You are on page 1of 18

A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE À LUZ DA BÍBLIA

INTRODUÇÃO

Desde a época que o reformador Calvino afirmou que “a riqueza é um sinal dos
eleitos”, espalha-se por diversos setores protestantes a idéia de que a prosperidade material é
um presente de Deus para seus filhos. Uma espécie de paraíso terrestre, que distingue os
“salvos” dos outros mortais.
Esta ideologia nascida nos EUA. tem sido apregoada aos quatro cantos do mundo
protestante incluindo o Brasil, como fogo em mato seco. Segundo este ensinamento, todo
crente tem, que ser rico, não morar em casa alugada, ganhar bem, além de ter saúde plena,
sem nunca adoecer. Caso não seja assim, é porque está em pecado ou não tem fé. Neste
estudo, procuraremos examinar o assunto à luz da Bíblia, buscando entender a verdadeira
doutrina da prosperidade. Veremos também que é a busca devastadora do homem para obter
“poder”.

I. O que é prosperidade.

No dic. Aurélio, encontramos vários significados em torno da palavra prosperidade

1 Prosperidade (do lat. Prosperitate). Qualidade ou estado próspero, situação prospera.


2 Prosperar. Tornar-se próspero ou afortunado, enriquecer, ser favorável, progredir,
desenvolver.
3 Próspero. Propício, favorável, ditoso, feliz, venturoso.
4 Biblicamente. Prosperidade é mais que isso. È o que diz o salmo 1:1-3

II. Nomes influentes.

2.1-KENYON. Nasceu em 24/04/1867, saratoga, Nova York, EUA, falecendo aos


19/03/48. Nos anos 30 e 40, desenvolveram-se os ensinos de Essek Willian Keyon. Segundo
Pieratt (p.27), ele tinha pouco conhecimento teológico formal “Keyon nutria uma simpatia por
Mary Baker Eddy” (Gondim, p. 44), fundadora do movimento herético “Ciência Cristã”, que
afirma que a matéria, as doenças não existem. Tudo depende de mente. Pastoreou igrejas
batistas, metodistas e pentecostais. Depois, ficou sem ligar-se a qualquer igreja. De acordo
com Hanegraaff, Keyon sofreu influência das seitas metafísicas como ciência da mente,
ciência cristã e novo pensamento, que é o pai do chamado “Movimento da Fé”. Esses ensinos
afirmam que tudo o que você pensar e disser transformará em realidade. Enfatizam o “poder
de mente”.

2.2-KENNETH HAGIN. Discípulo de Kenyon, nasceu em 20/08/1917. Estado do Texas,


EUA. Sofreu várias enfermidades e pobreza, diz que se converteu após ter ido três vezes ao
inferno (Romeiro, p.10). Aos 16 anos diz ter recebido uma revelação de Mc. 11:23-24,
entendendo que tudo se pode obter de Deus, desde que confesse em voz alta, nunca
duvidando da obtenção da resposta, mesmo que as evidências indiquem o contrário. Isso é a
essência da “Confissão Positiva”.
Foi pastor de uma igreja batista (1934-1937); depois ligou-se à Assembléia de Deus
(1937-1949),em seguida passou por várias igrejas pentecostais e finalmente, fundou seu
próprio ministério, aos 30 anos, fundando o Instituto Bíblico Rhema. Foi criticado por ter
escrito livros com total semelhança aos de Kenyon, mas defendeu-se,dizendo que não era
plágio, que os recebera diretamente de Deus.

OUTROS
Kennety Copeland, seguidor de Hagin, diz que “satanás venceu Jesus na cruz” (Hanegraaf,
p. 36). Benny Hinn tem feito muito sucesso, diz que teve a revelação de que as mulheres
originalmente deveriam dar à luz pelo lado de seus corpos (id., p.36). Há muitos outros
nomes, mas este espaço do estudo não permite registra-los.

III. A base bíblica

O “versículo-chave”, verdadeiro carro-chefe desta doutrina, encontra-se no Evangelho de


São João, mas precisamente na passagem sobre o Bom Pastor: “... eu vim pra que tenham
vida, e a tenham em abundância”. ( Jo. 10:10).

Versículos como este são interpretados no sentido de que Deus deseja ardentemente que
seus filhos possuam muitas riquezas nesta vida: dinheiro, saúde, bem-estar em abundância, ou
seja, bem mais que o necessário.

Passagens bíblicas, como a citada a seguir, são devidamente esquecidas.

“Quanto ao vestuário, por que andais ansiosos? Observai como crescem os lírios do
campo. Eles não trabalham nem fiam. Eu, porém, vos digo que nem mesmo Salomão, em toda
a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Se Deus veste assim a erva do campo, que hoje
existe e amanhã é lançada ao forno, não vestirá muito mais a vós, homens de pouca fé?
Portanto, não andeis ansiosos, dizendo: Que comeremos? Que beberemos?ou: Com o que nos
vestiremos? Pois os gentios procuram todas estas coisas. De certo vosso Pai celestial bem
sabe que necessitais de todas elas.Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas
estas coisas vos serão acrescentadas”. (Mt. 6:28-33).

O trecho acima bem demonstra que a preocupação primordial do fiel deve ser o reino
de Deus. “Buscai primeiro o seu reino e a sua justiça”. De fato, todos podem servir a Deus,
não sendo o acúmulo de riquezas uma condição essencial. Todos possuem bens que devem
ser usados em favor da comunidade, do próximo. Do contrário, cristo deveria ter procurado os
seus seguidores única e exclusivamente entre a elite judaica, e não no meio dos pescadores.

Note-se anda que o “Pai celeste bem sabe que necessitais de todas elas”. Será que o
neo-calvinismo de hoje, cognominado Teologia da Prosperidade, está preocupado apenas com
o necessário de que o homem precisa, tal qual reconhece Deus ? A resposta é não, como
veremos a seguir.

