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SUMÁRIO

1. Apresentação ..................................................................................................................................................... 2

2. Introdução ........................................................................................................................................................... 3
A. Estrutura do Guia ................................................................................................................................................. 3
B. Considerações sobre as dimensões humana, ambiental e econômica............................................... 3
C. Seções nas páginas do Almanaque ................................................................................................................ 4

3. Orientações sobre atividades ................................................................................................................... 5


A. Investigação ........................................................................................................................................................... 5
B. Temas ........................................................................................................................................................................ 5
C. Sugestões de atividades ..................................................................................................................................... 5

4. Atividades ............................................................................................................................................................ 6
I. Paulo Freire: Cidadão Nordestino.................................................................................................................. 6
Atividade 1................................................................................................................................................................... 6
Atividade 2................................................................................................................................................................... 8
Atividade 3................................................................................................................................................................. 11
II. Paulo Freire: Cidadão do Mundo ............................................................................................................... 14
Atividade 1 ................................................................................................................................................................ 14
Atividade 2 ................................................................................................................................................................ 17
III. Paulo Freire: Cidadão Brasileiro ................................................................................................................ 21
Atividade 1................................................................................................................................................................. 21
Atividade 2 ................................................................................................................................................................ 23
Atividade 3 ................................................................................................................................................................ 23
Atividade 4 ................................................................................................................................................................ 25
1. Apresentação 2. Introdução
“Acho que o papel de um educador conscientemente progressista é testemunhar a seus alunos, cons- A – Estrutura do Guia
tantemente, sua competência, amorosidade, sua clareza política, a coerência entre o que diz e o que faz,
sua tolerância, isto é, sua capacidade de conviver com os diferentes para lutar com os antagônicos. É esti- Organizamos este Guia em três blocos, a partir dos três eixos geradores do Almanaque:
mular a dúvida, a crítica, a curiosidade, a pergunta, o gosto do risco, a aventura de criar.” “Paulo Freire: Cidadão Nordestino”, “Paulo Freire: Cidadão do Mundo” e “Paulo Freire: Cidadão
(FREIRE, Paulo. A educação na cidade. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2001, p. 54.) Brasileiro”. Esclarecemos que se trata de um manual de orientações e sugestões e não de um
“receituário” com regras a seguir, rigidamente.
Elegemos, dessa forma, o tema social como eixo que orienta este Guia e as áreas do conheci-
mento como meios instrumentais importantes para o estudo do tema e subtemas.
Cara professora, caro professor, As áreas de conhecimento Ciências humanas (História e Geografia), Ciências da natureza (ciên-
cia e matemática) e a área de Comunicação e arte estão aqui contempladas:
• Destaque para aspectos ambientais enfocando, de modo especial, conteúdos de abrangência
Paulo Freire dedicou sua vida à construção e à prática de uma educação transforma-
nacional e urgência social.
dora, emancipatória e humanizadora. Sonhava com a concretização desse projeto por • Objetivos e conteúdos de geografia perpassam significativamente este estudo, a partir da vi-
meio de uma escola alegre, séria e comprometida, voltada para a realidade concreta das da e da obra de Paulo Freire no exílio e “andarilho” entre o Brasil e diversos países do mundo.
comunidades. Falou a educadores e a educadoras de todo o mundo, tocando fundo em ca- • A história de Paulo Freire é relacionada com momentos da história do Brasil e do mundo. Acon-
da um dos que, como ele, assumiram o risco de lutar contra todas as formas de opressão tecimentos históricos não são apenas descritos, mas interpretados e avaliados, destacadamente,
e de degradação da dignidade humana, empenhando-se na criação e na recriação de nos- sob a ótica do oprimido.
• Foram pontuados momentos diversificados para o desenvolvimento da leitura, escrita e orali-
sas escolas e de nosso mundo.
dade dos alunos. Estes aplicam instrumentos de pesquisa, categorizam dados, resumem e sinteti-
Convidamos você, professora, professor, a levar, a compartilhar, a reinventar, com seus zam textos, elaboram cartazes ilustrativos, organizam um mural sobre o tema em foco e expressam
alunos e comunidade escolar, as palavras e as propostas de um dos pensadores mais im- oralmente o que aprenderam em painéis de apresentação à classe e a convidados da comunidade
portantes e generosos de nosso tempo. local. Diversos gêneros textuais podem ser trabalhados: charges, poemas e composições musicais.
Elaboramos o “Guia do Professor” buscando reunir sugestões de temas e de como tra- Portadores de texto, como o Almanaque ilustrado, sites da internet, jornais, revistas e livros com-
balhar o Almanaque Histórico Paulo Freire – Educar para Transformar. Sim, sugestões, pois põem o material didático de apoio sugerido. Tipos discursivos que estão aqui representados: texto
de entrevista, textos tipo depoimento, a linguagem cinematográfica, textos dissertativos. Ao entrar
o que desejamos é que cada docente recrie este material pedagógico em função de seus
em contato com tudo isso, o professor pode redefinir, pontuar a diversidade dos gêneros. Dessa for-
alunos reais, de acordo com as condições e os recursos disponíveis em seu local de traba- ma, a área de comunicação e artes se integra às demais disciplinas.
lho, ampliando-o e enriquecendo-o com seus potenciais e de seus alunos. • Comparações de dados populacionais, superfícies territoriais entre os países estudados, áreas
desmatadas, entre outras, conduzem a questões contextualizadas de cálculo aritmético, porcenta-
gens, medidas etc.
INSTITUTO PAULO FREIRE PETROBRAS FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL
B – Considerações sobre as dimensões humana, ambiental e econômica

“Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pe-
lo mundo.” (FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987, p. 68.)

O pensamento e a vida de Freire não se limitam a uma teoria do conhecimento em educa-


ção. Por sua complexidade, a proposta de Freire pressupõe a educação integral do ser humano
em seu meio e com os outros.
É, portanto, uma educação inteiramente preocupada com o mundo dos valores, com o mundo
do trabalho e com o sistema-vida (planeta). Para Freire, o processo de humanização requer a cons-
trução de uma “ética universal do ser humano”, a partilha justa da riqueza entre todos os habitan-

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Paulo Freire E D U C A R PA R A T R A N S F O R M A R E D U C A R PA R A T R A N S F O R M A R Paulo Freire
tes da Terra e a garantia de um planeta sustentável para as atuais e futuras gerações. Nessa pers-
pectiva, o mundo da cultura não se isola da economia, da política e do ambiente natural. São te-
2. Orientações sobre atividades
mas que Freire tratou com insistência em suas últimas obras.
Sua teoria educacional abre um novo entendimento sobre a sustentabilidade e sobre a econo- As atividades são divididas em etapas que representam momentos do processo de construção e
mia, para além da preservação ambiental. Ela é uma ecopedagogia – uma prática educacional em socialização de saberes. Todas as atividades aqui sugeridas têm por objetivo contribuir para a or-
que os seres humanos se relacionam de forma cuidadosa, justa e solidária consigo mesmos, com os ganização do trabalho de educandos e educadores numa perspectiva freireana, valorizando o saber
concidadãos e com o seu meio vital. A Ecopedagogia, inspirada nos princípios de Freire e de outros feito de experiência, a pesquisa, a organização dos dados, a intervenção social, a ética, a politici-
autores, é uma pedagogia do fazer humano sustentável. Alimenta a reflexão e a ação crítica sobre dade e o trabalho coletivo, entre outros aspectos.
a organização da vida na Terra, para a construção de um mundo culturalmente diverso, socialmen- As etapas são três: investigação, temas e sugestões. Vamos a cada uma delas.
te justo e ambientalmente sadio.
Aqui neste Guia do Professor, ao tratar da vida e da obra de Freire e nas atividades propostas,
esses temas aparecem, ora explicitamente, ora tacitamente. Sabemos que a humanização só po- A. INVESTIGAÇÃO
de ocorrer pela ação de seres humanos, mediatizados pelo mundo, em seus múltiplos aspectos
(econômico, social, ecológico, cultural etc.), que se relacionam entre si. Todavia, para fins didá- Consiste em:
ticos, em alguns momentos, esses temas serão tratados de forma específica, para que possamos Levantamento de dados – Aspectos significativos da vida do educando e da realidade social,
perceber melhor as múltiplas dimensões da vida e da existência humana, na perspectiva da edu- que permita ao(à) professor(a) perceber como o educando sente a sua realidade e refletir sobre a
cação crítico-libertadora. melhor maneira de contribuir no processo educativo.
