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ESTUDO DAS EMISSÕES GASOSAS

ÍNDICE

ESTUDO DAS EMISSÕES GASOSAS

1. EMISSÕES GASOSAS 1
1.1. MEDIDAS PARA REDUZIR AS SUBSTÂNCIAS TÓXICAS 2
1.2. ELEMENTOS QUÍMICOS, COMPONENTES E REACÇÕES 2
1.3. GASES DE ESCAPE, EMISSÕES E POLUENTES 3
1.4. EMISSÕES DO SISTEMA DE ESCAPE 3
1.5. SISTEMA POSITIVO DE VENTILAÇÃO DO CÁRTER 4
1.6. VENTILAÇÃO DO DEPÓSITO DE COMBUSTÍVEL 4
1.7. MOTORES A GASOLINA E DIESEL, COMPARAÇÃO DE POLUENTES 4
1.8. CONTROLO DAS EMISSÕES NOS MOTORES A GASOLINA 4
1.8.1. FORMAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DA MISTURA 5
1.8.2. COMBUSTÃO 5
1.8.3. GASES DE ESCAPE DO PROCESSO DE COMBUSTÃO 5
1.8.4. SISTEMAS DE CONTROLO DE EMISSÃO 5
1.8.5. CORTE DE COMBUSTÍVEL NA DESACELERAÇÃO 5
1.8.6. IGNIÇÃO E COMBUSTÃO DA MISTURA 6
1.8.7. VÁLVULA EGR 6
1.8.8. GASES DE ESCAPE DA COMBUSTÃO, SISTEMA DE INJECÇÃO DE AR 6
1.8.9. CONVERSOR CATALÍTICO 7
1.8.10. CONVERSOR CATALÍTICO DE 3 VIAS 7
1.8.11. PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO 7
1.8.12. INUTILIZAÇÃO DO CATALISADOR 8
1.8.13. CONTROLO “LAMBDA” 8
1.8.14. SUBIDA E DESCIDA DAS EMISSÕES NO CONVERSOR CATALÍTICO 9
1.9. GASES DE ESCAPE POR EVAPORAÇÃO E VAPORIZAÇÃO 10
1.9.1. VENTILAÇÃO POSITIVA DO CÁRTER 10
1.9.2. VENTILAÇÃO DO DEPÓSITO DE COMBUSTÍVEL 10
1.9.2.1. COMPONENTES 10
1.9.3. SISTEMA ELECTRÓNICO DE CONTROLO DE EMISSÃO POR
EVAPORAÇÃO 11
1.9.4. SISTEMA PNEUMÁTICO DE CONTROLO DE EMISSÃO POR
EVAPORAÇÃO 11
1.10. EMISSÕES GASOSAS EM MOTORES DIESEL 11
1.10.1. NOTAS INTRODUTÓRIAS 11
1.10.2. CARACTERIZAÇÃO DAS EMISSÕES GASOSAS 12
1.10.2.1. COMBUSTÍVEIS 12
1.10.2.2. PREPARAÇÃO DA MISTURA AR/COMBUSTÍVEL 12
1.10.2.3. COMBUSTÃO 12
1.10.2.4. CONSTITUIÇÃO DOS GASES DE ESCAPE DOS
MOTORES DIESEL 13
1.10.3. SISTEMAS DE CONTROLO EM EMISSÕES DE MOTORES DIESEL 14
1.10.3.1. ÁREA DE ACTUAÇÃO DO MOTOR 14
1.10.4. FORMAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DA MISTURA 14
1.10.4.1. PONTO DE INJECÇÃO 14

ÍNDICE
1.10.4.2. DURAÇÃO E LEI DA INJECÇÃO 15
1.10.4.3. PRESSÃO DA INJECÇÃO 16
1.10.5. SOBREALIMENTAÇÃO 16
1.10.6. COMBUSTÃO 16
1.10.6.1. DESENHO DA CÂMARA DE COMBUSTÃO 16
1.10.6.2. RELAÇÃO VOLUMÉTRICA DE COMPRESSÃO 16
1.10.6.3. AFINAÇÃO DAS VÁLVULAS DE ADMISSÃO E DE ESCAPE 17
1.10.6.4. RECIRCULAÇÃO DE GASES DE ESCAPE 17
1.10.7. TRATAMENTO SECUNDÁRIO DOS GASES DE ESCAPE 18
1.10.8. FILTRO PARA A FULIGEM 18
1.10.9. SEPARADOR ELÉCTRICO 20
1.10.10. CATALIZADOR 20
1.10.11. GASES DE ESCAPE DE EVAPORAÇÃO E VAPORIZAÇÃO 21
1.10.11.1. VENTILAÇÃO POSITIVA DO CÁRTER 21
1.10.11.2. VENTILAÇÃO DO DEPÓSITO DE COMBUSTÍVEL 21
1.10.12. AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DOS SISTEMAS DE CONTROLO DAS
EMISSÕES 21
1.10.13. TÉCNICAS DE ANÁLISE DE GASES DE ESCAPE 22
1.10.13.1. LEGISLAÇÃO ANTI-POLUIÇÃO 22
1.10.13.2. MÉTODOS DE ENSAIO 22
1.10.13.3. ENSAIOS DE HOMOLOGAÇÃO 23
1.10.13.4. CICLOS DE CONDUÇÃO E MÉTODOS DE TESTE 23
1.10.13.5. TESTES DE EMISSÕES DE FUMOS 25
1.10.14. APARELHOS DE MEDIDA 20

ÍNDICE
1. EMISSÕES GASOSAS
De acordo com as normas europeias, desde o inicio do
ano de 1993 todas as viaturas a gasolina à venda devem
superar um ensaio que garanta um baixo nivel de
emissões poluentes. Este ensaio só pode ser
ultrapassado por meio de um artifício no escape: uso de
um catalisador.
Os motores usados nos veículos geram gases de escape
quando queimam combustível para produzir trabalho.
Os gases de escape são também descritos como
emissões, querendo isto significar a expulsão de gases
em geral. Antes de passarem pelo catalisador, os gases
de escape são caracterizados como emissões em bruto.
A gasolina é altamente volátil e evapora à temperatura
ambiente, podendo formar-se gases tóxicos e explosivos.
Para o evitar, os vapores de combustível são recolhidos
num depósito de carvão e com o motor a trabalhar são
conduzidos através do sistema de admissão até aos
Fig. 2
cilindros, para a sua combustão.
1. Catalisador de três vias integrado no coletor de escape
2. Sensor de oxigénio (sonda lambda)

Como o catalisador de três vias só se torna eficiente a


uma temperatura de funcionamento bem acima dos 300
ºC, existem motores com um catalisador de aquecimento
rápido adicional montado directamente no colector de
escape, que atinge muito rapidamente a sua temperatura
Fig. 1 de funcionamento.
1 “Monolito” de cerâmica A composição e a quantidade dos gases de escape
2 Material isolante determina a sua influência sobre o meio ambiente.
3 Revestimento em aço inoxidável
4 Estrutura tipo colmeia em cerâmica ou metal No caso do motor de combustão interna, a melhor
5 Revestimento de óxido de alumínio composição de gases de escape no que respeita às
6 Superfície reactora de metal nobre
emissões gasosas em bruto só é possível quando a
combustão alcança um nível optimo. No entanto, tal
Durante o funcionamento do motor são ainda produzidos depende de vários factores como:
outros gases. No cárter gera-se uma mistura composta
pelos gases resultantes da combustão que passam pelos - formação da mistura;
segmentos, dos êmbolos e por uma neblina de óleo, - formato da câmara de combustão;
resultante dos processos de lubrificação e arrefecimento.
Esta mistura gasosa é adicionada ao ar de admissão do - tipo de combustível;
motor, através do sistema de ventilação do cárter e - compressão
queimada.
- ponto de ignição;
Estas medidas significam que todas as emissões
- temperatura do motor;
gasosas do motor só passam para a atmosfera através
do sistema de escape.Nos sistemas de escape actuais - rotação do motor;
encontra-se um catalisador de três vias controlado, que
- sobreregime;
purifica os gases de escape. Neste processo, os óxidos
de nitrogénio (azoto), altamente tóxicos (NO X), o - carga máxima;
monóxido de carbono (CO) e os hidrocarbonetos (HC)
- comando das válvulas; etc.
são, por redução ou por oxidação, convertidos em
nitrogénio inofensivo (N2), oxigénio (O2), água (H2O) e As condições de funcionamento dos motores de
dióxido de carbono (CO2). combustão interna dos veículos variam muito. A rotação
do motor desde o ralenti a carga máxima e em especial
O dióxido de carbono, embora em principio inofensivo, é
a fase de aquecimento têm grande influência sobre as
indesejável, pois é responsável pelo fenómeno
emissões de gases de escape.
atmosférico denominado efeito de estufa.

ESTUDO DAS EMISSÕES GASOSAS 1


1.1. MEDIDAS PARA REDUZIR AS SUBSTÂNCIAS 1.2. ELEMENTOS QUIMICOS, COMPONENTES E
TÓXICAS REACÇÔES
Os valores limite para as emissões de gases de escape Todos os elementos químicos são referidos como
têm sido constantemente baixados pela legislação. substâncias constituídas por átomos homogéneos.
Consequentemente, entrou em vigor, em Janeiro de 1996,
Segundo um padrão internacional que regula a
a segunda fase da legislação sobre emissões de escape:
designação dos elementos, as iniciais dos seus nomes
norma 94/12/CEE (96 CEE).
latinos ou gregos foram escolhidas como símbolos
A redução do nível de substâncias tóxicas nos gases de geralmente válidos.
escape dos motores modernos é presentemente
Alguns dos mais importantes elementos indicam-se
conseguida através das seguintes medidas:
abaixo, como exemplo:
- alimentação de combustível em circuito fechado;
S ím b o lo N o m e o r ig in a l N om e em p o rtu g u ê s
- recirculação dos gases de escape (EGR); O O x ig e n iu m O x ig é n io

- injecção de ar secundário; N N a tr iu m A z o to
C C a rb o n e u m C a rb o n o
- injecção de ar secundário de impulso; H H y d r o g e n iu m H id r o g é n io