IV. Os ensinos do Evangelho da prosperidade em confronto com a Bíblia.

Os defensores da “teologia ou do evangelho da prosperidade” pretendem salientar


três pontos a serem considerados:

1. Autoridade espiritual

1.1. Profetas, hoje.


Segundo K. Hagin, Deus tem dado autoridade (unção) a profetas nos dias atuais,
como seus porta-vozes. Ele diz que “recebe revelação diretamente do Senhor” ......Dou graças
a Deus pela unção de profeta.....Reconheço que se trata de uma unção diferente.....é a mesma
unção, multuplicada cerca de cem vezes (Hagin, comp. A unção. P.7).

O que diz a Bíblia.

O ministério profético nos termos do AT, duraram até João (Mt. 11:13). Os profetas
de hoje são os ministros da palavra. (Ef. 4:11). O dom de profecia (I CO. 12:10) não confere
autoridade profética.

1.2. Autoridade das revelações.

Essa autoridade deriva das “visões, profecias, entrevistas com Jesus, curas, palavras
de conhecimento, nuvens de Glória, rostos que brilham, ser abatido, (cair) no Espírito,
rejeição às doenças, ordenando-lhes que saiam, etc”. Ele diz que quem rejeitar seus ensinos
“serão atingidos de morte, como Ananias e safira” ( Pieratt,p. 48).

O que diz a Bíblia.

A palavra de Deus garante autoridade aos servos do Senhor (cf: Lc. 24:49; At. 1:8;
Mc. 16:17-18). Mas essa autoridade ou poder deriva da fé no Nome de Jesus e da sua palavra,
e não das experiências pessoais, de visões e revelações atuais. Não pode existir qualquer
“nova revelação” da vontade de Deus. Tudo está na Bíblia (ver At. 20:20, Ap. 22:18-19). Se
um homem diz que lhe foi revelado que a mulher deveria ter filhos pelos lados do corpo, isso
não tem base bíblica, carecendo tal pessoa da autoridade espiritual. Deveria seguir o exemplo
de Paulo, que recebeu revelação extraordinária, mas não a escreveu. ( II Co. 12:1-6).

1.3. Homens são deuses.

Diz Hagin: “Você é tanto uma encarnação de Deus quanto Jesus Cristo o foi...” Você
não tem um deus dentro de você. Você é um deus. “Eis quem somos: somos
Cristo!”.Baseiam-se erroneamente no Sl. 82: 6, citado por Jesus em Jo. 10:31-39.”Vós sois
deuses;....”.

O que diz a Bíblia.

Satanás, no Éden, incluiu no seu engodo, que o homem seria “...como Deus,
conhecendo o bem e o mal” (Gn. 3.5). Isso é doutrina de demônio. Em Jo. 10:34, Jesus citou
o Sl. 82:6, mostrando a fragilidade do homem e não usa deificação: ”.... Todavia, morrereis
como homens; caireis como qualquer dos príncipes” (v.7). “Deus não é homem (Nm. 23:19; I
Sm. 15:29;Os. 11:9; Ex. 9:14). Fomos feitos semelhantes a Deus, mas não somos iguais a
Ele, que é Onipotente (Jó. 42:2), o homem é frágil (I Co. 1:25), Deus é Onisciente (Is. 40:13-
14, Sl. 147: 5), o homem é limitado no conhecimento (Is. 55: 8-9). Deus é Onipresente (Jr.
23:23-24). O homem só pode estar num lugar (Sl. 139:1-12). Diante desse ensino, pode-se
entender porque os adeptos da doutrina da prosperidade pregam que podem obter o que
quiserem, nunca adoecendo.

2. Saúde e prosperidade
Esse tema insere-se no ângulo das “promessas da doutrina da prosperidade”. Segundo
essa doutrina, o cristão tem direito a saúde e a riqueza; diante disso, doença e pobreza são
maldições da lei.

2.1. Benção e maldição da lei.

Com base em Gl. 3:13-14. K. Hagin diz que fomos libertos da maldição da lei. Que
são: 1- Pobreza, 2- doença, 3- morte espiritual. Ele toma emprestadas as maldições de Dt. 28
contra os israelitas que pecassem. Hagin diz que os cristãos sofrem doenças por causa da lei
de Moisés

O que diz a Bíblia.

Paulo refere-se, no texto de Gl. 3 à maldição da lei a todos os homens, que


permanecem nos seus pecados. A igreja não se encontra debaixo da maldição da lei de
Moisés. (Rm. 3:19, Ef. 2:14). Haggin diz que ficamos debaixo da benção de Abraão (Gl. 3:7-
9), que inclui não ter doenças a ser rico. Ora, Abraão foi abençoado por causa da fé e não das
riquezas. Aliás, estas lhe causaram grandes problemas. Muitos cristãos fiéis ficaram doentes e
foram martirizados, vivendo na pobreza, mas herdeiros das riquezas celestiais (I Pe. 3:7).
Os teólogos da prosperidade dizem que Cristo , na cruz, “removeu não somente a culpa do
pecado, mas os efeitos do pecado” (Pieratt, p. 32). Mas isso não é verdade, pois Paulo diz que
“toda a criação geme, inclusive os crentes, aguardando a completa redenção. (II Co. 5:1-10)

2.2. O Cristão não deve adoecer.

Eles ensinam que “todo cristão deve esperar viver uma vida plena, isenta de
doenças” e viver de 70 a 80 anos, sem dor ou sofrimento. Quem fica doente é porque não
reivindica seus direitos ou não tem fé. E não há exceções (Pieratt, p. 135). Pregam que Is.
53:4-5,é algo absoluto. Fomos sarados e não existe mais doença para o crente.

