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M .O .0 4
IN ST ITU TO DO E M P R E G O
E F O R M AÇ Ã O P R O F IS S IO N A L
IEFP · ISQ
ISBN 972-732-446-0
Copyright, 1998
Todos os direitos reservados
IEFP
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma ou processo
sem o consentimento prévio, por escrito, do IEFP
Produção apoiada pelo Programa Operacional Formação Profissional e Emprego, co-financiado pelo
Estado Português, e pela União Europeia, através do FSE
M.S.03
Guia do Formando
IEFP · ISQ
Actividades / Avaliação
Bibliografia
Caso de estudo
ou exemplo
Destaque
Índice
Objectivos
Recurso a diapositivos
ou transparências
Recurso a software
Recurso a videograma
Resumo
M.T.03
ÍNDICE GERAL
• Metais I.3
• Cerâmicos I.4
• Polímeros I.5
• Semi-condutores I.6
• Propriedades I.8
• Estrutura I.10
• Processamento I.11
• Resumo I.12
Tecnologia dos Ma
ecnologia teriais
Materiais IG . 1
Guia do Formando
IEFP · ISQ Índice Geral
• Cerâmicos II.21
• Resumo II.27
• Recozimento III.10
• Normalização III.13
• Patentagem III.14
• Resumo III.15
Tecnologia dos Ma
ecnologia teriais
Materiais IG . 2
Guia do Formando
IEFP · ISQ Índice Geral
IV - PROPRIEDADES MECÂNICAS
• Resumo IV.17
• Supercondutividade V.5
• Ferromagnetismo V.9
• Resumo V.12
Tecnologia dos Ma
ecnologia teriais
Materiais IG . 3
Guia do Formando
IEFP · ISQ Índice Geral
• Resumo VI.16
• Designações VII.3
Tecnologia dos Ma
ecnologia teriais
Materiais IG . 4
Guia do Formando
IEFP · ISQ Índice Geral
• Electrónica VII.28
• Maquinagem VII.31
• Resumo VII.33
BIBLIOGRAFIA B.1
M.T.03
Tecnologia dos Ma
ecnologia teriais
Materiais IG . 5
Guia do Formando
M.T.03 Ut.01 IEFP · ISQ Introdução aos Materiais
OBJECTIVOS
TEMAS
• Metais
• Cerâmicos
• Polímeros
• Semi-condutores
• Materiais compósitos
• Relacionamento entre estrutura e propriedades
• Propriedades
• Estrutura
• Processamento
• Resumo
• Actividades / Avaliação
Ut.01
M.T.03
INTRODUÇÃO
Para ter uma ideia da grande importância do estudo dos materiais basta tomar
atenção ao ambiente que o rodeia. Que materiais encontra à sua volta? Betão, Materiais
madeira, papel, aço, plástico? Veja como o seu “ambiente material” combina
com os dados da fig.I.1, que mostra como os materiais baratos tendem a ser
usados em grandes quantidades para a fabricação das coisas que nos rodeiam.
Nesse aspecto económico, baseiam-se todas as utilizações dos materiais. 0
painel de comandos de um automóvel, anteriormente feito de metal ou madeira,
é no modelo actual, provavelmente, um plástico (barato). 0 especialista em
materiais deve levar em conta os muitos factores que determinam o custo final
de um dado componente ou artigo. Esse senso económico é uma parte
indispensável da perícia que se desenvolve através de longa experiência e estudo
detalhado de um campo particular da ciência dos materiais.
4 Titânio
10
Alumínio
3
10 Aço
Vidro
Nylon
2 Madeira (compósito natural)
10 Polietileno
Cerâmico Tijolos
Betão
10 Metálico
Polímero
1
3 5 7 9 11
10 10 10 10 10
Produção anual (toneladas)
a)
Classe de
Componentes típicos Propriedades características gerais
material
Longas cadei as de
Polímero Variável, geralmente elástico e dúctil
componentes orgânicos
b)
Fig. I.1a), b) - Dados típicos sobre a produção de vários materiais. Os materiais baratos
tendem a ser utilizados em grandes quantidades.
METAIS
Os metais e ligas têm como características gerais comuns boa conductividade Metais
eléctrica e térmica, resistência, tenacidade, ductilidade e enformabilidade
elevadas e boa resistência ao choque. Este grupo de materiais inclui, entre
outros, o aço, o alumínio, o magnésio, o zinco, o ferro fundido, o cobre, o titânio
e o níquel. As características específicas destes materiais originam que sejam
utilizados em estruturas e noutras aplicações onde exista a necessidade de
suportar cargas permanentes elevadas. Os metais na sua forma pura são apenas
usados ocasionalmente, utilizando-se frequentemente ligas que são
combinações de metais, as quais possuem em geral uma panóplia de
propriedades mais equilibrada. Na fig.I.2 está presente um exemplo em que se
utilizam várias ligas de metais para diversas aplicações críticas.
Ut.01
M.T.03
CERÂMICOS
Os materiais cerâmicos (fig. I.3), tais como tijolos, vidro, refractários e abrasivos Cerâmicos
possuem, em geral, baixa condutividade térmica e eléctrica sendo, por
consequência, normalmente utilizados como isoladores. Os cerâmicos são
resistentes e duros, mas também frágeis. Actualmente, surgiram novas técnicas
que possibilitaram o desenvolvimento de cerâmicos para aplicações sujeitas a
carga conjuntamente com temperatura, como é o caso de motores e turbinas.
Estes materiais cerâmicos começam já a ter um mercado e indústria próprias,
sendo designados por cerâmicos avançados.
Fig. I.3 - Vários componentes cerâmicos complexos fabricados pelas novas tecnologias
de processamento de materiais cerâmicos.
POLÍMEROS
Fig. I.4 - Secções na cortiça (ampliação 300 x). À esquerda: secção perpendicular à
secção radial; à direita: secção paralela à direcção radial. A direcção radial é
perpendicular ao tronco da árvore.
Fig. I.5 - A polimerização ocorre quando pequenas moléculas se combinam para produzir
uma grande molécula. À esquerda: estrutura de um polímero termoplástico; à direita:
estrutura de um polímero termoendurecível.
Os polímeros são utilizados em muitas aplicações, sendo uma das mais nobres
em componentes electrónicos (fig. I.6)
SEMICONDUTORES
Estes materiais permitem que a sua condutividade eléctrica possa ser controlada,
podendo ser utilizados em transístores, díodos e circuitos integrados (fig. I.7).
Em certos sistemas, a informação é transmitida por luz através de fibras ópticas;
os semicondutores, que permitem converter luz em sinais eléctricos, são
componentes essenciais destes sistemas.
Ut.01
M.T.03
MATERIAIS COMPÓSITOS
Propriedades
Fluência Química
• taxa de deformação • corrosão
• tensões críticas • refinação
Ductilidade Densidade
• % elongação Electricidade
• % estricção • conductividade
Fadiga • dieléctrico (isolamento)
• limite de encruamento • piezo ou ferroeléctrico
• vida à fadiga Magnetismo
Dureza • diamagnético
• resistência à indentação • paramagnético
• taxa de desgaste • ferromagnético
Impacte Óptica
• energia absorvida • absorção e cor
• tenacidade • difracção
• temperatura de transição • acção laser
Resistência • fotocondução
• módulo • reflexão,refracção e transmissão
• tensão de cedência Térmica
• tensão de ruptura • capacidade calorífica
• condutividade térmica
• expansão térmica
Densidade (kg/m3 )
4 Cerâmicos Metais Polímeros Compósitos
3x10
Platina
Tungsténio
WC Ouro
4 Cermetes
10 Chumbo
Prata
TiC Cobre, Níquel
ZrC Ferro, Aço
Zinco
Titânio
Al 2O3 , MgO
Si N3 ,SiC
4 Alumí nio
Rochas PTFE
PRFV
Vidro Berílio
Ciment o
PRFC
PVC
3 Gelo Epóxidos
10 Nylon
Poliestireno
Polietileno
Madeiras
Borrachas
Espumas
2 poliméricas
10
Resistência
Superliga de níquel
Alumínio reforçado
com fibras
Cerâmico
Alumínio
Polímero
Estrutura
No nível seguinte, considera-se o arranjo espacial dos átomos. Os metais, os Átomos e arranjo
semicondutores, alguns cerâmicos e alguns polímeros possuem um arranjo
atómico bastante regular, ou seja, possuem estrutura cristalina. A estrutura do
cristal influencia as propriedades mecânicas do material.
Ut.01
M.T.03
Fig. I.11- Quatro níveis de estrutura num material: (a) estrutura atómica; (b) estrutura
cristalina; (c) estrutura dos grãos (alumínio 100x); (d) estrutura multifase (perlite e ferrite
num aço arrefecido lentamente 1000x).
Finalmente, na maioria dos materiais, está presente mais de uma fase, tendo Fase
cada uma delas o seu próprio arranjo atómico e propriedades específicas. O
controlo do tipo, dimensão, distribuição e proporção de cada fase permite
controlar as propriedades do material.
Processamento
RESUMO
ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO
1. Que factor económico explica o facto de, na nossa civilização, o betão ser
o material mais utilizado?
4. Perante a análise feita para a questão anterior, qual o material que numa
primeira análise cumpre os requisitos necessários para ser utilizado numa
asa de avião?
10. Em geral, quais são os tipos de materiais que apresentam maior densidade?
Ut.01
M.T.03
OBJECTIVOS
TEMAS
• Diagrama de fases
• Solubilidade e soluções
• Diagramas binários
• Diagramas eutécticos
• Reacções peritécticas
• Fases em polímeros orgânicos
• Fases não-cristalinas
• A fase vítrea
• Vidros óxidos
• Polímeros vítreos
• Ligas ferro-carbono: Aços e ferros fundidos
• Cerâmicos
• Reacção monotéctica e decomposição espinodal
• Sistemas multicompostos
• Materiais compósitos
• Compósitos de fibras
• Compósitos laminados
• Compósitos de partículas
• Resumo
• Actividades / Avaliação
Ut.02
M.T.03
DIAGRAMA DE FASES
Fase - Uma fase possui as seguintes características: (a) o arranjo atómico ou Fase
estrutura é igual por toda a fase; (b) a composição química e as propriedades
são praticamente constantes em toda a fase e (c) existe uma interface definida
entre a fase e o meio circundante.
Regra das fases - A regra das fases (ou regra de Gibbs) descreve o estado do Regra das fases
material, tendo a seguinte fórmula:
F=C-P+2 (II.1)
F = C - P + 2 = 1 -1 + 2 = 2 (II.2)
Pressão B
A
1 atm
Líquido
Sólido
C Gasoso
0 500 1000
Temperatura (ºC)
Existem dois graus de liberdade. Isto significa que, pelo menos dentro dos
limites, uma variação da pressão ou da temperatura (ou de ambas) não
modifica o número de fases ou a fase existente, mantendo-se, por isso, líquido.