- sistema de controlo das emissões de vapor de


combustível; Estes elementos raramente se apresentam na sua forma
- ventilação do cárter; pura. Na maior parte dos casos, encontram-se sob a forma
de compostos.
- corte de combustível em sobreregime.
Em baixo, um dos mais importantes compostos, constitui
Estas medidas respeitam os valores limite determinados
um bom exemplo:
pela UE sobre a emissão de gases de escape, norma
94/12/CEE (2ª fase). H2O = 2 átomos de hidrogénio + 1 átomo de oxigénio =
Água
Os sistemas de controlo de emissões acima indicados
podem ser combinados de várias maneiras, dependendo Ocorrem reacções químicas sempre que:
da cilindrada do motor ou do módulo de controlo do motor. - os elementos se combinam;
- se produzem outros compostos, a partir de outros
compostos já existentes;
- os compostos se desdobram nos seus elementos
individuais.
Há reacções que requerem energia adicional e outras
que cedem energia.
Uma das mais importantes reacções é:
C + O2 = CO2.
Neste caso, o oxigénio combina-se com o carbono.
Sempre que o oxigénio entra num composto, referimo-
nos a um processo de oxidação. Se este processo se
verifica rápidamente, libertam-se consideráveis
quantidades de energia, num curto intervalo de tempo.
Este processo é geralmento denominado por
“combustão”, independentemente de se tratar, por
exemplo, de madeira a arder numa fornalha ou de gasolina
a ser queimada num motor alternativo. Uma combustão
súbita e extremamente rápida denomina-se explosão
térmica. Basicamente, isto envolve sempre a mesma
reacção química, durante a qual a energia se liberta.
Fig. 3
Na linguagem corrente, os elementos e os seus
1. Alimentação de combustível em circuito fechado compostos são referidos como substâncias.
2. Recirculação dos gases de escape (EGR)
3. Injecção de ar secundário
4. Injecção de ar secundário de impulso
5. Sistema de controlo das emissões de vapor de combustível
6. Ventilação do cárter
7. Módulo de controlo do motor

2 ESTUDO DAS EMISSÕES GASOSAS


1.3. GASES DE ESCAPE, EMISSÕES E POLUENTES gases de combustão da câmara de combustão para o
cárter e à evaporação dos lubrificantes.
Alguma quantidade de combustível evapora-se do
depósito de combustível, dependendo da temperatura
ambiente exterior.
Emissões e poluentes
Os poluentes incluem basicamente as seguintes
substâncias:
· Monóxido de Carbono (CO): é uma toxina que, ao ser
inspirada, conduz à asfixia por falta de oxigenação
das células, tanto no Homem como nos animais,
Fig. 4 mesmo em pequenas concentrações.
· Dióxido de Carbono (CO2): não é por si tóxico, no
Os gases de escape são aqui definidos como entanto é considerado perigoso por ser um dos
substâncias sólidas, líquidas ou gasosas que se principais responsáveis pelo denominado efeito de
combinam com o meio ambiente, alterando a composição estufa.
natural do ar. Principalmente, as emissões contêm ou · Hidrocarbonetos (HC): Há cerca de 100 (cem)
são constituídas apenas por poluentes. espécies diferentes de hidrocarbonetos, alguns dos
Os poluentes são substâncias libertadas pelo Homem e quais são tóxicos ou cancerígenos (exemplo: o
que prejudicam o meio ambiente, de uma ou de outra benzeno).
forma. Podem classificar-se de acordo com vários · Óxidos de Azoto (NO, NO2, símbolo colectivo NOX):
critérios, por exemplo: são toxinas perigosas quando inspiradas. Contribuem
· Altamente tóxicos: Substâncias que causam danos para as chuvas ácidas e juntamente com os
directos ao Homem, animais ou plantas. hidrocarbonetos dão origem a produtos agressivos
como por exemplo, o Ozono (O3). Esta substância
· Tóxicos: Substâncias que causam danos, quando em produz uma camada protectora contra os perigosos
certas concentrações. raios solares na atmosfera superior, mas no nosso
· Perigosos: Substâncias que são perigosas, mas meio ambiente imediato, actua como uma toxina das
apenas em certas condições e concentrações. células.
· Cancerígenos: Substâncias que causam cancro devi- · Dióxido de enxofre (SO2): é uma toxina perigosa
do a contactos permanentes. quando inspirada. A sua proporção depende do
petróleo em bruto utilizado na refinação para produzir
Gases de escape, emissões e poluentes nos veículos a o combustível.
motor
· Tetraetileno de Chumbo: composto de chumbo, é uma
poderosa toxina para o sistema nervoso.
· Tetracloreto de Chumbo: só se encontra na gasolina.
Na gasolina conhecida por “sem chumbo” ainda
podem, por vezes, serem encontrados vestígios.
· Fuligem: é constituida por partículas sólidas de carvão
inofensivo. Contém também depósitos de
hidrocarbonetos policlíticos aromáticos (PAH), que dão
origem a cheiros desagradáveis e são, numa certa
medida, carcinogénios (exemplo: o benzipireno). A
Fig. 5
fuligem encontra-se na emissão pelo sistema de
1. Emissões provenientes do sistema de escape escape dos motores Diesel.
2. Emissões provenientes do sistema de ventilação positiva do
cárter
3. Emissões provenientes do sistema de ventilação do depósito 1.4. EMISSÕES DO SISTEMA DE ESCAPE
de combustível
As emissões que ocorrem como resultado imediato da
A maior proporção de emissões gasosas ocorre durante combustão (mistura ar/combustível, vestígios de óleos
a combustão do combustível e escapam-se para a lubrificantes, condensação, depósitos nas paredes dos
atmosfera pelo sistema de escape. cilindros) podem ser reduzidas optimizando o processo
No entanto, podem ocorrer emissões gasosas de combustão. O conteúdo de poluentes das restantes
provenientes do cárter, devido à passagem de parte dos emissões dos gases de escape pode ser reduzido pelos
ESTUDO DAS EMISSÕES GASOSAS 3
sistemas catalíticos.
A. Motor Diesel sem controle
1.5. SISTEMA POSITIVO DE VENTILAÇÃO DO de emissão
CÁRTER B. Motor gasolina sem controle
Teóricamente, os segmentos devem vedar o cilindro de de emissão
uma forma absolutamente estanque. No entanto, na Consumo de combustível
prática, durante o curso da compressão e de combustão,
isto nem sempre é possível. Emissão de CO

Durante os tempos de compressão e combustão, alguns Emissão de HC


gases passam, através da folga dos segmentos, para o
Emissão de NOX
cárter. A quantidade de gases aumenta com o desgaste
dos segmentos, dos pistões e das superfícies das paredes
dos cilindros. Devido ao aquecimento e arrefecimento do
motor forma-se vapor de água e por sua vez,
condensações. Fig. 6- Comparação do consumo de combustível e das emissões
gasosas poluentes dos motores Diesel e gasolina com cilindradas
O óleo de lubrificação é pulverizado e atomizado pelas idênticas
altas temperaturas e pelas peças móveis do motor.
Forma-se um nevoeiro de óleo que se mistura com o A emissão de partículas sólidas, no caso dos motores
vapor de água e com os gases que chegam ao cárter. Diesel, bem como as emissões de CO2 nos motores a
A função do sistema de ventilação positiva do cárter deve Diesel e a gasolina, não são tomadas em consideração.
ser: Atendendo às diferenças acima especificadas entre estes
· Afastar os gases agressivos. dois tipos de motores, as medidas a implementar para a
redução dos poluentes diferem consideravelmente.
· Evitar pressão excessiva no cárter que poderá dar
origem a fugas.
As emissões menos intensas que ocorrem (em parte 1.8. CONTROLO DAS EMISSÕES NOS MOTORES A
como consequência da combustão, evaporação e GASOLINA
vaporização) são encaminhadas para a câmara de Combustível
combustão através do sistema de ventilação positiva do
cárter. Passam então a ser uma componente das A gasolina utilizada nos motores é constituida quase
emissões do escape. exclusivamente por hidrocarbonetos. Devido aos
diferentes graus do petróleo em bruto utilizado e dos
aditivos sintéticos, contém também enxofre, chumbo ou
1.6. VENTILAÇÃO DO DEPÓSITO DE COMBUSTÍVEL outros compostos em pequenas percentagens. É muito
volátil e evapora-se a temperaturas ambientes normais.
As emissões que ocorrem devido à evaporação (vapores
de combustível), são também encaminhadas para a Desde a introdução do conversor catalítico nos veículos,
câmara de combustão, pelos sistemas de controlo da comercializam-se os seguintes tipos de gasolina (de
emissão por evaporação. Passam também a constituir acordo com os regulamentos da União Europeia), na
parte das emissões do escape. maioria dos países europeus:
Tipo Conteúdo máx. Chumbo Índice de Octano mín.

1.7. MOTORES A GASOLINA E DIESEL, Normal sem chumbo 10 mg/litro 91 octanas


COMPARAÇÃO DE POLUENTES
Super sem chumbo 10 mg/litro 95 octanas
Os dois princípios de funcionamento apresentam as
Extra sem chumbo 10 mg/litro 98 octanas
seguintes diferenças fundamentais que têm uma influência
decisiva nas características da emissão: Super com chumbo 150 mg/litro 98 octanas

Características Motor a gasolina Motor Diesel O índice de octano (I.O.) é uma comparação entre a
capacidade anti-detonante da substância octano
Combustível Gasolina Gasóleo
(hidrocarboneto com alto poder anti-detonante, I.O. = 100)
Local da mistura Exterior da câmara de combustão Interior da câmara de combustão e a própria gasolina.
Controlo da mistura Quantitativa Qualitativa O índice de octano indica a capacidade anti-detonante
Sistema de ignição Exterior Interior
do combustível. Quanto maior for o valor deste índice,
maior é a capacidade do combustível resistir à detonação,
Ponto da ignição Controlável directamente Não controlável directamente
logo maior pode ser a taxa de compressão do motor.
Rendimento global Aproximadamente 25% Aproximadamente 35% Conseguindo-se uma taxa de compressão mais elevada
melhora-se o rendimento térmico do motor, isto é,
4 ESTUDO DAS EMISSÕES GASOSAS
assegura-se uma melhor utilização da energia durante o λ<1 indica mistura rica (o oxigénio disponível não chega
processo de combustão. para uma oxidação completa).
Note-se que o valor máximo da taxa de compressão está Exemplo: λ=0,8 corresponde a 14,7x0,8=11,76kg de ar
limitado pela capacidade do combustível resistir à para 1kg de gasolina.
detonação. Nos motores aspirados recentes, a taxa de
compressão atinge valores que variam entre 10:1 e 12:1. Combustão com diferentes valores de Lambda
Nos motores sobrealimentados, a taxa de compressão Zona A Maior potência, elevadas emissões de CO e
tem de ser inferior à utilizada para os motores aspirados, HC, elevado consumo de combustível
de modo a evitar sobrepressões muito elevadas, uma vez Zona B Reduzidas emissões de CO e HC, elevada
que o ar admitido já está comprimido. emissão de NOX, consumo favorável
Até há bem pouco tempo, o chumbo tinha sido utilizado Zona C Emissão reduzida de poluentes, consumo
para aumentar a capacidade anti-detonante do favorável, problemas térmicos
combustível. Nas gasolinas sem chumbo, este foi Ce Consumo específico de combustível (g/kW)
substituído, em larga escala, por outros aditivos. O
benzeno serviria os mesmos objectivos, mas é 1.8.3. Gases de escape do processo de combustão
extremamente caro e, além disso, altamente
cancerígeno.