O que diz a Bíblia:

“No mundo tereis aflições” ( Jo. 16:33). Paulo viveu doente (ver I Co. 4:11, Gl. 4:
13), passou fome, sede, nudez, agressões, etc. Seus companheiros adoeceram (Fp. 2:30).
Timóteo tinha uma doença crônica (I Tm. 5:23). Trófimo ficou doente ( II Tm. 4:20). Essas
pessoas não tinham fé? Jesus curou enfermos, e citou Is. 53:4-5 (Cf. Mt. 8:16-17).
No tanque de Betesda, havia muitos doentes, mas Jesus só curou um (Jo. 5:3-8-9).
Deus cura, sim. Mas não cura todas as pessoas. Se assim fosse, não haveria nenhum crente
doente. Deve-se considerar os desígnios e a soberania divina. Conhecemos homens e
mulheres de Deus, gigantes na fé, que têm adoecido e passado para o Senhor.

2.3 O cristão não deve ser pobre.

Os seguidores de Hagin enfatizam muito que o crente deve ter carro novo, casa nova
(jamais morar em casa alugada), as melhores roupas, uma vida de luxo. Dizem que Jesus
andou no “Cadillac” da época, o jumentinho. Isso é Ingênuo, pois o Cadillac da época de
Cristo seria carruagem de luxo, e não o simples jumento.

O que diz a Bíblia.


A palavra de Deus não incentiva a riqueza (também não a proíbe, desde que
adquirida com honestidade) nem santifica a pobreza, Paulo diz que aprendeu a contentar-se
com o que tinha (Fp. 4:11-12; I Tm. 6:8).
Jesus enfatizou que só uma coisa era necessária: ouvir sua palavra (Lc. 10:42). Ele
disse que é difícil um rico entrar no céu (Mt. 19:23), disse também, que a vida não se
constitui de riquezas (Lc. 12:15). Os apóstolos não foram ricaços, mas homens simples, sem a
posse de riquezas materiais. Paulo advertiu para o perigo das riquezas (I Tm. 6:7-10).

3. Confissão positiva.

É o terceiro ponto da teologia da prosperidade. Ela está incluída na “fórmula da fé”,


que Hagin diz ter recebido diretamente de Jesus, que lhe apareceu e mandou escrever de 1 a 4,
a “fórmula”. Se alguém deseja receber algo de Jesus, basta segui-la:

1. “Diga a coisa” positiva ou negativamente, tudo depende do indivíduo. De acordo com o


que o indivíduo quiser, ele receberá”. Essa é a essência da confissão positiva.
2. “Faça a coisa”. Seus atos derrotam-no ou lhe dão vitória. De acordo com sua ação, você
será impedido ou receberá.
3. “Receba a coisa”. Compete a nós a conexão como o dínamo do céu”. A fé é o pino da
tomada. Basta conectá-lo.
4 .“Conte a coisa” a fim de que os outros possam crer”. Para fazer a “ confissão positiva” ,
o cristão deve usar as expressões: exijo, decreto, declaro, determino, reivindico, em lugar de
dizer: peço, rogo, suplico, jamais dizer: “se for vontade”, segundo Benny Hinn, pois isso
destrói a fé.
Mas Jesus orou ao Pai , dizendo: “Se é da tua vontade....faça-se a tua vontade......” (Mt.
26:39-42). “Confissão positiva” se refere literalmente a trazer à existência o que declaramos
com nossa boca, uma vez que a fé é uma confissão “ ( Romeiro, p. 6).

V. A verdadeira prosperidade.

A palavra de Deus tem promessas de prosperidade para seus filhos. Ao refutar a


“Teologia da prosperidade”, não devemos aceitar nem pregar a “Teologia da miserabilidade”.

1) A prosperidade espiritual

Esta deve vir em primeiro lugar. (Sl. 112:3, Sl. 73:23-28). É ser salvo em Cristo
Jesus, batizado como o Espírito Santo, é ter o nome escrito no livro da vida, é ser herdeiro
com Cristo (Rm. 8:17). Deus escolheu os pobres deste mundo para serem herdeiros do reino
(Tg. 2:5), somos co-herdeiros da graça (I Pe. 3:7 ), devemos ser ricos de boas obras ( I Tm.
6;18-19), tudo isso é concebido pela graça de Deus.

2) Prosperidade em tudo.

Deus promete bênçãos materiais a seus servos, condicionando-as à obediência à sua


palavra e não à “Confissão Positiva”.

2.1. Bênçãos e obediência. Dt. 28:1-14. São bênçãos prometidas a Israel, que podem ser
aplicadas aos crentes, hoje.
2.2. Prosperidade em tudo (Sl. 1:1-3; Dt. 29:29). As promessas de Deus para o justo são
perfeitamente válidas para hoje. Mas isso não significa que o crente que não tiver todos os
bens, casa própria, carro novo, etc, não seja fiel.

2.3. Crendo nos seus profetas (II Co. 20:20). Deus promete prosperidade para quem crê
na sua palavra, transmitida pelos seus profetas, ou seja, homens e mulheres de Deus, que
falam verdadeiramente, pela direção do Espírito Santo, em acordo com a Bíblia, e não por
entendimento pessoal.

2.4. Prosperidade e saúde. (III Jo. 2). A saúde é uma benção de Deus para seu povo
em todos os tempos. Mas não se deve exagerar, dizendo que quem ficar doente é porque está
em pecado ou porque não tem fé.

2.5. Bênçãos decorrentes da fidelidade no dízimo (Ml. 3:10-11). As janelas do céu são
abertas para aqueles que entregam seus dízimos fielmente, pela fé e obediência à Palavra de
Deus.