No ponto C, existe coexistência das três fases. Daqui resulta que F=0, o que
significa que não existe nenhum grau de liberdade; as três fases coexistem
apenas se as duas variáveis (pressão e temperatura) foram fixadas. Este
ponto é conhecido como ponto triplo.
Solubilidade e Soluções
Considerem-se dois copos: um com água e outro com álcool. A água é uma Solubilidade
fase e o álcool outra. Se água for colocada no copo de álcool e se misturar,
produz-se uma fase. O copo contém uma solução de água e álcool que possui
uma estrutura, propriedades e composição únicas. Pode-se, portanto, considerar
que o álcool e a água são solúveis um no outro. Para além disso, possuem
solubilidade ilimitada - quaisquer que seja a razão de água e álcool, produz-
se sempre só uma fase. No caso de se misturar água e óleo, não existe qualquer
solubilidade, pelo que são insolúveis - quaisquer que sejam as quantidades
estão sempres duas fases presentes iguais aos constituintes originais.
Do mesmo modo, quando se mistura cobre líquido com níquel, produz-se Solução sólida
apenas uma fase líquida (fig. II.2). Se o líquido for arrefecido até à temperatura
ambiente, forma-se uma só fase. Após solidificação, os átomos de níquel e
cobre não se separam, estando aleatoriamente distribuídos nos pontos da
rede de uma estrutura cúbica de faces centradas. Dentro da fase sólida, a
estrutura, as propriedades e a composição química são uniformes, não
existindo qualquer interface entre os átomos de níquel e cobre. Portanto, o
cobre e o níquel possuem solubilidade ilimitada. A fase sólida denomina-se
solução sólida (fig. II.2).
Cu
Ni
(a)
(b)
Solução sólida
de Zn em Cu
Composto
de Cu em Zn
(c)
Fig. II.2 - (a) O Cobre líquido e o Níquel líquido são completamente solúveis um no outro;
(b) Liga sólida Cu-Ni apresentando solubilidade completa com os átomos de níquel
e cobre ocupando posições aleatórias na rede; (c) Nas ligas Cu-Zn contendo mais de
30% de Zn, forma-se uma segunda fase devido à solubilidade limitada do Zinco no Cobre.
Ut.02
M.T.03
Diagramas binários
dT 1 dq
= (II.3)
dt Cp dt
O aumento uniforme da temperatura continua até Tf, mas o calor absorvido é Calor Latente Fusão
usado para fundir o componente sólido fornecendo o calor (latente) de fusão
(DHf). O processo de fusão prossegue a temperatura constante por um tempo
t, de modo que:
dq
t = ∆Hf (II.4)
dt
A curva da fig. II.3(b) mostra a pequena mas significativa diferença no Liquidus e Solidus
comportamento de uma solução sólida de dois (ou mais) componentes. O
processo de fusão ocorre agora numa faixa de temperatura. A fusão começa
na temperatura solidus da liga e termina na temperatura liquidus. Quando os
dados de uma série de ligas que cobrem uma faixa de composição são
compilados, essas duas curvas de temperatura resultam na curva solidus (início
da fusão com o aquecimento) e a curva liquidus (início da solidificação com o
arrefecimento).
Ut.02
M.T.03
Temperatura Temperatura
Solução líquida
Componente líquido
Temperatura líquidu s
Componente sólido
Solução sólida
Esse comportamento pode ser ilustrado tomando como exemplo o ponto Solubilidade
S(X2,T2). Como este ponto está na região de duas fases do diagrama, o sistema
consiste em duas fases: a fase líquida l e a fase sólida a. Os dois pontos
L(X1,T2) e a(X3,T2) que representam essas duas fases estão nas extremidades
da linha de união que passa pelo ponto S(X2,T2) do sistema. A análise de
fases, nesse caso, é dada por:
Regra da Alavanca
Ponto: Liga de 20% de MgO à temperatura T3
Fases: Solução sólida α Líquida
Composições: 36% mol de MgO (X3) 15% mol de MgO (X1)
Quantidades: (X2-X1)/(X3-X1) = 0.24 mol 1.00 - 0.24 = 0.76 mol
X A =X A +X A (II.6)
2 s 3 α 1 L
As = Aα + AL (II.7)
Porém, AL pode ser eliminado da equação, resultando a regra da alavanca: Regra da Alavanca
A X -X
α 2 1
(II.8)
A X -X
s 3 1
Fig. II.4 - Diagrama temperatura vs. composição (diagrama de fases) para P = 1 atm,
do sistema NiO-MgO, que forma uma série de soluções sólidas. Este diagrama de
fasesmostra a natureza da região bifásica (líquido e sólido). São mostradas três
ilustrações esquemáticas de possíveis microestruturas.
Diagramas eutécticos
Fig. II.5 - Diagrama de fases para o sistema Ag-Cu (P=1 atm). A fase líquida deste sistema
sofre uma reacção eutéctica quando alcança 779ºC.
A reacção eutéctica ocorre para uma liga (como a liga 60% atómica de Cu), Reacção Eutéctica
cuja composição passa pela linha de equilíbrio das três fases. O comportamento
na temperatura eutéctica pode ser explicado usando a regra das fases, pois
para as três fases (p) de um sistema de dois componentes (c) tem-se que:
F = C + 2 - P = 2 +2 -3 = 1 (II.9)
A análise de fases a 780ºC, que fica logo acima da temperatura eutéctica, é Reacção Eutéctica
dada por:
A fase líquida tem agora a composição eutéctica (40% atómica Cu) e ao alcançar
a temperatura eutéctica pode sofrer a reacção da equação anterior. Ao completar
a reacção (digamos a 778ºC), todo o líquido eutéctico mudou para uma mistura
fina das fases α e β, o microconstituinte eutéctico. A quantidade desse
microconstituinte é 0,64 mol, a mesma que a quantidade de líquido logo acima
da temperatura eutéctica. Se a liga solidificada for arrefecida lentamente (em
condições de equilíbrio) até temperaturas mais baixas, tanto a fase α como β
mudarão de composição ao longo da linha solvus. A 300ºC, por exemplo, a
análise de fases é dada por:
Reacções peritécticas
Três fases podem sofrer várias reacções a temperatura constante. Embora a Reacção Peritéctica
reacção eutéctica L→α+β seja a mais comum, outra reacção importante é a
peritéctica:
L+ β→α (II.10)
O comportamento de uma liga cuja solidificação seja efectuada por essa reacção
é ilustrado esquematicamente para duas ligas Prata-Platina na fig. II.7. A liga
2, ao arrefecer a partir da região líquida, começa a formar a solução sólida β. A
1 186ºC essa liga é constituída por fase líquida e fase β (35%). Durante o
arrefecimento pela horizontal peritéctica, a 1 185ºC, a liga sofre a reacção e
torna-se inteiramente fase α (se o equilíbrio for alcançado). A sequência de
desenhos da fig. II.7, que ilustra esse comportamento da solidificação, inclui
um deles mostrando um estágio intermediário: a fase α, de início formada
necessariamente na interface original entre as fases líquida e β, engloba os
grãos β.
Uma reacção posterior entre as fases líquida e β fica agora difícil: assim,
raramente é alcançado o equilíbrio nas reacções peritécticas. É óbvio que, em
geral, uma liga não tem exactamente a composição peritéctica (liga 2), mas
tem alguma composição que passa pela horizontal peritéctica (liga 1).
Fig. II.7 - Diagrama de fases Prata-Platina, utilizado para ilustrar o carácter das reacções
peritécticas. A parte inferior do diagrama foi simplificada omitindo várias reacções no
estado sólido.
FASES NÃO-CRISTALINAS
Muitos cálculos a respeito de gases envolvem meramente as leis do gás ideal; Gases e Líquidos
contudo, a pressões acima de ≈l02atm, são exigidas correcções adequadas
para o comportamento não-ideal e para a transição para a fase líquida. Para
além disso, a temperaturas bem altas, devem-se considerar dois processos
adicionais. O primeiro processo, característico de gases moleculares como o
hidrogénio (H2), é a dissociação em átomos neutros. Em temperaturas ainda
maiores, o segundo processo, a ionização, ocorre e converte o gás que
anteriormente era isolante num plasma condutor eléctrico, isso devido aos iões
e electrões que são produzidos. Em pesquisas de energia nuclear, os plasmas
são úteis como fontes de calor devido ao seu alto conteúdo térmico, e também
devido ao facto de os átomos ionizados de um plasma sofrerem reacções
químicas com especial facilidade.
Molecular
Amónia, Água Soluções aquosas de sais inorgânicos
associado
A fase vítrea
Faixa de transformação
Volume vítrea
Líquido
estável
Líquido
metaest ável
Líquido Processo de
+ cristalização
Comportamento cristais
durante
arrefecimento rápido
Fase vítrea
Comportamento
durante Cristais
arrefecimento lento
Temperatura de Temperatura de
transição vítrea
fusão
Tg Tf
Temperatura
A cristalização de polímeros de cadeia longa deve superar duas dificuldades Cristalização de Polímeros
estruturais: a) as bases simples raramente são possíveis, e b) o rearranjo
adequado dos segmentos de cadeia existentes é conseguido somente pela
difusão lenta de troços completos de uma cadeia, sem romper e reformar ligações
(em contraste com o comportamento de metais e cerâmicos, onde um dado
átomo pode transferir uma ligação dum vizinho para outro com certa facilidade).
A formação de estruturas vítreas é a regra na maioria dos polímeros, e a
cristalização tem um papel secundário.
Vidros óxidos
Os objectos de vidro que se vêem diariamente são feitos principalmente de Vidros Óxidos
sílica (SiO2). A estrutura e ligação desse tipo de vidro são semelhantes, porém,
àquelas da SiO2 e dos silicatos. O arranjo estrutural do vidro, de SiO2 puro, é
grandemente modificado. Exemplos de tais modificadores de estrutura são
Ut.02
M.T.03
Duas ligações de ponte por átomo de silício poderiam corresponder, por exemplo,
a uma estrutura de cadeia linear, e qualquer aumento posterior na quantidade
de modificador reduziria o comprimento da cadeia. O efeito principal de um
modificador é baixar a temperatura de fusão e de trabalho, diminuindo a
viscosidade.
Composição, %peso
Tipo Propriedades ou usos
SiO2 Na2O K 2O Al 2O3 Outro
Borosilicato 80,5 3,8 0,5 2,2 13B 2O3 Resist. ao calor e a produtos
químicos
Cristal 54 1 8 - 37PbO Alto índice de refracção
A resistência do vidro pode ser aumentada por reforço superficial, no qual a Propriedade do Vidro
composição da superfície é mudada por meio de troca de iões. O artigo acabado
é fabricado a partir dum vidro cuja estrutura contém um catião pequeno, como
o do lítio. Depois, o artigo é colocado num banho de sal fundido que contém um
catião grande (sódio ou potássio) e é tratado por poucas horas numa temperatura
abaixo do ponto de deformação. Durante esse tempo, o ião grande substitui o
pequeno numa camada superficial de cerca de 0,1mm de espessura. Como as
tensões de tracção são a causa de falhas em vidros, o vidro reforçado pela
superfície exibe um valor de resistência à tracção bastante aceitável.
