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Sugestões para a preparação de relatórios

Um trabalho cientifico culmina com a preparação de um documento escrito que permita sua disseminação junto à comunidade
cientifica, que assim tem condições de conhecê-lo, avaliá-lo, criticá-lo, complementa-lo, comprová-lo ou repeti-lo, nas partes ou no
todo. A partir daí ele passa a ser efetivamente incorporado ao acervo científico e tecnológico da humanidade, que dele passa a tirar
proveito. Como um documento técnico-científico ele deve ser claro, conciso e objetivo para que sua compreensão seja universal,
devendo ser estruturado de acordo com o método científico de forma a deixar explícito seu objetivo, como alcança-lo e sua
contribuição efetiva.
Podendo assumir diferentes formas - de artigos, relatórios técnicos, teses, artigos de revisão, entre outras - os documentos científicos
se distinguem apenas pela profundidade ou extensão com que seus objetivos são tratados, desde que atendidos os requisitos
metodológicos e os atributos mencionados. Um relatório técnico documenta o trabalho científico-tecnológico, descrevendo-o
detalhadamente em todas suas etapas. Apesar de nem sempre conter resultados novos ou contribuições de mérito científico ou de
interesse para divulgação junto à comunidade científica, o relatório é parte fundamental do acervo cultural e tecnológico de um povo,
como um registro de sua evolução tecnológica. Pode, além disso, ser considerado como um importante instrumento de aprendizado e
aperfeiçoamento profissional. em atividades de treinamento e formação de recursos humanos, por exigir o exercício metodológico de
organização, revisão e análise crítica.
Como qualquer dos outros textos científicos, à luz do método cientifico um relatório. deve abordar essencialmente:
- o que se pretende fazer;
- como se fez;
- o que se fez.
Aparentemente repetitiva, esta estrutura permite metodologicamente :
apresentar o problema abordado, situando-o no contexto técnico-científico da área a que diz respeito;
descrever, de forma concisa, os objetivos do trabalho;
apresentar os modelos essenciais para o entendimento e análise dos resultados;
apresentar os métodos e técnicas experimentais empregados na construção de amostras e na sua medida e caracterização;
apresentar os resultados obtidos;
analisar criticamente os resultados, propondo alternativas para sua melhoria.
Para atingir estes objetivos, um relatório técnico-científico é em geral composto das seguintes partes:
1 - Título ; 2 - Autores ; 3 - Filiação ; 4 - Resumo ; 5 - Introdução ; 6 - Teoria ; 7 - Técnicas experimentais ; 8 - Resultados ; 9 -
Análise dos resultados ; 10 - Conclusões ; 11 - Referências

