanto ao uso ou criação
das categorias.
dos cursos de Matemática pesquisados, bem como livros, revistas e artigos que viabilizem
levantar o estado da arte sobre o uso de material concreto do ensino de Matemática. Entre
sobre novos paradigmas para o ensino da matemática principalmente no que se refere aos
da Paraíba que tinha como objetivo levantar o uso de materiais concretos, jogos e desafios
matemáticos nos cursos de formação inicial dos três cursos. Este questionário foi aplicado de
então uma entrevista com os professores citados e com os coordenadores dos cursos.
Consideramos que estes além de representarem sujeitos socialmente credenciados pelo grupo
cursos atuais, ex-coordenadores e com professores que utilizam jogos, desafios matemáticos e
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aqui pesquisado.
UFCG, UFPB e UEPB. O fato de possuírem laboratórios específicos na área foi de grande
importância, pois eliminamos o fator da não existência de meios (espaço físico adequado,
recursos materiais e humanos) para o desenvolvimento das ações fruto desta análise.
Filosofia, Ciências e Letras o qual nesta época pertencia ao estado sendo federalizada em
atual do curso é de 2490 horas/aulas, perfazendo 162 créditos, com duração mínima de 06
horas/aulas.
carga horária atual do Curso é 2400 horas perfazendo 148 créditos, com duração
para ingressos de alunos através de concurso vestibular, 20 vagas para o turno diurno
UEPB antiga Universidade Regional do Nordeste, foi criada em 1967 pelo Conselho Superior
Conselho Estadual de Educação conforme ato 1221. Em 1974 o curso foi reconhecido através
sua fundação até 1976 o curso funcionava na Faculdade de Educação, posteriormente passou
curricular do curso foi adotada até o ano de 1978, no dia 20 de março de 1979 foi aprovada
pela RESOLUÇÃO/ URNE / CONSEPE / 003 / 79, até então o curso funcionou com o
sistema de créditos, a qual ainda está em vigor. Uma nova proposta fundamentada nas
transformou o curso em Seriado anual com duas entradas com uma composição curricular
carga horária de 2409 horas/aulas, funcionando nos turnos diurno e noturno, com duração
mínima de 04 anos e máxima de 06 anos. A partir de 2002 o curso passou a funcionar com
uma única entrada sendo oferecidas 120 vagas anuais, a Composição Curricular da
Licenciatura da UEPB é: 1254 horas destinadas as Atividades Básicas; 429 horas destinadas
estudo a concepção de matemática, a concepção do seu ensino, além das crenças sobre os
conhecimento que são repassados de forma compartimentada pelo professor, com bases em
livros didáticos através da memorização dos conteúdos. Segundo Marques (2003) a tendência
procedimentos (como fazer) e de raciocínios (como passar de um resultado para outro) ditados
pelo professor a serem reproduzidos de maneira precisa por memorização. Os problemas são
acabadas.
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espaço para se pensar em um ensino através de materiais concretos, sendo o seu uso limitado
aos níveis de ensino mais elementares e o seu uso feito de forma puramente ilustrativo.
responsável pelo estudo das estruturas formais expressas na linguagem da teoria dos
quando aos formalistas clássicos com o ensino centrado no professor que utilizará apenas o
maneira abstrata.
Segundo Marques (2003) esta proposta visará, sobre tudo, a formação do especialista
conteúdos através de estruturas formais cada vez mais rigorosas e assim seriam resolvidos os
tecnicista e suas variações, visam tornar a escola mais funcional e eficiente, utilizando o
em um esforço nas técnicas instrucionais, podemos citar como herança deste período ainda
competentes.
que procurava respeitar as especificidades das crianças, no que se refere aos aspectos
fazendo (pedagogia ativa). Considera como importante o uso de novos materiais concretos,
aprendizagem.
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segundo os quais o indivíduo aprende e pelo qual o conhecimento é criado. Apresenta também
que a educação é um mecanismo que prepara ao sujeito para atender as novas demandas da
considerando como ponto de partida os conhecimentos prévios dos alunos. Estes são sujeitos
conhecimento é desenvolvido”.
Crítico-Popular leva em conta os aspectos sociais e culturais, tendo como ideário pedagógico
o pensamento de Paulo Freire. Propõe uma educação crítica e não alienada quanto a
Matemática, segundo a qual deve ser aceita e vista como atividade humana determinada
Cada uma destas tendências apresenta uma posição sobre o uso de metodologias de
tanto a clássica como a moderna, consideram de menor importância seu uso no ensino de
matemática.
matemáticos.
realização de atividades que levem o aluno a conflitos cognitivos que os façam refletir,
grupo e de maneira interativa, sendo as atividades lúdicas geradas por jogos, desafios e
mudanças.
seu discurso, bem como as suas compreensões relativas aos processos de mudanças sugeridas
nos documentos oficiais, tanto do ponto de vista da instituição como do ponto de vista teórico.
Para isto faremos no próximo capítulo um levantamento sobre as bases segundo as quais as
contexto em que se processa a nossa pesquisa, bem como as propostas que fundamentam o
uso de materiais concretos, no Capítulo III servirão também de base para as nossas análises.
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CAPITULO II
refere à capacidade de pensar, a consciência das ações que executa e a imersão na cultura. Os
processos de transformações sociais têm uma maior possibilidade de acontecerem quando são
sujeito e de homem.
processos verbais até então predominantes. A introdução da escrita modificou a cultura dos
Segundo Hanaiss (apud. PENIN, 1998, p. 33), a introdução da escrita nasceu sob a
lógica da discriminação social. Do seu surgimento até o século XVIII, só as elites tinham
acesso a este saber. O século XVIII foi marcado pelas propostas de universalização do ensino,
pondo em prática a crença na igualdade social dos seres humanos. As novas conquistas
45
ibérica. Elogiamos os ideais da Revolução Francesa, mas continuamos a utilizar práticas dos
nossos colonizadores, principalmente no que se refere ao uso dos bens gerados pela
qualidade no nível básico, e, no nível superior, apresenta processos seletivos que favorecem o
acesso aos cursos gratuitos e de mais status apenas para uma minoria. Esta geralmente
pertence ao grupo de maior poder aquisitivo que assim mantém a estrutura de poder, servindo
a escola brasileira de filtro social para uma estrutura de dominação, onde se inclui de maneira
A educação que em vários países atuou como condição necessária – necessária, mas
não suficiente - para superar as diferenças sociais, não tem cumprido esta papel no Brasil.
Nossas escolas não executam a contento a função para as quais foram criadas, havendo um
No nível de ensino médio esta situação torna-se mais aguda, pois nossa região,
submetida a um grande aumento da demanda por vagas, apresenta um nível deplorável quanto
deixando muito a desejar quando comparado com os demais, incluindo os de terceiro mundo.
Entre os fatores que permitem análise mais abalizada da realidade atual do nosso
sistema educacional e cujo conhecimento é fundamental para a sua solução temos que
Segundo Pinto (1979, p. 115) a ciência produzida pelo homem denota um conhecimento de
história da humanidade se fundamenta com base nas ciências que descrevem uma visão de
Neste sentido a educação é interpretada como um fenômeno social que está em função
das mudanças sócio-culturais de cada geração. Temos, neste início de milênio, o processo de
mobilização das forças sociais, podem ocorrer na direção da realização das potencialidades da
nossa população, ou então, como instrumentos voltados para a manutenção dos processos de
controle e de dominação.
Nossa experiência profissional nos levou a refletir sobre o nosso sistema escolar,
o ensino de Matemática. Este tem sido muito mais marcado pelo fracasso do que pelo sucesso,
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uma sociedade mais justa e democrática, onde todos tenham acesso a condições educacionais
Preocupa-nos a formação dos jovens para uma sociedade onde ocorre um processo de
mudança acelerado, tanto nos meios de produção como nas relações sociais, implicando novas
habilidades e competências de base matemática. Esta constatação cria novas demandas sobre
submetida a um constante processo de inovação, bem como os avanços ocorridos nas ciências
que fundamentam a educação, geraram novas propostas educacionais e currículos que tiveram
de críticas por vários autores e estudiosos que ao analisarem o nosso sistema de ensino
verificaram uma série de deficiências. Uma das condições citadas constantemente necessária
para melhorar a qualidade da nossa escola seria fornecer uma formação inicial mais adequada
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às demandas educativas atuais e à nossa realidade. Entre estes educadores, podemos citar
Bernadete Gatti, Helena Cury (2000), Lúcia Moysés (1994), Júlio Pereira (2000), Dario
Fiorentini (2003), entre outros. Segundo Bernadete Gatti, “no Brasil, a formação de docentes
para o nível fundamental e médio não são animadores, pelos dados obtidos em inúmeras
pesquisas e pelo próprio desempenho dos sistemas e níveis de ensino, revelados por vários
processos de avaliação”.