Polímeros vítreos
As propriedades dos polímeros podem ser utilmente modificadas, combinando Polímeros Vítreos
dois (ou mais) monómeros diferentes numa cadeia polimérica longa. Um método
de produzir tais copolímeros é a polimerização por adição na presença dos
dois monómeros. Por exemplo, se monómeros do estireno e monómeros do
butadieno estiveram presentes na relação 1:3, a polimerização resulta num
copolímero contendo cerca de 25% de monómeros do estireno distribuídos ao
acaso com monómeros de butadieno. Esse polímero é conhecido como SBR
(borracha-estireno-butadieno) e é a fonte de borracha sintética para usos tais
como em pneus. Se a relação de monómeros é invertida durante a
polimerização, o copolímero resultante tem uma composição bem diferente e é
um material duro com significativa fragilidade.
É verdade que o aço duma lâmina de faca é endurecido de modo que ela
fique afiada durante o uso, mas o mesmo aço era macio quando a lâmina da
faca estava a tomar forma no processo de forjamento. Assim, o aço é um
material especialmente útil porque é macio e trabalhável nalgumas condições,
mas pode-se tornar duro e resistente por um tratamento térmico antes do seu
uso.
Quantos dos objectos de aço comuns foram tratados termicamente? Pode-se Aço
fazer facilmente um teste de dureza por riscagens. Uma lata, um armário
metálico ou a chapa de um automóvel são constituídos por chapa que não terá
sido endurecida. Use a ponta duma lâmina de faca para fazer um pequeno
risco na lata. Verá que riscará facilmente. Uma lâmina de barbear ou de serra,
que estará endurecida, quase não será afectada pela faca. Como base para
compreender vários processos de endurecer metais, incluindo o endurecimento
do aço, consideraremos agora aspectos da falta de equilíbrio nos diagramas
de fase.
Qual é a razão para que o ferro seja o metal mais usado? A resposta é simples: Ferro Fundido
ele tem o menor custo. As formas mais baratas do ferro são os ferros fundidos,
fabricados na sua fundição local refundindo o produto do alto forno (ferro
gusa) e vazando-o na forma desejada. A estrutura de ferro fundido branco,
que contém 3% em peso de C mais elementos de liga, pode ser facilmente
interpretada usando-se o diagrama de fases Ferro-Carbono, fig. II.9.
Ut.02
M.T.03
Por causa da grande quantidade de carboneto de ferro, o ferro fundido branco é Ferro Fundido Branco
muito duro, mas também é frágil. Nas zonas das peças onde a dureza é
necessária para se ter resistência ao desgaste, procura-se formar pequenas
regiões de ferro fundido branco em peças constituídas por outros tipos de ferro
fundido. O uso principal do ferro branco, porém, é na produção de ferro fundido
maleável. O aquecimento prolongado do ferro fundido branco por volta de 850ºC
produz a reacção:
Se o ferro fundido for então arrefecido lentamente até à temperatura ambiente, Ferro Fundido Maleável
mesmo a cementite da perlite se grafitiza. A estrutura final do ferro fundido
maleável resultante, fig. II.9, consiste em partículas de grafite numa matriz de
fase x. A reacção da equação anterior mostra um aspecto surpreendente das
ligas Ferro-Carbono.
A grafite é uma fase estável: a cementite é somente metaestável. Não obstante, Ferro Fundido Cinzento
na maioria dos aços, e mesmo em muitos tipos de ferro fundido, a Fe3C tem
estabilidade suficiente para existir por milénios a temperaturas moderadas.
O ferro fundido cinzento difere do ferro fundido branco por ter um teor um pouco
maior de carbono (e também silício, um elemento de liga que promove a
grafitização). Se o ferro líquido se solidificar de modo relativamente lento, serão
produzidos flocos de grafite em vez da fase Fe3C. A microestrutura mostrada
na fig. II.9 resulta quando a matriz de fase γ se transforma em perlite (constituída
por lamelas paralelas de fase α e cementite). O ferro fundido cinzento tem
resistência relativamente baixa porque poderão ocorrer fissuras ao longo dos
flocos de grafite de baixa resistência. São obtidas resistência e ductilidade
bastante superiores se a grafite formar nódulos durante a solidificação (como
resultado da inoculação com adições adequadas de elementos de liga logo
antes de vazá-lo). A microestrutura dum ferro fundido nodular típico está patente
na fig. II.9.
Por outro lado, se o arrefecimento ocorrer mais rapidamente (no ar), a fase γ
arrefece a uma temperatura mais baixa antes de se decompor em perlite. Essa
perlite tem um espaçamento lamelar menor e é mais dura. Poderá ocorrer uma
reacção completamente diferente se um aço aquecido (até à fase γ) for
mergulhado em água. Ocorrerá uma transformação sem difusão próximo da
temperatura ambiente e a produção de microconstituinte muito duro, a
martensite.
CERÂMICOS
L’ → α + L’’ (II.12)
O par mais interno de linhas tracejadas da figura supramencionada, chamadas Decomposição Espinoidal
curvas espinodais, inclui uma faixa de composição dentro da qual pode ocorrer
um tipo especial de reacção, a decomposição espinoidal. Essa reacção faz
com que uma fase uniforme (como uma solução líquida) se separe num arranjo
de minúsculas regiões de aproximadamente 100Å, que apresentam
composições diferentes. A separação de fases desse tipo ocorre na cerâmica
vítrea listada no quadro II.2. Depois que o objecto de vidro foi enformado da
maneira usual a temperatura elevada, a decomposição espinoidal ocorre
espontaneamente durante o arrefecimento. As minúsculas regiões de fase
resultantes incluem um tipo que é rico em TiO2. Aquecer o vidro a uma
temperatura moderada produzirá microcristais ricos em TiO2, embebidos numa
matriz vítrea. Quando a temperatura é aumentada, a matriz cristaliza-se nos
microcristais. A estrutura final da cerâmica vítrea tem, então, granulação fina e
quase completamente cristalina.
Ut.02
M.T.03
Sistemas multicompostos
MATERIAIS COMPÓSITOS
Compósitos de fibras
Uma estrutura de fibra semelhante, mas em escala mais fina, pode ser produzida Estrutura da fibra
numa liga eutéctica, fazendo com que a fase mais resistente tome a forma de
barras longas dentro da fase dúctil. O procedimento usado para esse fim é a
solidificação unidireccional, na qual se faz solidificar lentamente a liga líquida
numa direcção especificada (por exemplo, ao longo do comprimento duma
lâmina de turbina de motor de avião a jacto). Os plásticos são mais resistentes,
inclusive à distorção em temperaturas moderadas, quando reforçados com
longas fibras de vidro (material compósito largamente usado nos cascos de
barcos e em mobília moldada).
O osso e madeira (de base polímérica) são compósitos de fibra que ocorrem Compósitos Naturais
naturalmente em biomateriais. O osso obtém a sua resistência a partir duma
matriz do mineral duro apatite (fosfato de cálcio) e a sua tenacidade a partir de
fibras curtas da proteína colágeno.
Compósitos laminados
Quando um tecido (algodão, papel, mantas de fibra de vidro para fornos, asbestos,
etc.) é usado como uma única camada, uma técnica semelhante de ligação
produz os plásticos laminados. Estes têm a rigidez dum plástico e excelente
resistência por causa do reforço dado ao tecido. Outros tipos de compósitos
laminados empregam somente uma camada de um segundo material matriz
ou criam mesmo um novo efeito. Um exemplo desse comportamento é a tira
bimetálica, resultado da junção de duas chapas de metais que mostram
diferentes expansões térmicas. Esse tipo de material compósito é a parte
fundamental do controlador de temperatura do forno caseiro. Quando a
temperatura aumenta, a maior expansão de um dos metais faz com que a tira
venha reflectir elasticamente e a quebrar o contacto eléctrico.
Compósitos de partículas
RESUMO
ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO
14. Em geral, o mesmo material pode ser utlizado como refractário e como
abrasivo. Quais as duas características comuns aos refractários e aos
abrasivos?
16. Por que é que a falta de equilíbrio é mais provável de ocorrer em reacções
que envolvem fases sólidas do que em fases líquidas?
18. Explique porque é que uma chapa de madeira se quebra mais facilmente
numa direcção?
OBJECTIVOS
TEMAS
• Transformações de fase
• Transformações isotérmicas e polifórmicas
• Transformações isotérmicas
• Transformações polifórmicas
• Mecanismos de endurecimento
• Têmpera e revenido nos aços
• Endurecimento por precipitação
• Endurecimento por dispersão
• Outros mecanismos de reforço
• Tratamentos térmicos
• Recozimento
• Normalização
• Patentagem
• Resumo
• Actividades / Avaliação
Ut.03
M.T.03
TRANSFORMAÇÕES DE FASE
Pode-se então concluir que existe a necessidade de uma força motriz para
que se efectue qualquer transformação de fase.
Transformações isotérmicas
A transformação da austenite num dado aço pode ser resumida Diagrama ATT
convenientemente no diagrama TTT (tempo-temperatura-transformação) desse
aço. O diagrama de um aço típico é ilustrado na fig. III.1(c). As curvas isotérmicas
da fig. III.1(a) fornecem dados para construir um diagrama TTT. São utilizadas
amostras de pequena dimensão, aquecidas por forma a se ter austenite
uniformemente na amostra, pelo que são mantidas a 850ºC. As amostras são,
então, arrefecidas numa fracção de segundo até à temperatura de transformação
isotérmica (400ºC, no caso da figura). Após vários tempos de transformação,
as amostras individuais são temperadas em água, polidas e examinadas ao
microscópio, para determinação da percentagem de transformação ocorrida.
Os tempos de início (3s) e fim (300s) da transformação são, então, lançados
em gráfico ao longo da horizontal de 400ºC da fig. III.1(c), para ajudar a formar
as curvas de início e fim que compõem todo o diagrama TTT.
IEFP · ISQ
Guia do Formando
Componente Científico-Tecnológica
Tecnolo
ecnologia
gia dos Ma
Transformações de Fase
III . 4 Materiais
teriais
Como se ilustra no digrama TTT da fig. III.1(c), a dureza de um dado aço aumenta Bainite
à medida que o produto de transformação se forma a temperaturas
sucessivamente mais baixas. Uma causa importante desse comportamento,
para além da diminuição dos espaçamentos entre as regiões de cementite, é o
aumento correspondente da densidade de deslocações originadas por tempos
de solidificação extremamente curtos.
Transformações polimórficas
A solução deste problema envolve a estabilização da fase cúbica da alta Fase Monoclínica
temperatura pela adição de MgO ou CaO. O efeito destas adições é criar uma
grande região de solução sólida cúbica, estendendo-se a temperatura bastante
baixa, até 1 400ºC. Embora a fase cúbica seja instável a temperaturas mais
baixas, podendo eventualmente transformar-se, essa transformação ocorre com
difusão necessitando de um certo tempo. Seriam necessárias cerca de
10 horas, mesmo à temperatura que origina um tempo de transformação menor.
