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DICAS
A aula se inicia com a explicação acerca da Examinadora que compõe a Banca de
Direito Administrativo (Ana Lúcia Porto de Barros) dessa prova da Defensoria Pública, que é
titular da 13ª Vara de Fazenda Pública da Comarca da Capital, não sendo uma pessoa que possua
história acadêmica no Direito Administrativo, pois ela não dá aulas, sendo uma pessoa teórica,
que tem experiência muito prática no dia a dia da Fazenda Pública, o que indica que a prova,
provalvemente, será eminentemente prática.
Sobre os Juizados Especiais da Fazenda Pública (Lei 12.153/2009), eles ainda não
foram instalados nem pelo Tribunal de Justiça, então não se sabe como eles irão funcionar, não
havendo qualquer atividade concreta da administração da Defensoria Pública nesse sentido.
Assim sendo qualquer pergunta sobre esse assunto, se surgir, deverá ser teórica, o que não se
acredita que vai acontecer nessa prova.
Então, o que será passado nessa aula são questões práticas e corriqueiras das Varas
de Fazenda Pública, pois a Profa. é titular da 10ª Vara de Fazenda, bem como recomenda que o
estudo seja complementado com pesquisas jurisprudenciais dos Tribunais, sendo certo que o
melhor para a Defensoria tem sido o STJ e o TJ/RJ, pois o STF não tem muitas teses
interessantes para a Defensoria.
1ª QUESTÃO:
Ao tentar a liberação do veículo, foi informado que, para tanto, deveria pagar a
multa que gerou a apreensão, bem como as demais que possui, taxa de reboque e diárias de
permanência do veículo no depósito público.
Explicações:
Nessa questão, temos uma situação muito rotineira nas Varas de Fazenda, ou seja, as
Ações Ordinárias de Cumprimento de Obrigação de Fazer, por meio das quais objetivamos a
liberação do veículo sem que o assistido tenha que arcar com todos esses encargos.
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Assim, o proprietário terá que arcar com a multa, taxa de reboque (cobrada pela
condução do veículo ao depósito público) e diárias de permanência (dias cobrados pela
permanência do veículo em depósito público). Quando o veículo é apreendido, sua liberação
depende do pagamento da multa, da taxa de reboque e diárias de permanência.
Evidentemente os assistidos não conseguem arcar com todos esses encargos, até
mesmo pelo fato de não conseguirem resolver rapidamente todos os problemas e entraves
burocráticos que envolvem a apreensão, por isso eles procuram a Defensoria para a propositura
da Ação Ordinária de Cumprimento de Obrigação de Fazer para liberar o veículo sem o
pagamento desses encargos todos, havendo a possibilidade de fazer pedido de antecipação dos
efeitos da tutela para obter a liberação imediata do veículo.
A cobrança de dívidas pela Fazenda Pública não representa um ato que tenha
autoexecutoriedade; tanto não é que a Fazenda precisa da execução fiscal para exercer essa
cobrança. Recordem que um dos atributos do ato administrativo é a autoexecutoriedade, dentre o
quais estão: a presunção de veracidade, a imperatividade e a autoexecutoriedade, consistindo em
possibilidade da Fazenda Pública editar e exercer atos sem que esses atos tenham que passar pela
análise do Poder Judiciário.
Assim, essa cobrança não é dotada desse último requisito, pois exige que passe pela
análise do Judiciário, mova a ação de execução fiscal, para que possa exercer essa cobrança. O
Desembargador Nagib Slaibi Filho tem um artigo sobre o assunto: “As Multas de Trânsito e o
Devido Processo de Lei”, que pode ser encontrado nos seguintes links abaixo. Nesse artigo ele
fundamenta a falta de autoexecutoriedade e a ofenda ao devido processo legal:
1- http://www.abdpc.org.br/abdpc/artigos/Nagib%20Slaibi%20Fil
ho%20%283%29%20-formatado.pdf;
2- http://www.smithedantas.com.br/texto/mult_transito.pdf
3- http://www.nagib.net/artigos_texto.asp?tipo=2&area=1&id=57
“A ordem jurídica extraiu da Administração Pública o poder de
auto-executar as suas decisões em momentos mais críticos de
ameaça às liberdades individuais – como na desapropriação
forçada, na execução da dívida ativa e outros –, obrigando o
administrador a se dirigir ao Poder Judiciário em relação
processual em que o administrado possa, finalmente, ser tratado
em condições de igualdade, atendido o princípio do devido
processo de Lei, pois "aos litigantes, em processo judicial ou
administrativo, e aos acusados em geral, são assegurados o
contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes" (Constituição, art. 5o, LV).”
