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Instituto Politécnico de Santarém

Escola Superior de Educação de Santarém

Animação Cultural e Educação Comunitária - 3º Ano, 5º Semestre


Áreas de Intervenção III – Educação para os Valores
Docente:
Ramiro Marques

Discentes:
Diana Gaspar nº 1020
Rodrigo Henriques nº 1018

Índice

Introdução

Este trabalho foi elaborado no âmbito na Unidade Curricular de Áreas de


Intervenção III no módulo de Educação para os Valores, e escolhemos como tema
o Racismo, Xenofobia, Chauvinismo, e Sexismo. A forma como estes influenciam a
sociedade.

Para melhor expressar os nossos pontos de vista sobre estas problemáticas


apoiámo-nos não só na “relação do «eu» com o outro”, mas também na análise
da evolução dos termos abordados na sociedade. A nossa reflexão teve por base
a dissertação Racismo, Censura, Corrupção e Sexismo escrita pelo docente da UC,
Dr. Ramiro Marques.

O racismo, a xenofobia, o chauvinismo e o sexismo são problemáticas


extremamente importantes para a sociedade actual visto que a afluência tanto de
imigrantes como de turistas, factores de influência positiva à economia, tem
tendência a aumentar.

É, portanto, de extrema importância debater este tema com vista a


minimizar o problema das atitudes racistas, xenófobas, chauvinistas e sexistas.
Análise Etimológica dos Termos

Racismo

A palavra racismo tem origem na junção de dois termos: raça e “ismo”,


sendo raça a palavra mãe.

Racismo = Raça + “ismo”

Para percebermos o significado da palavra racismo temos de entender o


que significa realmente a palavra raça. Raça é o grupo de indivíduos pertencentes
a um tronco comum e que apresentam particularidades análogas entre os
membros da mesma espécie. A palavra raça teve origem no latim, de ratio, que
significa espécie.

Assim, racismo, não é mais do que uma teoria que afirma a superioridade
da raça X ou Y em relação às outras raças. Nesta teoria assenta a defesa do
direito de dominar ou mesmo reprimir as raças consideradas inferiores.

O racismo é, pois, uma atitude preconceituosa e discriminatória contra


indivíduos de certas raças ou etnias.

Xenofobia

A palavra xenofobia, tal como a palavra racismo, vem da junção de dois


termos: xeno e fobia. A palavra xeno esta relacionada com a formação de
palavras que exprime a ideia de estrangeiro ou estranho. Fobia é o medo
patológico, aversão impossível de conter.

Xenofobia = Xeno + Fobia

Assim, podemos entender a xenofobia como a antipatia ou aversão pelas


pessoas ou coisas estrangeiras. Esta pode ser característica de um nacionalismo
excessivo. Xenofobia é também um distúrbio psiquiátrico ao medo excessivo e
descontrolado ao desconhecido ou diferente. Xenofobia é um termo também
usado num sentido amplo (amplamente usado mas muito debatido) referindo-se a
qualquer forma de preconceito, racial, de grupos minoritários ou cultural.
Chauvinismo

O termo chauvinismo teve origem em França, devido a Nicolas Chauvin, um


soldado de Napoleão que se tornou um patriota fanático. O chauvinismo é isso
mesmo, um patriotismo exagerado, um amor exaltado à pátria, um sentimento de
nacionalismo exacerbado.

Chamamos de "chauvinismo" o sentimento expresso de alguém cegamente


patriota ou rigidamente convencido da superioridade do grupo a que pertence.

Sexismo

Atitude de descriminação baseada no sexo. Tendência para associar


determinados papéis sociais convencionais a cada um dos sexos.

Sexismo é um termo que se refere ao conjunto de acções e ideias que


privilegiam entes de determinado género.

Por exemplo, mulheres que acham que o sexo feminino é superior ao


masculino e vice-versa. Também se adequa no que toca a orientações sexuais:
heterossexuais que se julgam superiores a homossexuais e vice-versa.

Princípios do sexismo:

Mulheres e homens são completamente diferentes e estas diferenças


devem ser reflectidas em aspectos sociais, direitos, linguagem, etc;

Um género é superior a outro;

Existem características intrínsecas a cada género às quais não podem


fugir (ex: mulheres devem cuidar da casa; homens não choram; trair é
da natureza masculina mas nunca da feminina; mulheres são mais
sensíveis)
Aspectos Históricos

Racismo e Xenofobia

O racismo surgiu com o próprio surgimento do Homem, a intolerância é algo


que desde sempre caracterizou a nossa espécie, assim, ao longo da história,
muitas foram as manifestações de atitudes racistas e xenófobas. O racismo foi
utilizado pelos ricos para manter os trabalhadores divididos para que estes não se
unissem e derrubassem o capitalismo.