Os refractários comerciais de zircónia estabilizada contêm cerca de 10%mol
de CaO e consistem em ambas as fases, cúbica e monoclínica, à temperatura
ambiente. A fase cúbica tem suficiente estabilidade para se desprezar a
ocorrência de transformação em serviço normal. A presença da fase monoclínica
aumenta a resistência ao choque térmico.
Ut.03
M.T.03
MECANISMOS DE ENDURECIMENTO
Em virtude da resistência adequada ser uma exigência primária da maioria dos Endurecimento
materiais, são utilizados vários métodos para aumentar a resistência dos metais,
polímeros e cerâmicos. O método mais comum é utilizar elementos de liga.
Um exemplo no caso dos metais, é a adição de zinco ao cobre para formar
latão. A presença de 30% em peso de zinco na solução sólida aumenta a
resistência à tracção do cobre em cerca de 50%. Outro método de endurecimento
muito utilizado é a deformação plástica permanente, como, por exemplo, a
laminagem e a trefilagem. A resistência de muitos materiais, incluindo a dos
compósitos, depende do pequeno tamanho das partículas ou fibras que reforçam
a matriz.Uma grande vantagem do aumento de resistência através de uma
transformação de fase relativamente a outros métodos, é o facto de que pode
ser aplicado a um objecto inteiro. Por exemplo, um eixo de um automóvel pode
ser maquinado no forma desejada enquanto o aço está macio. O tratamento
térmico posterior pode então fazer o aço sofrer as transformações de fase que
o endurecem e reforçam, enquanto que o eixo retém a sua forma original.
O ferro puro, não contendo carbono, não pode ser temperado por tratamento Têmpera
térmico. Com o aumento do conteúdo em carbono, a martensite obtida através
de uma têmpera adequada aumenta a dureza, como ilustra a fig. III.2.
Fig. III.2 - Dados para ligas Ferro-Carbono mostrando o efeito do conteúdo de carbono
na dureza da martensite e na temperatura para produzir a fase austenítica
TRATAMENTOS TÉRMICOS
Fig. III.3 - Esquema das condições de arrefecimento para diferentes tratamentos térmicos:
1) recozimento anisotérmico; 2) recozimento isotérmico; 3) têmpera martensítica;
4) têmpera por etapas; 5) têmpera isotérmica bainítica
Recozimento
Este tratamento tem por fim restituir ao aço as características que foram Recozimento
alteradas por tratamento mecânico ou térmico anterior, regularizar as estruturas
brutas de fusão, obter estruturas favoráveis à maquinagem ou deformação a
frio, atenuar heterogeneidades ou, ainda, eliminar ou reduzir tensões internas.
Existem vários tipos de recozimento, que variam essencialmente nos tempos Tipos de Recozimento
e temperaturas a que se sujeita o material, embora as propriedades finais do
Ut.03
M.T.03
Apesar desta classificação atrás apresentada, existem termos técnicos comuns Desgaseificação
que completam a designação de recozimento, indicando o aspecto da
superfície, sendo importante referi-los:
Normalização
Nas peças grandes, a normalização substitui por vezes o recozimento, para Normalização
evitar que o arrefecimento muito lento dentro do forno dê lugar a um grão
demasiado grosso. A microestrutura final dos aços não-ligados é constituída
por perlite lamelar muito fina e grãos mais regulares do que os recozimentos
de difusão. As características mecânicas são, portanto, superiores às do
recozimento.
Para alguns aços ligados, este tratamento permite uma estrutura de têmpera;
são os chamados “aços de autotêmpera”, o que quer dizer que a velocidade
de arrefecimento ao ar é demasiado rápida para se obter uma estrutura do
domínio perlítico. Nestes casos, a estrutura ferrito-perlítica só se consegue
com uma velocidade muito mais lenta (arrefecimento dentro do forno) ou por
recozimento isotérmico.
Patentagem
RESUMO
ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO
13. Se um aço está exposto a temperatura elevada durante muito tempo, qual
o tratamento térmico a efectuar para reabilitar este aço?
OBJECTIVOS
TEMAS
• Tensão e deformação
• Deformação elástica
• Deformação plástica
• Deformação viscosa e viscoelástica
• Carácter de escoamento plástico
• Ensaios Mecânicos
• Ensaios de dureza
• Ensaios de fadiga
• Ensaio de flexão transversal
• Desgaste, desbaste e maquinagem
• Resumo
• Actividades / Avaliação
Ut.04
M.T.03
TENSÃO E DEFORMAÇÃO
Pode-se realizar uma experiência semelhante com um pedaço de aço com Tensão
uma área da secção praticamente igual à da fita de borracha. (abrindo um
clips de aço apenas na dobra central, tem-se uma amostra de aço com um
gancho na extremidade). O peso de uma chávena provoca novamente uma
deformação elástica, mas essa deformação é tão pequena (menos de 1 µm)
que o olho humano não detectará. Deformações semelhantes e extremamente
pequenas ocorrem durante o uso corriqueiro da maioria dos materiais
estruturais. A curva tensão versus deformação da fig. IV.1 para o aço mostra
comportamento elástico somente até uma deformação de 0,1%. A tensão
correspondente é, no entanto, bastante grande e corresponde à colocação
de 5 kg no clips.
como é mostrado pela curva tensão versus deformação para Al2O3 na fig. IV.1,
representativa de materiais cerâmicos à temperatura ambiente. Do ponto de
vista da segurança da operação, um comportamento mais desejável é a
deformação plástica, ilustrada na fig. IV.1 pela deformação extensiva do aço
antes da fractura. A deformação plástica (como um pára-choques amachucado
dum automóvel) é permanente, ao contrário da deformação elástica, não sendo
recuperável quando a tensão que provocou a deformação é removida.
20
(b) Aço macio
Tensão nominal F/Ao, N/m2
1,0
15 Deformação plástica
(c) Borracha
natural cruzada
(leia ↑→)
10 Deformação elástica
0,5
5 (d) Polimetil-metacrilato
(ensaiado a122º C)
0 0
0 5 10 15 20 25
Deformação nominal ( ∆L/Lo) x 100, em %
Fig. IV.1 - Curvas de tensão de tracção vs. deformação, ilustrando quatro tipos de
comportamento durante a deformação: (a) elástica; (b) plásticas (antecedida de elástica);
(c) elastomérica e (d) viscoelástica.
Comportamento Elástico
Os materiais poliméricos exibem muitos tipos de comportamento pós-elástico,
dependendo da sua composição e estrutura. Uma borracha reticulada, por
exemplo, desvia da proporcionalidade entre tensão e deformação acima de
uma deformação de 300%. A deformação nessa faixa é denominada
elastomérica. Quando a tensão é removida, as deformações muito grandes
envolvidas são totalmente recuperadas, porque as largas moléculas de polímero
são reticuladas. Na ausência de ligações cruzadas, as cadeias podem deslizar
umas em relação às outras e produzir deformação plástica. Os dados para o
polimetilimetacrilato (Lucite) ilustram a deformação típica de um polímero amorfo.
A curva tensão versus deformação seria significativamente diferente se a
velocidade de carregamento fosse apreciavelmente mais rápida ou mais lenta.
Essa é uma característica do comportamento viscoelástico, o qual envolve
vários mecanismos, mas tem como característica uma dependência pronunciada
da velocidade de carregamento e, também, da temperatura.
Ut.04
M.T.03
DEFORMAÇÃO ELÁSTICA
Tensão
σ (tensão) = F/A (IV.1)
ε = σ/E (IV.2)
Ut.04
M.T.03
Isso significa que a um elemento estrutural pode ser dada a resistência desejada
à deformação elástica (rigidez) somente com um oitavo de peso de boro, em
comparação a um projecto semelhante de aço. O compósito Borsic-Alumínio
toma vantagem da alta rigidez específica do boro. Os compósitos que empregam
grafite ou alumina em fibra oferecem uma vantagem ainda maior.
10 10 N/m2 10 6 N.m/kg
DEFORMAÇÃO PLÁSTICA
Tomando como exemplo o caso do vidro, tem-se que este material possui um Deformação Plástica
escoamento viscoso, sendo a taxa de deformação proporcional à tensão
aplicada. A equação seguinte relaciona a tensão aplicada σ com a taxa de
deformação dε/dt, para o escoamento viscoso newtoniano,
Mesmo os materiais cristalinos, como o aço, podem deformar-se de maneira Tensão / Temperatura
viscosa, mas apenas sob pequena tensão a temperaturas altas, próximas do
ponto de fusão. Uma tensão muito baixa para produzir o escorregamento entre
planos atómicos é capaz de influenciar na maneira como ocorre o movimento
de deslocações, causando assim a lenta deformação conhecida como fluência.
A fluência obedece à lei do escoamento viscoso e a taxa de deformação é
proporcional à tensão durante a maior parte da deformação por fluência.
Como ilustra a fig. IV.1, o comportamento global da deformação dum material é Tensão de Cedência
fornecido convenientemente pela sua curva de tensão versus deformação. Os
materiais cerâmicos à temperatura ambiente, como a alumina, em geral mostram
deformação plástica desprezável. Para aqueles materiais (metais e polímeros)
que experimentam considerável escoamento plástico, os dois valores seguintes
de tensão são importantes: a tensão de cedência - a tensão com a qual começa
a deformação plástica - e a resistência à tracção - a tensão nominal máxima
que uma amostra pode suportar antes da fractura. A tensão de cedência é
especialmente significativa porque os equipamentos e estruturas devem, na
sua maioria, operar na faixa elástica, e, portanto, a tensão com que a deformação
plástica ocorre em primeiro lugar é um factor importante de projecto. Geralmente
a definição mais usada para a tensão de cedência é a tensão de cedência de
0,2% de deformação plástica, ilustrada na curva de tensão versus deformação
do aço temperado da fig. IV.2 a).
Ut.04
M.T.03
É traçada uma linha recta paralela à porção elástica da curva, mas dela Resistência à Tracção
deslocada por 0,2% ao longo do eixo das deformações. A tensão de cedência
é, então, definida como a tensão na qual a curva tensão versus deformação
cruza a linha paralela à elástica pela origem, mas deslocada de 0,2%. Nalguns
metais (como o aço macio, fig. IV.1) e em muitos polímeros (cristalinos,
especialmente) a tensão diminui quando começa a deformação plástica,
fig. IV.2 b).
Fig. IV.2 - Curvas tensão vs. deformação ilustrando o significado da tensão de cedência
e resistência à tracção para dois tipos de comportamento à deformação
10 7 N/m2 10 5 N/m2
ENSAIOS MECÂNICOS
10 7 N/m2 % 10 3 N.m/kg
Ensaios de Dureza
Uma vez que um dado tipo de material tenha sido caracterizado adequadamente
e a sua performance num processo de enformação tenha si determinada, o
ensaio de dureza pode servir como um controlo conveniente e barato para a
produção rotineira. Um instrumento típico (fig. IV.4) usa uma carga conhecida
para forçar um penetrador numa área plana e lisa do material a ser ensaiado.
que vão desde polímeros macios até cerâmicos duros. A técnica do ensaio de Escala de Mohs
microdureza permite um ensaio semelhante de microconstituintes individuais
vistos ao microscópio. Uma classificação de dureza usada principalmente para
minerais é a escala Mohs de dureza (quadro IV.4) - baseada na capacidade
que tem uma substância dura de riscar outra mais mole. Por exemplo, o vidro
comum riscará o ferro ou o cobre, mas uma lima de aço temperado pode ser
usada para riscar vidro.