Resposta:
Qual foi a infração que gerou a apreensão? Transporte Irregular de Passageiros, que
encontra previsão legal no art. 231, VIII da do CTB, Lei 9.503/97 c/c art. 270:
Ex. Quando o condutor for flagrado com a carteira de habilitação vencida, mas
tem uma pessoa ao lado que é condutor habilitado, essa infração gera apenas a retenção, ou seja,
a manutenção do veículo por pouco tempo pela Administração Pública ou a liberação mediante a
assinatura de um termo de compromisso pelo condutor.
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Na composição do ato administração, se o ato é editado sem motivo ele é nulo, pois a
lei não autoriza a apreensão, mas a retenção. Por isso a ação deve ser cumulada com o pedido de
anulação do ato administrativo cumulada com a obrigação de fazer (liberação de veículo sem os
pagamentos dos custos).
Nesse sentido foi a decisão acima do STJ. Então, o veículo não pode ser levado ao
depósito, salvo se o proprietário não regularizar a situação que deu origem à retenção dentro do
prazo previsto. (art. 270§2º e §3º CTB). A medida de retenção é rápida e imediata não ficando o
bem em poder a Administração.
No caso do §4º, quando o condutor não apresenta a carteira de habilitação e não tem
outro condutor habilitado para substituí-lo, ou não apresenta outro condutor para retirar da
retenção, o veículo poderá ser apreendido.
Vejam o caso do art. 232 do CTB, onde a medida é a retenção do veículo, mas a
Administração costuma apreender em Blitz, o que também é nulo, mas o maior problema ocorre
quando a apreensão é legítima, mas mesmo assim ainda haveria lesão ao devido processo legal,
pois a caberia a Administração Pública deveria propor a ação de execução para cobrar suas
dívidas.
A Administração Pública faz essa exigência com base em dois dispositivos legais do
CTB ( art. 128 e 131,§2º). Havendo essa previsão legal, nesse caso, deve haver uma questão
preliminar na ação ordinária de cumprimento de obrigação de fazer ( que é a emissão do CRV
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aquele de fls. 84, não se presta a fazer a prova necessária, visto que
extraído do mero sistema de computador quando a prova da
notificação deve seguramente provir do próprio motorista, ou de
pessoa residente em sua casa, normalmente um aviso de
recebimento." (fl. 117). 4. Agravo regimental desprovido.
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O Mandado de Segurança também seria cabível, mas não é o mais adequado, pois
se, no meio do processo surgir a aparência de necessidade de dilação probatória, ele não serve
mais e ainda, para a concessão de liminar, o juiz normalmente manda ouvir a Fazenda publica, o
que gera perda de tempo.
2ª QUESTÃO
Explicações:
Existem duas leis sobre transporte público no Estado do Rio de Janeiro: 1) Lei
3.167/2000, regulamentada pelo Decreto 19.936/01(Passe Livre) e 2) Lei 4.510/2005,
regulamentada pelo decreto 36.992/2005 (Vale Social).
A primeira lei, que trata do passe livre, documento que regulamenta a utilização
gratuita pelo usuário dos sistema rodoviário (ônibus) intramunicipal e é fornecido pelo
Município; enquanto a segunda lei, que trata do vale social, que é o documento que habilita o
usuário ao transporte público gratuito rodoviário intermunicipal, aguaviário, metroviário e
ferroviário, sendo fornecido pelo Estado.
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DIREITO DO CIDADÃO
TIPO PASSE - LIVRE VALE SOCIAL
LEI: 3.167/2000 LEI 4.510/2005
REGULAMENTAÇÃO: 19.936/2001 DEC 36.992/2005
TRANSPORTE: RODOVIÁRIO INTRAMUNICIPAL RODOVIÁRIO INTERMUNICIPAL
AGUAVIÁRIO
METROVIÁRIO
FERROVIÁRIO
Na questão, o assistido mora no bairro da Tijuca, mas realiza seu tratamento de saúde
no Centro da cidade, ou seja, dentro do município (intramunicipal); entretanto, ele não está
requerendo o transporte rodoviário, mas o metroviário, sendo o único documento que habilita a
utilização gratuita do transporte metroviário, o VALE SOCIAL.
