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O que caracteriza a literatura moderna? Sonho, Delírio e loucura?

Mellville, Kafka, Becket, Borges, Proust e outros grandes escritores


dos últimos cento e cinqüenta anos, foram além da percepção para
buscar uma nova forma de criação literária. O Filósofo Francês Gilles
Deleuze em entrevista que faz parte do documentário ³O abecedário
de Gilles Deleuze´ denomina esta forma de efeito estético como
percepto; a arte que ultrapassa as barreiras comuns da linguagem,
da retórica e da vida.

Buscando uma compreensão cartesiana de uma literatura que reflete


o que não pode ser racionalizado, ou seja; o absurdo; analisarei com
certo cuidado( sempre me utilizando do texto de Deleuze sobre
Bartleby), alguns personagens, situações e tramas que estilhaçam a
dimensão comum de espaço tempo em busca de uma reflexão de
ordem superior, e até mesmo metafísica(no sentido literal da palavra)
da condição humana.

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Um dos Mais intrigantes personagens da literatura ocidental, Bartleby


transborda singularidade em sua ambigüidade que atinge todos os
âmbitos que a literatura pode alcançar.

Em Seu estudo desta novela de Mellville, Gilles Delleuze denomina


como ³fórmula´, o uso incessante da frase ³I would prefer not to´,
uma frase de grande estranheza sintática, mas profundamente
diegética para a compreensão da ob ra em seu nível mais filosófico;

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A formula é uma frase sem objetivo claro, não afirma e não nega,
impossibilitando qualquer espécie de caracterização do personagem
dentro de um estereótipo.

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Não podemos encarar Bartleby como um rebelde, que ao proferir a


formula, carrega em si a semente da revolta a um sistema alienante
que reduz o homem a uma função (possibilidade que em escritores
realistas como Dostoievsky se mostra contundente).

A Possibilidade de Bartleby ser um niilista ou apenas um louco


(sempre vitimizado pelo seu meio social) parece enraizada na maioria
das pessoas que entram em contato com a obra, talvez influenciadas
pelo extenso conjunto de obras que apresentam o sistema capi talista
(Wall Street como seu maior símbolo) , como uma maquina sugadora
de almas em prol da arrecadação material. Mas Mellville não é Oliver
Stone, e sua novela vai além da crítica sociopolítica de outras obras
ambientadas em Wall Street. Seu personagem não foi construído com
profundidade psicologia, mas sim semiótica.

A Tentativa de compreensão de Bartl eby como homem é altamente


frustrada, já que se trata de um personagem em branco. Sem
passado, a única pista que Mellvile nos entrega sobre seu
personagem é a formula, que assim como o personagem, é uma
escrita branca, em se grau zero (citando Roland Barthes), ausente de
um sentido definidor.

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Um equilibrista que vive permanentemente em seu trapézio começa a


ter duvidas em relação a sua peculiar forma de existência. Um
homem que jejua artisticamente e aos poucos vai perdendo o
prestígio do público. Em dois de seus mais famosos contos, Kafka
expõe o melhor de sua percepção absurdista da condição humana.

Em primeira dor, Kafka , como em praticamente toda em sua obra,


vai além do verossímil para atingir questões mais profundas. A
compreensão do ser humano em sua literatura vai além da lei do ato
em conseqüência. O equilibrista vive sua arte, mas sua própria
natureza começa a confrontá -lo, inventando barreiras e obstáculos
em um crescente sentimento de insatisfação. Para Kafka, a s
tentativas do ser humano para atingir qualquer estado de plenitude e
satisfação serão sempre frustradas.

O Percepto criado por Kafka neste conto está em seu conteúdo


(diferente mente da formula de Bartleby), assim como em ³Um
artista da fome´. Em seu tratamento narrativo que com maestria vai
revelando a relação de seu protagonista com o mundo, sua inútil
tentativa de aperfeiçoar sua incompreendida forma de arte e de levá-
la até as ultimas conseqüências, já que sua vontade era a de jejuar
por muitos mais dias do que o que lhe era permitido. Podemos
encontrar novamente no texto de Deleuze sobre Bartleby, uma teoria
que já se encontrava em Sade:

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De acordo que esta linha de pensamento, os personagens singulares
da literatura, como os de Kafka, refletem uma outra faze da
condição humana demonstrada em proporções psicológicas.

O artista do fome e o equilibrista são sem duvidas personagens


singulares si, usando a denomina ção de Melville por meio de Deleuze,
Originais;

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Em Primeira dor, podemos encontrar claramente a figura do


empresário como o ³profeta´ da narrativa, já que é ele o único que
busca compreender o equilibrista, sendo afetado pela chamada
³perturbação indizível´ presente no texto acima. Já em ³Um artista
da fome´, tal personagem não existe, o que demonstra uma força
maior deste conto em retratar o seu ³original´ dentro de vazio maior
ainda. Novamente citando Melville: ³Um vazio imenso e terrífico´.

Para finalizar fazendo um contraponto com o texto de Delleuze,


diferentemente de Bartleby, ambos os personagens, apesar de não
sofrerem influencia de seus meios, estão long e de lançar ³uma luz
branca lívida´ ao seu redor (apenas no leitor). A indiferença e o
deslocamento de ambos os personagens com seus meios são
características essenciais da prosa kafkaniana.
BIBLIOGRAFIA

MELVILLE, Herman. 4  5  $ . Porto Alegre: L&PM,


2003.

DELEUZE, Gilles. 2 6  26 . Coleção TRANS. São Paulo: Editora


34, 1997.

KAFKA, Franz. Na colônia Penal e outros contos. Porto Alegre: L&PM,


2009.

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