Talco 1 Chumbo
Polietileno
Poliproleno
Gipsite Alumínio
Unha
Calcite 3 Cobre
Clips
Fluorite
Apatite 5 Vidro de cal de soda
Vidro de sílica
Fedspato 6 Aço temperado
Quartzo 7
Topázio 8
Corundum 9
Diamante 10 Carboneto de tungsténio
Ensaios de fadiga
Uma condição comum de serviço (num eixo de automóvel, por exemplo) envolve
muitas repetições ou reversões da tensão aplicada. A deformação plástica
ocorre, então, apenas numa escala microscópica, mas leva eventualmente à
fractura por fadiga. O parâmetro apropriado de projecto, a resistência à fadiga, Fadiga
é obtido a partir de ensaios que simulam as condições de serviço.
Ut.04
M.T.03
Fig. IV.6 - Dois tipos de carregamento utilizados em ensaios de flexão de barras longas
de materiais frágeis
Na fórmula:
σmax = M . c/I
O desgaste erosivo descreve o desgaste produzido por partículas carregadas Desgaste erosivo
numa corrente líquida ou gasosa: o jacto de areia é um exemplo. Polímeros
do tipo borracha são a escolha comum em aplicações que envolvam esse
tipo de desgaste, pois são capazes de se deformar elasticamente com o
impacto. Outras escolhas são materiais extremamente duros como o carboneto
de tungsténio ou alumina.
O desgaste abrasivo - produzido pela acção de corte de partículas duras - é a Desgaste abrasivo
base das operações de desgaste, como aquelas usadas na fabricação de óculos.
As partículas abrasivas podem ficar fixas, como numa pedra de esmeril, ou
livres, como numa suspensão líquida. Em qualquer caso, o abrasivo deve ser
mais duro do que o material que está a ser desbastado e deve ser exercida
uma força apreciável entre os dois materiais para produzir a acção de corte
desejada. O abrasivo mais comum é a Al2O3 nalguma forma como o esmeril,
que é AL2O3 impuro reforçado por Fe2O3 em solução sólida. Como foi mostrado
no quadro IV.4, a alumina é muito mais dura do que ligas resistentes, como o
aço temperado. O carboneto de silício (SiC) é ainda mais duro e é o abrasivo
preferido para certas aplicações.
RESUMO
ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO
1. Discuta a afirmação: o aço não é elástico, pois não pode ser esticado
como a borracha.
4. O que é mais importante num tubo de aço utilizado num chassi de uma
bicicleta: a tensão de cedência ou a resistência à tracção?
OBJECTIVOS
TEMAS
Tecnologia dos Ma
ecnologia teriais
Materiais V.1
Guia do Formando
IEFP · ISQ Comportamento Eléctrico, Magnético e Óptico dos Materiais
A maioria dos utensílios que contribuem para a vida moderna depende das
propriedades físicas dos materiais, sendo especialmente importantes as
propriedades eléctricas, magnéticas e ópticas.
Um bom exemplo é a torradeira do pão, uma vez que ilustra a utilidade das
mais diferentes propriedades eléctricas dos vários materiais. O potencial
eléctrico de 220 V (volts), disponível na tomada da parede, é transmitido
eficientemente ao aquecedor da torradeira através de dois fios de cobre. Se
for colocado um voltímetro nas duas extremidades do elemento aquecedor,
indicará a voltagem de 220 V. Esta diferença de potencial faz passar uma
corrente eléctrica pelo elemento aquecedor, originando o seu aquecimento
até chegar ao rubro, o que provoca o torrar das fatias de pão. A intensidade
de corrente, I, em Amperes (A), é dada pela Lei de Ohm, Lei de Ohm
I = V/R (V.1)
R = ρ . Comprimento/área (V.2)
Condutividade eléctrica
σ=cqµ (V.4)
Fig. V.1 - Dados de materiais representativos de vários tipos mostrando a grande variação
da resistividade eléctrica com a temperatura. Os efeitos das temperaturas e das
impurezas também são diferentes para cada tipo de material
Ut.05
M.T.03
Supercondutividade
Propriedades térmicas
Quando um copo de vidro parte porque nele se introduz água muito quente,
passa-se um fenómeno de dilatação térmica. Outras evidências comuns das
propriedades térmicas são o aquecimento preliminar de uma jarra de chá (de
modo a que o seu calor específico não arrefeça a água em ebulição) e, ainda,
a dificuldade de beber chá ou café quente por uma chávena de alumínio sem
queimar os lábios (devido à elevada condutividade térmica, típica dos metais).
Em seguida, será considerada a natureza dos vários fenómenos térmicos em
diferentes materiais.
Calor específico - O calor específico à pressão constante, Cp, é definido pela Calor Específico
equação:
δp = Cp δT (V.5)
H = - k dT/dx (V.6)
k = υλC/3 (V.7)
Cobre 390 18
Óxido de Berílio (BeO) 250 10
Alumínio 200 25
Grafite 150 2
Carboneto de Tungsténio (WC) 80 7
Aço 50 12
Nitreto de Boro (BN) 28 8
Alumina (Al2O2) 17 7
Vidro pyrex 1,2 3
Kovar (54%Fe, 29%Ni, 17%Co) 15 5
Vidro de cal de soda 0,8 9
Polietileno 0.3 300
Borracha 0,1 670
Espuma de poliuretano 0,05 90
Invar (64%Fe, 36%Ni) 11 1
Expansão térmica - Com alguma falta de verdade, pode-se assumir que a Expansão Térmica
alteração de comprimento de um material originada pela variação de temperatura
é, simplesmente, dada por:
∆l/l = α ∆T (V.8)
Quando dois materiais diferentes são unidos, as diferenças de coeficiente de Tensões Térmicas
expansão térmico podem produzir tensões suficientemente grandes para provocar
a fractura. Um exemplo é a união de metal com vidro, como é o caso do fio
metálico no interior de uma lâmpada. Se fosse utilizado cobre, a sua contracção
térmica, que é maior que a do vidro, produziria tensões mecânicas tão altas
durante o arrefecimento na operação de fabrico da lâmpada, que o vidro se
partiria. Algumas ligas especiais, como o Kovar, foram desenvolvidas para
aglutinar as características de expansão de vários vidros comerciais. Os dados
do quadro V.1 mostram que o Kovar é especialmente adequado para a união
com o pyrex.
Ut.05
M.T.03
PROPRIEDADES MAGNÉTICAS
O efeito magnético essencial pode ser bem visualizado numa bobina magnética
(fio enrolado em hélice para transportar corrente eléctrica). Se a corrente passar
uma bobina helicoidal, então a relação entre a corrente eléctrica e o campo
magnético (no interior da bobina) é simples. A intensidade de campo magnético,
H, é definida como o produto da corrente em amperes pelo número de voltas
por metro de bobina. Por exemplo, uma corrente de 10 A que passa por uma
bobina com 100 voltas gera um campo magnético de H = 103 A.voltas/m.
Diamagnetismo e paramagnetismo
Os efeitos magnéticos nos materiais originam-se nas correntes eléctricas muito "Não-Magnetismo"
pequenas, associadas com os electrões em orbitais atómicas. Em materiais
diamagnéticos, fig. V.2, as numerosas correntes no interior de um átomo
cancelam-se, levando a um magnetismo nulo na ausência de um campo
magnético externo. Nos materiais paramagnéticos, os átomos individuais
possuem momentos magnéticos, mas as suas orientações ao acaso resultam
em magnetização nula para um grupo de átomos. A maioria dos materiais é
diamagnética ou paramagnética, podendo ser considerada não-magnética
para quase todas as aplicações.
Fig. V.2 - Ilustrações esquemáticas das origens atómicas dos quatro tipos
de comportamento magnético, sem campo magnético externo presente
Ut.05
M.T.03
Ferromagnetismo
PROPRIEDADES ÓPTICAS
As ondas rádio de comprimento de onda longo são capazes de passar por Radiação
portas e janelas com pouca perda de intensidade, porque os materiais de
construção têm ligação covalente e iónica. Se um receptor de ondas rádio for
colocado numa sala construída apenas de metal, nenhuma onda alcançaria
o receptor: as ondas seriam absorvidas. Os electrões livres da ligação metálica
podem absorver os fotões de um sinal rádio, movendo-se para um estado de
energia um pouco superior. Esse processo reduz rapidamente a intensidade
das ondas rádio para zero. À medida que o comprimento de onda da radiação
electromagnética diminui para o espectro visível (próximo de 10 -6m), a excitação
electrónica continua a tornar os metais bons absorventes, pelo que são
impenetráveis à luz visível. Por outro lado, os isolantes eléctricos, como o
vidro, são transparentes no espectro do visível, assim como na faixa rádio,
mas absorvem numa faixa intermédia próxima de 10-5 m, o espectro
infravermelho. Em virtude dos semicondutores possuírem hiatos da faixa de
energia de cerca de 1 eV, comportam-se opticamente como isolantes para
comprimentos de onda cujos fotões tenham energia inferior a 1 eV -
-comprimentos de onda na região do infravermelho, ou maior. No comprimento
de onda de 10-6 m, estes materiais absorvem fortemente a radiação porque
os electrões são excitados da faixa de valência para a faixa de condução.
Materiais ópticos
As minúsculas fibras de vidro podem servir para transmitir informação técnica Fibra de vidro
pelas técnicas das fibras ópticas. A luz que entra numa extremidade da fibra é
transmitida ao longo da mesma, com pouca perda, através da superfície. A luz
sofre reflexão interna total na superfície cilíndrica. Uma fibra óptica pode ser
usada para transmitir sinais modelados de luz de maneira análoga à transmissão
de sinais eléctricos por uma linha telefónica ou um cabo de TV.
Ut.05
M.T.03
Fig. V.3 - Comparação da transmitância para três tipos de materiais ópticos comerciais
RESUMO
ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO
OBJECTIVOS
TEMAS
Tecnologia dos Ma
ecnologia teriais
Materiais VI . 1
Guia do Formando
IEFP · ISQ Deterioração dos Materiais
Uma reacção electroquímica difere duma reacção química normal pelo facto
de passar uma corrente eléctrica, numa distância considerável, no sistema
que sofre reacção.
Os efeitos eléctricos associados com as reacções químicas afectam o dia-a- Célula Electolítica
dia de muitas maneiras, inclusive os processos biológicos, a operação de
baterias, a produção de electricidade com células de combustível e a corrosão
dos metais. Quando a corrosão ocorre, o metal que está a ser atacado é parte
duma célula electroquímica. Considere-se a fig. VI.1, a qual representa uma
célula electroquímica composta por:
• um ânodo (o ferro);
• um cátodo (digamos, o cobre);
• uma solução condutora envolvendo tanto o ânodo como o cátodo;
• um fio (ou outro condutor externo) ligando o ânodo e o eléctrodo.