No final da década de 1970 e início dos anos 1980 o tema sobre a formação do
educação, principalmente por estar sendo discutido na época as reformulações dos cursos de
Licenciatura foram criados no Brasil, nas antigas Faculdades de Filosofia nos anos 1930.
Esses cursos possuíam o formato de “3+1”, ou seja, um ano para as disciplinas pedagógicas e
Segundo Candau (1982), (apud. Pereira, p.16, 2000) na primeira metade da década de
pelos estudos de caráter filosófico e sociológico, a educação é assumida como uma prática
social, com caracteres políticos e econômicos. Neste contexto, a prática do professor assumiu
docente. ...”Emerge com força a busca para situar a problemática educacional, a partir de e
A trajetória da formação do professor em nosso país traz uma série de valores que
foram construídos com o tempo, principalmente na luta pela emancipação das classes menos
favorecidas. De acordo com Santos (1992), apud. Pereira (2000, p.18), existem dois pontos
básicos nas discussões sobre a formação de professores nos anos 1980. “O caráter político da
promoveu várias polêmicas naquela ocasião, as quais levaram alguns autores, entre estes
Saviani, Candau, Guiomar Namo de Mello e Paolo Nosella, a argumentarem que o fator
pertinente a ser trabalhado na formação docente não seria apenas a competência técnica ou o
compromisso político, mas também uma ampla composição desses valores integrados a uma
dimensão humana.
Estas dimensões não podem ser visualizadas como partes que se justapõem, ou
que são acrescentadas uma às outras (...). O desafio está exatamente em
construir uma visão integrada em que, partindo-se de uma perspectiva de
educação como prática social inserida num contexto político-social
determinado, no entanto não são deixadas num segundo plano as variáveis
processuais. Contextos e processo são vistos em articulação onde a prática
educativa quotidiana (...) assume uma perspectiva político-social. (CANDAU,
apud. Pereira, 2000, p.32)
educacional enfocando a formação do professor. A maior parte das pesquisas indica que os
50
Lúdke (1994), apud. Pereira (2000, p.38) “as problemáticas vividas pelas licenciaturas
MEC criou a proposta “Valmir Chagas”. Tal proposta contemplava um curso de curta
duração, formando professores polivalentes nas cinco áreas de ensino. Este formato de
formação docente criado pelo MEC gerou discussões e debates em todo país. A área de
Ciência foi a que primeiro desencadeou uma mobilização reagindo sobre o novo perfil de
formação de professores.
“Reformulação dos cursos de preparação de recursos humanos para educação”, com encontros
regionais e nacionais promovido pela SESu do MEC, que redundaram na reformulação dos
pedagógicos, que tem colocado em discussão a formação acadêmica vivenciada nas escolas.
formadores de futuros educadores de 1º e 2º graus, não têm uma visão sequer razoável destes
51
sistemas de ensino, e não têm, em sua maioria nenhuma vivência desse ensino como
Formação de Professores.
pedagógicos, que naquela época já se traçava em uma concepção que hoje os PCN’s sugerem:
2000, p.65)
as disciplinas pedagógicas. Estas últimas são, quase sempre, em menor quantidade e nem
modo, não conseguem atingir os objetivos de preparar o aluno para o exercício de sala de aula
aprende.
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Além disso, para se efetivar mudanças nos cursos de Formação de Professores não
Torna-se necessária uma série de medidas valorizando a profissão docente, dando condições
Santos (1992) (apud. PEREIRA, 2000, p.34) considera que a reforma curricular é
encontrados no dia a dia da sala de aula, com uma combinação do conhecimento teórico e
prático.
Algumas são reformas para apagar incêndios, outras são paliativos com a
simples mudança de nome de disciplinas e outras ainda apontam em direção
a soluções mais promissoras, através de disciplinas integradoras, que não
chegam, entretanto a reorientar o curso em sua totalidade. (LUDKE, 1994,
apud.Pereira, 2000, p.66).
Miorim (1990), afirmam que os problemas das licenciaturas não serão resolvidos apenas com
pelo professor. É importante ressaltar que o futuro professor necessita adquirir uma série de
situações e da ação que dão origem ao conhecimento. Neste contexto, o principal recurso para
53
a postura reflexiva, a sua capacidade de observar, de regular, de aprender com os outros e com
nos faz compreender que a essência da competência do professor está na postura didática que
BRASIL
A construção da história educacional brasileira é algo que nos leva a refletir, sobre o
1934, e eram oferecidos nas Faculdades de Filosofia. Nesta época, os professores que
Educação.
as de cunho pedagógico. A formação docente para o ensino básico não era uma preocupação
das pós-graduações em ciência, sendo as questões do ensino dos cursos de licenciatura, alvo
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de interesse dos fóruns da área de educação, quase sempre ligadas aos problemas da formação
em Pedagogia, ou seja, fora do foco principal. Mesmo assim, este foi o principal fórum a
partir dos anos 1980, gerando inquietações e discussões em todo país. Com a criação da
passaram a ser os eventos promovidos por esta instituição, incluindo os Encontros Nacionais
eram engenheiros oriundos das academias militares e Escolas Politécnicas, pois, não havia
professores foram formados por Mestres que obtiveram sua formação nas décadas de 1970 em
absolutistas sobre a matemática as quais influenciam diretamente o seu ensino, tais como “O
formação. Cada aluno, ao chegar a um curso superior, já passou por algo em torno de 12.000
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horas de aulas, ficando profundamente marcado sobre como se aprende e como se deve
quando utilizado em sala de aula tem levado muitos alunos a não gostarem de Matemática.
Paiva (1997), Pires (2000), Pietropaolo (2002), Smole (2000), entre outros, precisa ser
pautada na articulação entre teoria e prática, entre o saber específico vinculado a um saber
pedagógico. O saber matemático e o saber pedagógico devem estar articulados de modo que
Matemática, para encontrar exemplos de uma área que possam ilustrar os conceitos de
integração entre as disciplinas das duas áreas (específica X pedagógica), enfatizando que:
matemático tenha visão abrangente do seu papel enquanto professor. Que expresse com
para o Ensino Fundamental e Médio, como também as Diretrizes Curriculares, referência para
do PCN nos parecem óbvias, não apenas quanto ao ceticismo, mas também, como
uma ampla dimensão, pois sentimos a ausência de alguns aspectos nesta formação que
apresentados com grande destaque nos PCN’s, exigindo que o educador se sinta cidadão, fato
este que pouco é abordado durante a formação docente. Um outro aspecto diz respeito ao
variados temas matemáticos, não se admitindo que sejam vistos de formas fragmentadas.
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demonstram que o professor deveria ter um conhecimento não só da sua área, mas, um
Com a promulgação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n.º
Nos últimos anos, o Provão (Exame Nacional de Cursos), substituído pelo ENADE,
provocou várias mudanças nas Instituições de Ensino Superior, levando-as a rever seus
aspecto físico, promovendo visitas periódicas nas instituições, verificando se as mesmas estão
tempo, um pequeno avanço em reconhecer que não se pode continuar a tratar a avaliação de
forma superficial, mas, formular uma sistemática de avaliação, por outro lado, também é um
professor de matemática.
Brasil, nos fornece algumas pistas sobre o presente e nos permite descortinar melhor quais as
urbana voltada para os ofícios do comércio local, com outras praças e de um pequeno núcleo
O processo segundo o qual o domínio das ciências naturais constituídas no século XVI
foi fundamentado pelo modelo da racionalidade desencadeada por uma ciência moderna,
estendendo-se as ciências sociais emergentes no século XIX, foi vivenciado no nosso país por
proprietários que tinham condições de financiar o estudo de seus filhos estudarem, e, neste
filósofo Augusto Comte, seguindo uma visão das ciências numa ordem de sucessões que
ao mais concreto com uma iminência crescente em relação ao homem. “A Matemática que
com os pitagóricos era ainda, em parte, uma metafísica e uma mística do número,
Comte(1842)
bases para o modelo de ensino que viria a ser predominante até meados do século XX,
com a criação das Geometrias não-Euclidiana por Lobachevsky e Bolyai (1829), a Teoria dos
números transfinitos por Georg Cantor (1874), com a Álgebra de números infinitos e a Teoria
dos conjuntos, bem como a Aritmetização da análise procedida por Bolzano e Weierstrass.