Se for necessário, ajude os(as) alunos(as) a escolher os elementos a serem investigados.
Essa investigação pode ser realizada por meio de reflexões pessoais, conversas com pessoas da
C – Seções nas páginas do Almanaque família, entrevistas com pessoas da comunidade, como vizinhos e autoridades locais, pesquisas em
documentos, álbuns de fotografias etc.
As páginas do Almanaque foram organizadas a partir de um texto-base pautado na vida e na
Elaboração – Apresentação dos resultados da investigação para a classe. Esse é o momento pa-
obra de Paulo Freire e de boxes anexos, distribuídos em diferentes seções.
ra a discussão coletiva sobre os dados encontrados individualmente e para propiciar condições pa-
As seções que organizam os conteúdos anexos são:
ra que todos possam se identificar como um membro dessa comunidade e assim perceber sua in-
serção naquela difícil e dura realidade, se na verdade ela o for, e os conflitos decorrentes disso. É o
Palavras geradoras: Na filosofia freireana, palavra geradora emerge do contexto social onde
momento de conhecer os problemas que precisam ser superados, a realidade de seus colegas e fa-
acontece a prática pedagógica. Por sua significação e riqueza, ela gera situações problematizado-
miliares, bem como a dos outros que ali vivem, idêntica ou diferente da sua.
ras que auxiliam a “leitura do mundo” e a “leitura da palavra”. No almanaque essa seção dá desta-
Os assuntos mais significativos ou os resultados que indicam problemáticas comuns são discuti-
que a palavras relacionadas à vida e à obra de Freire. Mais do que palavras, esses vocábulos cons-
dos pelo grupo. O objetivo principal é a busca da superação da primeira visão – ingênua, individua-
tituem temas e/ou conceitos freqüentemente discutidos por Paulo Freire.
lista, impotente – por uma visão crítica que visa ao coletivo e é capaz de transformar a realidade.
Conscientes de sua própria realidade, agora podem compreendê-la e nela intervir criticamente.
Conhecendo mais: Informações e ampliações do conteúdo essencial da página.
Essa discussão de situações locais abre perspectivas para a análise de problemas regionais e nacionais.
Leitura do mundo: Destaque para acontecimentos do contexto social e histórico em paralelo
com a vida e obra de Paulo Freire ou tema título da página.
B. TEMAS
Que lugar é este?: Explicitação e detalhamento de situações geográficas citadas. Os temas podem ser desenvolvidos por áreas ou trabalhos em projetos interdisciplinares.
Nesse estudo realizam-se pesquisas em outras fontes: livros, revistas, jornais, discos, filmes, in-
Você sabia?: Informações paralelas ou curiosidades a respeito de conteúdos da página. ternet, documentos, entrevistas etc, para aprofundamento das questões mais relevantes e com vis-
tas à integração do conhecimento.

C. SUGESTÕES
São os encaminhamentos de atividades de intervenção social ou de reflexão. Podem ser proje-
tos individuais, de pequenos grupos, ou coletivos da classe ou da escola. O professor pode escolher
realizar todas as sugestões ou apenas algumas.

