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Z ( ω) = R ( ω) + j ω L ( ω) (1)
Fig. 2 . Circuito π com parâmetros longitudinais dependentes da freqüência.
Sendo R(ω) e L(ω) funções tabeladas para resistência e Na Fig. 2, R0, R1, R2,…, Rm são resistores e os elementos
indutância longitudinais, respectivamente. L0, L1, L2,…, Lm são indutores. Os termos G e C representam
A dependência da freqüência dos parâmetros longitudinais os parâmetros elétricos transversais da linha, condutância e
pode ser reproduzida, no domínio do tempo, por um circuito capacitância respectivamente.
equivalente, descrito na Fig. 1: Os elementos resistivos e indutivos são obtidos por meio do
procedimento descrito no item II.
R1 R2 Rm Baseando-se na Fig. 2, as tensões nos terminais emissor
R0 L0 (esquerdo) e receptor (direito) são descritas como u(t) e v1(t),
respectivamente, considerando a representação de uma linha
monofásica por um único circuito equivalente. A tensão u(t) é
uma fonte de tensão arbitrária aplicada no terminal emissor da
L1 L2 Lm linha. Nos indutores L0, L1, L2, ..., Lm circulam as correntes
i10(t), i11(t), ..., i1m(t), respectivamente.
Fig. 1. Circuito equivalente: representação dos parâmetros elétricos O número de blocos RL está diretamente associado ao
longitudinais.
ajuste da função sintetizada F(ω) e a faixa de freqüência a ser
representada.
Na Fig. 1, R0, R1, R2,…, Rm são resistores e L0, L1, L2,…,
A partir das correntes e tensões nos blocos RL é possível
Lm são indutores.
determinar um sistema de equações diferenciais de primeira
A impedância sintetizada por meio do circuito da Fig. 1 e
ordem para representação da linha por um único circuito
os elementos R e L são determinados a partir da seguinte
aproximação: equivalente (k = 1):
d Ik 0 Ik 0 m 1 m 1 1
m j ω R' i = − ∑R j + − ∑R j Ik j + Vk −1 − Vk (3)
Z(ω) ≈ F(ω) = R' 0 + j ω L'0 + ∑ (2) d t L0 j=0 L0 j=1 L0 L0
i =1 R'
jω + i
L'i d I k1 R 1 R
= I k 0 − 1 I k1 (4)
dt L1 L1
Essa técnica descreve um procedimento no qual os
d I km R m R
parâmetros R e L são ajustados de forma a reproduzir a = I k 0 − m I km (5)
natureza distribuída da impedância longitudinal, esse dt Lm Lm
procedimento é conhecido como vector fitting [6]. d Vk 2 2 G
Portanto, a impedância longitudinal Z(ω), em função da = Ik0 − I − V (6)
dt C C ( k +1) 0 C k
freqüência, pode ser representada por um circuito composto
por elementos discretos diretamente no domínio do tempo,
Se a formulação apresentada por (3)-(6) for estendida para
sem a utilização de transformadas inversas.
cada circuito π, considerando uma cascata com n elementos, é
III. REPRESENTAÇÃO POR PARÂMETROS DISCRETOS possível determinar n(m+2) equações de estado, descrevendo
detalhadamente as correntes e tensões em cada ponto da linha.
Considerando o circuito descrito na Fig. 1, é possível Ressaltando que para k = 1, a tensão v(k-1) é u(t). Logo, a
representar uma linha monofásica por cascata de circuitos π cascata com n elementos π equivalentes é expressa por um
levando em conta o efeito da freqüência sobre os parâmetros sistema não-homogêneo de dimensão n(m+2), representado no
elétricos longitudinais. Um elemento genérico da cascata é espaço de estado como:
descrito pela seguinte representação equivalente:
•
[ X ] = [A][X] + [B] u(t) (7)
d 2 [Vf ] d 2 [I f ]
= [Z] [Y] [Vf ] ; = [Y] [Z][I f ] (9) Fig. 3. Representação esquemática de uma linha polifásica e transformação
d x2 d x2 modal por meio de uma matriz [TI].
por condutores múltiplos com cabos do tipo Grosbeak e os circuito. O primeiro corresponde à linha com os terminas
cabos pára-raios são EHWS-3/8”. É adotada uma resistência receptores das fases abertos e o segundo consiste na linha com
do solo típica do território brasileiro, 1000 Ω.m e uma linha os terminais receptores das fases solidamente aterrados, como
com 100 km de extensão. Como descrito na Fig. 5: descreves as figuras 6 e 7:
Fase 2
Fase 3
1
V = 1 p.u.
2 3 (9.27; 24.4)
3.6 m
solo
Fase 1
Fase 2
Fase 3
Fig. 5. Linha de 440 kV trifásica.
V = 1 p.u.
Os parâmetros longitudinais são calculados levando em
consideração o efeito solo e pelicular e a capacitância solo
transversal é calculada com base nos dados geométricos da
linha levando em conta as propriedades dielétricas do ar, como Fig. 7. Teste em curto-circuito.
descreve a referência [1].