1.8.1. FORMAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DA MISTURA


A mistura ar/combustível forma-se no exterior da câmara
de combustão. Se o motor requer uma quantidade
considerável de energia, terá que se aumentar o
fornecimento da mistura. Não basta aumentar a proporção
de combustível ou de ar. A quantidade é alterada, mas, a
qualidade (composição) da mistura apenas se modifica
dentro de limites muito restritos. O controlo do
fornecimento da mistura é, portanto, um controlo
Fig. 8 - Emissões com diversos valores Lambda
quantitativo.
Óxidos de azoto (NOX) - a sua produção deve-se a um excesso de
oxigénio e a elevadas temperaturas e pressões.
1.8.2. COMBUSTÃO Monóxido de carbono (CO) e Hidrocarbonetos (HC) - quando
encontrados em excesso nos gases de escape indicam falta de
A relação ideal da mistura ar/combustível para o processo oxigénio e baixas temperaturas durante a combustão
de combustão é de 14,7:1, o que significa 14,7
quilogramas de ar para 1 quilograma de gasolina. Esta
1.8.4. SISTEMAS DE CONTROLO DE EMISSÃO
relação ou proporção da mistura de 14,7:1 é também
referida como λ (lambda) = 1. Para se optimizar a combustão e/ou reduzir as emissões
de CO, HC e NOX, vários componentes do motor foram
λ>1 indica mistura pobre (há oxigénio mais do que
aperfeiçoados em quatro importantes áreas sendo criados
necessário para uma oxidação completa).
sistemas de controlo adicionais:
Exemplo: λ=1,2 corresponde a 14,7x1,2=17,64kg de ar
para 1kg de gasolina.
1.8.5. CORTE DE COMBUSTÍVEL NA
DESACELERAÇÃO
Como não é pedida qualquer potência ao motor quando o
veículo vai a deslocar-se numa descida sem acelerar ou
em caso de desaceleração, pode economizar-se
combustível durante estas fases da utilização, reduzindo-
se assim também a emissão.

A função de corte de combustível na desaceleração só é


activada quando são satisfeitas três condições
simultâneamente:
· O motor está à temperatura normal de funcionamento.
Fig. 7 · O motor está a funcionar sem carga (borboleta do

ESTUDO DAS EMISSÕES GASOSAS 5


acelerador fechada). temperatura para controlar o seu funcionamento. Se a
temperatura no canal de recirculação dos gases for
· Rotação do motor superior a cerca de 1500 r.p.m.
demasiado elevada, tal significa que a EGR está
Estas três condições são avaliadas por meios constantemente aberta. Se a temperatura for demasiado
electrónicos, os quais activam o processo de corte de baixa significa que a EGR não abre correctamente.
combustível na desaceleração. Este é desactivado assim
que uma das duas primeiras condições deixe de existir.
No entanto, a rotação do motor pode cair abaixo do valor
especificado na terceira condição antes do sistema de
corte ser desactivado.
As condições para a activação do sistema não são,
portanto, idênticas às necessárias para a desactivação.

1.8.6. IGNIÇÃO E COMBUSTÃO DA MISTURA


Ponto de ignição programado electronicamente
Os sistemas de ignição deste tipo não dispõem de Fig. 9
platinados e são controlados electronicamente.
A. Gás de escape vindo do colector
Consequentemente, produz-se uma faísca mais limpa e de escape
que não pode ser afectada pelo desgaste mecânico ou B. Gás de escape para o colector
pelas altas rotações do motor. Os sistemas mecânicos de admissão
1. Cone da válvula
de ignição podem admitir tolerâncias até 80º do ângulo
2. Diafragma de borracha
da cambota, enquanto os bons sistemas electrónicos 3. Mola de compressão
apresentam tolerâncias inferiores a 10º do ângulo da 4. Ligação de vácuo com origem no
cambota. Uma série de sinais eléctricos, como sejam a coletor de admissão
rotação do motor, a sua carga e temperatura, são
utilizados pela unidade de controlo. Para alcançar o ponto
de ignição òptimo, o programa toma em consideração as 1.8.8. GASES DE ESCAPE DA COMBUSTÃO
características da ignição, a carga a que está sujeito o
Sistema de injecção de ar
motor (posição da borboleta) e a rotação do motor.
O sistema recircula uma certa quantidade de gases de Verifica-se, temporariamente, um vácuo relativo no
escape novamente para o ciclo de combustão com o colector de escape devido à frente de pressão pulsatória
objectivo de reduzir a produção de óxidos de azoto (NOX). dos gases de escape. Como consequência desta
diferença de pressão, o ar primário é aspirado, através
A adição de gases de escape à mistura da combustão, de um filtro de ar e de uma válvula de impulso de ar,
em certas condições de funcionamento, reduz o nível de directamente atrás das válvulas de saída, para os
oxigénio, reduzindo também a temperatura durante o colectores de escape. A injecção de ar secundário é
processo de combustão, sem aumentar de forma activada por um curto intervalo de tempo durante a fase
significativa as emissões de CO e HC. A proporção de de aquecimento do motor (cerca de 80 a 90 segundos).
NOX pode reduzir-se até cerca de 30% com a utilização
deste sistema. Com o sistema de injecção de ar, dá-se a injecção directa
de ar para as aberturas de escape na cabeça do motor,
O sistema EGR não é activado quando o motor está frio de forma a que os hidrocarbonetos e o monóxido de
ou sob carga máxima de forma a evitar a ocorrência de carbono não queimados na câmara de combustão
deficientes condições de funcionamento e possam ser oxidados, ou seja, posteriormente queimados
consequentemente, perda de potência. pela elevada temperatura dos gases de escape.
Durante este processo, a temperatura dos gases de
1.8.7. VÁLVULA EGR escape sobe ainda mais e o catalizador atinge mais
rapidamente a sua temperatura de funcionamento na fase
A válvula EGR encontra-se localizada entre os colectores de aquecimento do motor. Simultaneamente são
de escape e o de admissão ligada por um tubo. Quando reduzidas as substâncias tóxicas dos gases de escape.
é aplicado vácuo na ligação 4 pela válvula reguladora de
vácuo (7 da figura da página anterior), a depressão exercida
sobre o diafragma (2) vence a força da mola (3) e faz abrir
a sede da válvula, permitindo a entrada dos gases de
escape. A sede da válvula é fechada novamente pela
pressão da mola quando o vácuo deixa de ser aplicado.
Por vezes a válvula EGR tem incorporado um sensor de

6 ESTUDO DAS EMISSÕES GASOSAS


A figura mostra um catalisador de três vias, que actua
segundo as seguintes fases:
1. Redução do NOX a N2 e O2
2. Oxidação do CO em CO2
3. Oxidação dos HC em H2O e CO2

Concepção

Fig. 10 - Esquema do sistema de injecção de ar num motor de


injecção

1. Filtro/silencioso do impulso de ar
2. Válvula de controlo de ar Fig. 12
3. Válvula de impulso de ar (unidireccional)
4. Solenóide de vácuo do ar secundário
5. Válvula de escape O corpo base do conversor catalítico é feito de cerâmica
6. Colector de escape ou material metálico, designado por monolito. O monolito
7. Colector de admissão
8. Borboleta do acelerador de cerâmica é conhecido por “tijolo”. Este monolito é
A. Vácuo do colector de admissão constituído por milhares de pequenos canais, através dos
B. Ar primário quais circulam os gases de escape. Sobre estes canais
encontram-se os elementos catalisadores (Platina, Ródio
1.8.9. CONVERSOR CATALÍTICO e Paládio). As superfícies rugosas são constituídas por
Um catalisador é uma substância que aumenta ou diminui óxido de Alumínio (AlO2).
a velocidade de uma reacção química, sem modificar a A área total da superfície é o resultado do factor de
temperatura da reacção ou o equilíbrio químico. O rugosidade em comprimento vezes a largura dos canais,
catalisador interfere na reacção mas mantém-se sem multiplicado pelo número destes. O resultado disto é uma
alterações quando a reacção fica concluída. A este efeito área teórica que corresponde à área de vários campos
do catalisador nas reacções químicas denomina-se de futebol.
catálise. Uma catálise positiva acelera a reacção química;
uma catálise negativa desacelera essa mesma reacção. Como a superfície de reacção fica destruída pela
precipitação do Tetraetileno de Chumbo, apenas se pode
Nos automóveis a catálise realiza-se no interior de uma utilizar gasolina sem chumbo.
panela de escape com elementos catalisadores no seu
interior. A catálise positiva é orientada para os três maiores O “tijolo” está acomodado com uma camada de fibra
poluentes, produzidos nos motores a gasolina, HC, CO intermédia flexível (fibra mineral ou rede metálica) num
e NOX Isto significa a conversão dos poluentes em alojamento de aço especial.
compostos inofensivos, antes de sairem pelo tubo de
escape. Os catalisadores utilizados para esta função
são a Platina, o Ródio e o Paládio. 1.8.11. PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO
1.8.10. CONVERSOR CATALÍTICO DE TRÊS VIAS

Fig. 13

O conversor catalítico só pode desempenhar a sua função


quando:
· A sua temperatura de funcionamento for superior a
300ºC.
· A deficiência e o excesso de oxigénio alternam-se
Fig. 11
numa rápida sequência.
· A mistura ar/combustível é mantida numa tolerância
ESTUDO DAS EMISSÕES GASOSAS 7
rigorosa, próxima de Lambda = 1. dos gases de escape no catalisador.
O conversor catalítico exige oxigénio livre para poder oxidar Estas temperaturas extremamente elevadas, podem
os HC (hidrocarbonetos) e o CO (monóxido de carbono) ocorrer devido a uma anomalia no sistema de ignição ou
para H2O (água) e CO2 (dióxido de carbono), sob a forma de combustível, quando este sem se queimar incendeia-
de gás. se no interior do catalisador.
Por outro lado, é necessária uma deficiência de oxigénio
para reduzir o NOx (óxido de azoto) a N2 (azoto) e O2
1.8.13. CONTROLO LAMBDA
(oxigénio), porque a molécula de oxigénio deve ser
desdobrada neste caso. Um sensor de oxigénio está instalado antes do conversor
catalítico, no fluxo dos gases de escape. Damos a seguir
Estas duas reacções não se podem realizar ao mesmo
uma descrição mais pormenorizada.
tempo, mas sim sucessivamente, uma após a outra. Para
reduzir o NOX, a mistura deve ser primeiro enriquecida, o O sensor de oxigénio também é conhecido como sonda
que provoca a produção de CO. Imediatamente a seguir, Lambda ou sensor de oxigénio aquecido nos gases de
a mistura deve tornar-se pobre de forma a libertar oxigénio escape.
para a oxidação dos HC e do CO. O sensor de oxigénio é um gerador de tensão que fornece
Estes pré-requisitos são satisfeitos quando a mistura varia uma tensão directa com valores até 1 Volt.,na maior parte
numa curta tolerância da relação Lambda = 1. Para isto das viaturas europeias. A definição científica deste
torna-se necessário um sistema de controlo (controlo componente é: Célula galvânica da concentração do
Lambda), em circuito fechado. oxigénio com electrodos sólidos.