Estes passos foram decisivos, pois o primeiro atacou de frente o denominado Mito de
Euclides, que associava a matemática como sendo o modelo único da realidade. Os demais
abriram espaço para a matemática das grandes estruturas formais, permitindo com o
próprio fazer matemático e baseado na busca da coerência lógica interna de seus sistemas,
tecnicista dos sistemas europeus, e a pesquisa era quase inexistente. Com a chegada da
Republica, uma forte influência francesa se instalou nas bases educacionais, conduzidas
matemático com a Escola Politécnica de São Paulo. Seguido após a Segunda Guerra Mundial
internacionais no início dos anos 1950, quando foi posta em discussão a necessidade de
Grupo Bourbaki. Estes propuseram um ensino de Matemática baseado nas estruturas formais
da Álgebra e da Topologia, tendo como linguagem a Teoria dos Conjuntos e como proposta
de ensino o estudo das propriedades abstratas e nas demonstrações. Devido à disputa entre
Estados Unidos e URRS, esta proposta de ensino foi disseminada pelo mundo sob a influencia
americana, sendo implantada no Brasil em meados da década de 1960, sob a égide da ditadura
militar.
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aplicações e aos aspectos intuitivos, não fazendo ligação da matemática com a vida real.
Moderna.
resumo, a reforma acabou se traduzindo bem mais por um jargão impenetrável por um
excesso de símbolos, por austeras abstrações do que por uma pedagogia ativa e aberta, como
formal e vinculado a situações artificiais e no final da década de 70, suas principais teses
foram superadas sendo desenvolvidos programas propondo atividades para os alunos, sejam
números. A partir da reflexão sobre estas atividades é que seriam elaboradas as definições e
nos Estados Unidos, apresenta sugestões conhecidas como “Agenda para Ação”, focalizando
reformas curriculares foi colocada em prática em 1980. As novas propostas foram produzidas
gradativamente nos debates promovidos nos vários encontros internacionais pela Educação
sua maioria bacharéis, comprometidos com a visão formalista de ensino, tendo como modelos
de cursos o de bacharelato.
Ministério da Educação buscou sistematizar idéias que servem como princípios norteadores
das reformas curriculares em todas as esferas da educação na Brasil, tendo seus princípios
uma ampla visão do ensino da Matemática, não apenas como meio de levar o aluno a enxergar
à Matemática como uma ciência, mas também possibilitando a uma apropriação da linguagem
das ciências naturais e sociais, visando levá-lo a descrever diversos fenômenos e aprender a
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necessidades dos alunos das classes populares, visto que, seu formato indica, um profissional
com uma ampla formação, não só na sua área especifica, mas nas outras áreas do
conhecimento.
explicite sua maneira de conceber os fatos, tendo consciência de suas decisões, para que aos
poucos possa recorrer a novas situações de forma mais apropriada, que o conduza a outras
Matemática, partem da concepção de que o modo como os conteúdos são abordados permitirá
metodologia de ensino, a forma de organizar as atividades, bem como outros processos que
sejam estabelecidos para uma sala de aula, contribuirão ou não na direção da construção de
competências profissionais.
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tem dado pouca atenção aos professores, ainda que se os considerem os principais agentes
para promover qualquer mudança educativa. É, sem dúvida, o professor que em última
processos de formação dos professores que atuam na escola básica e certamente os vários
programas de formação continuada promovido pelo MEC ou outros órgãos educacionais não
foram suficientes para modificar o modelo de ensino que vem se perpetuando. Além dos
poucos recursos disponibilizados para a formação dos professores dentro das novas propostas,
seja pelos governos federal, estadual e municipal, não houve mudanças significativas nas
condições de trabalho nem nos salários visando incentivar os professores e a escola a levarem
Com efeito, a carga horária excessiva em sala de aula, o grande número de alunos por
Este fato acontece no ensino básico e torna-se mais presente no ensino médio. Traçaremos a
Ocorre na maioria dos nossos cursos de licenciatura uma divisão das disciplinas em
bacharelados. Entretanto as avaliações são efetuadas por meio de provas onde são cobradas
resoluções de exercícios padrões, muitos dos quais semelhantes aos solucionados em sala de
aula.
inadequada, e sua existência constitui um problema a ser superado. Para nós, aprender
aprendizagem dos conteúdos deve ser associada à prática docente, ou seja, como lecionar este
conteúdo em sala de aula. Não basta para o professor saber o conteúdo, no sentido de
compreender para si, é necessário que também saiba como fazer que os outros o desenvolvam.
Torna-se necessário relacionar a teoria e a prática muitas das vezes, tão distante nas
discussões das licenciaturas. É preciso criar mecanismos nos cursos de formação que levem o
professor formador de professores a ter consciência de que está formando professores para a
educação básica. Nesta direção, não basta desenvolver apenas conhecimento para si, mas sim,
por um professor de matemática são mais amplas do que as de um bacharel. Ele deve
seus resultados, suas definições, seu uso no dia a dia e nas outras disciplinas, os
buscando criar uma identidade própria para cada curso, que até então, em sua maioria possuía
campo curricular vêm sendo atacadas de maneira diferente pelos cursos de licenciatura
existentes no Brasil.
de conteúdos básicos da área que atua; troca de saberes docente; no criar, planejar, realizar,
seguem esta direção. Entre as que tivemos acesso, duas nos chamaram a atenção e as
do Pará. Pautadas nestes princípios, procuram a coerência entre a formação inicial e a prática
esperada do futuro professor, apresentada por meio do conceito de simetria invertida, ou seja,
o professor aprende a profissão em um ambiente similar àquele em que vai atuar, porém em
Laboratório, onde o futuro aluno deve desenvolver meios de levar aquele conhecimento a
Apesar das mudanças que vem ocorrendo no setor educacional, a maioria dos cursos
de ensinos instalados nas nossas instituições traçaram um formato aos cursos de licenciaturas
que está sendo difícil superar. É necessário, além de mudanças efetivas nos cursos de
diversos níveis de ensino, de modo que sejam construídas novas experiências e reflexões
sobre formas mais eficientes de ensinar Matemática, atrelada às mudanças da sociedade atual.
Neste sentido, as atuais mudanças educacionais exigem uma nova postura do professor para
utilizar procedimentos alternativos, que possam garantir melhor aprendizagem de seus alunos.
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Tomando como base essa visão segundo a qual a Educação Matemática procura se
acreditando que tanto na formação inicial como na continuada, o professor possa lidar com
preparam os futuros alunos para o uso de materiais concretos, jogos, desafios e quebra-
recursos.
recursos tema deste trabalho de pesquisa. Nesta direção, apresentaremos justificativas sobre o
CAPÍTULO - III
A teoria de Piaget traz, em sua essência, que o conhecimento é algo que vai sendo
construído e que o indivíduo tem um papel importante nesse processo de construção. Piaget
defendia que conhecer é atuar diante da realidade que nos envolve, neste sentido, ele define
esquema de ação. Denominam esquema de ação aquilo que em uma ação é transportável ou
diferenciável de uma outra ou, dito de outra maneira, o que é comum às diversas repetições
Este processo pelo qual Piaget apresenta o esquema de ação faz com que ocorra uma
acomodação. Este processo se caracteriza pelo fato de que a ação se concretiza pela atividade
70
O pressuposto básico da teoria piagetiana aponta que o sujeito é um ser que constrói
sua própria realidade e dá um significado diferenciado a ela. Esta teoria apresenta etapas para
uma série de mudanças ordenadas e prévias. Considera também que a criança é um ser
dinâmico e que interage a todo o momento com a realidade, operando ativamente com os
objetos e pessoas. A maneira de ver o mundo de uma criança de 2 anos é diferente de uma
importante papel na aquisição de novos conhecimentos. Segundo Coll (1992 ,p.252), Piaget
nos faz ver que a aprendizagem do aluno depende principalmente dos esquemas que eles
processo relativo. O que um aluno é capaz de aprender depende, sobretudo do que já sabe.
importante não é a idade que aparece tal e tal capacidade cognitiva, mas, identificar as
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mudanças cognitivas mais gerais, e não as que refletem a esta ou àquela parcela de
conhecimento. Neste sentido, o seu interesse recai sobre a ordem de sucessões desses
Os esquemas mais gerais de caráter lógico trazidos por esta teoria, demonstram uma
pensamento adulto.