Em seqüência, a linha é separada em seus componentes α, No teste considerando o terminal receptor da linha aberto, é
β e zero, sendo os termos mútuos desprezados. O aplicado um degrau de tensão de 1 p.u. na fase 1, como
desacoplamento da linha em seus modos exatos é realizado descreve a Fig. 6. As fases 2 e 3 são aterradas no terminal
por meio das equações (16) e (17). Logo então os parâmetros emissor (ou de alimentação) e ambas estão abertas no terminal
longitudinais e transversais de cada componente modal são receptor. Neste teste, as conexões com o solo estão
aproximados por uma função racional caracterizada apenas implicitamente representadas [9].
por pólos negativos e resíduos positivos. Enfim, os parâmetros Para o teste em curto-circuito, os terminais receptores das
no domínio modal são sintetizados por elementos discretos três fases estão aterrados, enquanto o terminal emissor da fase
resistivos e indutivos, de acordo com o procedimento descrito 1 é chaveado com um degrau de 1 p.u. e os mesmos terminais
no item II. São considerados seis pólos reais na síntese das nas fases 2 e 3 encontram-se abertos, como segue na Fig. 7.
impedâncias longitudinais para os componentes α, β e zero. Com base em (20), descreve-se [VfA] sendo o vetor com as
Sendo que cada bloco RL do circuito descrito na Fig. 1 tensões de fase no terminal emissor da linha e [VmA] o vetor
representa o ajuste de uma década de freqüência em relação a com tensões no terminal emissor dos modos α, β e zero.
impedância distribuída de cada modo de propagação. A partir de (20) obtém-se:
O modelo de linha proposto é aplicado na simulação dos
transitórios eletromagnéticos decorrentes de um chaveamento 2 1
t
[VmA ] = (28)
na linha, para o teste com o terminal receptor aberto e em 6 V 0 3
V
curto-circuito. Porém, antes é proposta a validação do método
comparando-o ao modelo de linha por parâmetros discretos
implementado no software comercial Microtran – EMTP. 2
Portanto é possível concluir que Vα = V e é um
A. Validação do modelo 6
Para o fim de comparar o modelo utilizado na analise degrau de tensão aplicado no terminal emissor do componente
proposta com algum outro modelo já bem conceituado, é 1
α, V0 = V é um degrau de tensão aplicado no terminal
utilizado o software do tipo EMTP Microtran. A presente 3
versão do Microtran disponibiliza uma quantidade limitada de emissor do componente zero e o componente β não está
elementos em sua representação, 46 circuitos π nominais. presente durante a energização da linha.
Logo, nas simulações realizadas utilizando-se o modelo Portanto, a partir da Fig. 8, observa-se a tensão transitória
proposto e o modelo implementado no Microtran, são simulada por meio da metodologia proposta e por meio do
considerados 46 elementos para ambas representações. modelo implementado no Microtran, considerando o teste com
São descritos dois testes distintos para analise das tensões e terminal receptor em aberto:
correntes transitórias: teste com circuito aberto e em curto-
6
2.5
2 (1) 2
(1)
Tensão (p.u.)
1.5
Tensão (p.u.)
(2) (2)
1 1
0.5
0 0
-0.5
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
Tempo (ms) Tempo (ms)
Fig. 8. Tensões nos terminal receptor da fase 1: modelo proposto (1) e Fig. 10. Tensões nos terminais receptores dos modos α (1) e zero (2).
Microtran-EMTP (2).
Considerando as equações analíticas (22)-(24) é possível
Vale ressaltar que para ambas representações foram calcular as tensões nas três fases da linha, com base nas
utilizados 46 elementos. Verifica-se que as curvas, que tensões modais Vα e V0. Observa-se que as tensões induzidas
representam as tensões sobre o terminal receptor da fase 1, nas fases 2 e 3 são iguais, como pode ser deduzido a partir das
estão praticamente sobrepostas, o que demonstra o adequado expressões (25) e (27), levando em conta que Vβ é nula para o
desenvolvimento do modelo utilizado para análise proposta. teste com circuito aberto.
B. Resultados obtidos a partir do teste com circuito aberto As curvas na Fig. 11 descrevem as tensões de fase:
Para o teste com circuito aberto, são considerados 200 2.5
circuitos π na representação em cascata [5]. Verifica-se que o 2
quanto maior a quantidade de elementos utilizados na (1)
representação, mais precisa torna-se a representação da 1.5
Tensão (p.u.)
t=0 t=0
As tensões no terminal receptor dos componentes α e zero Modo α Modo zero
são calculadas por meio da representação por cascata de
circuitos π, como descrita no item III. A Fig. 10 descreve as
Vα V0
tensões nos modos de propagação α e zero:
As correntes modais são dadas pela Fig. 13: expressões analíticas das tensões e correntes de fase
permitindo uma análise mais detalhada da transformação
0.07
modo/fase para essas grandezas.
0.06 Em suma o trabalho descreve de forma detalhada uma
modelagem para o cálculo dos transitórios eletromagnéticos
0.05
Corrente (p.u.)