1.8.12. INUTILIZAÇÃO DO CATALISADOR


A superfície catalisadora activa composta por metais
preciosos pode ser desactivada devido à acumulação de
depósitos. Se existir uma concentração de chumbo no
combustível superior a 5 mg/litro, tal pode causar a
inutilização do catalisador. Fig. 14 - Sonda Lambda

Por este motivo, os veículos equipados com catalisador 1. Resistência de aquecimento


só podem utilizar gasolina sem chumbo. 2. Suporte de cerâmica
3. Alojamento do sensor
Alguns óleos do motor contêm Zinco (Zn) e Fósforo (P). 4. Anilha vedante
Tal pode conduzir à inutilização do catalisador. O enxofre 5. Elemento activo
6. Tubo protector
também pode destruir o catalisador mas só se nota o
seu efeito quando é expelido pelo catalisador sob a forma
de ácido sulfídrico (H 2 S), o qual tem um cheiro
nauseabundo, semelhante a ovos podres. Com uma relação de mistura dos gases de combustão
com Lambda=1, o sensor de oxigénio irá gerar uma tensão
O enxofre forma uma película na superfície rugosa do eléctrica à volta de 450mV. Isto significa um excesso de
catalisador. É necessário ter uma mistura rica para que oxigénio de 1 a 1,5 %.
o enxofre se misture com o hidrogénio por forma a formar
o ácido sulfídrico.Este problema vai desaparecendo à Quando a mistura se torna mais rica, por exemplo Lambda
medida que o catalisador envelhece. A substituição deste = 0,9, a tensão neste sensor aumenta para 800 mV como
só viria promover este fenómeno. resultado da diminuição de oxigénio.

Por forma a reduzir a expulsão de ácido sulfídrico para o Quando a mistura se torna mais pobre (por exemplo
mínimo possível, o teor de CO ao ralenti tem de encontrar- Lambda=1,05) a tensão desce para 200 mV.
se dentro dos valores limites definidos, de preferência os A tensão altera-se bruscamente quando o controlo se
mínimos. O sistema de controlo do motor tem de estar a aproxima do valor Lambda=1±0,05. Se o sensor de
funcionar correctamente. oxigénio assinala uma mistura rica à unidade de controlo
O catalisador envelhece térmicamente quando em uso. (U~0,9V), a mistura ar/combustível é imediatamente
Em especial durante os primeiros 6500 km, em média. regulada para pobre. Quando o sensor indica uma mistura
O processo de envelhecimento regular verifica-se à pobre (U~1,1V) à unidade de controlo, a mistura é
temperatura de funcionamento normal de 850ºC. A enriquecida. Este ciclo é repetido milhares de vezes
temperaturas superiores a 1000ºC, o processo de durante o funcionamento do motor.
envelhecimento torna-se mais rápido. A uma temperatura
superior ou igual a 1400ºC o favo de cerâmica derrete-
se. Isto torna-se evidente através da perda de potência
causada pela elevada resistência á passagem do fluxo
8 ESTUDO DAS EMISSÕES GASOSAS
Tal significa que o catalisador de três vias funciona com
uma relação de conversão de 95%, pois tem de haver
falta de oxigénio para reduzir o NOX, enquanto a oxidação
de CO e HC requer oxigénio livre. Sem uma alimentação
de combustível em circuito fechado, o catalisador de três
vias teria uma eficiência de apenas 70%.
A alimentação de combustível em circuito fechado permite
a formação de uma mistura ideal para a combustão, com
uma tolerância muito limitada de Lambda=1, (janela
lambda). Assim se consegue um baixo nível de emissões
gasosas.

Fig. 15

A. Mistura rica
B. Mistura pobre
C. Tolerância (mistura ideal)
D. Sinal do sensor em mV

Para garantir que o sensor de oxigénio alcança


rapidamente a sua temperatura de funcionamento, este
está equipado com uma resistência que aquece o sensor
logo que se liga a ignição.
Fig. 17

1.8.14. SUBIDA E DESCIDA DAS EMISSÕES NO A. Sinal do sensor de oxigénio aquecido


CONVERSOR CATALÍTICO B. Emissões em bruto antes do catalisador
C. Gases de escape tratados depois do catalisador de três vias

1. Módulo de controlo do motor


2. Sensor de oxigénio aquecido pré-catalisador *
3. Injector de combustível
4. Catalisador de três vias

* Sensor de oxigénio aquecido pré-catalisador: montado antes do


catalisador
Sensor de oxigénio aquecido pós-catalisador: montado a seguir
ao catalisador

Alguns veículos que têm montados dois catalisadores,


estão ainda equipados com um ou dois sensores de
oxigénio aquecido pós-catalisador, para além do sensor
ou sensores de oxigénio aquecido pré-catalisador.
Fig. 16
A função deste(s) sensor(es) de oxigénio pós-catalisador
(1) Área da composição da mistura controlada (janela é detectar o teor de oxigénio à saída do catalisador. O
Lambda)
Valores da emissão sem conversor catalítico
sensor envia apenas um sinal de tensão aproximadamente
Valores da emissão com conversor catalítico uniforme pois, em condições normais, o teor de oxigénio
residual nos gases de escape pós-catalisador é
geralmente baixo.
A alimentação de combustível em circuito fechado é a
medida mais importante para a redução do nível de O módulo de controlo do motor recebe informações
substâncias tóxicas nos gases de escape. exactas sobre o processo de combustão e sobre o
funcionamento correcto dos sensores de oxigénio através
Este sistema é composto por um catalisador de três vias, da comparação da tensão dos dois sensores. Tal conduz
um sensor (ou sensores) de oxigénio aquecido e um a uma melhoria das características da gestão do motor
módulo de controlo do motor. A alimentação de e a uma redução das emissões dos gases de escape só
combustível em circuito fechado controla a composição possivel através de um controlo do motor bastante
alternada da mistura, ora pobre ora rica, ou seja, o nível apertado.
de oxigénio nos gases de escape varia constantemente
entre baixo e elevado.

ESTUDO DAS EMISSÕES GASOSAS 9


óleo sejam transportados no fluxo dos gases para a
câmara de combustão. Contém uma série de placas onde
os vapores de óleo se condensam voltando em seguida
ao cárter, por efeito de gravidade.
A válvula (4) controla o fluxo dos gases ao ralenti, a carga
parcial e carga total. A sua abertura é provocada pelo
vácuo no colector de admissão, sendo sugados os gases
do bloco do motor para as câmaras de admissão.
O separador de óleo não se encontra instalado, sempre
que a válvula (4) possa ser montada directamente na
tampa das válvulas.

Fig. 18 1.9.2. VENTILAÇÃO DO DEPÓSITO DE COMBUSTÍVEL

1. Módulo de controlo do motor Em condições de grande flutuação de temperatura, o


2. Sensor de oxigénio pré-catalisador (sinal de tensão oscilante combustível expande-se e evapora-se parcialmente ou
para a alimentação de combustível em circuito fechado) contrai-se. A quantidade de combustível no depósito
3. Catalisador de três vias altera-se constantemente, devido ao reabastecimento e
4. Sensor de oxigénio pós-catalisador (sinal de tensão uniforme)
5. Injector de combustível ao consumo causado pela condução. Atendendo a estes
factos o sistema de ventilação deve assegurar uma
equalização da pressão no depósito.
1.9. GASES DE ESCAPE POR EVAPORAÇÃO E
VAPORIZAÇÃO Componentes:

1.9.1. VENTILAÇÃO POSITIVA DO CÁRTER Tampão de combustível

Apenas um sistema fechado que não tenha qualquer Uma válvula de segurança de pressão está incluida no
espécie de ligação com o ar exterior pode satisfazer os tampão da gasolina. Esta válvula abre a uma pressão de
requisitos relacionados com uma eficiente redução da ± 0,3 bar. Alguns tipos de tampões são ainda dotadas de
emissão. válvulas de segurança de vácuo.

Fig. 20
Fig. 19 - Representação dum
motor com carburador 1. Válvula de segurança
2. Válvula de vácuo
1. Filtro de ar 3. Fechadura
2. Ligação ao filtro de ar 4. Bocal de enchimento
3. Separador de óleo 5. Anilha de vedação
4. Válvula
5. Ligação ao colector de A. Excesso de pressão
admissão B. Ar aspirado

Válvula de esfera
Função
Esta válvula assegura que não podem passar mais de 30
O ar primário é encaminhado desde o lado do ar limpo do gramas por minuto de gasolina pelo tampão, quando a
filtro de ar para a tampa das válvulas. Havendo um posição do veículo se altera na vertical para mais de 37º.
excesso de pressão nesta área, os gases não serão Nessa altura, a esfera fecha completamente o tubo de
libertados para a atmosfera, mas sim aspirados pelo ventilação.
motor, através do filtro de ar.
Os gases do cárter são encaminhados através do
separador de óleo (3) e da válvula (4) para o colector de
admissão (5).
O separador de óleo evita que as pequenas gotículas de
10 ESTUDO DAS EMISSÕES GASOSAS
1.9.4. SISTEMA PNEUMÁTICO DE CONTROLO DAS
EMISSÕES POR EVAPORAÇÃO

