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Devido à complexidade das informações e o grande número de A idéia é que o auditor examine os itens que, se errados, causam
transações contábeis a serem examinadas na execução de uma auditoria, é um impacto maior na situação patrimonial e financeira da empresa. Isso permite
inevitável que exista o risco de que erros ou irregularidades existentes nos ao auditor independente selecionar procedimentos de auditoria que,
registros e nas demonstrações contábeis possam não ser detectados pelo auditor combinados, possam reduzir o risco de auditoria a um nível aceitável.
durante a execução da auditoria. Estes riscos são conhecidos como riscos de
auditoria. Contudo, como a auditoria é um processo vivo de análise, a
De acordo com a NBC-T-11, risco de auditoria é a possibilidade avaliação da relevância e dos riscos de auditoria pode diferir entre o
de o auditor vir a emitir uma opinião tecnicamente inadequada sobre as planejamento da auditoria e a avaliação dos resultados da aplicação dos
demonstrações contábeis significativamente incorretas. procedimentos de auditoria. Isso pode ser causado por uma mudança nas
condições do trabalho ou por uma mudança no nível de conhecimento do
Na prática risco de auditoria é a possibilidade de o auditor auditor independente em relação à empresa auditada, em função dos resultados
emitir uma opinião equivocada sobre as demonstrações contábeis incorretas, ou encontrados nos trabalhos de campo.
seja, concordar com as demonstrações erradas, emitindo um parecer sem
ressalva. Existe uma relação inversa entre o risco de auditoria e o nível
estabelecido de relevância, isto é, quanto maior for o risco de auditoria, menor
Em um processo auditoria o auditor deve obter o maior nível de será o valor estabelecido como nível de relevância e vice-versa. O auditor
certeza possível sobre a exatidão das demonstrações para emitir a sua opinião, independente toma essa relação inversa em conta ao determinar a natureza,
de tal forma a restringir o risco de auditoria ao seu menor nível, por exemplo, época e extensão dos procedimentos de auditoria, ou seja, ao elaborar o seu
se o auditor deseja ter 90 % de certeza, então ele estará correndo 10% de risco programa de auditoria. Por exemplo, se na execução de procedimentos
de auditoria. Existe uma relação inversa entre risco e a quantidade de evidência específicos de auditoria, o auditor independente determinar que o nível de risco
necessária para suportar a opinião do auditor, ou seja, se o risco de auditoria é é maior que o previsto na fase de planejamento, o nível de relevância,
baixo, é necessária grande quantidade de evidência. A lógica é simples, para ter preliminarmente estabelecido, deve ser reduzido. O auditor independente deve
certeza razoável o auditor deve encontrar evidências de sua exatidão, quanto atenuar tal ocorrência por:
mais evidências sobre algo, menor a possibilidade de aquele algo estar errado.
a) Reduzir o nível de risco de controle, onde praticável, e suportar tal
Como auditor responde junto à sociedade pela sua opinião, ele
redução por meio de ampliação dos testes de observância;
deve no planejamento da auditoria efetuar um estudo acurado sobre as
possíveis áreas de risco de auditoria, a fim de que não emita uma opinião
equivocada sobre o conjunto das demonstrações contábeis. Quando os erros b) Reduzir o risco de detecção via modificação da natureza, época e
não são significativos, e conseqüentemente não invalidam as demonstrações extensão dos testes substantivos planejados.
contábeis examinadas, o risco de ser o auditor responsabilizado por sua Para entender a lógica da relação inversa entre o risco de
omissão é pequeno, contudo se o erro ou a fraude for de proporção maior, auditoria e a relevância devemos saber:
trazendo prejuízo para os beneficiados pela auditoria, poderá envolvê-lo em I. O auditor dever estipular um nível de relevância paras as
processo de responsabilização penal e civil. informações auditadas ainda na fase de planejamento;
O risco de auditoria pode ser considerado relativo, pois ele não é
padronizado, não se manifesta de forma idêntica, diferente disto, se manifesta II. O risco de auditoria, em regra, esta relacionado com os itens que não
das mais variadas formas dependendo das transações da empresa. Após a foram examinados, aqueles que não foram selecionados para
identificação e a classificação dos riscos, ainda no planejamento da auditoria, é exames;
necessário avaliar a probabilidade da ocorrência e o impacto econômico-
III. Para diminuir o risco de auditoria o auditor deve selecionar o item
financeiro do risco nas demonstrações contábeis. Devido a essa situação o
que será examinado, assim ele não ficará sem ser testado;
auditor, em regra, direciona seus testes para as áreas de maior relevância nas
demonstrações. IV. Quanto maior é a relevância de um item, menor é a possibilidade de
ele não ser selecionado; como ele é selecionado ele não fica sem ser
testado, assim quanto maior a relevância menor o risco de auditoria.