Segundo esta teoria, o racismo verificou-se com o sistema europeu de


classes em que as pessoas apenas tinham peles pigmentadas se trabalhassem no
exterior. Os ricos consideravam o trabalho manual o dever dos inferiores e por
conseguinte viam qualquer um com as características de trabalhador como
pertencendo a um estrato inferior.

Também os gregos fizeram referência ao racismo através de Aristóteles que


afirmava: “uma parte dos homens nasceu forte e resistente, destinada
expressamente pela natureza para o trabalho duro e forçado. A outra parte – os
senhores, nasceu fisicamente débil; contudo, possuidora de dotes artísticos,
capacitada e assim para fazer grandes progressos nas ciências filosóficas e
outras”.

O historiador Heródoto dizia que os gregos consideravam bárbaros os outros


povos. Ideologia adoptada por romanos posteriormente.

Em 1510, John Major, um dominicano escocês, declara: “A própria ordem da


natureza explica o facto de que alguns homens sejam livres e outros escravos.
Esta distinção deveria existir no interesse mesmo daqueles que estão destinados
originalmente a comandar ou a obedecer”.

Em 1520, o teólogo Paracelso afirma que os ameríndios não descendem de


Adão e Eva.

Em 1772, o Reverendo Thomas Thompson publica a monografia “O


comércio dos Escravos Negros na Costa da África de acordo com os Princípios
Humanos e com as leis Religiosas Reveladas” onde tenta provar a inferioridade
dos africanos.
Em 1852, o Reverendo J. Priest reforça a ideia e publica o trabalho “A Bíblia
defende a Escravidão”. Por fim em 1900 Carrol, também protestante expõe a sua
obra “Provas Bíblicas e Científicas de que o negro não é membro da Raça
Humana”.

A ciência também contribuiu para a ideologia do racismo – em 1758 o


botânico sueco Carolus Linaeus cria o sistema de classificação dos seres vivos
onde cria o termo técnico – Homo Sapiens – dividindo assim os povos:

Os vermelhos americanos: despreocupados e livres;

Os amarelos asiáticos: severos e ambiciosos;

Os negros africanos: ardilosos e irreflectidos;

Os brancos europeus: activos, inteligentes e engenhosos.

Na Alemanha, o regime Nazi, liderado por Hitler, defendia a superioridade


da raça germânica.

Este regime, bem como o caso da Indonésia relativamente a Timor, ou o


caso da gera étnica entre os Hutus e os Tutsis, no Ruanda, fez milhares de
mortos.

Também os descobrimentos portugueses deixaram a sua marca nos


aspectos históricos acerca do racismo, pois com a descoberta do Brasil, na altura
designado por Terra de Vera Cruz, foi necessário arranjar mão-de-obra que
ajudasse a construir a nova colónia e, para isso, os Portugueses “exportaram”
populações negras de África para o Brasil, dando inicio ao flagelo da escravatura,
visto que muitos povos seguiram o nosso exemplo.

Um outro exemplo histórico acerca do racismo e xenofobia é o Apartheid


(vida separada), regime político implantado na África do Sul em 1948.

Segundo este regime, apenas os brancos detinham o poder, os povos


restantes eram obrigados a viver separadamente, de acordo com regras que os
impediam de ser verdadeiros cidadãos.

Nos Estados Unidos, por volta dos anos 50, havia grande discriminação
racial. Martin Luther King, mais tarde eleito Nobel da Paz, ficou célebre pelo seu
discurso intitulado “Eu tenho um sonho”, que defendia os direitos iguais para
todos, isto é, o fim da discriminação racial.
Chauvinismo e Sexismo

O termo deriva de Nicolas Chauvin, um soldado do exército napoleónico,


cuja história verdadeira misturou-se à lenda de uma forma inseparável. Chauvin,
que sentou praça ainda adolescente, lutou em diversas campanhas e ficou
severamente mutilado, depois de ser ferido 17 vezes em combate. Por sua
bravura, o nome de Chauvin, que foi condecorado pessoalmente por Napoleão,
era visto como um símbolo do soldado francês valoroso. No entanto, à medida
que várias peças do teatro cómico e de vaudeville começaram a ridicularizar o
personagem, apresentando-o como ingénuo e fanático, o termo foi adquirindo o
valor negativo que tem hoje. Modernamente, o chauvinismo está associado ao
sentimento ultranacionalista de certos grupos, que os leva a odiar as minorias e a
perseguir estrangeiros. O Women`s Lib, movimento de emancipação feminina da
década de 70, imortalizou sua crítica aos machistas ao denominá-los de "porcos
chauvinistas".