Fig. 21

1. Tubo de ventilação
2. Limitação do fluxo
3. Válvula de esfera aberta
4. Válvula de esfera fechada

1.9.3. SISTEMA ELECTRÓNICO DE CONTROLO DA


EMISSÃO POR EVAPORAÇÃO
Fig. 23
Este sistema está instalado nos veículos equipados com
motor de injecção electrónica de combustível e com um 1. Depósito de combustível
2. Válvula de segurança contra acidentes
conversor catalítico de três vias. 3. Tubo de evaporação de combustível
4. Filtro de carvão
As emissões de hidrocarbonetos do depósito de 5. Orifício calibrado
combustível são encaminhadas através de uma tubagem 6. Borboleta do acelerador
para um filtro de carvão. O carvão vegetal activado tem a
propriedade de aglutinar substâncias tóxicas sob a forma
de moléculas de hidrocarbonetos. Um outro tubo de 1.10. EMISSÕES GASOSAS EM MOTORES DIESEL
ligação encaminha os vapores de gasolina desde o filtro
1.10.1. NOTAS INTRODUTÓRIAS
de carvão até ao processo de combustão.
A partir da segunda metade da década de 80, tem sido
Quando o motor está desligado, os vapores são
dada a devida atenção a esta problemática, pois
armazenados no filtro de carvão. Quando o motor está a
anteriormente todos os esforços estavam centradas na
trabalhar, os vapores são enviados imediatamente para o
investigação sobre motores a gasolina.
processo de combustão. Os vapores são aspirados do
filtro de carvão. A extensão do uso de motores Diesel aos automóveis
ligeiros, a par da crescente preocupação com o ambiente,
O depósito de carvão está ligado por um tubo à válvula de
produziu até à presente data, já legislação aprovada ou
segurança em caso de capotamento, existente no
por aprovar a qual definirá para todas as situações de
depósito de combustível.
funcionamento, o nível de contaminação permitido para
os motores Diesel.
Por outro lado, tem sido efectuado um notável esforço
por parte dos fabricantes de motores, tentando em dez
anos colocar os padrões de desenvolvimento ao nível dos
já alcançados para os motores a gasolina.
Persistem no entanto algumas dúvidas, sobre se estamos
a percorrer o caminho certo, pois existe a tentação de
não serem resolvidos os problemas de fundo, como o da
combustão dos motores e dos combustíveis mas apenas
o tratamento posterior dos gases de escape, fruto da
pressão dos grupos industriais, nomeadamente sobre os
legisladores, que parece continuar a desenvolver-se.
Até ao fim do Século vamos assistir a um grande
desenvolvimento dos motores Diesel, em duas direções
preferencias, a poupança de combustível e a diminuição
das emissões gasosas, com a devida ressalva para os
Fig. 22 avanços que tal irá provocar sobre a generalidade do
motores e dos combustíveis.
1 Carvão granulado activado
2 Filtro de espuma Para o desenvolvimento deste tema abordaremos
3 Ligação da válvula de segurança em caso de capotamento inicialmente os parametros que o caraterizam, em
4 Ligação da válvula de purga do depósito de carvão
seguida descreveremos os sistemas de controlo de
5 Protecção de plástico
6 Protecção de metal emissões, os equipamentos para medição e finalmente
ESTUDO DAS EMISSÕES GASOSAS 11
a legislação existente e a que se encontra em preparação. 1.10.2.3. COMBUSTÃO
Uma combustão uniforme e rápida garante um consumo
específico económico e uma elevada potencia específica.
1.10.2. CARACTERIZAÇÃO DAS EMISSÕES
A emissão de monóxido de carbono (CO),
GASOSAS EM MOTORES DIESEL
Hidrocarbonetos (HC) e de fuligem é baixa, embora sejam
1.10.2.1. COMBUSTÍVEIS produzidos elevados níveis de óxidos de azoto (Nox).
Vamos analizar os combustíveis na óptica das emissões
gasosas. Existe actualmente a tendencia para a
diversificação de combustíves em motores Diesel.
Esta diversificação tem como grande objectivo a dimuição
da dependencia do petróleo. Recorre-se assim a par do
uso de combustíveis constituídos por hidrocarbonetos,
ao gás natural, aos biocombustíveis, aos óleos reciclados
e até em certas aplicações a combustíveis multi-uso, á
base de querozene.
A escolha do combustível passa assim por um conjunto
de factores de ordem económica, ambiental e estratégica,
os quais vão condicionar os consumos, e as emissões
gasosas.
Quando nos referimos a combustíveis líquidos à base de
hidrocarbonetos, podemos apontar como problema
fundamental a resolver a quantidade de enxofre contido e
a melhoria da capacidade de auto-inflamação, com o
aumento do indice de cetano (mínimo aceitável de 45)
.Os problemas de evaporação a baixa temperatura não
se colocam neste tipo de combsutíveis.
Quando empregamos combustíveis como o gás natural,
com vantagens no que respeita á diminuição das Fig.24 - Comparação de emissões poluentes no ambito do teste
emissões gasosas, temos de salientar a desvantagem europeu, com motores 4 cilindros e de 2l de cilindrada.Motor 1 a
da necessidade de transformação do motor, o qual passa gasolina sem catalizador, motor 2 do ciclo Diesel.
a funcionar segundo o ciclo Otto.
Uma solução interessante parece no entanto ser a do O ar não é usado de uma forma optimizada o que explica
uso de Biocombustíveis, com os quais se tem obtido um que os motores Diesel, necessitem de mais ar do que os
decréscimo considerável do nível de emissões, sem haver motores a gasolina. Este facto limita o valor da pressão
necessidade de alterações nos motores. média efectiva, mas por outro lado diminui a emissão de
poluentes, podendo ser comparado o seu valor ao de um
motor a gasolina catalizado (fig.24).
1.10.2.2. PREPARAÇÃO DA MISTURA AR No caso de o motor Diesel ter tratamento de gases de
COMBUSTÍVEL escape então este valor será mesmo inferior ao de um
A preparação da mistura ar-combustível, influencia motor a gasolina catalizado.
bastante o consumo de combustível, a composição dos A fuligem é produzida devido à combustão incompleta,
gases de escape e o ruído da queima dos motores Diesel. pois o combustível apesar de finamente atomizado não
A mistura é formada na camara de combustão do motor, se consegue misturar completamente com o ar, ha- vendo
a partir do ar que é introdu- zido na admissão, e do sempre zonas da camâra onde a mistura é rica.
combustível que posteriormente é injectado na fase final Assim a fuligem ocorre em zonas onde a o coeficiente
do curso da compressão. do excesso de ar (l) oscila entre 0,3 e 0,6 e as
O controlo da mistura contráriamente ao motor Otto, é temperaturas entre 1127ºC e 1247ºC.
realizada de uma forma qualitativa, através do doseamento
de combustível injectado efectuado pelo sistema de
injecção.
A relação ar-combustível varia assim contínuamente
entre a situação de “ralenti” e a carga máxima, atingindo
um valor mínimo de 16/1, nunca sendo igual ao valor
estaquiómetrico devido ao limite de fumos.

12 ESTUDO DAS EMISSÕES GASOSAS


Fig.27 - Constituição da fuligem das emissões dos motores de
combustão interna.

Fig. 25 - Evolução da combustão para deferentes emissões de


fuligem e de Nox
Mais de 95% das emissões são relativamente inofensivas:
O controlo da emissão de partículas é particularmente Dióxido de carbono, vapor de água,azoto, oxigénio residual
delicado, pois as medidas que são tomadas para a sua não queimado.
diminuição, têm geralmente consequencias negativas no
consumo de combustível , na emissão de Nox e mesmo
no ruído de funcionamento do motor (fig.25). Nos restantes 5% encontramos: Benzeno, aldeídos,
hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, azoto e sulfatos.

1.10.2.4. CONSTITUIÇÃO DOS GASES DE ESCAPE


DOS MOTORES DIESEL Os óxidos de azoto, produzem-se em níveis apreciáveis
em certas gamas da relação ar-combustível, sendo no
Os gases produzidos pelo motor Diesel, são constituídos
entanto nessas gamas que a utilização do motor é mais
por cerca de 1000 substancias diferentes. Na tabela 1
eficiente (fig. 26)
encontramos as principais, sendo indicados valore a para
a situação de ralenti e de potencia máxima. Quanto aos sulfatos a sua presença deriva directamente
do facto de existir enxofre no combustível.
A fuligem é constituída por partículas sólidas. Assim ao
referirmo-nos ás suas emissões, usamos o termo emissão
de partículas. Na sua forma químicamente pura a fuligem
é carvão inofensivo (fig.27). No entanto uma elevada
percentagem de poluentes já mencionados aderem ás
partículas de fuligem na emissão dos escape do motor.

Fig.26 - Variação do com Nox o excesso de ar

TAB.1 - Composição dos % Valor ao ralenti Valor a pot.


gases de escape máxima
Óxidos de azoto volume 0,005 a 0,025 0,06 a 0,15
Hidrocarbonetos volume 0,05 a 0,06 0,02 a 0,06
Monóxido de carbono volume 0,01 a 0,045 0,035 a 0,2
Dióxido de carbono volume a 3,5 a 12,0
Vapor de àgua volume a 3,0 a 11,0
Oxigénio volume a 16,0 a 10,0
Nitrógenio volume resto resto
Fuligem mg%m3 ≈ 20 ≈ 200
Temperatura dos gases ºC 100 a 200 550 a 750
ESTUDO DAS EMISSÕES GASOSAS 13
1.10.4. FORMAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DA MISTURA
1.10.4.1. PONTO DE INJECÇÃO
A expressão “início da injecção”, refere o momento inicial
de compressão do combustível no interior da bomba
injectora. Como este momento é mais fácil de determinar
do que o início efectivo da injecção quando o motor está
parado, a sincronização entre o motor e a bomba, faz-se
sempre através do momento do início da acção da bomba.
Quando o início da injecção acontece com bastante
avanço, a pressão de combustão resultante da queima
actua como uma força frenante sobre a subida do embolo,
alterando o rendimento mecanico.
Fig. 28
A combustão deve igualmente terminar antes da abertura
da válvula de escape, e a condição de consumo mínimo
de combustível acontece quando o início da queima se
Na fig. 28 temos oportunidade de entender em que medida
situa próximo do PMS.
as partículas podem ser prejudiciais para os seres
humanos. O avanço do início da queima provoca um aumento da
temperatura no interior da camara de combustão e
A dimensão das partículas que constitui a fuligem, oscila
consequentemente o aumento da emissão de óxidos de
entre os 0,05 e os 150 mi-lionésimos de milímetro. Na
azoto.
sua pequena dimensão reside a causa do seu malefício.
Com dimensões aproximadas de 0,7 a 8 mm, podem O início da combustão tardio, pode por outro lado dar
penetrar nos pulmões e aí se fixarem. As partículas com origem a um processo de queima incompleto e como tal
dimensões inferiores, voltam a sair quando expiramos. à emissão de hidrocarbonetos não queimados HC e de
As de dimensões superiores ficam retidas na área de CO (fig.29).
filtragem das nossas vias respiratórias.

1.10.3. SISTEMAS DE CONTROLO DE EMISSÕES EM


MOTORES DIESEL
1.10.3.1. ÁREAS DE ACTUAÇÃO NO MOTOR
São quatro as áreas fundamentais de actuação nos
motores, e em cada uma delas actuamos sobre diferentes
emissões. Nos pequenos quadros seguintes
descriminamos as áreas bem como as emissões
abrangidas.

Área 1: Formação e distribuição da mistura


- Sistema de injecção...... CO, HC, NOx, Fuligem
- Sobrealimentação....................CO, HC, Fuligem
Fig. 29 - Emissões de óxidos de azoto e de hidrocarbonetos em
Área 2: Combustão função do início da injecção (a = início da injecção correcto)
- Desenho camara de combustão..........HC, NOx
- Rel.Vol.Compressão.............................HC, NOx O início da injecção influencia igualmente o aparecimento
da fuligem, que é o resultado de uma má combustão.
- Afinação das válvulas...........................HC, NOx
A contradição existente entre um valor óptimo para o
- Recirculação G.Escape.............................. NOx consumo específico e a emissão de fumo negro e óxidos
de azoto, exige uma afinação muito correcta do ponto de
Área 3 : Gases de Escape
injecção.
- Oxidação n/Conversor catalítico.....CO, HC, Ful.
No interior do motor os atrasos á auto inflamação do
Área 4 : Gases d/evaporação e vaporização combustível são função das diferentes temperaturas a
que se inicia o início da injecção.
- Ventilação positiva do carter...........................HC

14 ESTUDO DAS EMISSÕES GASOSAS


O comprimento das condutas de injecção e a velocidade
de propagação das ondas de pressão influenciam
igualmente o atraso á auto inflamação do combustível
(atrasando o início da queima), o qual se agrava com o
aumento da rotação do motor.
Torna-se assim indispensável que o avanço à injecção
varie com a rotação do motor e a sua carga.A cartografia
do início da injecção mostra claramente a relação entre
a carga, o regime e a temperatura de funcionamento do
motor (fig.30).

1.10.4.2. DURAÇÃO E LEI DA INJECÇÃO


A expressão “ lei da injecção”, caracteriza a evolução da
quantidade de combustível injectada na câmara de
combustão em função da posição do veio de manivelas
ou do veio de ressaltos.
A duração da injecção é um parametro fundamental da
Fig.30 - Cartografia do início da injecção em função, da temperatura lei da injecção, exprimindo o tempo durante o qual o
de arranque a frio e da carga. 1. Arranque a frio 2.Plena carga injector está aberto e é enviado combustível para o interior
3.Carga parcial.