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4. Atividades • Planejamento familiar.
• Relações de pertinência e de inclusão, representando os núcleos familiares como conjun-
tos matemáticos.

I. CIDADÃO NORDESTINO Ciências Humanas


• Tradições familiares ligadas ao nascimento: visitas, presentes etc.
• Tradições étnicas relacionadas com o nascimento.
O primeiro bloco do almanaque trata da vida de Paulo Freire, no período que vai do nascimen-
• Tradições religiosas ligadas ao ingresso de um novo membro na comunidade.
to até o início da vida adulta, quando suas ações profissionais e político-pedagógicas o levaram à
• Aspectos ambientais e culturais que caracterizam o local onde moram os educandos(as).
prisão e ao exílio. Nesse bloco são relatadas as vivências de um cidadão nordestino que, nessa con-
• Artesanato e cooperativa: uma parceria de sucesso em Pernambuco. Outras experiências exitosas.
dição, sofre muitas e profundas dificuldades – dificuldades que alimentaram o seu ideal de cons-
• Cantigas de ninar: função afetiva e social.
truir um mundo melhor para todos – e as enfrenta com coragem, discernimento e determinação,
• O nome de uma pessoa e sua função social.
objetivando um futuro melhor para si.
• Significado dos nomes dos educandos(as).
• Registro civil e cidadania.

Comunicação e Artes
ATIVIDADE 1 • Formas de comunicação do nascimento para a família e para amigos.
• Livro do bebê e outras formas artísticas de registro.
A. Investigação:
• Cantigas de ninar: canções típicas de sua cultura e da família.
• Literatura infantil.
Por meio da leitura das páginas que tratam da data e local de nascimento, nomes, livro do bebê,
• Artesanato, música e dança de Pernambuco e da região onde vive o educando(a).
cantigas de ninar, brincadeiras infantis e família, é possível desencadear diversas questões relativas
• A função social da escrita.
ao nascimento e à infância. Podem, então, ser investigados:
• Biografia e autobiografia.
• Brincadeiras infantis: parlendas, travalínguas, danças de roda, brincadeiras de corda, de bola,
• Fatos relacionados com o próprio nascimento, determinados pela situação socioeconômica e
com brinquedos feitos “em casa” e outras.
cultural da família.
• Tradições de sua família em relação aos nascimentos: aspecto social, religioso etc.
C. Sugestões:
• O que aconteceu no dia do seu nascimento: fatos relevantes da sua comunidade e fatos acon-
tecidos no Brasil e no mundo; quem nasceu no mesmo dia que você.
1. O que quero ser?
• O lugar onde você nasceu: características do local, da sua cidade, do estado de seu nascimento.
A primeira atividade pode ser desencadeada pela leitura da apresentação de Paulo Freire: “Conta
• A presença das cantigas de ninar em sua vida: quem e o que cantaram para você, as canções
Freire que queria ser cantor”. E os jovens de sua turma, o que querem ser? A exemplo de quem? Por
eram tradicionais ou canções populares de sucesso na época, fatos curiosos.
que e para quê? É uma excelente oportunidade para conhecê-los melhor e favorecer a desinibição,
• Seu nome: foi escolhido por quem, por que, se há alguém em sua família com o mesmo nome,
expressão oral e corporal e a integração do grupo.
o que significa, qual a sua origem etc.
• Como foi a sua infância até os seis anos.
2. Conhecendo diferentes religiões
• Como foi a sua experiência de alfabetização.
Trabalho com as práticas religiosas de cada religião, sem entrar em juízo de valor.
Montagem de gráfico com a situação religiosa da sala; elaboração de quadro para que alunos e
B. Temas:
alunas pesquisem e descrevam como são as práticas religiosas nas diferentes religiões presentes em
sua comunidade. Exemplo:
Os dados levantados nessa investigação são elaborados e, da discussão coletiva, emergem temas
que podem ser estudados nas diferentes áreas de conhecimento. PRÁTICAS ISLAMISMO CATOLICISMO EVANGELISMO BUDISMO UMBANDA CANDOMBLÉ OUTROS