A teoria de Piaget, mesmo sem ser desenvolvida na escola, trouxe para o setor
Mesmo que suas idéias não sejam direcionadas a aquisição ou a incorporação de informações
aquelas que lhe são favoráveis para o seu propósito. O outro tipo de aprendizagem, a
abstração reflexionante, leva o sujeito a extrair as propriedades não mais das ações diretas
sobre os objetos, mas das próprias reflexões sobre estas ações, organizadas em esquemas e em
operações. “O conhecimento que nesse caso o sujeito adquire não refletem as propriedades
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dos objetos, mas as propriedades dos esquemas de ação aplicados aos objetos e das suas
relações. Neste caso, pois, obtém conhecimentos de natureza lógica e matemática, e não
Veremos a seguir alguns autores que como Piaget defendem o uso de materiais
concretos.
sistema educacional, exigindo que os professores desenvolvam novos saberes que viabilizem
Muito se tem falado sobre o significado das competências e habilidades que são
imitação que norteou por muitos anos o ensino da matemática nos cursos de formação de
diferentes níveis.
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Neste sentido o sujeito cognoscente se evidencia como dois pólos de uma mesma
realidade, interagindo com o meio físico e social, construindo ao mesmo tempo seu mundo
interior e exterior, isto é, regulando a duplicidade dos aspectos afetivos e cognitivos que
Smole (2000, p.171) justifica o uso de materiais didáticos em sala de aula atrelados a
um processo de aprendizagem significativa, que segundo César Coll Salvador tem como
aprendizagem do aluno não são coisas de agora, autores de décadas passadas já afirmavam
que:
de torná-lo mais dinâmico e eficaz, muitas vezes utilizando receitas prontas de como trabalhar
presença cada vez maior de professores em encontros, congressos, cursos e oficinas da área.
Segundo Fiorentini e Miorim (1990), essas abordagens muitas vezes ficam restritas à
74
professor.
Carraher & Schilemann, apud. Fiorentini & Miorim (1990) afirmam que “não
precisamos de objetos na sala de aula, mas de objetivos na sala de aula, mas de situações em
serem ensinados”. A visão dos pesquisadores citados demonstra uma preocupação com as
Para Fiorentini e Miorim, o alerta de Carraher & Schilemann nos chama a atenção no
concretos, pois são várias propostas de ensino que caracterizam situações bastantes peculiares
que “por trás de cada material, se esconde uma visão de educação, de matemática, do homem
justifica”. A análise feita pelos autores citados nos alerta para a forma de uso dos materiais
mas deve ser olhada segundo um outro aspecto: existe vários tipos de materiais concretos.
Nesta direção, a crítica das autoras parece se dirigir principalmente para o uso dos
cuisineare, blocos multibase,... entre outros, alguns destes restritos a escola e hoje
considerados de ação limitada, tais como os blocos lógicos, cujo utilização vem sendo
substituída por materiais do cotidiano, próximo da realidade do aluno, conforme Rêgo e Rêgo,
(2004). Neste sentido o material concreto deve proporcionar aos alunos meios de
forma material”, “de consistência mais ou menos sólida”. Machado, apud. Smole
Em seu uso mais freqüente, ele se refere a algo material manipulável, visível
ou palpável. Quando, por exemplo, recomenda-se a utilização do material
concreto nas aulas de matemática, é quase sempre este o sentido atribuído ao
termo concreto. Sem dúvida, a dimensão material é uma importante
componente da noção de concreto, embora não esgote o seu sentido. Há uma
outra dimensão do concreto igualmente importante, apesar de bem menos
ressaltada: trata-se de seu conteúdo de significados.
cabeça e materiais concretos em sala de aulas como processo de ensino aprendizagem, que ao
A história traz em seus registros que até o século XVI, acreditava-se que a criança
Afirmam Fiorentini e Miorim (1990), que esta aprendizagem era passiva, e “o papel do
Comenius que dizia em seu livro Didática Magna (1657), ...”ao invés de livros mortos, por
que não podemos abrir o livro da natureza?” Segundo Smole (2000, p.170) nessa obra
Comenius chega a recomendar que nas salas de aula sejam pintadas fórmulas e resultados nas
Uma nova dimensão para a educação surgiu no século XVIII, com as concepções
introduzidas por Rousseau (1727-1778), segundo as quais a criança era um ser com
características próprias e que é na educação que ela aprende a viver e a exercer a liberdade, é
ensino mais significativo e associado aos problemas da realidade e, dentro desta perspectiva, a
fundamentada em uma educação que começa com a percepção de objetos concretos, que
dos precursores da formação de professores e a visão da educação como uma ciência. Um seu
seguidor e divulgador de suas idéias foi Fröebel (1782-1852), que também acreditava em um
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currículo por atividades, caracterizando as atividades lúdicas como um fator que define a
atividade. Sua concepção de educação é baseada no processo pelo qual o homem absorve o
mundo, o aluno aprende com as coisas em sua volta, ou seja, os objetos de um mundo real.
Ele argumentava que a matemática só é entendida quando o sujeito for capaz de estruturar a
realidade:
apontam a educação como uma necessidade social, valorizando as atividades manuais para
situações concretas foi Freinet (1896-1966), (apud. Zacharias, 2005). Segundo ele, a aquisição
do conhecimento é fundamental e deve ser colocada de maneira segura. Trazia uma visão de
que o desejo de conhecer mais e melhor nasce de situações com atividades coordenadas
concretas e problematizadoras.
professor como pesquisador dessa descoberta. Apresentava que a criança possui os seguintes
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níveis de representação de mundo: Inativo, no qual a criança apresenta uma visão de mundo
pela ação que os objetos exercem sobre eles; o nível Icônico no qual a criança já representa
mentalmente os objetos, e o último nível em que a criança utiliza símbolos sem que sejam
porém, uma didática especial (ativa) para o ensino. A princípio seu trabalho foi direcionado
A pedagogia adotada por Montessori, está num contexto de escola ativa, ou seja, no
que a criança possui uma necessidade própria de aprender fazendo. Segundo ela, a criança
Neste sentido, dizia que o caminho do intelecto passa pelas mãos, porque através de
evoluções e do toque as crianças descobrem e concebem o mundo à sua volta.”A criança ama
matemática, pois foram desenvolvidos por ela vários materiais concretos manipuláveis, dentre
decomposição e composição”.
Segundo Azevedo (1979, p.27, apud. FIORENTINI e MIORIM 1990), “Nada deve ser
dado à criança, no campo da matemática, sem primeiro apresentar-se a ela uma situação
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abstração”.
naturais. Ele utilizava situações reais da vida da criança, a exemplo segundo Fiorentini e
determinado tempo”, para Decroly, não precisa ser colocado nada nas mãos da criança.
Castenuovo (1970), traz a idéia de que a ação deve ser reflexiva, ou seja,
Que o interesse da criança não seja atraído pelo objeto material em si ou pelo
ente matemático, senão pelas operações sobre o objeto e seus entes.Operações
que, naturalmente serão primeiro de caráter manipulativo para depois se
interiorizar e posteriormente passar do concreto ao abstrato. Recorrer a ação,
diz Piaget, não conduz de todo a um empirismo, ao contrario, prepara a
dedução formal ulterior, desde que tenha presente que a ação, bem conduzida,
pode ser operatória, e que a formalização mais adiantada o é também.
O método de Decroly é visto por Castenuovo (1970) como analítico¹ enquanto que o
de Montessori de ativo sintético². Nesta mesma ótica ele aponta que o concreto possui um
distinguir, de modo
¹ Analítico porque, geral,
nesse elementos
processo quedeve
a criança constituem o objeto,
discerni no segundo
objeto aqueles ela, o objeto
elementos precisa a
que constituem
globalização. ² Sintético no sentido de permitir ao aluno construir o conceito a partir do concreto. Castenuovo
ser móvel, permitindo transformações, para que o aluno possa identificar a operação que é
(1970)
subjacente.
estão no material, mas nas ações interiorizadas pelo aluno, dando significado às formulações
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que se concretizam. A maneira pela qual ocorre a percepção visual do objeto possui um
principalmente pelo que esta sendo proposto nos PCN’s, “a matemática como construção do
exercício da cidadania” esta forma de se pensar a matemática, exige que o aluno deve ter uma
relação construtiva com a matemática, exigindo uma ruptura com o modelo que nos formou: a
Esta reflexão nos faz pensar de que forma a utilização do material didático de
razão pelo qual o método de ensino pela descoberta exige que o aluno manipule algo.
Segundo Piaget, a história da evolução do conhecimento científico passou por esse estagio
inicial de manuseio, com as seguintes fases: Fase empírica → Fase gnóstica → Fase de
aplicação.
O autor argumenta que antes do helenismo a humanidade viveu durante séculos sem se
preocupar com explicações do “porquê” dos fenômenos. A este período Piaget chamou de
“empírica” em que o homem mais praticava do que explicava. Segundo ele com os gregos, a
civilização iniciou sua fase “gnóstica”, isto é, o homem tentou explicar racionalmente os
desequilíbrio .