2.6 O.justo não deve ser miserável. (Sl. 37:25). O servo de Deus não deve ser miserável,
ainda que possa ser pobre, pois a pobreza nunca foi maldição, de acordo com a Bíblia. Pois
sempre existira pobres na terra ( Dt. 15:11)

HÁ ALGUMAS INFLUÊNCIAS NO CULTO CRISTÃO? É O QUE VEREMOS A


SEGUIR

VI. A prática.

A palavra de ordem é “doe e receberá muito mais”. Aqui aparece um outro elemento
de tal doutrina: “doar, dar....”, mas na condição de que o retorno será bem significativo. Deus
vira uma espécie de investimento. O crente doa recursos financeiros a sua denominação
religiosa, mas na esperança, praticamente certeza , de que Deus estaria obrigado a lhe dar uma
resposta através de muito mais dinheiro, ou outros bens, como saúde, um bom casamento, etc.

No sentido, vejamos um trecho de reportagem publicada no jornal paranaense Gazeta


do Povo, em 31 de janeiro de 1999

Embora as denominações das seitas evangélicas que se multiplicam pelo país sejam
diferentes, elas funcionam com regras parecidas. A principal delas é o pagamento do dízimo,
que deve corresponder à 10 % da renda do fiel. Nos cultos da Reviver, as reuniões nunca
terminam sem que a coleta seja feita em uma pequena caixa. Quem entra na igreja pela
primeira vez, logo se depara com um aparador cheio de envelopes destinados ao
recolhimento das ofertas.
Na igreja Universal do Reino de Deus que tem quase 200 templos na cidade, os
apelos ao dízimo também são constantes. No culto, realizado na manhã do dia 26 de janeiro
na Catedral da fé- como os fiéis chamam o templo localizado na avenida Sete de Setembro –
além do alerta sobre a importância do dízimo o pastor Carlos tentava convencer os fiéis de
que, dando outros donativos, suas dividas desapareceriam. Baseado na argumentação de que
Deus dá em dobro, ele pedia que cada um entregasse um envelope com os donativos
indicados “pelo coração”. “Pode ser R$ 70, R$ 50 ou até R$ 30, mas o mínimo é de R$ 20” ,
explicava. Grifos nossos.
Como se percebe, há uma nítida relação de troca. Embora esta teologia seja aplicada
mais descaradamente nas igrejas pentecostais, da qual a Universal é o símbolo máximo, ela
atinge grande parte das demais seitas protestantes. Não é de hoje que temos noticia desta
prática em igrejas protestantes ditas históricas ou tradicionais.

VII . A Amplitude.

Também é outro preconceito dizer que essa teologia só atinge as classes pobres e de
baixa instrução. Vejamos trechos da reportagem “A vez dos ricos”, da revista “Veja” de 12 de
fevereiro de 1997:
“O alvo, agora, são as classes A e B. Há dois anos, o publicitário Juanribe Paglarin
largou o emprego e uma renda mensal de 10 000 reais para abrir a igreja Paz e Vida.
Convenceu os três irmãos a fazer o mesmo. Dois deles abandonaram cargos de chefia em
multinacionais.
(...)
“Resultado: em dois anos fundaram 24 igrejas pelo Brasil – um ritmo frenético de um
templo a cada mês. Suas igrejas são acarpetadas, boa parte delas tem ar condicionado e,
segundo cálculos de paglarin, mais da metade dos fiéis pertencem às classes A e B.
Na mesma reportagem, mais adiante, é o próprio pastor quem conclui: “ O público
procura uma igreja mais adequada ao seu perfil”. Em miúdos procura-se agradar ao mercado
consumidor.

VIII. O Antropocentrismo

È uma religião para o homem, e não para Deus. Desde o falso movimento
humanista, do qual o protestantismo é apenas mais uma vertente, o antigo teocentrismo vem
sendo substituído por um antropocentrismo de acordo com o gosto do freguês, do fiel:
“ A mudança no visual é acompanhada por uma nova maneira de pregar a fé. O culto
ficou mais contido e mesmos teatral. Não há espetáculos de exorcismo, com desmaios
seguidos de convulsões e muita gritaria. Apenas de o diabo continuar ser apontado como o
pai de todas as fatalidades, ele passou a Ter uma presença mais discreta que formalmente se
vê nos cultos da periferia.
”.
Em resumo, passa-se o seguinte ensinamento: o homem é o centro de tudo e o céu é
aqui e agora ! Claro, com muito sucesso financeiro, prosperidade material... verdadeiro sinal
de que alguém “repousa na benção de Deus.”
E melhor: quanto mais contribuir com a igreja, maior será o retorno!

IX. As provas: os testemunhos

Para endossar tais ensinamentos, em geral as igrejas usam dos já famosos


testemunhos: pessoas falam sobre sua situação, de forma comovente, e depois, como a vida se
transformou ao entrar para aquela igreja ou passar a doar mais e mais. Carro importado, casa
nova, melhor emprego, empresa de sucesso, roupas de grife...qualquer coisa serve como
“prova cabal” para a verdade do testemunho.
E se entre estes testemunhos, tiver o de gente famosa, sucesso garantido.. Há mesmo
quem cobre cachê para contar as “maravilhas que Deus fez” em sua vida.
Em se tratando de gente famosa ou das classes mais abastadas, nem precisa
testemunho, basta a própria presença para causar furor entre os adeptos da teologia da
prosperidade. Seguem trechos da reportagem

“Templo evangélico da barra vira ponto de encontro de modelos, manequins e


atores”, publicada no jornal “O globo” de 17 de Abril de 1999:

O antigo teatro, da Barra, na av. Lúcio Costa, nunca esteve tão apinhado de
famosos. Do público cativo, fazem parte modelos como Monique Evans, Cristina Mortágua,
Gisele fraga e a ex-miss Brasil Márcia Gabrielle:artistas como Simone Carvalho , Paula
Hunter e Carlos machado, socialites como Kristhel Byancco e Georgina Cuinle, além do
surfista Dada Figueiredo, do coreógrafo Zé Reynaldo, empresários, donas de casa e
patricinhas e mauricinhos.Em cartaz, há três anos, estão os cultos da igreja Sara Nossa
Terra, um sucesso emergente de bilheteria.
Ir à igreja inclui pagar o dízimo, cantar louvores, fazer pedidos, ouvir e proferir
testemunhos de fé. Mas nada de vestidões até o pé ou cabelos compridos, a menos que sejam
como o pretinho básico envergado por Márcia Gabrielle ou como as madeixas aloiradas de
Cristina Mortágua.
- As mudanças são de dentro para fora. A igreja tem restrições, mas não
recriminações. Se isto acontecesse, não pisaria lá – disse Cristina, de bíblia na mão, no culto
da última quarta-feira. Há dois meses engrossando o coro de “améns” que pontua as
pregações, Márcia Gabrielle diz que chegou à Sara depois de peregrinar por várias igreja:
- É bacana ver tanta gente famosa e bonita conhecendo o que eu conheço há tempos:
a palavra de Deus. O louvor aqui é forte. Saio com um astral diferente.
A Sara Nossa Terra nasceu como Comunidade Evangélica de Goiânia, há 20 anos,
nua garagem. Hoje, já são 200 templos no Brasil, sendo 20 deles no Rio, e um nos estados
Unidos. Todos sob o comando do Bispo Robson Rodovalho, de Brasília.

X.Sacrifício

Nesta ótica “God is fashion” até a noção de sacrifício é pervertida. Um exemplo é


quando pastores citam a história em que Abraão iria sacrificar seu filho a pedido de Javé.
Interpretando tal passagem, não importaria aí o pedido de Deus, ou mesmo a prefiguração do
sacrifício de Jesus na cruz. Importaria, pela visão neo- calvinista, o fato de que Abraão estaria
disposto a fazer um grande sacrifício, mas teria a recompensa de terras (riquezas) em
abundâncias, ver a queda de seus inimigos, sua descendência se multiplicar por gerações e
gerações, etc.
Mas que se faça justiça, é preciso destacar a criatividade dos teólogos da
prosperidade . Praticamente, toda e qualquer passagem bíblica serve como pretexto para se
estabelecer esta relação de troca com Deus.
Talvez, todos os fiéis não estejam sendo “abençoados” como desejariam, já que há
apenas alguns testemunhas, e mesmo assim, escolhidos a dedo.

XI. Sinal de preocupação.


Por outro lado, os líderes destas igrejas parecem está em situação financeira bem
melhor.
Este sinal de alerta já chega a preocupar algumas lideranças protestantes. Vejamos o
que disse o Sr. Russell Philip Shedd ao ser entrevistado pela revista “Vinde”:

“Temos assistido a inúmeras dissidências entre pastores e suas igrejas. Muitos saem
para fundar seus próprios ministérios.
“ Uma das principais motivações é a financeira. Percebe-se que, quando o pastor
que tem sua própria igreja e a capacidade de juntar pessoas que vão contribuir, sua vida vai
melhorar. Em segundo lugar: discordância com o líder. Ele acha que está mas certo do que
seu superior, então surge o conflito e ele sai”.

Traduzindo: como primeira causa, o interesse financeiro. Depois, o orgulho do pastor


em achar que está mais certo que o outro. Obviamente ambos, são causas, no mínimo,
inoportunas. No entanto, o que queremos destacar, aqui é o alcance que a teologia da
prosperidade tomou. Antes, a causa maior de divisão entre os protestantes era o orgulho (o
maior dos sete pecados capitais), no sentido de que qualquer desavença teologia ou
administrativa era motivo para fundar uma seita. Basta analisar historicamente como se
fundaram algumas das tantas denominações pós-reforma. Por pior que isso seja, mais
recentemente surgiu uma outra causa: o dinheiro. Nesse nível, pode-se mesmo equipar uma
igreja desta a uma empresa comercial qualquer, já que ambas possuem como finalidade maior
o lucro.

Em outra reportagem da revista protestante “Vinde” (“Primo rico, primo pobre”), faz-se
menção a este fenômeno, que envolve tanto líderes espirituais como fiéis:

Ricardo Mariano, sociólogo que estuda há oito anos o fenômeno pentecostal


brasileiro, crê que essa remuneração é aceita com naturalidade pelos membros da igreja
pois eles vêm projetado na liderança seu próprio anseio, como fruto da teologia da
prosperidade.
O sociólogo acredita que a imagem propagada pela sociedade de que o pastor é
sempre um homem rico foi criado a partir de alguns exemplos na história recente da igreja
no Brasil e no EUA. “Líderes pentecostais de igrejas bem-sucedidas tendem a ter um
excelente padrão de vida, pois a administração da obra está integralmente em suas mãos. É
fácil, observar quem tem este poder totalitário, pois a coisa é tratada como negócio de
família, e passa de pai para filho”. Explica o estudioso.
(...) Morando em luxuosas mansões nos melhores bairros da cidade, ou mesmo em
prósperos balneários no exterior, incorporando personagens criados por seus assessores de
marketing e até ostentando jóias caras, eles mais se parecem com os emergentes jogadores
de futebol ou artistas de hollywood. E, na maioria dos casos, é assim que são tratados pelos
fiéis, que os vêem como figuras místicas e exemplares.

Uma igreja para novos crentes.