Batismo
Ciências da Natureza
Casamento
• Cuidados no período pré-natal.
• Fases do desenvolvimento de um bebê durante a gestação e depois do nascimento. Ritual fúnebre

• Leitura de gráficos e tabelas sobre dados da taxa de natalidade e de mortalidade infantil. Natal
• Conhecimento sobre as causas mais freqüentes da mortalidade infantil. Forma de oração

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3. A vida humana – saber cuidar pensando que fugiria da pobreza?
A partir de pesquisas sobre questões de saúde da mulher e do bebê, organizar uma exposição na • Fome: você já passou? Tem ou teve outras dificuldades? E sua família?
escola destinada à visitação da comunidade. Essa exposição pode utilizar os seguintes recursos: • Você conhece ou sabe de Trabalho infantil em sua família ou em sua comunidade? Como vo-
cartazes, projeção de filmes, exposição de modelos e maquetes e ainda contar com palestra profe- cê reage a isso? E sua família e sua comunidade?
rida por pessoa habilitada, como um(a) médico(a) ou um(a) enfermeiro(a) do hospital / posto de
saúde local, além de demonstrações a respeito dos cuidados com bebês etc. Como você, sua família e sua comunidade pensam a respeito de outras questões, igualmente im-
Esse projeto coletivo pode abranger os seguintes temas: Planejamento familiar / Pré-natal / O portantes, como:
que é uma gravidez de risco / Tipos de parto / Aleitamento materno / Os prejuízos e complicações
de várias naturezas decorrentes da gravidez das adolescentes/ Vacinação / Causas da mortalidade • Como é ser adolescente? Como é ser adulto?
Infantil / Fases do desenvolvimento da criança na primeira infância, entre outros. • Consciência ecológica.
• A água – disponibilidade, abastecimento e uso.
4. Conhecendo a cidade • Identidade cultural.
Conhecendo a cidade de Recife por meio da leitura da página “Paulo Freire: pernambucano”, • Respeito aos mais velhos.
complementada por figuras, filmes de turismo, matérias em revistas e jornais etc, os educandos
podem fazer uma pesquisa para conhecerem a sua própria cidade, dando ênfase aos aspectos B. Temas:
culturais.
A partir da investigação, da tabulação dos dados e da análise de seus resultados, sugerimos que
5. Resgatando as tradições se realize uma discussão coletiva em torno dos seguintes temas:
Iniciando com uma pesquisa sobre a comunidade onde vivem e suas origens, buscar brincadei-
ras, brinquedos infantis, cantigas de roda e outros aspectos relacionados com o universo infantil, Área de Ciências da Natureza
como a narração de histórias. Depois, organizar pequenos grupos para realizar uma ação de vivên- • Adolescência: mudanças físicas e psicológicas.
cia de brincadeiras tradicionais visitando creches e outras instituições que trabalham com crian- • Subnutrição e desnutrição.
ças; na própria escola, convidando as crianças moradoras das redondezas; em praça pública e ou- • Consciência ecológica e desenvolvimento sustentável.
tros espaços da comunidade. • Poluição dos rios.
• Saneamento básico e sistema de saúde.
6. Produção cooperativa de artesanato • Gravidez na adolescência.
Tentar organizar o trabalho em cooperação para a produção e comercialização de produtos ar-
tesanais feitos pelos alunos, suas famílias e por outros artesãos da comunidade. Área de Ciências Humanas
• O campo e a cidade.
7. Força-tarefa em favor da vida • Mapas do Brasil – divisão política.
Depois de realizada a exposição sugerida no item 3, uma equipe de alunos interessados e dis- • Bacias hidrográficas, em especial à qual pertence o Rio Jaboatão.
postos, orientados por um(a) médico(a) ou enfermeiro(a), poderão realizar uma força-tarefa para • A água – uso racional.
levar informações àquelas gestantes e novas mamães que necessitam desse cuidado. • Domínio holandês em Pernambuco – Batalha de Guararapes.
• Desigualdade social nas cidades.
• Trabalho infantil e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
• Relações sociais na adolescência.
ATIVIDADE 2 • Estudo e oportunidades de melhoria de vida.
• Identidade cultural.
A. Investigação:
Área de Comunicação e Arte
Dentre os problemas sociais que enfrentam, o grupo de estudo poderá trabalhar com temas-pro- • Um mesmo idioma e muitos acentos: sotaques e expressões de linguagem que refletem as ida-
blema, como esses abaixo propostos. des, os grupos sociais etc.
• Narrativas de caráter regional: leituras, interpretação de textos e redações.
• Moradia e falta de infra-estrutura nos bairros pobres. Como é a vida em seu bairro? • Redação de folhetos e cartazes para orientação da comunidade.
• Experiências com mudanças: você já mudou de escola, casa, bairro ou cidade? Conhece alguém • A arte como expressão cultural das pessoas e das comunidades: pintura, escultura, música,
ou você mesmo já migrou do campo para a cidade? Ou de uma cidade maior para outra menor, poesia, dança, representações e festividades folclóricas.

