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A revolução da informação
Informação
Para que isso seja perfeitamente claro é preciso reflectir profundamente sobre a
essência da informação e ao mesmo tempo sobre as características muito
próprias da Agricultura como actividade humana que interage de forma com-
plexa com o ambiente e com a sociedade envolvente.
Na linguagem corrente e mesmo na linguagem técnica,
Precisão de conceitos
os conceitos de informação, comunicação, factos, dados,
conhecimento, inteligência, sabedoria, são geralmente usados em contextos
latos e pouco precisos, daí resultando usos intermutáveis que, muitas vezes,
estão na origem de ideias preconcebidas e mal entendidos.
Sem qualquer pretensão de erudição que não tenho, parece-me importante,
contudo, precisar, particularmente num simpósio com este tema, o que é real-
mente a informação. Só assim será possível descortinar o verdadeiro papel e
responsabilidades da informação na transformação.
A origem latina do vocábulo informação (informatione) é a acção de formar, ou
seja, de dar forma. Ora só se dá forma àquilo que a não tem; e a forma é um
conceito filosófico, um princípio determinante da matéria, isto é, que deter-
mina a unidade e essência de um ser, na filosofia aristotélica; e na filosofia
Kantiana, é vista como uma estrutura cognitivas inata, isto é, independente da
experiência e imposta pelo pensamento à "matéria" do conhecimento, que esta
sim é procedente da experiência.
A primeira conclusão é que a informação é resultante duma acção do pensa-
mento sobre qualquer coisa que é imaterial e, portanto não tem forma. Por sua
vez esta coisa imaterial resulta da "matéria" do conhecimento, ou seja da inter-
acção com a realidade conhecida, ou seja do acto de conhecer, que está implici-
tamente contido na coisa conhecida, ou que, dito doutro modo, resulta da re-
lação directa que se toma da coisa.
Assim, o objecto do conhecimento são factos ou dados que, não tendo existên-
cia material, resultam da nossa interacção com a realidade. A informação dá
forma a estes factos ou dados. Contudo, como a informação resulta da acção do
pensamento sobre factos ou dados, não parece apropriado falar de transmissão
ou comunicação de informação, mas sim de transmissão, transporte ou fluxo de
dados. Comunicação é também um conceito, muitas vezes mal usado.
Communicare significa dividir ou partilhar alguma coisa com alguém. Assim, a
comunicação adquire uma dimensão para além do conhecimento. Para comu-
nicar não é sempre necessário informar. Quando dizemos bom-dia ao nosso
colega de trabalho, não estamos a fazer um relatório meteorológico, estamos
simplesmente a ser cordatos, a interagir socialmente. Contudo, a natureza da
informação, de acção mental sobre factos ou dados, pressupõe a comunicação,
isto é a partilha entre pelo menos dois interlocutores, quando a recolha e orga-
nização de factos e dados se destina a ser informação para outrem. E isto é a in-
formação de que se fala neste simpósio.
Uma definição mais operacional de informação
Definição operacional
reporta-se já ao seu papel nas empresas ou
empreendimentos humanos:
b) Disponíveis
Funções da informação
A informação tem valor e tem custos. O seu valor está
intimamente associado à sua função/utilização, i. e., ao tipo de incertezas que
irá diminuir ou suprimir. Qual é então a função ou papel da informação na
Agricultura.
Neste simpósio tem-se falado muito de informação e Agricultura, mas não foi
abordada a totalidade utilitária da informação na actividade agrícola.
Um agricultor vive num determinado contexto de regras culturais, sociais,
económicas e legais que condicionam a sua actividade e a consciência que tem
do seu papel na sociedade em geral. Nos sub-temas anteriores, e usando difer-
entes perspectivas, foram abordadas as relações, fluxos e estrangulamentos da
informação para e do agricultor.
A actividade agrícola tem como objecto o espaço, as plantas e os animais. Os
meios utilizados são a sua manipulação coordenada de modo a atingir objec-
tivos que estão geralmente associados à obtenção de um produto de natureza
biológica, caracterizado pela sua utilidade como alimento ou fibra. A motivação
da actividade é a subsistência alimentar, ou a obtenção de um rendimento
económico imediato ou sustentado.
A empresa ou o empreendimento
A empresa ou o empreendimento agrícola
agrícola vive da constante tomada de
decisões sobre o modo como agir sobre o ambiente, as plantas e os animais que
são o meio de prosseguir os seus objectivos.
A função da informação revela-se principalmente na ajuda à tomada de de-
cisões e no planeamento de actividades futuras. O seu papel numa actividade
como a Agricultura onde a incerteza associada à variabilidade climática, à
variabilidade de características espaciais e à diversidade das plantas e animais
utilizados é proporcionalmente maior que noutros ramos de actividade, é
evidente.
Todo o processo de tomada de decisões pode ser visto como aquisição e trans-
formação de informação. A decisão é uma escolha de uma entre várias alterna-
tivas possíveis. A tomada de decisões dirige-se para a resolução de um prob-
lema tomado em sentido lato que inclui a reacção a uma contrariedade ou o
avanço em direcção aos objectivos da empresa (acção).
Na definição do problema a identificação das relações de causa-efeito é crucial
e apela ao conhecimento acumulado. A utilização de bases de dados
relacionais é um instrumento potencial de interligação de factos e processos.
Os modelos aparecem na estruturação dos problemas. Quem é capaz de fazer
um modelo é porque possui poder sobre aquilo que modelou. Esse poder é a
informação.
Finalmente, acontece a tomada de decisão que pode ser apoiada na simulação.
Um Sistema Integrado de Apoio à Decisão tem que ter a capacidade de
incorporar bases de dados, modelos conceptuais e regras de perito em forma de
fácil acesso e com capacidade de interacção com o utilizador.