Fig.31 - Consumo de combustível e emissões de poluentes em função da duração e do início da injecção (motor sobrealimentado com
pré-camara, velocidade de rotação de 1600 RPM e presão média de 4,11 Bar)
as=início da injecção em graus (º) de manivela antes do PMS.

ESTUDO DAS EMISSÕES GASOSAS 15


da câmara. combustível residual que pode permanecer nos furos dos
injectores e alcançar a camâra durante a fase de
Para que o envio de combustível se faça em condições o
expansão, não sendo totalmente queimado, indo então
motor de injecção directa necessita de 25 a 30º de veio
aumentar a quantidade de HC.
de manivelas e o motor de injecção indirecta de 35 a
40º.Como o tempo que caracteriza um grau de rotação
diminui com o aumento de rotação torna-se assim
1.10.5. SOBREALIMENTAÇÃO
imprescindível, para minizarmos o consumo e as
emissões, que a duração da injecção seja adaptada ao A principal função da sobrealimentação é a de aumentar
início da injecção e ao tipo de motor (fig.31). a potencia do motor, mantendo a cilindrada constante
(fig. 33).
Devido ás características do processo uma quantidade
1.10.4.3. PRESSÃO DE INJECÇÃO
de ar adicional é fornecida ao motor, sendo a mistura é
O seu valor dependo do tipo de motor, ou seja se estamos desviada para a zona mais pobre.
perante injecção directa ou indirecta.
Para os motores de injecção directa, é correcto
afirmarmos que quanto mais elevada for a pressão de
injecção, melhor será a mistura do ar e do combustível e
como tal o próprio processo de queima.
A emissão de fuligem para pressões até os 1000 bar é
portanto fortemente reduzida. Infelizmente o consumo de
combustível sobe com presões superiores a este valor
devido á potencia necessária ao accionamento da bombas
injectoras (fig.32).

Fig. 33 - Sistema de sobrealimentação com trubo compressor e


válvula de controlo de pressão de descarga do turbo.

Verifica-se assim uma redução das emissões de CO,


HC e de fuligem, com o aumento do rendimento térmico
real do motor e consequentemente um menor consumo
de combustível.
As emissões de No x , podem em determinadas
circunstancias aumentar, mas este efeito pode ser
minorado de uma forma efectiva pela recirculação
controlada de gases de escape.

1.10.6. COMBUSTÃO
1.10.6.1. DESENHO DA CÂMARA DE COMBUSTÃO
Durante o processo de injecção e o desenrolar da queima,
Fig. 32 - Consumo de combustível e produção de fumo negro em formam-se no interior da câmara, zonas de diferentes
função das emissões de óxido de azoto e da pressão de injecção.
(motor de injecção directa, regime de 1200RPM,pressão média relações ar combustível. Junto e na zona do jacto temos
efectiva de 16,2 bar). uma mistura rica e em zonas mais distantes uma mistura
as = início da injecção em graus (º) de manivela antes do PMS. pobre.
Este facto obriga a que tanto o desenho da camara como
1.10.4.4. INJECTORES a movimentação do ar e a distribuição do combustível
Um desenho otimizado das cabeças dos injectores, é sejam orientados de forma a conseguir-se a
fundamental para o desempenho correcto do processo homogeneidade possível.
de queima.
Em motores de injecção directa utilizamos injectores de 1.10.6.2. RELAÇÃO VOLUMÉTRICA DE
vários furos e em injecção indirecta os de furo único, com COMPRESSÃO
ou sem furo piloto.
Uma elevada compressão vai aumentar o rendimento
No que respeita ás emissões, temos o problema do
16 ESTUDO DAS EMISSÕES GASOSAS
térmico real do motor. No motores com reciclagem de gases de escape, temos
misturas de ar com estes gases a cargas parciais a fim
O motor Diesel não está sujeito ás mesmas limitações
de diminuirmos os óxidos de azoto. Com a mistura dos
do motor Otto no que respeita á detonação.
gases reduzimos a concentração de oxigénio na carga.
Podemos portanto aumentar a relação volumétrica de
Por outro lado a temperatura específica dos gases é
compressão tendo em atenção o aumento das cargas
superior á do ar. Estes dois factos contribuem para uma
mecânicas, mas igualmente o aumento da potencia do
diminuição da temperatura da queima.
motor, a diminuição do consumo específico de
combustível e da produção de CO e HC. O aumento da taxa de reciclagem vai diminuir a entrada
de ar fresco no motor e portanto o excesso de ar.
No entanto para taxas de reciclagem demasiadamente
1.10.6.3. AFINAÇÃO DAS VÁLVULAS DE ADMISSÃO
elevadas temos um acréscimo importante dos valores de
E DE ESCAPE
HC e CO (fig. 34).
Há semelhança dos motores Otto, o ponto das válvulas
A intenção de reduzirmos substancialmente as emissões
é definido para cada motor em particular. O seu valor
de óxidos de azoto por recicalgem de gases de escape
depende de entre outros parametros da velocidade dos
impõe uma adaptação precisa da quantidade de
gases e da rotação do motor.
combustível face ao volume de ar disponível a cargas
Inflencia assim a curva de binário e consequentemente parciais.
as emissões gasosas. Os critérios são idênticos aos
Na fig. 35 apresentamos um esquema do sistema de
usados para os motores Otto.
recirculação de gases de escape usado em automóveis
ligeiros, identico ao usado nos sistemas de injecção
1.10.6.4. RECIRCULAÇÃO DE GASES DE ESCAPE Diesel com comando electrónico.

Os motores Diesel funcionam normalmente sem Quando o motor se encontra á temperatura normal de
estrangulamento de ar na sua admissão. Com um excesso funcionamento e em carga parcial, temos uma taxa de
de ar importante o combustível arde sem problemas e a reciclagem que pode atingir um valor de 30% dos gases
produção de CO e fuligem é muito baixa. de escape, através da vávula EGR.

O excesso de ar diminui quando a quantidade de Quando a carga é máxima os gases não são reciclados
combustível injectado aumenta. Para cargas elevadas o por motivos de mantermos uma elevada perfomance. O
motor deve trabalhar com um excesso de ar mínimo módulo EGR controla todo o processo.
pois temos de rentabilizar o mais possível a cilindrada. O funcionamento do motor mantém-se bastante suave
A quantidade de combustível injectado deve ser sempre com este sistema diminuindo a violencia característica
de acordo com a massa de ar existente no motor. Nos do seu funcionamento.
motores sobrealimentados a quantidade de ar é limitada
pelo valor da pressão máxima de admissão.

Fig. 34 - Influencia da taxa de reciclagem dos gases de escape sobre as características dos motores

ESTUDO DAS EMISSÕES GASOSAS 17


A fig. 36, mostra um sistema deste tipo. As células
são obstruídas altenadamente por tampões
cerâmicos.Os gases de escape penetram no canal
aberto podendo atravessar a parede cerâmica com
a espessura de 0,5mm, passando aos canais
vizinhos abertos até atingirem a saída.
A fim evitarmos o risco de contra-pressão torna-
se necessária a instalação de auxiliarres de
regeneração do filtro.A adição de substancias
especiais que permitem abaixar as temperaturas
de inflamação para valores de 200 a 250ºC. O
autovazamento é assim suficiente mesmo se a
instalação de filtragem está situada abaixo do
chassis da viatura. A regeneração do filtro pode
ser feita de uma forma forçada através da colocação
de um queimador de combustível que actue quando
Fig. 35 - Sistema EGR com controlo electrónico. a contra-pressão atinga um determinado valor.
1.Bomba injectora
2. Controle de carga parcial
3. Sensor da posição da bomba injectora
4. Controlo de arranque a frio
5. Alternador
6. Sensor da temperatura do líquido do sistema de arrefecimento
7. Módulo EGR
8. Distribuidor de vácuo
9. Filtro
10. Pré-filtro
11. Bomba de vácuo
12. Válvula EGR

1.10.7. TRATAMENTO SECUNDÁRIO DOS GASES DE


ESCAPE
A emissão das partículas devidas à circulação representa
à volta de 10% da poluição atmosférica total. As emissões Fig. 36 - Equipamento cerâmico do tipo “favo de abelha”.
de fumo negro, branco ou azul dos motores Diesel são a) Filtro de fuligem para motor Diesel
b) Catalizador para motor Otto
directamente visíveis, tal como os odores dos gases de 1. carcassa , 2. estrutura cerâmica , 3. tampões cerâmicos
escape. O tratamento secundário de gases de escape,
permite resolver este problemas diminuindo em cerca de Nas figs. 37 e 38 apresentamos o sistema de filtragem
75% a emissão de partículas. introduzido pela Deutz em 1989.É constituído por um
A dimensão das partículas a eliminar é decisiva para a nucleo monolítico em ceramica e tem um sistema de
escolha do sistema que podemos utilizar. Como foi regeneração forçada, que entra em funcionamento 10 a
anteriormente referido as dimensões das partículas 13 horas após o começo da operação do motor e dura
oscilam entre 0,01 e 10mm de diametro, com um valor cerca de 5 minutos.
médio inferior a 1mm.Só os separadores com filtro ou
eléctricos são usados para estas dimensões.

1.10.8. FILTRO PARA A FULIGEM


Com a presença de um excesso de ar permanente na
queima dos motores,existe uma quantidade de oxigénio
residual nos gases de escape, o qual é suficiente para
queimar num filtro especial a fuligem nele acumulada,
sendo assim efectuada a sua regeneração de uma forma
contínua através do seu auto-vazamento.
As temperaturas resultantes podem atingir os 1200ºC, o
Fig. 37 - Filtro DPFS da Deutz Service
que pressupõe materiais como a ceramica, com uma
estrutura semelhante à usada para os catalizadores dos
motores Otto.

18 ESTUDO DAS EMISSÕES GASOSAS


Fig. 38- Diagrama de funcionamento do sistema.A operacionalidade mantém-se durante a regeneração.

De acordo com o fabricante o sistema reduz as emissões O queimador regenerativo é alimentado com gasóleo e
da fuligem do motor Diesel à volta 95 a 99% e as emissões aquece a temperatura do ar de um soprador próprio a
de partículas em geral são reduzidas de 70%. valores da ordem dos 550ºC.
O sistema está disponível para motores de 40 a 400Kw. Finalmente na fig. 40, temos o filtro produzido por Ernst
Encontra-se actualmente aplicado em diversas viaturas Aparatebau. O fabricante especifica um valor de eficiencia
de transporte urbano. A sua aplicação para além das da ordem dos 95% e reclama igualmente uma diminuição
citadas viaturas, dirige-se a motores que trabalhem em do odor ds gases de escape bem como do ruído.As
ambientes fora do ar livre. emissões sonoras medidas indicaram valores inferiores
aos dos silenciosos convencionais. A construção é
O outro sistema apresentado foi desenvolvido pela
modular podendo ser adaptado a diversos tipos de veículos
Leistritz em conjunto com a MAN em 1990 (fig. 39), sendo
como carros, camiões, empilhadores e outro equipamento
constituído por dois filtros paralelos, com um sistema
sequencial de regeneração, que é controlada móvel.
electrónicamente e pode surgir a a qualquer instante
durante o funcionamento do motor.