é 65 anos (diferentemente do que ocorre com a questão dos medicamentos, onde existe a reserva
do possível – pois aquele que tem condições de pagar estaria prejudicando aquele que não tem
condições).
3ª QUESTÃO:
Esquema:
SERVIÇOS
PÚBLICOS
REQUISITOS:
FISCALIZAÇÃO
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A lei que regulamenta o serviço público de saúde é a do SUS – Lei 8.080/90, que não
traz qualquer exigência de emissão de receituário/laudo pela rede pública para o fornecimento de
medicamentos, lembrando que o art. 5º, II da CF/88 – “ninguém será obrigado a fazer ou deixar
de fazer alguma coisa senão em virtude de lei” – princípio da legalidade – como pode o Juiz
exigir algo que não está previsto em lei. Se alei não faz essa exigência, o particular que pe
atendido pela rede particular não precisa cumprir essa exigência de apresentação de receituário
ou laudo proveniente da rede pública.
OBS: a lei que regulamenta o serviço particular de saúde é a Lei dos Planos de Saúde – Lei
9.656/98
Verifiquem as jurisprudências:
4ª QUESTÃO:
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Resposta:
Temos 16 Varas de Fazenda Pública, das quais duas são para execução fiscal, uma
do Estado e outra do Município, o restante tratam de questões gerais relacionadas à fazenda
Pública. De todas essas, a única que reconheceu a obrigação da CEDAE de conceder o
parcelamento de dívidas foi a 13ª Vara de Fazenda Pública, da qual a Examinadora desse
concurso é titular e foi um caso paradigma, pois, até então não se conseguiria obrigar a CEDAE
a parcelar.
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O art. 22 do CDC também trata do tema, dispondo que o Poder Público, por meio de
suas concessionárias e permissionárias, é fornecedor de serviço público; então, o próprio CDC
trás essa previsão de relação de consumo, seja a prestação direta pela Administração Pública, ou
indireta pelas concessionárias ou permissionárias.
Ainda que seja débito antigo de serviço essencial, esse débito não pode ensejar a
interrupção dos serviços e na prática acontece o pagamento das 3 últimas, para que o resto seja
considerado pretérito, devendo ser analisado o valor da conta, justo. Entretanto, se o valor for
exorbitante, a ação deverá ser a revisional de débito, não pode obrigar o assistido pagar esse
valor, mas a CEDAE obriga ao pagamento e ainda faz o consumidor a assinar um termo de
confissão de dívida e, nesse caso, temos que entrar com a ação desconstitutiva de débito
juntamente com a revisional.
O prazo para a CEDAE cobrar essa dívida, para a Defensoria é o de 5 anos, do CDC,
mas para a CEDAE é o prazo de 10 anos. Na prática, no Tribunal, temos decisões para os dois
lados.
Nas Varas de Fazenda Pública, a Defensoria somente lida com a CEDAE, pois pelo
CODJERJ, as ações envolvendo Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista do Estado
do Rio de Janeiro e Município do Rio de Janeiro, vão para a Vara de Fazenda Pública, mas isso,
na prática é bagunçado, pois temos CEDAE no JECs, nas Varas Cíveis, quando o Juiz se dá por
competente, sendo que, na maioria das vezes, declinam da competência.
das empresas privadas, inclusive quanto às obrigações civis, trabalhistas, comerciais e etc. se é
isso, o que a CEDAE faz na Vara de Fazenda Pública, junto com a COMLURB e BANCO DO
BRASIL que são Sociedades de Economia Mista:
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5ª QUESTÃO:
O réu foi revel, mas foi citado pessoalmente – a presunção de veracidade dos fatos
alegados pelo autor na petição, que é o efeito mais importante da revelia, nesse caso concreto
recairia sobre o valor da indenização, pois numa ação de desapropriação, os dois únicos
argumentos passíveis de contestação pelo réu são: a) valor da indenização e b) vício no processo
judicial (condições da ação e pressupostos para o desenvolvimento válido e regular do processo)
– art. 9º e 20 do dec. Lei 3.365/41:
Fatos a serem considerados verdadeiros – o único aqui nesse caso que poderia sofrer,
em tese, presunção é o valor da indenização oferecida pela Administração Pública; contudo, tal
valor não pode ser presumidamente considerado justo e válido, tendo em vista o disposto no art.