Ut.06
M.T.03
Fig. VI.1 - Ilustração esquemática dos dois processos que ocorrem nos eléctrodos de uma
célula electroquímica e que estão envolvidos na corrosão do ferro numa solução ácida
Essa reacção também representa a corrosão do ferro metálico (Fe) para uma
forma oxidada (Fe++). Tanto numa bateria como num processo de corrosão os
electrões devem ser removidos por uma reacção química no cátodo. Na corrosão
do ferro por uma solução ácida, a reacção catódica envolve iões de
hidrogénio (H+) na solução
Lembrando que o valor de Eº=0,440 V é para l mol de Fe++, conclui-se que a Potencial
mudança para -0,529V reflecte a maior tendência do ferro para formar iões de
Fe++ numa solução cuja concentração é de, somente, 10-3. Os potenciais
padrões de eléctrodo de vários metais podem ser arranjados na sua ordem de
potencial crescente, para formar a série electromotriz mostrada no
quadro VI.1.
Séries Galvânica
Série electromotriz
e Electromotriz
Pot. Padrão Série galgânica
Electrodo na água do mar
a 25 ºC, Eº
metal/ião metálico
(V)
Platina
Au/Au3+ + 1,498 Ouro
Pt/P t++ + 1,2 Titânio
Cada vez
Ag/Ag+ + 0,987 Prata
mais catódico
Cu/Cu++ + 0,337 Aço inoxidável
(protegido)
H2/H+ 0,000 Aço inoxidável de alto crómio
Pb/Pb++ - 0,126 Inconel
Sn/Sn++ - 0,136 Níquel
Ni/Ni++ - 0,250 Monel
Co/Co ++ - 0,277 Bronze
Cd/Cd ++ - 0,403 Cobre
Fe/Fe ++ - 0,440 Estanho
Cada vez
Cr/Cr3+ - 0,744 Chumbo
mais
Zn/Zn++ - 0,763 Aço
anódico
Al/Al3+ - 1,662 Ligas de Alumínio
(corroído)
Mg/Mg ++ - 2,363 Cádmio
Na/Na+ - 2,714 Alumínio
K/K+ - 2,925 Zinco
Ligas de Magnésio
Processos de corrosão
Como exemplo duma situação prática de corrosão considere-se um tubo de Velocidade de Corrosão
aço que transporta água de beber. Os produtos de corrosão são iões de ferro e
compostos de ferro, tais como os hidróxidos e os óxidos. A velocidade de
corrosão (massa de metal perdido por unidade de tempo) depende de muitos
factores, incluindo as composições químicas do ferro e da água, a temperatura,
o caudal de água e qualquer potencial externo aplicado ao ferro.
Ut.06
M.T.03
Fig. VI.2 - Ilustração dos eléctrodos envolvidos na corrosão do zinco em duas condições
experimentais diferentes
ocorre quando o zinco é imerso numa solução ácida (fig. VI.2). A reacção anódica
ocorre em certas áreas da superfície do zinco (ânodos locais), a reacção
catódica ocorre em cátodos locais, e os electrões passam pelo zinco entre os
ânodos e cátodos locais. As localizações dos ânodos e cátodos mudam com
o tempo e, assim, o zinco corrói homogeneamente na sua superfície.
Quando certos metais não-semelhantes, por exemplo o cobre e o ferro, estão Corrosão Diferencial
em contacto na presença de uma solução aquosa, forma-se uma célula
galvânica. Os potenciais relativos dos eléctrodos (quadro VI.1) poderiam levar
à corrosão severa do ferro, mas, em muitas condições, a velocidade de
corrosão do ferro é, de facto, controlada pela taxa de difusão do oxigénio
através da solução. Por exemplo, a união de um grande pedaço de cobre a
uma placa de ferro imersa em água quase não afecta a velocidade de corrosão
do ferro. O cobre serve como uma área catódica para a redução do oxigénio,
mas muitas áreas locais do ferro também servem. O resultado é bem diferente
se a placa de cobre for grande comparada à do ferro. Em virtude da reacção
catódica ocorrer agora numa grande área, pode ser removida uma grande
corrente de electrões do ferro, permitindo assim que ocorra a corrosão do ferro
muito rapidamente.
de um aço estanhado. Por outro lado, o zinco é anódico com respeito ao ferro
e, assim, o aço é protegido nos defeitos de uma chapa zincada (galvanizada).
Fig. VI.4 - Comparação dos efeitos das células galvânicas formadas em perfurações
de aços estanhados e galvanizados
A corrosão, na maioria dos metais e ligas em serviço, fica entre oito categorias, Tipos de Corrosão
que a seguir se descrevem sucintamente:
Os metais resistentes
Vários elementos de liga, inclusive o alumínio e o silício, aumentam a resistência Metais Resistentes
do ferro à oxidação e à corrosão, mas é o crómio que tem a maior influência. O
crómio melhora a resistência à oxidação e também a resistência à corrosão
aquosa na maioria dos meios (com a excepção das soluções de cloreto e
ácidos fortes não-oxidantes). O diagrama de fases Ferro-Crómio
(fig. VI.5) mostra que ocorre uma alteração significativa de estrutura quando o
ferro contém mais de 13% de peso em crómio, e fica além do anel austenítico.
As ligas são ferríticas, fase α, em todas as temperaturas sem que sofram
qualquer transformação, austenite em ferrite, o que origina um endurecimento
martensítico. Dependendo dos teores de crómio e em carbono. Os aços com
crómio podem ser endurecidos por tratamento térmico, como os aços de liga,
resultando os aços inoxidáveis martensíticos, ou podem ser não-endurecíveis
possuindo uma elevada resistência à corrosão devido ao seu teor em crómio
(aços inoxidáveis ferríticos). Estes aços apesar de possuírem uma elevada
resistência à corrosão, têm baixa ductilidade, comportando-se como frágeis à
temperatura ambiente. Este comportamento deve-se principalmente à
precipitação de uma fase frágil quando o teor de crómio é muito elevado, fase σ.
Quando se adiciona níquel a um aço com uma quantidade de crómio suficiente Crómio
(18% em peso) para ter uma boa resistência à corrosão, esta é ainda melhorada,
mudando o aço de ferrítico para austenítico se o teor de níquel for superior a
6,5% em peso. Uma vez que a austenite se forme a altas temperaturas, mantém-
-se durante o arrefecimento lento até à temperatura ambiente. Os aços
austeníticos do tipo 18-8 (18% de crómio e 8% de níquel em peso) possuem
uma excelente combinação de resistência à corrosão e ductilidade.
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M.T.03
Outros metais diferentes do aço são geralmente seleccionados para uma dada Meios Corrosivos
aplicação devido à sua resistência elevada à corrosão. O alumínio e suas ligas
são largamente utilizados nos seguintes ambientes:
DETERIORAÇÃO DE CERÂMICOS
Em muitas condições de serviço, o ião OH- é removido do sistema reagente; Ataque Químico
por exemplo, pela chuva contra um vidro ou pela neutralização de uma bebida
ácida numa garrafa. A reacção seguinte requer, então, a difusão lenta dos
iões alcalinos do interior para a superfície do vidro e, assim, a taxa de ataque
do vidro diminui gradualmente. Com adições de CaO, MgO e alumina, é
possível aumentar a resistência à dissolução dos iões alcalinos de um vidro.
Este tipo de reacção cria um superfície baça abaixo de um camada de Reacções Superficiais
sílicagel. Uma solução alcalina também pode fornecer iões OH- necessários a
essa reacção. As garrafas de vidro são atacadas durante um armazenamento
longo de soluções moderadamente alcalinas, aparecendo eventualmente
flocos de sílica-gel na solução. Com adições de óxido de zircónio é possível
melhorar a resistência do vidro a esse tipo de deterioração. O vidro é estável
na maioria dos ácidos, mas a estrutura de silicato é fortemente atacada pela
ácido hidrofluorídrico e pelo ácido fosfórico quente concentrado.
A maioria dos materiais cerâmicos é constituída por mais do que uma fase,
tendo cada uma as suas próprias propriedades químicas. O betão é um
cerâmico multifásico, sendo a sua deterioração de interesse especial, pois
está sempre exposto a ambientes nocivos: estradas, portos, produtos químicos,
etc. Tanto as reacções de ataque externo como as de ataque interno podem
causar a deterioração do betão. Em ambos os casos, a resistência depende
da composição química do agregado (areia, cascalho,etc.) e do cimento
(Portland, alumina, etc.). Para resistir ao ataque externo, o betão deve ser
impermeável a soluções reactivas, dependendo esta propriedade do processo
de fabrico do betão. O ataque químico da superfície é realizado por iões sulfatos
presentes nos solos, na água e na água do mar.
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M.T.03
As reacções internas ocorrem, por vezes, entre o agregado e o cimento ou Reacções Internas
entre o reforço e o cimento. Os agregados de sílex ou de rocha vulcânica
podem reagir com o Na2O do cimento para formar um silicato que fissura o
betão. Se tiverem de ser usados agregados reactivos, o teor alcalino do cimento
deve ser inferior a 0,6%. As barras de aço utilizadas como reforço do betão
são inicialmente protegidas da corrosão por um ambiente alcalino (pH=12) se
o betão vizinho tiver sido feito com cimento Portland ou outro cimento alcalino.
No entanto, com o tempo, a humidade é capaz de penetrar na camada
protectora do betão, em geral alguns centímetros de espessura. O dióxido de
carbono dissolvido na humidade reage com a cal livre do betão e diminui o
valor de pH. Quando o aço corrói, os óxidos fracturam o betão e aceleram o
processo de deterioração.
DETERIORAÇÃO DE POLÍMEROS
Um ponto inicial conveniente para o estudo da cisão é a degradação térmica Degradação Térmica
produzida pelo aquecimento. As energias de ligação relativas
C-F > C-H > C-Cl explicam qualitativamente a estabilidade térmica dos listados
no quadro VI.2. O tipo de degradação térmica ilustrado pelo comportamento do
polimetil-metacrilato envolve a produção do monómero. Essa reacção começa
no fim duma cadeia do polímero, é repetida até que toda a cadeia do polímero
seja consumida. O polietileno comporta-se de modo bem diferente: ocorre a
cisão duma cadeia ao acaso ao longo do comprimento do polímero. O resultado
é uma redução rápida no comprimento médio da cadeia e as correspondentes
mudanças nas propriedades do polímero.