Fig. 40 - Esquema de funcionamento do filtro de partículas Ernst


Fig. 39 - Sistema de filtragem Leitritz

ESTUDO DAS EMISSÕES GASOSAS 19


1.10.9. SEPARADOR ELÉCTRICO O catalizador reduz a emissão de CO e HC, oxidando-
os para H2O e CO2.
A intensidade do campo eléctrico aparecendo ao nível
dos pontos ou arestas do electrôdo de difusão do Numa menor percentagem a emissão de partículas é
separador eléctrico vai provocar a libertação de electrões. também reduzida pelo desdobramento e conversão dos

Fig. 41 - Separador eléctrico 1. Gases de escape não tratados 2. Aglomerador electrostático 3.


electrôdo circular de difusão4. da fuligem 5. ciclone 6. Gases orifício de evacuação de escape des
poluídos.

Desta descarga resulta que os portadores das cargas


livres vão-se acumular nas partículas dos gases de
escape.No campo electrostático as partículas carregadas
electricamente são atraídas pelo electrôdo de polaridade
inversa e ficam separadas.
O separarador de partículas não é usado nos veículos
automóveis.O seu esquema de funcioanmento está
expresso na fig. 41. O aglomerador é seguido por um
separador de ciclone. O turbilhão formado pelo aceleração
devida à força centrífuga envia as partículas (cuja
dimensão aumentou devido à aglomeração) sobre as
paredes exteriores donde caiem para o fundo sendo
depois retiradas. Fig. 42 - Catalizador 1. alojamento especial 2. Revestimento
flexível 3. Corpo ceramico.
Contrariamente ao filtro de fuligem, a perda de pressão
nos gases de escape é independente da carga de fuligem,
sendo constante para cada ponto de funcionamento.
poluentes que aderiram às partículas de fuligem.
1.10.10. CATALIZADOR Os processos de redução no conversor catalítico não
são possíveis face ao elevado excesso de ar. Tal torna
O catalizador é similar ao usado nas viaturas com motores desnecessário o sistema de controlo com sonda Lambda,
a gasolina. A principal diferença reside no facto de apenas sendo assim este um sistema não controlado.
fazer oxidações e não reduções, os óxidos de azoto são
de difícil controlo, uma vez que o motor trabalha com Através de outros métodos podemos conseguir uma
excesso de ar. redução dos óxidos de azoto, como pelo atraso do ponto
de injecção e uma melhor afinação do sistema de
Assim o metal nobre com que são bombardeadas as injecção.
paredes do favo é apenas platina. Na figura 42 podemos
ver uma representação do catalizador. Como esquema
de funcionamento, temos:

20 ESTUDO DAS EMISSÕES GASOSAS


1.10.11.2. VENTILAÇÃO DO DEPÓSITO DE
COMBUSTÍVEL
O sistema de ventilação é apenas necessário para a
equalização da pressão no depósito de combustível. O
sistema de controlo de emissão por evaporação não é
necessário visto que o gasóleo não se evapora com
qualquer valor significativo nas condições normais de
utilização.

1.10.12. AVALIAÇÃO DA EFICIENCIA DOS SISTEMAS


DE CONTROLO DE EMISSÕES
Fig. 43 - Diagrama de funcionamento do catalizador para diferentes
Ao compararmos os consumos e a emissão de poluentes
valores da p.m.e. e da rotação do motor.
de motores a gasolina e motores Diesel, com a mesma
cilindrada e com/sem os sistemas anteriormente
mencionados (fig. 44), constatamos fácilmente que os
motores com tratamento de emissões gasosas
1.10.11. GASES DE ESCAPE DE EVAPORAÇÃO E apresentam um aumento de consumo da ordem dos 5%.
VAPORIZAÇÃO
Este aumento de consumo é largamente compensado
1.10.11.1. VENTILAÇÃO POSITIVA DO CARTER pela redução drástica de poluentes tanto no caso do motor
Este sistema é identico aos usados em motores a Diesel, como no do motor a gasolina.Em ambas as
gasolina. A proporção dos gases que passam da câmara situações o motor Diesel é menos poluente do que o
de combustão é significativamente mais elevada nos motor a gasolina.A unica aproximação do nível de
motores Diesel, devido à sua elevada compressão. poluentes apenas é verificada para os valores dos óxidos
de azoto, no caso de ambos os motores estarem sujeitos
a tratamento dos gases de escape.

Fig. 44 - Comparação dos motores Diesel e Gasolina em relação aos consumos de combustível e às emissões poluentes

ESTUDO DAS EMISSÕES GASOSAS 21


1.10.13. TÉCNICAS DE ANÁLISE DE GASES DE Três métodos de ensaio são definidos pela legislação
ESCAPE em função da categoria do veículo e da finalidade do
ensaio:
1.10.13.1. LEGISLAÇÃO ANTI-POLUIÇÃO
- homologação para obter autorização de comercialização.
Numerosos países limitam as emissões poluentes dos
veículos equipados com motores Diesel através de - controlo durante o fabrico para a futura homologação.
adequada legislação.
- controlo periódico para análise dos gases de escape
Esta legislação prevê os métodos de ensaio, as dos veículos ligeiros durante a sua utilização pelo
técnicas de medida e os valores limites aplicados de respectivo proprietário.
forma única em certos países, ou de forma comum
De todas as anteriores situações a mais complexa diz
como no caso da Comunidade Europeia.
respeito ao ensaio para homologação, sendo os métodos
Os valores fixam os limites máximos para os seguintes mais simples usados para o controlo periódico. Todos os
gases: países impõem uma classificação uniforme para as
viaturas automóveis:
- hidrocarbonetos (HC)
- Viaturas particulares: o controlo é realizado num freio
- monóxido de carbono (CO)
de rolos.
- óxidos de azoto (Nox)
- Viaturas utilitárias ligeiras: o peso máximo destas
- substâncias sólidas e fumos. viaturas situa-se entre os 3,5 e os 3,8t dependendo da
As emissões de poluentes englobam: legislação de cada país: o controlo é realizado num freio
de rolos.
- as emissões provenientes da combustão no interior do
motor (gases de escape, compostos de enxofre, - Viaturas utilitárias pesadas: peso superior a 3,5 … 3,8t,
substancias sólidas, cheiros) o ensaio é realizado num freio de potência, não existindo
ensaio de veículos.
- as emissões provenientes da respiração do carter (gases,
compostos de enxofre,cheiros) Nas tabelas 2 e 3, temos os valores das emissões de
acordo com a legislação actual. Para todos os outros
Os poluentes mencionados, não são abrangidos na motores Diesel não existe actualmente qualquer
globalidade pelo controlo anti poluição. Os gases do carter legislação restritiva respeitante ás emissões gasosas.
não são controlados, nem os compostos de enxofre que
derivam exclusivamente do facto do combustível conter Está em estudo legislação para todos os motores
enxofre. Os odores também não são controlados, industriais, a qual deverá fundamentar-se na norma ISO
constituindo um problema ainda não totalmente resolvido. 8178. Esta norma já foi adoptada por diversos fabricantes
e está a ser negociada entre as várias partes interessadas.
A legislação existente para as viaturas ligeiras e pesadas, A associação de construtores de motores industriais
limita todos os restantes poluentes. EUROMOT, tem vindo a propor a aplicação da legislação
em duas fases distintas, a Euromot I para 1996 e a
Euromot II para 1999.
1.10.13.2. MÉTODOS DE ENSAIO
Um dos grandes desafios apresentados aos legisladores,
Depois dos Estados Unidos, a Comunidade Europeia e o consiste na introdução de métodos de ensaio
Japão definiram os métodos de ensaio para o controle universalmente aceites, que tenham em conta e
dos gases de escape das viaturas automóveis, ligeiras e especificidade da aplicação dos motores. Nesta
pesadas. prespectiva os motores Diesel são agrupados por
diferentes classes:

TABELA 2 - LEGISLAÇÃO PARA EMISSÕES DE CARROS DE


PASSAGEIROS
(Directivas 91/441/EEC e 94/12/EEC,Regulamentação ECE15)
PAÍS COMUNIDADE EUROPEIA
DATA FASE I -1992 1994 FASE II - 1996 FASE III -
1999
APLICAÇÃO IDI DI DI IDI DI IDI & DI

HC + g/km 0.97 1.36 0.97 0.7 0.9 0.5


Nox
CO g/km 2.72 2.72 2.72 1 1 0.5
Pm g/km 0.14 0.2 0.14 0.08 0.1 0.04

22 ESTUDO DAS EMISSÕES GASOSAS


TABELA 3 - LEGISLAÇÃO PARA EMISSÕES DE MOTORES DE
VIATURAS PESADAS
(Directivas 91/542/EEC e Regulamentação ECE R49 e R24 )
PAÍS COMUNIDADE EUROPEIA
DATA 1992 FASE I - JUL. FASE II - FASE III -
1992 OUT.95 1999
APLICAÇÃO TODOS TODOS TODOS TODOS
HC 2.4 1.1 1.1 0.7
CO 11.2 4.5 4 2.5
Nox g/kWh 14.4 8 7 5
Pm
< 85 kW 0.61 0.15 0.12
> 85 kW 0.36 0.15 0.12

Tipo A - Viatures ligeiras As condições de ensaio são simuladas num freio de rolos
ou no freio de potência. As emissões obtidas num período
Tipo B - Viaturas pesadas de funcionamento em freio são idênticas às obtidas em
Tipo C - Veículos fora de estrada e equipamento industrial estrada.
Tipo D - Velocidade constante Na figura 45 apresentamos os ciclos de condução, usados
em três diferentes locais: os Estados Unidos, a Europa
Tipo E - Aplicações marítimas
e o Japão. Todos os ciclos são usados para o teste em
Tipo F - Tracção ferroviária viaturas ligeiras.
Tipo G - Pequenos motores para diversas aplicações < Na figura 46 é apresentado o esquema de aquisição dos
20 Kw gases e o respectivo equipamento de medição. Este
método é apelidado de volume constante.
O volume de gases de escape é diluido com ar puro a fim
1.10.13.3. ENSAIOS DE HOMOLOGAÇÃO
de obtermos um volume constante de mistura.
Ensaio de homologação Europeu
Para os utilitários pesados, utiliza-se o teste em freio de
No caso dos países da CE, o contrôlo de gases de escape potência, chamado ciclo de condução CE R49 (fig. 47).
faz parte das análise efectuada ao veículo. No caso dos Esta teste tem vindo a ser adaptado com alguma
motores Diesel que equipam viaturas pesadas, é dificuldade à inclusão de medições sobre substâncias
efectuado o controlo sobre as seguintes emissões sólidas.
poluentes:
Hidrocarbonetos, monóxido de carbono, óxidos de azoto
e opacidade dos fumos
Ensaios em série
O construtor pode realizar os ensaios em série como
fazendo parte do seu “standart” de produção. Os serviços
de homologação podem no entanto efectuar mais ensaios
se o entenderem.