A insatisfação como os limites impostos pelas denominações levou alguns


evangélicos paulistas a criarem um grupo muito especial. Fundada há apenas três meses, a
Missão Plena, de São Paulo, reúne pessoas das classes A e B. que, juntas estudam a Bíblia,
trocam experiências, oram e louvam a Deus. Entre os participantes há empresários. Mas o
objetivo não é formar uma panelinha social. “Pelo contrário , não queremos atingir apenas
gente das classes mais favorecidas”, argumenta o pastor Antônio Carlos da Costa, da igreja
Presbiteriana da Barra da Tijuca, no Rio, que tem dirigido ao reuniões na capital paulista.
De acordo com a decoradora Thereza Christina da Fonseca, uma das organizadoras
da missão plena, “ a idéia surgiu há 18 anos, mas, com o tempo, começou a se sentir
desconfortável. “Estar preso a uma estrutura denominacional é muito complicado, a gente
acaba fazendo a igreja, Thereza argumenta que a motivação é dar toda a glória a Deus, e não
líderes. Entusiasmado com trabalho, ela rejeita a idéia de que o marido de Thereza, o
industrial Mário da Fonseca, acredita que o mais importante é estar dentro de quatro paredes.
“Para que nossa luz brilhe no mundo, é preciso que estejamos lá. Muitas igrejas limitam seus
membros apenas ás atividades da própria congregação”, afirma. Acostumado a conviver com
pessoas de alto padrão de vida, o casal afirma não ter nenhuma dificuldade ou
constrangimento em falar de Jesus para elas. “ A busca do homem por Deus é a mesma,
independentemente de classe social. Muitas vezes, as pessoas é que vêm a nós, movidas pela
curiosidade de saber o que temos de diferente”.
Outro freqüentador assíduo das reuniões na Missão Plena é Waldyr Saulo
nascimento. 38, mineiro de Patos de Minas. Convertido ao Evangelho em 1989, ele é dono da
empresa WI- Ten termoplásticos e importação ltda., sediada em Baueri, região metropolitana
de São Paulo. Além do trabalho e dois cultos, empresário gosta de freqüentar clubes, shows
e jantares. Como um autêntico crente dos novos tempos, que concilia a fé com uma intensa
vida social. Waldyr garante: “Na minha vida, sempre há tempo para Deus”. ( revista vinde
pag 16 e 17 )

Remando contra a maré

Apesar de um número cada vez maior de igrejas estarem adaptado seus costumes e
práticas para atrair e manter os novos crentes, existem aquelas que não concordam com
qualquer tipo de mudança e afirmam basear-se na Bíblia sagrada para abraçarem com
radicalidade suas decisões. É o caso da congregação da igreja da restauração em jardim
Sacramento – bairro do município de São Gonçalo (RJ) -, dirigida pelo pastor Sérgio da
Conceição, de 51 anos. Ali os membros são verdadeiramente
as por ele cometendo um “erro seríssimo”: usaram batom. O ato, considerado um deslize,
causou suspensão imediata das adolescentes dos cultos e trabalhos da igreja. A menos que se
explicam perante a congregação, a determinação pastoral chega á exclusão do rol de membros
das suas jovens. No entanto, pastor Sérgio afirma que só esta ali quem quer. Aquele que
vem para a minha congregação ou se adapta ou é livre para sair”. Avisa. Há dez anos, a igreja
de Sérgio conta com a média de 70 membros. Sempre vestindo camisa com mangas
compridas, calça de tergal e sapatos cuidadosamente engraxados, demonstrando grande
capricho, o pastor insiste também que mulher não deve andar de saia curta “acima do joelho”
ou vestir-se com muito esmero, pois, na sua opinião, “isso não é edificante”. Para Sérgio,
também não é conveniente ir à praia. “Despir-se na praia não faz parte da santificação do
corpo” , declara. O pastor Sérgio, zeloso de suas convicções, não permite que membros de sua
igreja freqüente cinemas. O curioso é que ele mesmo se converteu dentro de um, há cerca de
30 anos, quando foi assistir a um filme. “Foi numa época em que não tinha nenhum prazer na
vida”, lembra. Lá mesmo, conta ter sido visitado pelo Espírito Santo, o que o levou a aceitar
a mensagem do Evangelho. Uma prova de que Deus pode operar em lugares onde os homens
acham que Ele não está.( vinde pg 19 )

XII. A vida cristã.

Coitado do São Francisco de Assis! A julgar pelos exemplos acima, de nada valeria o
testemunho do pobrezinho do Assis hoje. Enquanto este último procurou se desfazer dos
seus bens, que mais atrapalhavam do que ajudavam em seu caminho cristão, atualmente se
prega justamente o contrário.
Óbvio que a posse de bens não é um mal em si. Como já foi dito. Deus sabe o que
nos é necessário. Além disso, quem muito foi dado, muito será exigido. Ou seja: mesmo que
alguém encarasse a riqueza como um dom, este dom, tal qual os demais, não é para si, mas
para ser usado em beneficio de todos. E claro: Por livre doação, e não esperando acumular
mais bens nesta vida.
“ Não ajunteis riquezas na terra, onde a traça e a ferrugem os corroem, e os ladrões
assaltam e roubam. Ajuntai riquezas no céu, onde nem traça nem ferrugem os corroem, onde
os ladrões não arrombam nem roubam. Pois onde estiver vosso tesouro, ai também, estará o
coração.” (Mt. 6:19-21).
O homem que vive apegado a riqueza termina por ser escravo: “Pois onde estiver
vosso tesouro, aí também estará o coração”. “Que tesouro Deus quer para nós? Estas
distrações e falsos abandonará o outro. Onde tudo é passageiro e corruptível.
“ Ninguém pode servir a dois senhores. Pois ou odiará um e amará o outro, ou será
fiel a um e abandonará o outro. Não podeis servir a Deus e ás riquezas. (Mt. 6:24).
Procurar o Reino de Deus, servir a Deus....é esta a mensagem que o Evangelho
passa. E como tal, tudo tem que ser posto a seu serviço, incluindo as riquezas. Quando um
fiel doa à igreja, não pode ser como quem resolve um equação matemática, esperando que na
outra ponta, como resultado final e imediato, Deus lhe garante juros e dividendos de retorno.
De fato, nesta vida se cumpre o que cristo disse: “e quem não toma a sua cruz e não
me segue, não é digno de mim”. (Mt. 10-38).
Não é o lucro fácil que move o cristão, mas a fé e a esperança nas promessas de
cristo. A felicidade plena e absoluta foi prometida para a outra vida (“Meu reino não é deste
mundo”)., quando da nossa Ressurreição, em que veremos Deus “face a face”, onde
finalmente a alma humana encontrará satisfação total.