Piaget (1976) comenta que a ciência não se contentou apenas com explicações. Hoje o
homem não se limita a querer saber como o fenômeno acontece, ele quer saber todos os
“porquês”, para que serve esta explicação científica e onde pode ser aplicada.
Historicamente a evolução da inteligência humana nos faz perceber que para chegar à
construção de teorias explicativas, o homem teve que manusear e intuir durante milhares de
anos. Desse modo, a utilização de materiais concretos não está restrito a apenas a crianças nos
primeiros anos de escolarização, mas, também na formação inicial do professor. Por exemplo,
Recife, ele o faz passando pelas três etapas: manuseio do problema, hipótese de solução e
Genética demonstrou que “todos ser humano normal esta capacitado a aprender matemática
chamados “métodos ativos” para o ensino e que, envolvia o uso de materiais concretos para
conhecimento.
Segundo os autores citados, o recurso adequado para uma aula está subordinado, entre
outros fatores, aos objetivos que se pretende alcançar, aos conhecimentos prévios dos alunos,
didático para ser utilizado em sua sala de aula, tenha a clareza dos conceitos matemáticos que
irá explorar, dos procedimentos a serem desenvolvidos, das atitudes a serem incentivadas, do
Manoel Jairo Bezerra, citado por Rêgo e Rêgo (2004, p.19) aponta que a utilização do
material concreto...
(a) O acesso as noções de base não pode ser concebido senão partindo do
concreto; deve iniciar-se no meio em que a criança pode explorar, afim de
que ela ai possa se mover e agir; (b) Neste indispensável esforço de ligação
da a abstração com o real, é necessário não esquecer a ajuda eficaz que traz
ao ensino de matemática a utilização razoável do material didático.
matemática, deve acontecer seguindo alguns critérios, neste sentido, o professor tem um papel
fundamental na sua escolha e que nos cursos de formação de professores de matemática, tanto
Bezerra (1962), fala das críticas e restrições feitas a épocas, quanto o uso de material
concreto no ensino de Matemática, pela mesma ser uma ciência de caráter predominantemente
abstrata, a qual não permitiria o uso de materiais concretos para serem desenvolvidas em sala
de aula.
sendo colocados os usos de materiais concretos, visto que, mesmo sendo conhecidos e
utilizados nas salas de aulas, é necessário fazê-lo adequadamente. Matos e Serrazina (1996)
Para se escolher um bom material concreto para ser usado em sala de aula Reys (1971
apud. Passos) estabeleceu alguns critérios que poderão ser discutidos nos cursos de formação
inicial como:
Pais (2002), nos alerta para o uso indevido de algum material didático, podendo
promover um resultado invertido do que tinha proposto o professor. ”Isto ocorre quando o
material passa a ser utilizado como uma finalidade em si mesmo em vez de ser visto como um
inversões didáticas ocorrem por vários motivos, um deles está relacionado aos problemas na
aprendizagem, normalmente, tem-se a ilusão que o material possa, por si mesmo, resolver o
jogos. As concepções trazidas sobre os jogos no ensino da matemática por vários autores, é
que os alunos vão adquirindo autoconfiança e são incentivados a questionar e corrigir suas
Neste sentido, os jogos podem ser vistos como instrumentos que exercitam e
estimulam um agir/pensar com lógica. Ozániz (2001, apud. Rêgo e Rêgo, 2004) em defesa do
uso de jogos considera que a matemática é um conhecimento tácito, e que a sua aprendizagem
pode ser considerada um jogo. Segundo ele “onde termina o jogo e começa a Matemática”.
Para Rêgo e Rêgo (2004), muitos dos maiores matemáticos do mundo foram grandes
apreciadores dos jogos e que “o jogo se bem escolhido e explorado, pode ser um elemento
(1992, apud. Rêgo e Rêgo 2004), sintetiza que o uso dos jogos no ensino viabiliza os aspectos
... O jogo é ordem e cria ordem, pois aponta para os limites a serem aceitos e
superados; pode diminuir resistências, pois rompe com a rigidez, com o
autoritarismo, o controle e o mando, democratizando as relações; não se
confunde com fetiches metodológicos, fórmulas mágicas ou modismo; exige
uma postura consciente e uma abertura para o risco, a ambivalência e o
incerto; ao mesmo tempo, pode tornar real o prazer da descoberta, o
encantamento que seduz, a entrega ao novo. (EMERIQUE, 1991 p.195).
competição não é boa nem é má. É a maneira segundo a qual duas pessoas lutam pelos seus
ideais. Piaget apresenta que no jogo as competições, são pares de um desenvolvimento maior,
cada um. Isto nos faz entender que o jogo favorece a aprendizagem e redimensiona a questão
86
ensino.
87
IV CAPÍTULO
DIDÁTICOS
UFPB, traz em sua fundamentação teórica “que os professores deverão investir em práticas
apresenta como objeto de estudo que a Matemática do ponto de vista prático está fortemente
que seja capaz de conhecer e dominar diversas metodologias e materiais didáticos como apoio
ao ensino, ou seja, que o licenciado seja capaz de escolher para cada situação de ensino o
como também, elaboração de propostas para a sala de aula.A composição curricular atual não
ensino de Matemática vivem constantes desafios na busca de encontrar saídas para o ensino
“é preciso que se dê mais ênfase as diversas aplicações que ela tem, mostrando que a mesma
faz parte do cotidiano do homem”. Apresenta em um dos seus objetivos motivar o ensino de
ambiente de trabalho”. Na parte de pesquisa e extensão a proposta espera que “surja pessoas
que além de interessar-se pelo ensino tenha aptidões para desenvolver projetos de pesquisas
Comparando as propostas dos cursos que foram analisados, verificamos que todas
componentes curriculares destas propostas trazem uma quantidade mínima de sua carga
universo total de 2400 horas apenas 60 horas da disciplina de Instrumentação para o Ensino
horas é a única do curso que desenvolve metodologias com materiais didáticos.Vale salientar
que todos os três cursos sinalizam em suas novas propostas que começa a vigorar a partir de
2007 uma carga horária um pouco maior para o desenvolvimento deste tipo de metodologia.
informática, física, línguas, psicologia, filosofia, entre outros. Os docentes que trabalham com
instituição.
(seis) da UEPB – 20%, 05 (cinco) da UFCG 17%, e 05 (cinco) da UFPB 17%. Entre as
tipos:
alunos - Auxilia na visualização dos conceitos abstratos tornando-os mais concretos. - Ajuda
Torna certos conceitos abstratos em fundamentos teóricos práticos - Motiva o aluno e interage
fundamental (1ª e 4ª Série) e para alguns conteúdos - O aluno fica com uma visão mais
da solidariedade.
professores que não preencheram o questionário faz supor que entre estes não existe interesse
em tratar das questões relacionadas com a implantação de novas práticas de ensino nos cursos
de matemática. Insistimos com alguns dos professores que não devolveram o questionário e
estes nos alegaram que não o fizeram por “falta de tempo” ou “por se tratar de um assunto que
não é do meu interesse”, ou que “não têm opinião formada sobre as questões propostas”.
91
duas parcialmente favoráveis e uma que acha dispensável, dos entrevistados apenas dois
mais da metade dos que responderam (nove) não vêm como necessária sua introdução nas
voltadas para este fim: Metodologia e Prática de Ensino pertencente ao Centro de Educação e
pesquisa de metodologias de ensino que utilizem materiais concretos, jogos, desafios e quebra
C1;
Os professores selecionados são P1, P2 e P3. Eles são responsáveis diretos pelos
laboratórios ou pelas disciplinas onde ocorrem as atividades sob pesquisa neste trabalho. O
atual coordenador de curso da UFCG está assumindo o cargo recentemente, solicitando que
entrevistássemos o antigo coordenador por ser mais bem informado sobre o curso e sobre o
tema pesquisado.
sobre o uso de materiais didáticos como jogos, desafios, quebra cabeça e materiais concretos
no ensino de Matemática.