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Polimetil-metacrilato
100
Percentagem do valor inicial
80
Polietileno
60
40
20 Resistência
Deformação
0
6 12
Tempo de exposição, meses
Dois factores agindo em conjunto, o oxigénio e a luz ultravioleta (da luz do sol, Oxigénio e Luz do Sol
por exemplo), fazem os polímeros deteriorarem-se à temperatura ambiente. A
luz ultravioleta (ou outra radiação de alta energia) pode romper as ligações de
maneira semelhante à energia térmica. Na ausência do oxigénio (ou outros
reagentes) esse tipo de reacção leva à degradação relativamente lenta do
polímero, mas a presença do oxigénio permite degradação acelerada. A taxa
de deterioração oxidante dos polímeros pode ser bastante reduzida, incorporando
antioxidantes (aminas ou fenóis, por exemplo) ao polímero.
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Polietileno C=C
H H
H H
* Temperatura em que um polímero perde metade do seu peso durante 30 minutos de aquecimento
em vácuo.
** Taxa de volatilização em 350 ºC, em perda percentual de peso por minuto.
RESUMO
ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO
OBJECTIVOS
TEMAS
• Ligas ferrosas
• Designações
• Aços carbonos
• Aços ligados
• Aços inoxidáveis
• Aços ferramenta
• Ferros fundidos
• Ligas não ferrosas
• Cobre e suas ligas
• Alumínio e suas ligas
• Materiais cerâmicos
• Propriedades dos materiais cerâmicos
• Aplicações dos materiais cerâmicos avançados
• Electrónica
Ut.07
M.T.03
Tecnologia dos Ma
ecnologia teriais
Materiais VII . 1
Guia do Formando
IEFP · ISQ Materiais para a Indústria
• Desgaste e corrosão
• Aplicações térmicas
• Combustíveis nucleares
• Vidros cerâmicos
• Maquinagem
• Motores e turbinas
• Resumo
• Actividades / Avaliação
Ut.07
M.T.03
Tecnologia dos Ma
ecnologia teriais
Materiais VII . 2
Guia do Formando
IEFP · ISQ Materiais para a Indústria
INTRODUÇÃO
LIGAS FERROSAS
O diagrama de fases Fe-Fe3C (ferro-cementite) é a base para a compreensão Fases das ligas
das características das ligas ferrosas (ver fig. VII.9). Apenas para relembrar
alguns conceitos, existem três tipos de soluções sólidas nestas ligas: a ferrite
delta (δ), a austenite (γ) e a ferrite alfa (α); e um composto intermetálico:
cementite ou carboneto de ferro (Fe3C). Para além disso, existe a possibilidade
de formação de uma fase metaestável, a martensite, se a velocidade de
arrefecimento for muito rápida.
Designações
Existem várias designações que classificam os aços, por forma a que apenas
com um número ou um conjunto de caracteres seja possível identificar o aço
em questão. Uma das designações mais utililizadas é o sistema AISI (American
Iron and Steel Institute), que, tal como todos os outros sistemas, classifica os
aços através da sua composição química, já que esta é determinante para as
suas características mecânicas.
Nos quadros VII.1 e VII.2 estão indicadas algumas das ligas normalizadas de
aços carbono e aços ligados.
Por razões da vida prática industrial, os aços são, por vezes, classificados
grosseiramente dentro de três intervalos, que consideram apenas o teor em
carbono:
Aços carbono
B 1112 0,13 max 0,70 - 1,00 0,07 - 0,12 0,16 - 0,23 1112
B 1113 0,13 max 0,70 -1,00 0,07 - 0,12 0,24 - 0,33 1113
C1110 0,08 - 0,13 0,30 - 0,60 0,04 0,08 - 0,13
C1113 0,10 - 0,16 1,00 - 1,30 0,04 0,24 - 0,33
C1115 0,13 - 0,18 0,60 - 0,90 0,04 0,08 - 0,13 1115
C1120 0,18 - 0,23 0,70 - 1,00 0,04 0,08 - 0,13 1120
C1137 0,32 - 0,39 1,35 - 1,65 0,04 0,08 - 0,13 1137
C1141 0,37 - 0,45 1,35 - 1,65 0,04 0,08 - 0,13 1141
C1212 0,13 max 0,70 - 1,00 0,07 - 0,12 0,16 - 0,23 1112
C1213 0,13 max 0,70 - 1,00 0,07 - 0,12 0,24 - 0,33 1113
C12L14 0,15 max 0,80 - 1,20 0,04 - 0,09 0,25 - 0,35 12L14
Apesar da grande importância do carbono, pode-se ver pelo quadro VII.1 que os
Teor em carbono
aços carbono comerciais contêm pequenas quantidades de outros elementos
na sua composição normal.
O enxofre é mantido abaixo dos 0,05% nos aços comerciais. O enxofre combina- Enxofre
se com o ferro para formar FeS, que têm baixo ponto de fusão, concentrando-
se estes compostos nos limites de grão. Quando um aço é forjado ou laminado
a temperaturas elevadas, torna-se frágil, já que a presença destes filmes líquidos
diminui a coesão entre os grãos aumentando a susceptibilidade ao aparecimento
de fendas. Na presença de manganês, o enxofre tende a formar o composto
MnS, que é um composto de temperatura de fusão mais elevado, que se distribui
na forma de inclusões por toda a estrutura, evitando a fragilização do aço. A
quantidade de manganês recomendada é de cerca de 6 a 8 vezes a de enxofre.
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M.T.03
Nos aços comerciais, o manganês está presente com valores entre 0,03 e 1%.
A principal função deste elemento é a que se descreveu anteriormente.
O silício é outro elemento presente, com valores entre 0,05 e 0,3%. O silício Silício
dissolve-se na ferrite, aumentado a resistência do aço, sem diminuir
significativamente a ductilidade.
Aços ligados
Um aço ligado pode ser definido como um aço cujas propriedades são originadas
por elementos de liga diferentes do carbono. Portanto, o objectivo de adicionar
elementos é para se atingir uma ou várias das seguintes características:
• Aumento da temperabilidade;
• Aumento de resistência à temperatura ambiente;
• Aumento das características mecânicas a baixa e alta temperatura; Elementos de liga
• Aumentar a tenacidade sem aumentar a dureza ou a resistência;
• Aumentar a resistência ao desgaste;
• Aumentar a resistência à corrosão;
• Melhorar as características magnéticas.
Dureza Brimel
220
cio
200
Silí
ês
an
ng
180
Ma
160 el
íqu io
N ên
libd
140 Mo dio
aná
V
120
nio
gsté
Tun
mio
100 Cró
80
60
0 2 4 6 8 10 12
% do elemento no ferro alfa
• Aços ao níquel (2xxx): aumento da tenacidade, ductilidade e resistência Aplicações aços - liga
à fadiga; utilizado em peças grandes para forjagem, pernos, rodas
dentadas, etc;
Aços inoxidáveis
Existem três categorias de aços inoxidáveis, apresentando-se no quadro VII.3 Tipos de inoxidáveis
alguns exemplos. Como se pode ver pela fig. VII.3, à medida que aumenta a
percentagem de crómio, o intervalo de temperatura em que existe a fase
austenítica diminui, até que, para teores em cobre superiores a 12%, não se
forma a fase austenítica. Assim, para teores elevados de cobre, a ferrite está
presente a todas as temperaturas, pelo que se considera o crómio como um
elemento estabilizador da ferrite.
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2000
L 1800º C
1800
α+L
1600 1539º C α+L
Temperatura (º C)
1505º C
1400 1400º C
1200 α
γ
1000
910º C
820º C
α +γ 850º C
α+σ σ α+σ
600
Fe 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Crómio (p %)
Tensão de
Aço %C %Cr % Ni Outros Resistência Cedência Enlongamento
304 0,08 19 9 - 75 30 30
347 0,08 18 11 90 35 50
Ferríticos -
430 0,12 17 - - 65 30 22
442 0,12 20 - 75 40 20
Martensíticos 0,60%Mo
Aços-ferramenta
Qualquer aço que seja utilizado como ferramenta pode ser designado por
“aço-ferramenta”. No entanto, este termo restringe-se habitualmente a aços
especiais de elevada qualidade, utilizados em ferramentas de corte, moldes e
processos de enformação.
• Percentagem de carbono entre 0,60 e 0,75%: para aplicações onde a Aplicações do grupo W
tenacidade é o factor principal – martelos, quebra-cimento, aplicadores
de rebites e matrizes para pequenas séries;
Os aços do grupo S são desenvolvidos para aquelas aplicações onde a Aplicações do grupo S
tenacidade e a capacidade de absorver choques sucessivos são factores
imperativos. Têm um teor de carbono baixo (0,45 a 0,65%), tendo como principais
elementos de liga o silício, o crómio, o tungsténio e, por vezes, o molibdénio.
Estes aços apresentam uma dureza média a alta temperatura, boa
maquinabilidade e boa resistência ao desgaste. São utilizados para o fabrico
de ferramentas de enformação, punções, ferramentas pneumáticas e lâminas
de corte.
Os aços do grupo O, para trabalho a frio, contêm manganês e pequenas Aplicações do grupo O
quantidades de crómio e tungsténio. São aços resistentes à deformação e à
descarburização com o aumento da temperatura; a tenacidade e a dureza a
elevada temperatura são médias. São utilizados para matrizes de enformação
a frio, ferramentas de enformação e guias de extrusão.
Os aços para trabalho a frio do grupo D contêm 2,25% de carbono e 12% de Aplicações do grupo D
crómio, podendo também conter molibdénio, vanádio e cobalto. Apresentam
excelente resistência ao desgaste e à deformação. São usados em matrizes e
punções de furação, matrizes para trefilagem e padrões.
Os aços rápidos (grupos T e M) estão entre os aços-ferramenta mais ligados Aplicações aços rápidos
(com teores mais elevados em elementos de liga). Contêm, em geral, grandes
percentagens de tungsténio ou molibdénio, conjuntamente com crómio,
vanádio e, algumas vezes, cobalto. A percentagem de carbono varia entre
0,7 e 1,5%. Apresentam, em geral, alta temperatura e boa resistência ao
choque. As aplicações principais são em ferramentas de corte, mas também
em matrizes de extrusão, ferramentas para combustão e punções.
Os aços para moldes (grupo P) têm como principais elementos de liga o crómio Aplicações grupo P
e o níquel, e alumínio e molibdénio como aditivos. Em geral, apresentam baixa
dureza quando recozidos. No entanto, antes de serem utilizados como moldes,
são temperados superficialmente, o que origina um molde com elevada dureza
superficial para resistir ao desgaste e um interior capaz de absorver as
dilatações e contrações dos ciclos térmicos da moldação.
Ferros fundidos
Tal como os aços, os ferros fundidos são ligas de ferro e carbono. Em relação
aos aços, os ferros fundidos têm teores de carbono muito superiores, entre 2
a 6,67%. Porque estes níveis de carbono tornam o ferro fundido muito frágil,
os ferros fundidos comerciais têm percentagens de carbono entre 2,5 e 4%.
A ductilidade de um ferro fundido é muito baixa, não podendo ser laminado, Composição
enformado ou trabalhado a baixa temperatura; na realidade, a maioria dos
ferros fundidos não é maleável a nenhuma temperatura. No entanto, são
líquidos a temperaturas muito mais baixas que os aços (fig. VII.4), pelo que
podem ser vazados (termo utilizado em fundição que significa derramar metal
fundido num molde) em formas complicadas e, seguidamente, maquinados
pontualmente. Como o processo de fundição é o único que pode ser utilizado
nestas ligas, assumiram o nome de ferros fundidos.