5º, XXIV da CF/88, que diz “XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por
necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização
em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição”.
Assim, essa indenização tem que justa, prévia e em dinheiro. Prévia, significa que a
indenização tem que ser paga antes que o bem seja transferido para o patrimônio Administração
Pública e esse momento é denominado consumação.
José dos Santos Carvalho Filho trata bem do tema, diz que o pagamento é um ato,
mas a transferência para o patrimônio da Administração Pública é um fato que decorre do
pagamento. Ou seja, na medida em que é paga a indenização, a conseqüência fática é a
transferência para o seu patrimônio.
Cuidado: transferência do bem ao patrimônio da fazenda pública nada tem a ver com
imissão na posse (exercício de uma das faculdades inerentes ao direito de propriedade), já que
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O exercício da posse nada tem a ver com a transferência do bem para o patrimônio
da Fazenda, pois desde que a Administração pública declare urgência e interesse público e
deposite um valor a título de caução, ela já pode, no início do processo de desapropriação,
exercer a posse direta sobre o bem (imissão provisória na posse).
Pelo Dec-Lei 3365/41 a base do valor de cálculo é o valor venal, existindo discussão
doutrinária sobre a constitucionalidade disso, sendo certo que a Defensoria defende que essa
base de cálculo para a IPP não foi recepcionada, pois apesar de não ter a caução natureza
indenizatória, será ele deduzido desta ao final, então, se a garantia for calculada com base no
valor venal estará ferindo a garantia constitucional de indenização justa. O STF tem antigas
decisões pela recepção desse artigo do decreto.
Como o país é um Estado de Direito e possui jurisdição uma, cabe ao juiz analisar a
legalidade dos atos da desapropriação e a legalidade nesse procedimento passa pela análise da
justiça no valor indenizatório.
No caso de réu citado por edital: o juiz tem a atribuição de analisar se o valor da
indenização é justo ou não, então, se o réu é citado por edital deverá haver nomeação de curador
especial?(art. 9º do CPC) A nomeação de curador especial é norma de ordem pública cogente,
não podendo o juiz deixar de aplicar essa norma, sob pena de nulidade do processo, por ofensa
ao princípio constitucional do devido processo legal.
II - ao réu preso, bem como ao revel citado por edital ou com hora
certa.
Parágrafo único. Nas comarcas onde houver representante judicial
de incapazes ou de ausentes, a este competirá a função de curador
especial.
6ª QUESTÃO:
Não existe prazo para que ela dê destinação ao bem, mas na realidade, isso deve ser
razoável, devendo ser analisado se houve a perda de interesse no bem. (ex. abertura de edital de
venda do bem = perda de interesse sobre ele). O mero não uso imediato do bem não é capaz de
gerar retrocessão.
Desde que não haja vedação legal e a Administração Pública se mantenha vinculada
ao aspecto genérico do interesse público, a finalidade em seu aspecto específico poderá mudar,
variar. Isso foi, inclusive, objeto de prova da DPU desse ano.
Retrocessão, por definição é o direito de ação que surge para o proprietário do bem
desapropriado, que não teve assegurado seu direito de preferência na hipótese de tredestinação
ilícita. Se a Adm. Púplica perdeu o interesse sobre o bem, ela deve oferecê-lo de volta ao antigo
proprietário com direito de preferência (art. 519 CC/02). Caso ela não faça isso, mas entregue o
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bem a particular em uma tredestinação ilícita, violou o direito subjetivo do ex-proprietário, que
gera o direito de ação (retrocessão – direito de ação com natureza real – o bem que foi para o
patrimônio público retorna ao patrimônio do particular expropriado desde que ele deseje isso e
devolve o dinheiro recebido atualizado monetariamente).