C1 – “Não sei muito bem quanto na sala de aula, pois nunca me envolvi mesmo com a
licenciatura com esse tipo de metodologia, mas já participei de vários congressos onde os
professores os utilizavam. A gente percebe que é muito interessante para o aluno da escola
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básica, para a gente aqui não sei, acho que seria mais viável para as séries iniciais... Esse tipo
de metodologia facilita muita a aprendizagem, principalmente nas series iniciais, não sei se no
2º grau é possível. Nos encontro e congressos que participei foi assim, o professor fazendo as
aplicações desses materiais em níveis iniciais, acho assim, quanto mais no início, melhor, se
ver a respostas dos alunos mais rápido que no tradicional, fazendo aqueles jogos de colagem,
de contagem. Assim, eu acho interessante, acho a resposta mais rápida do que o decorar”.
não me sinto muito a vontade para falar do seu uso em sala de aula, agora este semestre é a
primeira vez que eu tenho uma turma específica de Licenciatura, eu até agora não trabalhei
diretamente com eles, a não ser nos cursos básicos que aí os Licenciados viam as noções de
comparando as noções matemáticas para os dois Cursos, eu até o momento trabalhei com o
licenciado no geral, no básico, esse é que eu estou voltando para o curso de licenciatura como
um todo. Então eu não tenho condições assim de dizer o que está satisfazendo, eu não tenho
esta informação.”
seguinte: hoje não é bastante passar o conteúdo, sabemos que se passar o conteúdo
trabalhando com material concreto o aluno aprende melhor, ele se interessa mais, e cada vez
mais a gente sente a necessidade da utilização de materiais concretos e o uso de jogos, com
que se quer explorar utilizando estes recursos, a metodologia e o material a ser selecionado,
conhecer bem o material até onde ele pode explorar., até que série pode ser abordado, não
usar o material pela simples manipulação mas, promover a reflexão do aluno sobre sua ação . .
94
. Chamo a atenção de não usar o material apenas pela simples manipulação, mas, promover
começo, para poder ter independência, autonomia, porque do jeito que estar não vai se chegar
a coisa nenhuma. Porque ela vai continuar abstrata e no fim não exerce uma formação
jogos, desafios, quebra-cabeças, materiais concretos, porque o conteúdo sai daí. Eu começo a
trabalhar com o dominó, por exemplo, 3x2, então eu substituo aquela tarefa árdua de tabuada,
de memorizar por um jogo. E nada mais do que estou fazendo, do que ajudar a memorização
se ele está vendo 3 x 4 então vai procurar a pecinha 12 para encaixar, ele está usando a
memória sem precisar estar fazendo um vez um, uma vezes três... Quando vamos fazer aquela
parte de soma de P.A e P.G. temos um sistema que constrói, todo batente para mostrar a soma
dos termos de uma progressão. Para você chegar no termo geral de uma progressão eu faço a
partir de uma experiência concreta fica muito mais fácil, do que estar dizendo uma razão,
dois, quatro, seis, oito, mas se eu boto dois com quatro, com seis, com oito vou fazendo um
batente ele vai vendo que de um batente para outro há uma diferença igual que a altura do
batente, aquela altura é exatamente a razão. Então na hora que construo a escada eu estou em
uma progressão aritmética de razão, constante que é a altura dos degraus, e na abstração o
aluno estuda progressão e não tem uma escada a qual possa relacionar.”
desvantagens, limitações, mas, a concepção mesmo da sua prática eu vejo que o material
série, a partir daí ele é útil, na medida em que o aluno não consegue, quer dizer não tem um
nível de abstração, ainda que dê para acompanhar os conceitos, então se faz necessário voltar
acho que são poucas situações que eu vejo que de fato ele seria imprescindível, digamos seria
uma coisa boa para ajudar na formação do conceito e não sei até que ponto o material
confesso que não vejo material didático como sendo um elemento necessário. Para a formação
do conceito, sei que o material didático viria como um elemento de apoio, mas não que seja
essencial, isto a partir da 5ª série. De 1ª a 4ª série eu acho que ele é fundamental. Na verdade,
dourado e outros.”
discussões sobre o uso de materiais concretos que possam favorecer o ensino aprendizagem
da Matemática, uma vez que as diretrizes curriculares oficiais apontam para este tipo de
C1 – “Nosso caso aqui é um pouco complicado, poucas pessoas que se envolvem com
o ensino, o pessoal aqui é mais chegado com pesquisa, com publicações e parte de ensino
mesmo são poucas pessoas, mas, nós já estamos mudando, temos até doutores na área de
educação está chegando o Sales, temos a Rogéria, o Rômulo e tem outras pessoas que não são
doutores, mas, que gostam de se envolver com o ensino, mas, no geral a maioria é fechada
foram essas daí . . . o que nós estávamos percebendo é que o conteúdo da universidade ficava
escolas. Então com essas mudanças, com essas novas propostas nós estamos agora adequando
mais os conteúdos, o PPP, os conteúdos curriculares para que de alguma forma, a gente
96
consiga fazer com que nosso aluno que é o professor do ensino médio, do fundamental fique
C2 – “Eu não diria que eles têm resistência a novas metodologias, a forma de trabalhar
não, pois a maioria são bacharéis, mas quem mostra a vontade de trabalhar neste sentido tem
o maior apoio do departamento. Como não existe uma outra linha, que também faz falta,
então poucas pessoas tem demonstrado interesse. Mas quem demonstra tem o apoio, então
matemática pura e tínhamos as práticas de ensino com quatro disciplinas de práticas de ensino
que levava o aluno às discussões, mas discussões simples hoje eles já tem uma discussão mais
ampla, temos a área de educação matemática com professores com titulações, que a gente já
pode contar com este pessoal e eu vejo que dentro de nosso curso existe a discussão, surtindo
básicas o aspecto da instrumentalização, que a gente acredita que vai acontecer, na discussão
com o departamento com os alunos, ficou evidenciado de se ter um trabalho pelo menos nas
04 disciplinas básicas, que busquem contemplar o conteúdo que o aluno vai ensinar e
P2 – “Não. Estão por isso há uma dominação na área da matemática pelos puros,
matemática pura pelo bacharel, eles acham se mexer no magistério, mexer com a educação é
sujar as mãos, a grande maioria dos matemáticos eles recusam a ensinar até na graduação.
À medida que eles vão galgando níveis mais elevados ao invés de usar esse conhecimento
amplo para desmistificar a matemática lá embaixo, ele não quer sujar a mão se quer dar aula
P3. “Não está, aqui dentro do departamento nenhuma discussão relativa ao ensino de
vontade para o bacharelado, a licenciatura fica meio que sozinha, e nos próprios cursos de
praticas, a gente esta com a estrutura curricular antiga, vai mudar a proposta, acho que vai
para o próximo semestre ou o próximo ano, mas a discussão é muita técnica na questão da
prática em si, é uma discussão de muito métodos, sem uma discussão mais ampla. A proposta
escola de fora, do fundamental, sempre vem até ônibus das escolas. O professor que participa
é somente os que fazem parte do projeto, esses sim, sempre estão trabalhando com a Rogéria,
com o JB, mais assim, no geral eles não procuram. Primeiro os nossos alunos da licenciatura
quase nunca tem tempo, eles trabalham dando aulas em vários colégios. Tanto é que nós
temos dificuldades até de formar esses alunos, como por exemplo, nós vamos ter apenas oito
alunos formados, eles se envolvem, com tantas atividades de escolas, dando aulas pra lá e pra
cá, eles vêm aqui quase basicamente para assistir aulas, fazer avaliações. A não ser quando
estão participando de atividades, de algum projeto, ai sempre tem gente, mas ai quando você
pergunta não é de livre e espontânea vontade não, é porque estão engajados e não podem
deixar de participar”..
C2 – “Quem está a frente é ... ela pode afirmar melhor isso, eu só sei que o que observei é
alguma coisa, porque se abriu um espaço que muitos alunos mostram interesse, e que há um
C3 – “ . . . quem ministra a disciplina dentro do laboratório é o professor ... e ele deu uma
conotação um pouco diferente da que vinha sendo aplicada, com a construção de material
estruturado e ele trabalha mais com a construção do conhecimento, ele trabalha mais com
aparte teórica. Como a gente sabe que o aluno depende muito do professor, a gente sabe que
enquanto professores estão engajados em um movimento, seja ele o que for, o conhecimento
do aluno é direcionado pelo professor. O professor . . . está fazendo um trabalho muito bom
dentro do laboratório, esta totalmente diferente do que era feito antes, até que a gente vai ter
que fazer uma avaliação como é que está sendo feito, se é realmente isso que a gente vai
querer, se é realmente isto que vai estar servindo ao professor, se a gente mesclar,
normalmente o aluno tem uma boa aceitação, a não ser quando ele já tem um modelo, um
retrato do professor, que ele já sabe e resistem, mais normalmente eles aceitam, depende
muito do professor.”
problemas, uma visão geral das abordagens de conteúdos). Os alunos têm uma receptividade
boa, em relação ao uso de materiais concretos, pois eles enquanto alunos não tiveram
observam que o material concreto tem uma riqueza grande, fazem surgir novas situações,
várias abordagens.”