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C. Sugestões: Querendo chegar em algum destino
Em algum lugar
1. Gravidez na adolescência Sai das estações
Pesquisa em dados estatísticos, entrevista com jovens que estejam ou tenham passado por essa situ- Quando vai parando começa a dizer
ação. Levar folhetos de postos de saúde sobre sexualidade e prevenção de gravidez e Doenças Sexual- Se tem gente com fome, dá de comer
mente Transmissíveis (DST) para leitura, reflexão e diálogo. Sugerimos reelaborar com a classe folhetos Se tem gente com fome, dá de comer
contextualizados nos problemas do grupo, que poderão servir para divulgação na comunidade. Se tem gente com fome, dá de comer
Sugerimos também uma discussão a respeito dos prejuízos e complicações de várias naturezas Se tem gente com fome, dá de comer
decorrentes da gravidez das adolescentes, a partir do material obtido. Mas o trem irá todo autoritário
Quando trem parar...
2. Cuidando da água
Propostas de ações visando ao uso racional da água dentro do ambiente familiar. Realização de 4. “Eu me identifico”
uma campanha conscientizadora na comunidade para evitar o desperdício e mau uso da água. Rea- Conhecidas as formas culturais mais relevantes de sua comunidade (da região ou do país), cada
lizar pesquisa das fontes de abastecimento de água. Buscar caminhos para solucionar problemas um escolhe aquela com a qual mais se identifica e organizam-se em grupos para discutir e encon-
locais de água e de esgotos. trar uma maneira de apresentá-la em público para defender a preservação daquela modalidade.
Podem ser consideradas aqui as manifestações folclóricas de usos e costumes locais, as diferen-
3. Tem gente com fome tes formas de manifestação artística: literatura, música, dança, teatro e as diversas artes visuais.
“[...] O real problema que nos afligiu durante grande parte de minha infância e adolescência – o da fome. Fome
real, concreta, sem data marcada para partir, mesmo que não tão rigorosa e agressiva quanto outras fomes que LEITURAS COMPLEMENTARES:
conhecia.” (FREIRE, Paulo. Cartas a Cristina. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1994, p. 33). FREIRE, Paulo. Cartas a Cristina: reflexões sobre minha vida e minha práxis. São Paulo: Editora Unesp, 2002.
FREIRE, Paulo. À sombra desta mangueira. São Paulo: Olho d’Água, 1995.
O projeto, de nome inspirado no poema da música “Tem gente com fome”, de Solano Trindade, é JUNIOR TELAROLLI, Rodolpho. Mortalidade infantil – Uma questão de saúde pública. São Paulo:
organizado com base nas respostas de pessoas de todas as idades, de diferentes classes sociais, pro- Moderna, 1999.
fissões, nível de escolaridade, à pergunta: Você já teve fome? O projeto pretende levantar as diferen- STRAZZACAPPA, Cristina e MONTANARI, Valdir. Pelos caminhos da água. São Paulo: Moderna, 1999.
tes causas da fome e as ações existentes de combate a ela. Com as respostas em mãos, o grupo se- www.ibge.gov.br
http://dtr2001.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pre_natal.pdf
leciona as causas apontadas, bem como as melhores sugestões para resolvê-las. No final, analisam
www.pernambuco.com/turismo/artesanato.html
a possibilidade de encaminhá-las às autoridades competentes, ou acionar organizações da socieda- www.saudedacrianca.org.br
de civil, ou ainda de formar equipes de voluntários para realizar as ações que estejam a seu alcance. www.sabesp.com.br
www.uniagua.org.br
Tem gente com fome
Letra de Solano Trindade