Vejam os julgados:
b) Pacífico o entendimento de que pode ser deferida a tutela antecipada nas ações
em face da Fazenda Pública, desde que observados os requisitos do art. 273 do CPC;
c) Todas as medidas relacionadas no art. 461,§5º do CPC (rol não taxativo) e ainda
aquelas determinadas pelo juiz no âmbito do seu poder geral de cautela (busca e apreensão,
multa diária). A multa diária em nada nos ajuda, pois quando é fixada, é com base no art.,
14,parágrafo único do CPC (multa por ato atentatório ao exercício da justiça – credor é próprio
Estado); Prisão do Secretário de Saúde – não adianta pedir isso, se cada negativa implicasse em
prisão da pessoa ocupante desse cargo, ele teria que morar na prisão; busca e apreensão até
funciona, mas a medida ideal é o bloqueio e seqüestro de verbas públicas para a aquisição dos
medicamentos e, para isso, a parte deverá apresentar 3 orçamentos, para que o Juiz determine o
bloqueio pelo menor valor. Se o medicamento for fornecido por um único fabricante, isso deve
ser demonstrado ao juiz.
d) O fato da medida não estar relacionada no referido artigo em nada influi, pois esse
rol é meramente exemplificativo, bem como juiz determina medidas dentro de seu poder geral de
cautela.Logo, é possível pedir o bloqueio/seqüestro de verbas públicas para a aquisição dos
medicamentos. Quanto ao sistema de precatórios – pode ser afastado o sistema no confronto
entre o direito á saúde e o procedimento para pagamento, prevalece o direito à saúde. Bloqueia-
se o valor, que é depositado em uma conta judicial, sacado via mandado de pagamento para a
parte para efetuar a compra do medicamento, que ao ser adquirido, deverá apresentar a
comprovação via nota fiscal. Se impossível a nota fiscal – deve ser esclarecido ao juiz, do
contrário, responde por crime.
Vejam o Julgado:
STJ AgRg no Resp 1.002.335/RS: PROCESSUAL CIVIL.
AGRAVO REGIMENTAL. FORNECIMENTO DE
MEDICAMENTOS PELO ESTADO. DESCUMPRIMENTO
DA DECISÃO JUDICIAL DE ANTECIPAÇÃO DE
TUTELA. BLOQUEIO DE VERBAS PÚBLICAS.
MEDIDA EXECUTIVA. POSSIBILIDADE, IN CASU.
PEQUENO VALOR. ART. 461, § 5.º, DO CPC. ROL
EXEMPLIFICATIVO DE MEDIDAS. PROTEÇÃO
CONSTITUCIONAL À SAÚDE, À VIDA E À
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. PRIMAZIA
SOBRE PRINCÍPIOS DE DIREITO FINANCEIRO E
ADMINISTRATIVO. NOVEL ENTENDIMENTO DA E.
PRIMEIRA TURMA. 1 .O art. 461, §5.º do CPC, faz
pressupor que o legislador, ao possibilitar ao juiz, de ofício
ou a requerimento, determinar as medidas assecuratórias
como a "imposição de multa por tempo de atraso, busca e
apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de
obras e impedimento de atividade nociva, se necessário com
requisição de força policial", não o fez de forma taxativa, mas
sim exemplificativa, pelo que, in casu, o seqüestro ou
bloqueio da verba necessária ao fornecimento de
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8ª QUESTÃO:
A Lei 11.977/09 regulamenta o Programa Minha casa Minha Vida e fez uma
releitura da legitimação de posse, pois dentro dessa lei há todo um procedimento de
regulamentação fundiária de interesse social, que envolve a demarcação de terras. Essas terras
que serão demarcadas podem ser particulares, públicas, ou ainda não registradas em nome de
ninguém.
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Concessão de uso especial para fins de moradia não é igual à legitimação de posse –
a legitimação de posse é um ato que decorre de um procedimento de demarcação que decorre de
um processo de regularização fundiária de moradia. Obs - O livro do Marco Aurélio Bezerra de
Melo ainda não contempla essa atualização legal.
9ª QUESTÃO:
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Ele exerce a posse a 15 anos, logo ele exerce a posse desde 1995. Até 30/06/2001,
aquele que detivesse a posse ininterrupta de imóvel urbano até 250 m2, utilizando-a como
moradia tem o direito à concessão de uso especial para fins de moradia. Então em 2001 ele já
tinha 5 anos de posse. Hoje a RioPrevidência quer o bem dela de volta – ela é autarquia – seus
bens são públicos – inaplicável o instituto da usucapião; logo, devemos alegar a concessão
especial de bens públicos para fins de moradia.
Ela também cuida Direito Civil – matéria privativa da União (art. 22, I da CF/88) –
tanto é direito civil que essa concessão é direito real (art. 1.225 , XI do CC/02), bem como pode
ser objeto de hipoteca (art. 1.473, VIII CC/02), o que refuta o argumento de que a norma é de
natureza federal – não é , pois é NACIONAL.
XX-XX-XX
FIM
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