P2 – “São sub-utilizados, são poucos professores que despertam para isso, a visão
deles. Eu não vejo ali na Federal (UFPB) muita gente utilizando o laboratório, a não ser quem
mexe com a licenciatura. O pessoal do bacharelado com certeza não vai lá, não sabe nem
99
onde é. Eles podiam dar uma contribuição muito grande ali, se eles conhecessem a teoria eles
podiam gerar muitas práticas, muitas experiências, dando uma nova roupagem a matemática,
fica somente Rômulo e Rogéria tentando ali e um grupo de alunos, muitas vezes até com
restrição. A gente da licenciatura sempre é olhada à esquerda, turma que não quer nada com a
matemática se mete nesse negócio de educação, quando na verdade não é muito mais
trabalhosa, por que eu tenho que está sempre pensando como transmitir melhor o
conhecimento, de maneira mais accessível, mais inteligível, mais apetitosa para o aluno, e é
para isso a gente tem desastre. ... O Brasil se não é o último é o penúltimo país na avaliação
responsabilidade por este desastre vai verificar que é o professor de matemática. Porque o
aluno não chega com raiva de matemática, o aluno não nasce com aversão a matemática, esta
ano, gostaria que existissem grupos permanentes dentro do laboratório, com estudos
necessariamente ainda o uso do material concreto, porque por exemplo, agente está com
conceito construído. Por exemplo, a fração , os números racionais , o aluno termina o ensino
fundamental, sem ter clareza, sem ter habilidades para trabalhar com estes números, sem
compreender exatamente. Eu formei um grupo que desde o começo do ano a gente vem
estudando para oferecer, cursos para professores de terceira, quarta e quinta série, onde se
trabalha mais este conteúdo. O objetivo é mais no sentido de trabalhar o conceito. O foco não
é o material concreto, certamente vai ser utilizado o material, mas o foco vai ser o conceito,
mas aí para se trabalhar o conceito se tenho necessidade uso o material concreto, apenas como
100
apoio, no próximo mês vamos (agosto) vamos formar um grupo para ensinar resolução de
problemas.”
Esta questão proporciona um apanhado sobre as discussões que estão sendo realizadas
nas licenciaturas sobre as novas diretrizes curriculares, o domínio dos entrevistados sobre as
C1 - “Há pouco tempo nós nos envolvemos com o problema da nova proposta
colocado aí pelo governo sobre as mudanças e quando entramos para fazer a reformulação
curricular, nós achamos que era para ter acontecido muito antes, por conta das preocupações,
de uma outra maneira os conteúdos que eles iriam apresentar, e nessa nova proposta nós
estamos tentando sanar essa dificuldade. Esta reformulação para gente acharmos que seja
fundamental porque a reclamação deles é que aprendiam conteúdos que não precisavam na
escola básica e agora com está reformulação estamos conseguindo, acho que vai funcionar,
de educação igual a que eu faço parte, trabalhar bem a parte de jogos, toda parte de inovação
de matemática, é difícil sair do tradicional para o novo, para que a gente faça essa passagem
do velho para o novo, demora um tempo e este tempo está conseguindo, não está totalmente
porque sabe que tem professor resistente, a questão do uso de jogos, de materiais didáticos,
mas com a implantação da área de educação matemática a gente está conseguindo que isso
aconteça. Agora no projeto novo a gente fez uma ampliação das disciplinas da área e acredito
101
que vai surtir efeito com novas tecnologias, a gente introduziu a informática no ensino,
colocou disciplina neste projeto novo vai constar duas disciplinas de informática na área de
educação matemática, os laboratórios colocam duas disciplinas, porque a gente ver o seguinte
que hoje não é bastante passar o conteúdo, sabemos que se passa o conteúdo trabalhando com
material concreto o aluno aprende melhor, ele se interessa mais, e cada vez mais a gente sente
das licenciaturas terem uma identidade própria, pois a estrutura que elas hoje, em sua maioria
como distorção do bacharelado. É importante na medida em que isso acontece, em que estas
discussões são postas, a necessidade que as licenciaturas tenham uma identidade própria, e os
matemática, porque apesar da reforma que tem acontecido na prática continua o 3 + 1, você
prepara o individuo para o bacharelado e oferece como opção uma licenciatura e muitas vezes
para aqueles alunos que não estão com bons desempenhos no bacharelado da licenciatura.
financiadas pelo PRENEM e lá no CCEN. A idéia era, desde o início o aluno ter contato com
a formação pedagógica. A didática entrada no 1º período e passava o curso até o ultimo. Então
o aluno iria para a sala de aula no colégio assistir às aulas dos licenciados escolhidos por nós,
aqueles que tinham uma prática docente mais ativa e eles começavam observar as aulas desses
no final do curso eles assumiam a docência durante um ano, recebiam uma turma de um
material, eles testavam o material e discutia com o professor, dá trabalho, ninguém quer
passou a ser o currículo tradicional. Álgebra I, a Álgebra II, Análise, entendeu? E o aluno da
licenciatura não ver aplicabilidade certo, porque ninguém conta a historia da matemática a
partir dos fundamentos, fica o bacharelado uma coisa e a licenciatura para outra, a matemática
pura pra um lado e a aplicada para outro, ninguém, faz elo, a matemática pura, surge por uma
momento em que aparece uma aplicação para ela. Então na hora que eu estou ensinando isso,
não estou vinculando o descobrimento do conteúdo, o aluno não descobrir o conteúdo, ele
recebe uma imposição, ele recebe uma camisa de força, isto aqui é assim, porque Galois
demonstrou? Qual foi a motivação de Galois? De onde vem o fundamento para eles chegarem
prática, esta no caso, docente, a prática da sala de aula, por exemplo, eu perguntava muito aos
meus alunos, quais são as aplicações que você tem na vida para o mínimo múltiplo comum e
o máximo divisor comum. Ninguém sabe, só sabe que o mínimo múltiplo comum aplica-se
P3 – “Estamos seguindo a estrutura curricular antiga, vai mudar a proposta, acho que
para o próximo semestre ou próximo ano. A discussão é muita técnica na questão da prática
em si, é uma discussão envolvendo muitos métodos, sem uma discussão mais ampla. A
5 – Como é que estão sendo tratadas as discussões sobre um ensino por competências?
sobre como formar o aluno – se direcionado apenas ao saber fazer, ou se levam consideração
as outras dimensões de dominar teorias que justifiquem o saber fazer e também o saber ser.
Dessa maneira, passando da concepção do currículo como uma série de disciplinas onde o
103
habilidades voltadas para o saber fazer (domínio de procedimentos e regras), saber o porque
participou das discussões que diziam respeito ao bacharelado, demonstrando que são poucos
C2 – “Eu não tenho subsídios para lhe responder. Teoricamente sim, mas só
“teoricamente”, pois como sei como isso é levado para as turmas na parte específica. Na
formação profissional, eu não sei, como é que tem sido feito. Se a gente conseguir um
excelência. No final da formação do licenciado, não sei se temos conseguido fazer com que o
aluno tenha as habilidades necessárias, eu agora é que estou me inserindo mas nesse
processo.”
sobre o seu uso, bem como sobre as propostas de mudanças curriculares existentes. Ao
afirmar . “A gente percebe que é muito interessante para o aluno da escola básica, para a
gente aqui não sei, acho que seria mais viável para as séries iniciais. . . pra gente ensinar
nossos alunos não sei como, acho que é mais para as series iniciais”, o professor dissocia
Desta forma ele se situa mais próximo das tendências formalistas (clássica ou moderna) ou da
este desenvolva meios para explorar as suas intuições, o lúdico, bem como para o trabalho
interativo.
afirmar, “a não ser nos cursos básicos que aí os Licenciados viam as noções de regras, as
O professor C3, bastante mais pragmático, já considera o interesse dos alunos, suas
motivações – “... sabemos que se passar o conteúdo trabalhando com material concreto o
aluno aprende melhor, ele se interessa mais, e cada vez a gente sente a necessidade da
material apenas pela simples manipulação, mas, promover verdadeiras reflexões do aluno
sobre a sua ação” em uma clara alusão a teoria piagetiana. O professor P2, pela sua resposta
que se aproxima, tanto das tendências ativas como da critica social, pois coloca a questão da
105
“...ela vai continuar abstrata e no fim não exerce uma formação pedagógica que conecte os
mas dentro do dilema criado com a visão de desenvolvimento de Piaget. “... basicamente de 1ª
a 4ª série, a partir daí ele é útil, na medida em que o aluno não consegue, quer dizer não tem
um nível de abstração, ainda que dê para acompanhar os conceitos, então se faz necessário
2. Quanto a segunda questão, sobre como está sendo discutido o uso de materiais
pessoas que se envolvem com o ensino, o pessoal aqui é mais chegado com pesquisa, com
publicações e parte de ensino mesmo são poucas pessoas, mas, nós já estamos mudando,
temos ate doutores na área de educação está chegando o Sales, temos a Rogéria, o Rômulo e
tem outras pessoas que não são doutores”. Este fato que citamos no levantamento histórico,
está de acordo com o professor C2: “Eu não diria que eles têm resistências a novas
metodologias, a forma de trabalhar não, pois a maioria são bacharéis, mas quem mostra a
vontade de trabalhar neste sentido tem o maior apoio do departamento”. Na verdade é tão
somente são considerados os interesses das pesquisas – conforme informações colhidas nas
considera que na sua instituição está ocorrendo discussões ricas sobre o uso de materiais
ensino, pela nova reforma dos cursos de formação inicial, o professor P2, volta a falar da
106
professor P3.