Em detalhes, tem-se:
1 - Título:
Deve apresentar uma descrição sucinta do trabalho, de maneira mais significativa com relação a seu conteúdo.
2 - Autores:
Os autores devem ter seus nomes mencionados na ordem de importância de participação no trabalho.
3 - Filiação:
Devem ser identificadas as instituições, universidades e/ou laboratórios a que estão vinculados os autores.
4 - Resumo:
É uma apresentação condensada do trabalho em todas as suas partes, com resultados, análise de resultados e conclusões. É escrito "a
posteriori", quando se tem claro os resultados alcançados, sua análise e conclusões. O resumo deve deixar explícita a contribuição
efetiva do trabalho à área de conhecimento.
5 - Introdução:
Apresenta o problema estudado, situando-o no estado da técnica de forma a caracterizar a contribuição a ser dada pelo trabalho, com
definições claras dos objetivos a serem alcançados. Neste sentido, a Introdução deve apresentar concisamente, na sua parte final o
que se pretende fazer e como (método), e exemplo do texto seguinte:
"…. Este trabalho descreve uma estrutura que opera com tensões suficientemente altas para claramente identificar o funcionamento
livre de latchup. Tal estrutura pode ser fabricada usando-se um processo padrão, minimizando-se a separação entre a fonte e o
contato de referência e usando-se uma fina camada epitaxial sobre substratos altamente condutivos."
6 - Teoria:
Contém os modelos essenciais para a análise dos resultados ou os princípios do projeto. Em alguns relatórios essa parte pode ser
opcional, caso se trate de modelos suficientemente conhecidos ou nos casos em que se tenha limitações de espaço para a publicação
do texto. Neste último caso, os autores podem substituir o modelamento teórico pela referência a um artigo ou livro de notoriedade.
7 - Técnicas experimentais (ou Métodos de Fabricação, ou ainda Métodos de Medição):
Descreve os métodos empregados na obtenção das amostras estudadas ou na fabricação dos protótipos utilizados no trabalho,
detalhando etapas ou processos, componentes empregados e outras considerações essenciais para a reprodução do trabalho. Não
devem ser relatados nesta seção os resultados obtidos, mas tão somente os métodos empregados.
8 - Resultados:
Contém resultados de medidas, de ensaios ou de testes obtidos com as técnicas experimentais descritas na seção anterior. Tais
resultados devem ser preferencialmente apresentados com o auxílio de tabelas e gráficos, com unidades e escalas claras e bem
definidas, de modo a não dar margem a dúvidas ou interpretações incorretas. A análise estatística dos resultados, bem como a
avaliação de desvios e tolerâncias das medições realizadas é sempre recomendável. Em geral o relatório começa a ser preparado por
esta seção, uma vez que é o conjunto final de resultados que define efetivamente a contribuição alcançada no trabalho.
Simultaneamente, pode-se trabalhar na preparação da seção anterior, uma vez que na obtenção dos resultados já se tem definidos os
métodos experimentais empregados, tanto na obtenção das amostras como na sua caracterização.
9 - Análise dos resultados:
Nesta seção apresenta-se a análise crítica dos resultados experimentais, interpretando-se os comportamentos observados. Esta é a
parte mais difícil do trabalho, já que os autores devem manter uma atitude crítica e imparcial. Por isso, deve-se de preferência realizar
esta análise enquanto se obtém as medidas, de forma a que estas possam ir sendo criticadas e aperfeiçoadas, tendo-se então resultados
significativos. Este procedimento permite inclusive que se possa rever a proposta inicial do trabalho, em função dos resultados que
vão sendo obtidos, evitando inclusive a perda de tempo com medidas inexpressivas ou incoerentes entre si. É óbvio, no entanto, que a
análise global só poderá ser feita quando se dispor do conjunto completo de resultados. O conjunto de resultados devidamente
analisados é que define efetivamente o conteúdo do trabalho, constituindo portanto sua essência. A partir daqui é que se tem clara
qual sua contribuição efetiva e o que se conseguiu, sendo portanto mais fácil agora situá-lo no contexto da técnica, como é esperado
na seção de Introdução. Do mesmo modo a revisão de modelos ou teorias essenciais para a compreensão e análise dos resultados só
pode ser feita quando se tem claro o que se pretende analisar; portanto do ponto de vista de texto, a seção Teoria, ande se apresenta
normalmente essa revisão, só deve ser preparada após estar bem avançada a análise dos resultados.
10 - Conclusões:
É uma revisão final do que foi feito (o que se fez) de forma a fechar a trabalho coerentemente com sua proposição inicial. Como tal
deve ser uma análise crítica sucinta, em que se apontam as dificuldades e limitações mais importantes, juntamente com sugestões
para supera-las. É fácil entender agora porque o Resumo só poder ser escrito após se ter definido o trabalho como um todo, com os
seus resultados e conclusões.
11. Referências:
É a seção final do trabalho, ande se apresenta a relação bibliográfica consultada no desenvolvimento do trabalho. Ela serve como um
material de consulta para a leitor, dispensando a repetição de modelos, teorias ou a descrição de processos já apresentados na
literatura pelo autor ou por outros autores, que de outra forma tornariam por demais extensos e repetitivos os textos técnicos. As
referências devem ser chamadas no texto à medida que são mencionados conceitos, modelos ou definições de outros trabalhos. Em
geral as referências são identificadas por números entre colchetes como [1], sendo chamadas em seqüência crescente, havendo
convenções internacionais para sua apresentação. Uma bibliografia completa, atualizada e bem relacionada é um ponto alto do
trabalho, permitindo também delimitar seu campo e sua posição no estado da arte. Deve-se, no entanto, observar que trabalhos
completamente originais podem não usar referências a outros trabalhos, dispensando assim essa seção.
Alunos, professores e mesmo pesquisadores muitas vezes encontram dificuldades em apresentar seus trabalhos na forma de um bom
texto científico, o que não apenas inviabiliza uma divulgação adequada junto à comunidade científica, mas principalmente prejudica
a formação do acervo de conhecimentos que sustentam a verdadeiro desenvolvimento científico e tecnológico de uma nação. A
proposta aqui apresentada tem por objetivo orientar os alunos com essas dificuldades na preparação de seus relatórios de forma
metodológica do ponto de vista científico, bem como melhor compreender os textos e artigos apresentados na literatura. Como
recomendação final, lembramos que o melhor aprendizado é o obtido através da leitura de bons autores, para o que sugerimos uma
análise crítica comparativa de artigos de diferentes autores escolhidos ao acaso em bons periódicos, procurando-se identificar as
seções descritas.

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