3.6.1 Relação: risco de auditoria e relevância
A NBCT 11.6, emitida pelo CFC, estabelece que a relevância O normal de uma auditoria é que o planejamento seja efetuado
depende da representatividade quantitativa ou qualitativa do item ou da em período anterior ao encerramento das demonstrações contábeis, assim o
distorção em relação às demonstrações contábeis como um todo ou informação auditor, embasado nos testes sobre o controle interno, nas informações colhidas
sob análise. Uma informação é relevante se sua omissão ou distorção puder junto á administração e na sua experiência, pode estimar o que irá encontrar na
influenciar a decisão dos usuários dessa informação no contexto das auditada. Caso os resultados reais sejam, substancialmente, diferentes dos
demonstrações contábeis. valores estimados, a relevância quantificada na fase do planejamento e utilizada
na execução da auditoria, assim como a avaliação dos riscos de auditoria,
O que é relevante para uma empresa pode não ser relevante para podem também mudar, e, dessa forma, requerer julgamento do auditor
outra, assim a determinação do que é relevante em uma auditoria é uma independente com relação à suficiência dos procedimentos de auditoria até
questão de julgamento profissional do auditor, que deverá estabelecer um nível então aplicados.
de relevância aceitável para permitir a detecção de distorções relevantes. Ao
estabelecer um nível de relevância o auditor estabelece um parâmetro de Devido a possibilidade da variação entre o estimado no
relevância para a sua auditoria. planejamento e o encontrado efetivamente na auditoria, o auditor independente
pode, no processo de planejamento da auditoria, intencionalmente, estabelecer o
Ao definir seu programa de auditoria, após a análise do controle nível de relevância num patamar abaixo daquele a ser utilizado para avaliar os
interno e das áreas de risco de auditoria, o auditor independente deve levar em resultados da auditoria. Isso pode ser feito para reduzir a probabilidade de
conta quais fatores poderiam resultar em distorções relevantes nas existência de distorções não-identificadas e para propiciar ao auditor
Por exemplo, o auditor depois de seus testes de observância Depois de analisado o ambiente de controle e destacadas as áreas
identifica um alto nível de risco de controle no estoque da empresa, o controle com maiores possibilidades da ocorrência de riscos de auditoria, o auditor deve
interno é falho, assim ele entende que o saldo do estoque e os valores aplicar os procedimentos de auditoria, seguindo uma escala:
apresentados na conta podem estar errados. Para diminuir a possibilidade de
risco auditoria o auditor deverá proceder a maior número de testes * Risco mínimo – É necessário volume mínimo de testes ou
substantivos, normalmente aumentado a sua amostra ou direcionando seus revisão.
testes para os valores mais relevantes, diminuindo a possibilidade de ele errar. * Risco Baixo – fazer uma revisão analítica, com testes limitados de
comprovação de saldos e transações; testes de cumprimento de normas internas.
As normas internacionais de auditoria independente apresentam * Risco intermediário – testes de várias fontes de evidência de
uma matriz de avaliação dos riscos de detecção a partir do nível estabelecido auditoria, apoiando-se preferencialmente em testes de comprovação de saldos e
para os riscos inerente e de controle, como se segue: transações.
* Risco alto – Maior profundidade nos testes, a fim de conseguir
Risco de Controle embasamento para comprovação das transações.
Risco Alto Médio Baixo
inerente
Alto Muito baixo Baixo Médio Relevância ou Materialidade
Médio Baixo Médio Alto
baixo Médio Alto Muito alto É a importância de um fato em relação ao objeto do exame (demonstrações
financeiras). A materialidade depende do julgamento profissional do auditor.
Considerando o risco e a materialidade o auditor determina a natureza,
Segundo o IFAC – Instituto Federal de Contadores Certificados, oportunidade e extensão dos procedimentos de auditoria.
órgão responsável pela normatização da auditoria nos Estados Unidos existe Observe que há uma interação entre risco e materialidade em razão inversa.
uma relação inversa entre o risco de detecção e o nível combinado dos riscos Exemplificando, quanto menor o número de transações de uma conta, maior o
inerentes e de controle. Entretanto, quando o risco de detecção é muito alto, risco de auditoria. O risco do saldo de uma conta de valor baixo estar errado é
devido aos riscos inerentes e de controle serem baixos, o auditor deverá aplicar grande.
assim mesmo testes substantivos para consubstanciar a sua opinião, no entanto Com estes poucos conceitos básicos, podemos começar a definir os tipos de
a amostra não necessita ser grande. riscos de auditoria.
Em geral, os auditores usam tabelas para auxiliar a estimativa do RCI e do Fábio Lúcio
RRAS.
Exemplo:
Aplicando a fórmula:
Risco de Superdependência
Risco de Subdependência
Risco de Negócio
Estes fatos não alteram as demonstrações financeiras, logo, o auditor não avalia
o risco de negócio já que é competência da administração. Eventualmente o