1.10.13.4. CICLOS DE CONDUÇÃO E MÉTODOS DE


TESTE
Os testes de gases de escape devem permitir a
quantificação das emissões gasosas nas condições de
circulação viária, sem necessidade de ensaios no terreno.
ESTUDO DAS EMISSÕES GASOSAS 23
Fig. 45 - Ciclos de condução para a avaliação das emissões gasosas em viaturas ligeiras. a) EU b) Europa c) Japão

Fig. 46 - Método de teste CVS para viaturas utilitárias ligeiras.

1. ventilador 5. bomba 9. permutador 13.gás neutro 17.aspiração


2.dinamómetro 6. tunel de mistura 10. forno 14. saco de gases de escape 18. integrador
3. ar 7. debitómetro 11.saco de ar 15. tubagem quente 19.calculador
4. filtro 8. contador de gás 12. gás de medida 16. soprador Roots 20. registador

24 ESTUDO DAS EMISSÕES GASOSAS


tempo min factor regime
ponderação
0..10 0,25/3 ralenti
10..50 0,08 regime interméd.
50..60 0,25 até RPM max.
60..70 0,25/3 ralenti
70..80 0,1 regime nominal
80..120 0,02
120..130 0,25/3 ralenti
Fig. 47 - Ciclo de condução de 13 modos

Fig. 48 - Recolha de amostras e sistema de medição para o teste dos 13 modos

1. gases de escape 5. carburante 9. filtro 13.debitómetro


2. ar 6. retorno 10.bomba
3.gás neutro 7.escape 11. refrigerador
4.gás de calibração 8. tubeira aquecida 12.separador de água

1.10.13.5. TESTE DE EMISSÕES DE FUMOS funcionamento do óleo e da água.


Uma legislação separada tem vindo a ser adoptada A medição deve ser efectuada em seis regimes diferentes
bastante tempo antes do contrôlo dos das substâncias repartidos para velocidades compreendidas entre 100%
poluentes. Esta legislação continua hoje a ser aplicada e 45% da velocidade nominal do motor, sem que o regime
sem práticamente qualquer modificação. desça das 1000 RPM.
Os países que impõem o teste de fumos não utilizamo Um aparelho de absorção luminoso deve ser utilizado
todos os mesmos métodos de teste. Todos os métodos para a medida.O valor comparativo para o grau de
estão estritamente ligados aos aparelhos conhecidos. opacidade é o coeficiente de absorção K, sendo definida
No caso do teste Europeu (fig. 49) o motor deve rodar a uma curva de valores limite (fig. 50).
plena carga e a regime cons- tante, equipado com o Este método permite obter uma determinação clara e
escape de origem e na temperatura normal de fácilmente reproduzir as emissões de fumos a plena carga

ESTUDO DAS EMISSÕES GASOSAS 25


uma vez estabelecido o equilíbrio térmico. Os valores
obtidos são falseados se os fumos forem provenientes
não apenas das partículas de fuligem mas da queima de
óleo ou do vapor de água.
A medição de fumos em aceleração livre é também
efectuada de acordo com a regulamentação R24. Neste
teste o motor quente é submetido a uma aceleração
desde o ralenti até ao regime máximo por uma acção
rápida no pedal do acelerador.

1.10.14. APARELHOS DE MEDIDA


Os métodos de controlo das emissões necessitam de
equipamento de medida e de métodos de medição
perfeitamente definidos.
Os principais aparelhos usados à escala mundial são:
Fig. 49 - Ciclo de condução com teste de fumos CE R24
Análise de hidrocarbonetos
A análise do valor global dos hidrocarbonetosnos gases
de escape de motores Diesel faz-se através de um
detector de ionização de chama (FID). Como princípio de
funcionamento podemos referir a formação de iões de
hidrocarbonetos numa chama de hidrógenio (fig. 52).
Os gases de escape contém numerosas combinações
diferentes de hidrocarbonetos não queimados, dissociados
e parcialmente oxidados,cuja proporção depende da
natureza e do estado de funcionamento do motor.
A medida do valor golbal dos HC é igualmente
problemática pois depende do modo de condicionamento
das amostras. Devido aos processos alternados de
condensação e vaporização com um elevado limite de
ebulição nas tubagens, torna-se necessário
contráriamente ao motor a gasolina, aquecre
completamente a tubagem do sistema de captação das
amostras , junto á entrada do FID, no interior do FID e
junto á camara de combustão.A temperatura de
Fig. 50 - Valores limites para as emissões de fumos de viaturas
Diesel > 3,5 t de acordo com a ECE R24 (CE 72/306)
aquecimento do sistema deve ser de 190ºC.

Definição: V = débito de gás nonimal


V= Vh . n/120 , Vh = volume do cilindro (l)
n = rotação do motor RPM
k = coeficiente de absorção
k = - L-1. ln (1- N/100) (m-1)
L = distancia de absorção (m)
N = valor da escala linear de 0...100

Fig. 52 - registador de infravermelhos por absorção (URAS) para


análise do CO/CO2.

1. fonte de tensão contínua 2. amplificador 3. estabilizador do


sector 4. camara de recepção 5. membrana metálica 6. diafragma
7. gás de escape 8. vaso de medida 9. vaso de referencia 10.
Fig. 51 - detector de ionização de chama (FID) para análise de HC. vasos com filtro 11. roda com diafragma accionado por motor 12.
1. medidor 2. queimador 3. saída 4. hidrogénio 5. ar livre de HC fontes luminosas
6. gás de calibração 7. gás de escape

26 ESTUDO DAS EMISSÕES GASOSAS


Estes dois compostos são analizados pelo método da Medição das substancias sólidas
absorção com o recurso a um registador de raios
infravermelhemos URAS, fig. 52. O sistema utiliza o A medição das substâncias sólidas devido ás particulas
seguinte efeito: todos os gases poliatómicos absorvem de fuligem, é actualmente objecto de limitação na
os raios infravermelhos numa banda específica para cada legislação anti-poluição para veículos Diesel.
gás. O gás a medir atravessa o vaso de medida situada O método de medição de partículas mais preciso utiliza
no trajecto dos raios. O vaso de referência atravesado a gravimetria. Nesta técnica os gases de escape
pelo segundo feixe contém azoto, o qual não absorve os atravessam um filtro e a massa de particulas é
raios. determinada pela pesagem diferencial do filtro. Tendo em
O feixe emitido pelos dois emissores de infravermelhos conta as propriedades higroscópicas do filtro a pesagem
de igual potencia chega á camara receptora após deve ser efectuada em condições de humidade e
atravessar os vasos de referencia e de medição. As duas temperatura constantes. O material do filtro influencia
camaras são cheias do gás analizar e separadas por bastante os resultados da medição. Os filtros em fibra
uma membrana metálica. O feixe apenas é absorvido nas de vidro não tratados absorvem mais água e
bandas de absorção específicas do gás receptor, duma hidrocarbonetos do que os filtros em fibra de vidro
forma selectiva. endurecidos com teflon.

Uma diferença de energia absorvida dá origem a uma Determinação das emissões de fuligem
diferença de energia e de pressões entre as duas camaras Para a medição do teor de fuligem dos gases de escape
receptoras, a qual é transformada numa tensão eléctria de motores Diesel, a legislação actual prevê os métodos
porporcional á concentração do composto a medir. da filtragem e da absorção.
Análise dos óxidos de azoto Uma correlação existe entre este dois métodos se a
Para a medição dos óxidos de azoto recorre-se á medição efectuada pelo método da absorção é realizado
quiminulescência (fenómeno luminosos de origem em gases sem vapor de àgua nem óleo queimado.
química) produzida pela reacção do óxido de azoto NO Os resultados dos dois métodos variam numa proporção
com o ozono O3 (fig. 53) logarítmica com o aumento da concentração da fuligem.
O vaso de gás a medir contém o óxido de azoto produzido A utilização de aparelhos ópticos permite uma precisão
pela combustão no motor, o qual reage com o óxigenio de medição da ordem dos 10%. No caso do método de
residual contido nos gases de escape, formando outros filtragem é usado um disco filtro cujo escurecimento se
óxidos de azoto NO2 e N2O. Destes gases apenas em utiliza como escala.
relação ao NO2 podemos considerar um valor não
O aparelho de medida de absorção ou da opacidade utiliza
neglecenciável, sendo necessário proceder a uma
um fluxo luminoso para medir a concentração de fuligem.
redução térmica para se obter NO. A quiminulescência
Com a ajuda de um receptor luminoso o aparelho mede à
provocada pelo O3 , corresponde assim á totalidade do
saída de um tubo de fumos o feixe luminoso produzido
teor em óxidos de azoto.
por uma lampada colocada na entrada do tubo. A
absorção da luz pelos gases de escape na camara de

Fig. 53 - Detector de quiminulescencia (CLD) para análise dos óxidos de azoto.

1. bomba de vácuo 2. filtro molecular 3. tubagem de referencia 4. regulador de débito 5. filtro 6. ar 7. oxigénio 8. gerador de O3 9.
capilar 10. camara de reacção 11. filtro óptico 12. fotomultiplicador 13. amplificador 14. fixador 15. gases de escape 16. conversor
de NO2 /NO

ESTUDO DAS EMISSÕES GASOSAS 27


medição resulta na diferença dos fluxos luminoso que potência).
saiem da camara de medida e da camara de referencia.
Só o valor médio dos resultados de numerosas medidas
O coeficiente de absorção k resulta não apenas da pode garantir um resultado aceitável das emissões devidas
fuligem, mas igualmente da pressão e temperatura dos aos gases de escape.
gases, reagindo igualmente a outras propriedades ópticas
dos gases. Nas figuras 54 e 55 podemos analizar dois
dos equipamentos usados para esta medição.

Fig. 54 - método da filtragem para a medida do teor de fuligem

a) teste de fumos BOSCH b) analizador


1. gases de escape 2. filtro de papel para recolha da fuligem 3.
posição do embolo antes da medida 4. volume de aspiração 5.
posição do embolo depois da medida 6. mola de tensão 7. bateria
8. fonte luminosa 9. indicador 10.receptor luminoso.

Fig. 55 - método de absorção para medição do valor da fuligem


(sistema Hartridge).

1. separador de àgua 2. válvula de descarga 3. entrada de gases


4. fonte luminosa 5. tubo de fumos 6. fotoelemento 7. tubo
calibrado 8. posição de medida 9. posição de calibragem 10.
saída de gases 11 . ventilador 12. ar

Leitura de resultados
Todas as medições efectuadas nos gases de escape são
afectadas por erros aleatórios (estáticos) e erros do
sistema . Os erros aleatórios podem ser eliminados pela
repetição das medidas efectuadas.
Os erros sistemáticos são preponderantes quando
apenas existe um equipamento disponível. A aparição
deste tipo de erro não pode muitas vezes ser limitado
pelo uso de meios suplementares (caso do freio de
28 ESTUDO DAS EMISSÕES GASOSAS

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