Apesar das discussões políticas, mediáticas e académicas sobre igualdade


de género travadas nas últimas décadas, muitas ideias sexistas ainda permeiam a
cultura e explicam parte das diferenças sociais, económicas, ocupacionais e
comportamentais entre os géneros.

Lista de algumas ideias de carácter sexista e de problemas de ordem


comportamental, socioeconómica ou jurídicas relacionadas a elas:

É dever natural do homem o sustento da família

Evasão escolar precoce de grande parte dos homens, sobretudo


nas classes mais pobres, que se vêem pressionados a trabalhar
para sustentar suas famílias enquanto suas irmãs ou esposas
têm maior liberdade para escolherem entre trabalhar ou
estudar. Consequente inversão no desequilíbrio educacional
relativo a género, com as mulheres alçando níveis educacionais
mais altos que os homens, em média;

Sobrecarga ocupacional masculina (25% dos homens brasileiros


economicamente activos trabalham mais que 49 horas
semanais contra apenas 12% das mulheres na mesma
condição).

Mulheres devem ser responsáveis pela casa

Alto percentual de mulheres sem ocupação económica, embora


já se concentre neste género os mais altos índices de formação
educacional e profissional.

As mães são mais importantes na formação dos filhos que os


pais

Baixíssimo índice de decisões judiciais favoráveis a que a


guarda de filhos de casais separados seja dada aos pais ou seja
compartilhada entre pai e mãe.

Homens não choram/ homens devem ser fortes / homem que


apanha de mulher é frouxo (e variações destes raciocínios)

Menor procura de indivíduos do sexo masculino por atenção


médica em comparação às mulheres;

Resistência de indivíduos do género masculino em prestar


queixa contra suas parceiras quando estes vêm a ser vítimas de
violência doméstica.

Trair é da natureza masculina (mas não da feminina)

Atitudes masculinas violentas, muitas vezes originando crimes


de agressão ou contra a vida, quando de suspeita ou
constatação de infidelidade conjugal;

Rejeição social percebida por mulheres que traem seus


companheiros, ao contrário do que ocorre aos homens infiéis;

Contaminação de mulheres casadas por doenças sexualmente


transmissíveis contraídas por seus maridos.

As mulheres são mais frágeis (ou inocentes)

Predisposição do judiciário a minimizar o papel de mulheres


criminosas e a aplicar sobre elas penas mais brandas;

Exclusão "a priori" das mulheres de determinados campos


profissionais.

Gays são promíscuos/não conseguem controlar seus impulsos


sexuais

Maior dificuldade de homossexuais em adoptar crianças.


Racismo e Xenofobia na Sociedade Actual

“Nós encontramo-nos hoje numa importante encruzilhada, face àquilo que talvez
seja a mais dura batalha alguma vez travada. As crenças fundamentalistas, de
todo o tipo, invadiram o mundo…

O racismo é uma invenção humana, relativamente moderna e que, julgo eu, não
é inevitável.”

Professora Patrícia Williams, conferencista – 1997

No decorrer do tempo, quer devido à imposição de determinadas regras


pela sociedade, quer pela mudança de mentalidades, as manifestações de
atitudes racistas mudaram, isto é, já não se dão a conhecer da mesma forma que
no passado.

Hoje em dia é inadmissível pensar sequer em dividir uma sociedade e


classificar os brancos como cidadãos e os outros assim mesmo, como “outros”.

Actualmente, as atitudes racistas e/ou xenófobas não são tão assumidas


como no passado, ou pelo menos, não a maioria. As punições impostas pela lei a
quem age de modo xenófobo ou racista impedem que haja actos de maior
gravidade para com as raças discriminadas. Ainda assim, atitudes racistas de
menor amplitude (como por exemplo um branco dirigir-se a um negro: “Vai para a
tua terra!”) prevalecem.