.OS 10 PRINCIPAIS EQUIVOCOS DA TEOLOGIA DA PROSPERIDADE

1) Fazer uma exceção tornar-se regra. Crentes podem se tornar ricos, mas de acordo com
a Bíblia nem todos serão.
2) Transformar em uma das maiores bênçãos aquilo que a Bíblia diz ser uma das
principais fontes de tragédia espiritual: as riquezas materiais (I Tm 6: 10 e 17 a 19).
3) Ter substituído a Ética Cristã do trabalho, pela magia das fáceis confissões positivas
de prosperidade. A Bíblia honra a força honesta do trabalho e não ensina a sua substituição
por nenhum passe de mágica, fruto de confissões.
4) Esvaziou as noções bíblicas de prosperidade. Ser próspero na Bíblia é muito mais do
que ter, é sobretudo ser.
5) Não ser capaz de perceber que a maioria dos que prosperam, conforme a receita da
teologia da prosperidade, são sempre pessoas do campo empresarial. Ou seja, tais pessoas já
ambicionaram prosperidade material, e encontraram na teologia da prosperidade apenas a sua
fama de confissão positiva, uma espécie de neurolingüística Evangélica muito similar aos
ensinos de Lair Ribeiro.
6) Tornou-se cega e indiferente á trajetória econômica social de milhões de cristãos que,
por limitação, berço, conjunturas e situações de natureza social condicionantes, jamais
conseguirão enriquecer.
7) Mudou o eixo da dimensão de vida eterna e abundante conceito de Cristo sobre vida
em abundância não incluía a prosperidade material como prioridade. A grande consciência da
salvação mantinha estreita relação com o fato de Jesus nos ter salvo do pecado e da morte e
nos ter aberto a porta da eternidade.
8) Esvaziou a fé cristã de seu conteúdo de perseverança frente a dor e tirou da dor seu
papel pedagógico e terapêutico. A Bíblia sempre ensinou que mesmo o justo experimenta
essas angústias. A teologia da prosperidade entretanto, ensina que Jesus já sofreu em nosso
lugar de modo que qualquer sofrimento hoje deve ser rejeitado por nós.
9) Cria espaço para o surgimento de uma das maiores expressões de superficialidade
cristã da história de fé. Mais ignorantes e simplistas do que estamos nos tornando agora, só o
fomos no auge da idade das trevas. A razão é simples, como a fórmula da prosperidade é um
pacote simples e mágico, os seus adeptos, não precisam mais pensar, refletir, ler, estudar, e
discernir a revelação de Deus. Já está tudo na cartilha da prosperidade.
10) Abre a brecha para o surgimento de uma terrível atitude de arrogância e super-
humanidade totalmente contrária ao ensino bíblico de uma espiritualidade humilde, generosa
e condescendente. A teologia da prosperidade é a espiritualidade do super- homem, não é a
espiritualidade de Jesus de Nazaré.( vinde pág. 20 )

REPORTAGEM
O IMPROVISADO E O MAJESTOSO

A IURD CONSTRÓI IGREJAS SUNTUOSAS, MAS AINDA POSSIU


TEMPLOS PRECÁRIOS PELO BRASIL.

Até a virada do milênio, a Universal pretende gastar R$ 42 milhões na construção de dez


mega-igrejas localizadas nas principais capitais brasileira. A de Curitiba foi inaugurada em
1997, sem alarde. A do Rio está em fase de construção: terá 10 mil cadeiras estofadas, e a
nave principal, altura correspondente à de um prédio de Ito andares. Na fachada, divisórias
monumentais lembrarão as |Muralhas de Jericó. A de Brasília, para marcar presença na
capital do poder, terá paredes de mármore e formas futuristas que lembrarão a Opera House,
de Saydney. Na Austrália.

A ALMA DO NEGÓCIO

O império de comunicação da universal.

Rede Record. Cerca de 79 canais, entre emissoras e retransmissoras.


Rede família. Canal de evangelização transmitido por parabólica.
Rádio: 70 emissoras
Revista plenitude: bimestral, mescla evangelização com questões
Folha Universal: Jornal semanal com tiragem de 1 milhão de exemplares por edição

Revista Época, edição 17 (14/09/98 )

O PARAISO ESTÁ NO SHOPING CENTER

REPORTAGEM

Nas igrejas neopentecostais, pobreza virou maldição e o reino de Deus começa aqui e
agora, como um grande shopping center.

O pentecostalismo já rendeu vários livros e teses de pós-graduação. Quem faz uma


pesquisa na Biblioteca ecumênica da Universidade Metodista de São Paulo topa com pelo
menos uma dúzia de grossos tratados acadêmicos que discutem o tema.

Na tese de doutorado Pautas para uma sociologia da transmissão religiosa, defendida


no ano passado, o pesquisador Dario Rivera fez um estudo sobre a igreja pentecostal Deus é
Amor – cujo culto é considerado por ele “grotesco demais, desarticulado demais e até
católico”. A pregação não dura mais de 15 a 20 minutos e jamais é um discurso racional e
sistemático, aponta.

Segundo Rivera, a emoção religiosa também é aproveitada para reunir o dinheiro


que sustenta a empresa religiosa. ”Num mesmo culto, observamos que as sacolas para
coletar as oferendas circulam sete vezes. E sempre imediatamente depois das seções de
milagres.”