Embora os ferros fundidos comuns sejam frágeis e possuam menor resistência Vantagens
que os aços, são significativamente mais baratos, a temperatura de fusão é
inferior, e têm ainda outras propriedades importantes. Para além disso,
controlando a composição química e os tratamentos térmicos, é possível obter
ferros fundidos com propriedades bastante diferentes.
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Para além do baixo custo, os ferros fundidos, em geral, exibem outras Aplicações
propriedades que os elegem em muitas aplicações. Apesar de serem materiais
frágeis, os ferros fundidos têm uma elevada resistência ao desgaste,
principalmente o ferro fundido branco. Esta situação leva a que este ferro
fundido seja bastante utilizado em travões de locomotivas de comboios e em
outros componentes em que a situação de abrasão é muito severa. Outra
propriedade interessante dos ferros fundidos é a capacidade de amortecimento,
a qual é muito maior num ferro fundido que num aço. Isto deve-se ao facto da
presença da grafite, sendo o ferro fundido cinzento aquele que maior capacidade
apresenta devido à forma das partículas de grafite. Isto leva a que o ferro fundido
seja também utilizado em blocos de motor, carcaças de turbina e aplicações
similares.
LIGAS NÃO-FERROSAS
Os latões são ligas de cobre e zinco, apresentando, por vezes, pequenas Latões
percentagens de chumbo, estanho ou alumínio. As variações em composição
originam a modificação da cor, resistência, ductilidade, resistência à corrosão
ou combinações destas propriedades. Os latões comerciais podem ser
divididos em dois grupos: latões para trabalho a frio e latões para trabalho a
quente.
Os latões para trabalho a quente contém 54 a 62% de cobre, tendo a Metal muntz
caractrística de serem bastante dúcteis a alta temperatura. A liga mais utilizada
é o metal muntz (60%Cu-40%Zn), o qual é utilizado em forma de chapa para
aplicações em navios, em cabeças de condensadores, componentes
perfurados e aplicações de arquitectura.
O termo “bronze” foi originalmente utilizado nas ligas cobre-estanho; no entanto, Bronzes
hoje em dia, é utilizado para qualquer liga de cobre contendo até 12% do
elemento de liga principal, à excepção das ligas cobre-zinco. Os bronzes de
estanho são caracterizados por terem elevada resistência e tenacidade, boa
resistência à corrosão e baixo coeficiente de fricção. São bastante utilizados
em diafragmas, fecho de máquinas de lavar, molas e pinos. Os bronzes de
silício são as ligas de cobre mais fortes; as suas prorpriedades mecânicas
são comparáveis às do aço carbono e a resistência à corrosão é similar à do
cobre. São utilizados em reservatórios de pressão, construções marítimas e
linhas de pressão hidráulica. Os bronzes de alumínio possuem boas
propriedades para serem trabalhados a frio, boa resistência, combinado com
boa resistência à corrosão. São utilizados em tunos de condensação, formas
trabalhadas a frio, reservatórios resistentes à corrosão e em aplicações
marítimas. Finalmente, os bronzes de berílio combinam excelente
formabilidade com elevada tensão de cedência, sendo utilizados em aplicações
onde se combina a necessidade de resistência à corrosão, resistência mecânica
e condutividade eléctrica (diafragmas, pontes de contacto, instrumentos
cirúrgicos, parafusos, dispositivos anti-faísca).
Outro grande grupo das ligas de cobre são os cupro-níqueis, os quais contêm, Cupro-níquel
no máximo, 30% de níquel. Estas ligas exibem elevada resitência à corrosão,
à fadiga e à erosão. São utilizados em condensadores, destiladores,
evaporadores e em permutadores de calor para navios e centrais térmicas.
O alumínio comercial puro, liga 1 100 (mais de 99% de Al), é utilizado em Alumínio puro
aplicações onde é importante a fácil enformação e boa resistência à corrosão,
e não é necessária resistência elevada. Tem sido extensivamente utilizado
em utensílios de cozinha, componentes arquitectónicos, embalagem de comida
e alimentos e conjuntos soldados.
No grupo 2, as ligas mais utilizadas são a 2 017, 2 024 e 2 218. A liga 2 017 é Grupo 2
um duralumínio e é endurecida por tratamento térmico, contendo 4% de cobre;
é a liga mais utilizada em rebites de aviões. A liga 2 024 contém 4,5% de cobre
e 1,5% de magnésio, apresenta os níveis de resistência mais elevados deste
grupo, sendo utilizada, por isso, em rebites de alta resistência para aviões,
estruturas de aviões, componentes de hardware e parafusos. A liga
2 218 (2% de níquel) é utilizada em aplicações em que é necessário suportar
temperaturas elevadas, tais como cilindros de forjagem e pistons.
Nas ligas do grupo 3, é a liga 3 003 a mais utilizada, apresentando boa Grupo 3
formabilidade, elevada resistência à corrosão e boa soldabilidade. É
tipicamente utilizada em utensílios para manusear comida e produtos químicos,
equipamento de armazenagem de gasolina, óleo e em tubagens.
As ligas do grupo 5xxx apresentam boa soldabilidade, boa resistência à corrosão Grupo 5
e resistência moderada. A liga 5 005 (0,8% Mg) é utilizada para extrusões em
forma complicada; a liga 5 050 (1,2% Mg) é utilizada nas tubagens de óleo e
gasolina dos automóveis; a liga 5 052 (2,5% Mg) é utilizada em tubagens de
óleo e combustível de aviões; a liga 5 083 (4% Mg) é utilizada em componentes
marítimos e estruturas soldadas.
As ligas de alumínio com silício e magnésio são caracterizadas por excelente Grupo 6
resistência à corrosão e resistência média, pelo que são utilizadas em
componentes não submetidos a esforços nos trens de aterragem dos aviões,
canoas, mobiliário, tubos de aspiradores e aplicações arquitectónicas.
As ligas do grupo 7 são muito susceptíveis à corrosão sob tensão. No entanto, Grupo 7
adicionando elementos de liga e com tratamento térmico apropriado, este
problema é minimizado. As ligas comerciais 7 075, 7 079 e 7 178, com adições
de zinco, magnésio e cobre são as que permitem obter as resistências mais
elevadas entre todas as ligas de alumínio. São, muitas vezes, apelidadas de
“duralumínios” e são usadas em jantes de automóveis e componentes
estruturais de aviões.
MATERIAIS CERÂMICOS
• Baixa densidade;
• Elevada resistência, a todas as temperaturas;
• Elevado módulo de elasticidade;
• Elevada dureza, resistência ao desgaste e abrasão;
• Elevada resistência à corrosão;
• Elevada refractariedade;
• Baixo coeficiente de expansão térmica;
• Propriedades eléctricas e magnéticas diversas.
Existem, contudo, ainda, diversos problemas por resolver, tanto ao nível da Cerâmicos avançados
engenharia dos materiais em si, como ao nível das tecnologias de fabrico, no
sentido de obter materiais com boas propriedades mecânicas numa vasta
gama de temperaturas, elevada fiabilidade e boa reproductibilidade de fabrico.
Paralelamente, a utilização de tecnologias mais económicas possibilitará o
alargamento da gama de utilizações, que, actualmente, apresenta ainda grandes
limitações devido ao elevado preço dos materiais.
Exemplos
Sílica
Tijolos refractários utilizados
Ácidos Sílico-aluminosa
no revestimento de fornos
Tradicionais Alumina
Magnesites
Refractários Dolomites
Básicos
Cromomagnesite
Magnesocromite
Cromite
Neutros
Forsterite
Carboneto de silício
Abrasivos
Alumina
Carboneto de silício
Óxidos puros
Alumina
Carbonetos de tungsténio e
Carbonetos e nitretos hárnio
Nitretos de alumínio e silício
Dióxido de urânio
Combustíveis nucleares
Carboneto de urânio
Piezoeléctricos Perovskites-titanato de
Ferroeléctricos bário, PLZT
Electrocerâmicos
Isoladores Alumina
Semicondutores Semicondutores
Uma distribuição possível das áreas de aplicação dos cerâmicos avançados Tipos e propriedades
em comparação com os metais é apresentada na fig. VII.5. À temperatura
ambiente, os metais estão a ser substituídos em algumas aplicações restritas
por zircónia estabilizada. O campo de aplicação dos nitretos e carbonetos de
silício está a aumentar em várias indústrias, tais como siderurgias e fundições
de não-ferrosos, indústria química e indústria automóvel. De referir que os metais
não podem ser utilizados a temperatura superior a 1 100oC sem arrefecimento,
sendo os cerâmicos avançados os únicos materiais que respondem a este tipo
de aplicação estrutural.
SiC, Si3 N4
Si3 N4 Temperatura
Resistência (MPa)
1000 Superliga - CAST IN 100 *
900
800
700
Si 3 N4 Prensado a quente **
600 Superliga - INCONEL 713LC *
Monolíticos
Si3 N4 3,19 160-300 250-1 000 2-8
SiC 3,21 300-400 400-800 3
Al2O3 3,98 400 400 (1 000) a 3-4
Al2TiO5 3,77 13 40 -
Monolítico ou
reforçado 5,56 205b 600-900 3-9
ZrO2 (1 500)a, b
a
Valores de pico; bParcialmente estabilizado; cWhiskers; dFibra; eReforçado numa
direcção; fReforçado em duas direcções
Classificação / função
Função Propriedades Aplicações Materiais
Electrónica
A maior fatia do mercado mundial dos cerâmicos avançados pertence à indústria Electrónica
da electrónica, sendo estes produtos indispensáveis ao desenvolvimento
constante da electrónica moderna. As diversas classes de produtos que integram
este vasto grupo são descritas em seguida.
Desgaste e corrosão
Para além da electrónica, os cerâmicos avançados têm tido outras aplicações, Desgaste e corrosão
tendo como base as propriedades de elevada dureza, resistência ao desgaste
e resistência à corrosão. A alumina tem sido utilizada na forma de anéis
vedantes (O-rings) em reservatórios de água quente e fria, e para vedar válvulas
Ut.07
M.T.03
A magnésia (MgO) e a zircónia (ZrO2) são óxidos simples com vastos campos
de aplicação. Devido às suas elevadas temperaturas de fusão (respectivamente
2800oC e 2750oC) e grande estabilidade química, são usados como refractários
para a fusão de metais reactivos, particularmente em trabalhos laboratoriais.
Aplicações térmicas
Combustíveis nucleares
Vidros cerâmicos
Maquinagem
Al2O3/SiCw
8
Si3N4/Y2O3
6
Al2O3/ZrO2
Al2O3/TiC
4
Al2O3
0
1957 1972 1976 1981 1985
Motores e turbinas
RESUMO
ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO
BIBLIOGRAFIA
Tecnologia dos Ma
ecnologia teriais
Materiais B.1
Guia do Formando