O racismo e a xenofobia, muitas vezes, são filhos da ignorância, isto é,


surgem como falta de conhecimento e preconceito. Neste momento, estando nós
no século XXI, ainda há pessoas que julgam que os imigrantes e os turistas vêm
para o nosso país para “roubar” empregos e esgotar os produtos do
supermercado quando, na realidade, estes são um importante factor para o
desenvolvimento económico de Portugal.

É ainda importante salientar que as pessoas, levadas por ideias criadas num
leque de emoções e insuficiente em factos, generalizam o conceito de imigrante
ou de turista, elucidando melhor a minha ideia com um exemplo, digamos que,
apenas porque um pequeno grupo de turistas fez estragos, já todos são vândalos,
ou então, apenas porque se ouviu no noticiário que um ucraniano assaltou uma
loja, já todos são criminosos procurados. É, portanto, a regra do “por causa de
uns, pagam os outros”.

Assim, embora já se tenham feito progressos em relação às atitudes


racistas e xenófobas, há ainda um longo caminho para palmilhar. Ainda é
necessário extinguir diversas atitudes que são fruto de ideias mal esclarecidas e
de preconceitos sociais sem quaisquer fundamentos. É necessário uma renovação
de mentalidades e uma revisão nos padrões sociais que muitas vezes
marginalizam e põem de lado certas pessoas tendo em conta o seu aspecto
exterior e excluindo completamente a sua forma de ser, isto é a maneira como
essa pessoa pensa e age.

É, portanto, urgente que cada um de nós reflicta de modo a que se extinga


o racismo e a xenofobia, como disse Mário Soares, “o racismo começa quando a
diferença, real ou imaginária, é usada para justificar uma agressão. Uma
agressão que assenta na incapacidade para compreender o outro, para aceitar as
diferenças e para se empenhar no diálogo.”.

Conclusão

A elaboração deste trabalho permitiu alargar os nossos horizontes no que


diz respeito às atitudes racistas, xenófobas e chauvinistas. Com a pesquisa
efectuada pudemos adquirir diversos conhecimentos, tanto acerca da evolução
histórica do racismo e xenofobia como nas dimensões dos mesmos na sociedade
actual.

Após a realização da análise etimológica dos termos, concluímos que o


racismo advém da palavra raça e que, filosoficamente, provém de uma relação
conflituosa do “eu” com o “outro”.

A teoria racista defende a superioridade de uma raça, sendo que os povos


mais discriminados são os negros, bem como, os povos de religião muçulmana.

Embora se tenham feito diversas tentativas para provar a existência de uma


raça superior, todas elas falharam pois a biologia só reconhece a existência de
uma raça: a raça humana.

A xenofobia, por sua vez, é o medo patológico ou aversão impossível de


conter em relação a coisas e pessoas vindas do estrangeiro.

O termo “chauvinismo” tem a sua origem num soldado de Napoleão que,


durante as guerras pela França, se tornou um patriota fanático. Assim, o
chauvinismo diz respeito a um nacionalismo exacerbado.
As questões ligados sexismo provêem da forma como as sociedades
antepassadas estavam organizadas. Embora a sociedade tivesse evoluído,
inserção da mulher no mercado, direitos há igualdades, entre outro, a
mentalidade das pessoas não acompanhou esta mudança/evolução social.

Todas estas atitudes conflituosas do “eu” perante o “outro” têm


repercussões não só na sociedade em geral, mas sobretudo nas crianças; essas
que ainda não têm uma personalidade formada e ainda absorvem, como a
esponja absorve a água, tudo o que vem do exterior, isto é, as crianças não
conseguem fazer uma selecção rigorosa do que é um bom comportamento e do
que é um mau comportamento, do que é bem e do que é mal. Assim, estas
adoptam um modelo e seguem-no à risca, ora, se esse modelo a seguir tem
atitudes racistas, xenófobas e/ou chauvinistas, de certo que a criança o seguirá,
agindo, mais tarde, da mesma maneira que o seu modelo agiu.

Como futuros Animadores Culturais e Educadores Comunitários devemos ter


especial atenção a estas questões pois, embora não possamos combater e
eliminar estes tipos de conflitos, podemos esclarecer questões ligadas às raças
para que exista uma maior compreensão e aceitação do factor de diferença.
Sabendo também que um dos públicos-alvo com que iremos trabalhar pode ser
pessoas das diversas etnias é importante dominarmos este tipo de conceitos para
saber agir perante possíveis situações de conflito racial.

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