respostas dos professores C1, P1 e P2, mostram que apesar dos esforços dos docentes
envolvidos com o laboratório de matemática da UFPB, este não tem o espaço que deveria ter
no curso de licenciatura, cabendo-lhe apenas fornecer suporte para uma disciplina optativa,
com 60 horas semestrais, sem previsão de aumentar o espaço com a reforma. Este laboratório,
professor C3, mostra que o curso de licenciatura da UEPB, utiliza um pouco mais o espaço do
laboratório, por meio de quatro turmas de uma disciplina obrigatória de 66 horas anuais, e que
com a reforma a ser implantada no próximo ano, neste serão alocadas duas disciplinas,
Esta questão proporciona uma visão de como os sujeitos mais diretamente envolvidos
Observe que C1 afirma que “Há um grande interesse em realizar a reforma” isto “para
trazer o aluno para mais perto de nós”. Entretanto não existe a preocupação em introduzir as
107
novas metodologias a não ser como um meio de transmitir os conteúdos que se manifesta na
afirmação “Porque não ensinávamos ou repassávamos de uma outra maneira os conteúdos que
eles iriam apresentar, e nessa nova proposta nós estamos tentando sanar essa dificuldade.”
conteúdos vistos no ensino básico. Enquanto C2. afirma: “Nossa maior preocupação se referia
mudanças envolve algo mais profundo que é a prática do professor em sala de aula. Já C3, a
partir de um ambiente propício para discussões se sente parte de um processo - “Hoje o curso
de matemática conta com a área de educação matemática, é a área de educação igual a que eu
faço parte, busca trabalhar bem a parte de jogos, toda parte de inovação de matemática...”
Reconhece as dificuldades “... é difícil sair do tradicional para o novo, para que a gente faça
essa passagem do velho para o novo, demora um tempo e este tempo está conseguindo, não
está totalmente porque sabe que tem professor resistente, a questão do uso de jogos, de
materiais didáticos, mas com a implantação da área de educação matemática a gente está
conseguindo que isso aconteça.”, e trabalha para que isso ocorra “... Agora no projeto novo a
gente fez uma ampliação das disciplinas da área e acredito que vai surtir efeito, com novas
tecnologias, a gente introduziu a informática no ensino, colocou disciplina neste projeto novo
colocam duas disciplinas, porque a gente ver o seguinte que hoje não é bastante passar o
conteúdo, sabemos que se passa o conteúdo trabalhando com material concreto o aluno
aprende melhor, ele se interessa mais, e cada vez mais a gente sente a necessidade da
utilização de materiais concretos e o uso de jogos, com tecnologias que a gente aplica os
processo histórico “São importantes na medida em que levam para o ensino superior a
108
necessidade das licenciaturas terem uma identidade própria, pois a estrutura que elas tem hoje,
acontece, em que estas discussões são postas, a necessidade que as licenciaturas tenham uma
Enquanto P3 considera que as mudanças não chegarão as salas de aula: “Estamos seguindo a
estrutura curricular antiga, vai mudar a proposta, acho que para o próximo semestre ou
próximo ano. A discussão é muita técnica na questão da prática em si, é uma discussão
envolvendo muitos métodos, sem uma discussão mais ampla. A proposta é colocada no PPP,
5 – Como é que estão sendo tratadas as discussões sobre um ensino por competências?
consideração as outras dimensões de dominar teorias que justifiquem o saber fazer e também
o saber ser. Dessa maneira, passando da concepção do currículo como uma série de
envolvem com discussões que dizem respeito à licenciatura.”, C2 reconhece suas limitações
formação baseado em competências: “Eu não tenho subsídios para lhe responder.
109
Teoricamente sim, mas só “teoricamente”, pois como sei como isso é levado para as turmas
na parte especifica. Na formação profissional, eu não sei, como é que tem sido feito. Se a
conseguido fazer com que o aluno tenha as habilidades necessárias, eu agora é que estou me
inserindo mas nesse processo.” Enquanto C3 considerou uma meta a ser alcançada, que estão
principalmente devido a forte tradição do ensino de conteúdos, a falta de uma base conceitual
envolvido com esse conhecimento é muito restrito. Percebe-se claramente que as concepções
de dois dos administradores escolares sobre a questão são formadas de maneira empírica, sem
proposta de mudanças.
sentem a reboque das mudanças, pouco influenciando na implantação que caberia no seu
campo de trabalho específico. Percebe-se que existe um campo muito grande para atuarem,
administração. Sua existência garante um lócus para discussão sobre o ensino da matemática,
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Editora, 1989.
CHARLES C. M. Piaget ao Alcance dos Professores. Rio de Janeiro: Livro Técnico S/A –
Industria e Comércio,1983
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Letras, 2003.
Unicamp,1994.(Tese de Doutorado).
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França; Unesp,1998.
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MACHADO, Nilson José. Cidadania e Educação. São Paulo: Ed. Escrituras, 1999.
113
2003.
Abril de 2002.
Inovação,1992.
Vozes, 1995.
1995.
116
APÊNDICE A
b) Pós-Graduação: -------------------------------------
( ) pública ( ) privada
07. Você utiliza livro(s) texto(s) na(s) disciplina(s) que você leciona na licenciatura?
11. O curso de licenciatura onde você leciona tem alguma atividade didática sobre a utilização
12. Se a resposta for positiva, explicite as atividades onde o aluno desenvolve a capacidade de
----------------------------------------------------------------------------------------------------
----------------------------------------------------------------------------------------------------
118
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--------------------------------------------------------------------------------
14. No curso de licenciatura em que você leciona existem atividades curriculares que
matemática?
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--------------------------------------------------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------
16. Você considera o uso de materiais concretos no ensino de matemática como sendo:
Por que?
------------------------------------------------------------------------
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17. No curso de licenciatura em que você leciona existem atividades curriculares que
no ensino de matemática?
18. Em caso positivo, cite quais as disciplinas matemáticas que utilizam estes recursos
tecnológicos.
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------------------------------------------------------------------------
------------------------------------------------------------------------
------------------------------------------------------------------------
19. A sua instituição de ensino inclui no seu currículo atividades que desenvolvam no aluno
conhecimentos para o uso de recursos midiáticos tais como Internet, data show, e-mails, entre
outros?
------------------------------------------------------------------------
------------------------------------------------------------------------
encontros, etc. ?
( ) sim ( ) não
120
Quais?
--------------------------------------------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------
21. Nos últimos 3 anos você tem participado de congressos, seminários, encontros, etc.?
( ) sim ( ) não
Quais?
------------------------------------------------------------------------
------------------------------------------------------------------------
22. O que você acha dos livros didáticos de matemática que estão sendo utilizados nas escolas
básicas?
Por que?
------------------------------------------------------------------------
------------------------------------------------------------------------
( ) sim ( ) não
Por que?
121
------------------------------------------------------------------------
------------------------------------------------------------------------
24. As atividades das disciplinas pedagógicas dos cursos de matemática que você ministra,
Por que?
------------------------------------------------------------------------
------------------------------------------------------------------------
122
Caro colega,
professor Dr. Rômulo Marinho do Rêgo, cujo objetivo é analisar o desenvolvimento nos
ensino de matemática. Para tanto, contamos com o apoio dos senhores, respondendo o
questionário anexado, com o propósito de nos subsidiar com informações que possam
desenvolvidas por Piaget e acreditamos que os conhecimentos por ela gerados possam servir
como suporte para reflexões na direção de orientar as políticas públicas voltadas para a
devolver o mais rápido possível. Basta entregar ao coordenador do curso de matemática desta
Atenciosamente,
jacomgomes@yahoo.com.br
124
APÊNDICE B
ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA
4) O que você acha das novas diretrizes curriculares para os cursos de licenciaturas? Em
particular o de Matemática.
5) Como é que estão sendo tratadas as discussões sobre o ensino por competência?
125
ANEXOS
126
UFPB/BC CDU:377.8(043)