Passagem obrigatória já a pesquisadora Mônica Barros, em sua tese de mestrado a


batalha de Armagedom , sobre a igreja universal do Reino de Deus, define assim o perfil dos
fiéis: “Pessoas pertencendo às classes subalternas, com idade entre 35-40 anos, a renda
mínima de 1-2 salários mínimos.

Para atrair seu público, a igreja pentecostal utiliza a estratégia de instalar os templos,
“em lugares de passagem obrigatória”, como locais próximos a “ferrovia e supermercados”.
Ela cita ainda o serviço de sonorização (microfone, toca-discos, alto-falante), que contribuem
para “estimular as manifestações individuais” – rezas, choro, riso, louvações, aplausos.

Teologia da prosperidade. Para Ricardo Bitun, no entanto, autor de tese de mestrado.


O Neopentecostalismo e sua inserção no mercado moderno, o pentecostalismo moderno está
muito preocupado com a idéia de salvação em um céu longínquo, mas difunde a teologia da
prosperidade, voltada para o fiel que vive nas cidades e tem preocupações mais consumistas.
Butin divide o pent. Em três ondas, (veja na meteria ao lado). A teologia da
prosperidade vem embutida na terceira onda, representa no Brasil principalmente pelas
Universais e Renascer em Cristo.
O pesquisador explica que, nessa terceira onda, a linha entre igreja e empresa se
tornou “cada vez mais tênue”. O diabo também se “modernizou” ao interferir menos na
tentação e mais no “sucesso” material das pessoas. Para os neopentecostais, ser pobre deixa
de ser requisito essencial para entrar no Reino dos Céus e adquire estigma da maldição, “olho
gordo” ou ação nefasta do próprio demônio.
A própria louvação passa s pedir que os desertos se transformem em shoppings, suprindo
toas as necessidades. É a tese do engravide-se do melhor”. Segundo a qual, diz o professor
jaci Marschin,” o Reino de Deus começa aqui e agora”. ( jornal da tarde 09/07/2000 )
CONCLUSÃO

Malcon street, os Calders e os Bruderhof são todos bons exemplos do que eu chamo
de mordomia sacerdotal – arte de gastar tempo, dinheiro e os recursos da terra para o serviço e
louvor A Deus.
Nós somos sacerdotes. Fomos escolhidos por Deus para declarar e exemplificar a vontade
de Deus para a criação e ao mesmo tempo apresentar as necessidades e louvores de toda a
criação a Deus. Esta é a principal definição de sacerdote. Isso foi expresso mais
consistente quando Deus disse a Moisés que Ele é o criador e dono da terra e Israel “me será
reino de sacerdotes” (Ex 19:6).
Semelhantemente, a igreja foi designada “raça eleita, sacerdócio real, nação santa” (I pe.
2:9) Somos mordomos. Somos chamados para servir como guardiões da boa criação de Deus
(Gn 1;26-28). Embora o conceito de mordomia tenha sido uma das principais respostas da
igreja para o materialismo e para a crise do meio ambiente, ele tem sido pervertido por
aqueles cristãos que assumem que o mundo e seus recursos estão á nossa disposição para
usarmos e abusarmos como quisermos.
O crente em Jesus tem o direito deve ser próspero espiritual e materialmente, segundo a
benção de Deus sobre sua vida, sua família seu trabalho. Mas isso não significa que todos
tenham de ser ricos materialmente, no luxo e na ostentação. Ser pobre não é pecado nem ser
rico é sinônimo de santidade. Não devemos aceitar os exageros da teologia da prosperidade,
em aceitar a teologia da miserabilidade. Deus é fiel em suas promessa. Na vida material, a
promessa de bênçãos decorrentes da fidelidade nos dízimos aplicam-se à igreja. A saúde é
benção de Deus. Contudo, servos de Deus, humildes e fiéis, adoecem e muitos são chamados
á glória, não por pecado ou falta de fé, mas por desígnio de Deus.
Que o Senhor nos ajude a entender melhor essas verdades.

BIBLIOGRAFIA

* BÍBLIA de Referência THOMPSON – Com versículos em cadeia tamática


João Ferreira de Almeida – Edição Contemporânia
Ed. Vida – SP - 2000

* O Evangelho da Nova Era


Ricardo Gondim
Editora Abba, SP - 1993

* Cristianismo em Crise
Hank Hanegraaff - CPAD - Rio - 1996

* Super Crentes
Paulo Romeiro - Mundo Cristão – SP - 1993

* Revista Ultimato
Ano 30 - nº246 - Maio 1997

* Revista Vinde
Ano 1 - nº9 - Julho 1996
* Época – On Line -
Edição 17 em 14/09/98

* Estadão.com.br
Domingo, 09 de julho de 2000

SEBEMGE - Seminário Batista do Estado de Minas Gerais

A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE À LUZ DA BÍLBIA

Em cumprimento das exigências


da disciplina DE TEOLOGIA
BÍBLICA DO NOVO
TESTAMENTO.
Ministrada pelo prof.
Pr. Israel Leocadio
Em decorrência do curso
Bacharel em Teologia Ministerial.
Aluno: Sérgio Luiz Silva Gorino

Outubro/2001

SEBEMGE - Seminário Batista do Estado de Minas Gerais

A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE À LUZ DA BÍBLIA

Em cumprimento das exigências


da disciplina DE
TEOLOGIA CONTEMPORÂNEA.
Ministrada pelo prof.
Pr. Aziel Gusmão
Em decorrência do curso
Bacharel em Teologia Ministerial.
Aluno: Sérgio Luiz Silva Gorino

Outubro/2001

Em cumprimento das exigências


da disciplina DE TEOLOGIA
BÍBLICA DO NOVO
TESTAMENTO.
Ministrada pelo prof.
Pr. Israel Leocadio
Em decorrência do curso
Bacharel em Teologia Ministerial.

You might also like