Trem sujo da Leopoldina ATIVIDADE 3


Correndo, correndo, parece dizer
Tem gente com fome, tem gente com fome A. Investigação:
Tem gente com fome, tem gente com fome
Tem gente com fome, tem gente com fome A vida adulta de Paulo Freire até o momento em que foi para o exílio é contada na parte do
Tem gente com fome almanaque da página 19 a 30. Da leitura destas páginas certamente ressaltarão as questões rela-
Estação de Caxias cionadas ao casamento, à família, à educação, ao trabalho, à conscientização e à ideologia. Assim,
De novo a correr podem ser investigados dentro de sua comunidade:
De novo a dizer
Tem gente com fome, tem gente com fome • A sua ascendência quanto a: etnia, pessoas, relações afetivas; incorporação de outras pessoas
Tem gente com fome, tem gente com fome à família por casamentos, apadrinhamentos etc.
Tem gente com fome, tem gente com fome • Há analfabetos em sua família? Em que proporção o analfabetismo está presente em sua
Tem gente com fome comunidade?
Tantas caras tristes • Como seus familiares e outras pessoas próximas foram alfabetizados?

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Paulo Freire E D U C A R PA R A T R A N S F O R M A R E D U C A R PA R A T R A N S F O R M A R Paulo Freire
• As pessoas que você conhece valorizam a educação? Como? Por quê? gistro de dados para os grupos familiares próximos – avós, bisavós, tios, primos –, na qual devem ser
• Trabalho – em que trabalham as pessoas de sua família? Como escolheram a profissão? Qual anotadas: nome completo do pesquisado (nome de solteira e de casada das mulheres) / data e local
a profissão que seus pais gostariam que você seguisse? Qual a profissão que você pretende se- do nascimento / nomes dos cônjuges, data e local do casamento / data e local dos falecimentos /
guir e o que é necessário fazer para se preparar para exercê-la? acrescente algum dado se achar importante, como,
• Arte e trabalho – há espaço para o trabalho artístico como profissão em sua comunidade? por exemplo, a profissão das pessoas.
• Você possui um ideal? Qual? O que faz para que ele se converta em realidade? Você conhece Para as pesquisas, é importante usar fon-
alguém cuja conduta reflita verdadeiramente o ideal que tem? tes confiáveis: registros de nascimento,
• Você acha que as pessoas de sua família e da comunidade são conscientes de seu papel de cidadãos? casamento, certidão de óbito, escritu-
• Indicar exemplos de ações de pessoas de sua comunidade que refletem a sua consciência so- ras, testamentos, registros de batiza-
Manoel Ana João Anna João Maria do João Ana
cial e ecológica e de ações que demonstrem comportamentos alienados da realidade ou cujo in- dos em igrejas etc. Há também outras Carmo
dividualismo prevalece sobre os interesses coletivos. fontes: cartas, cartões de felicitações e
postais, convites etc, que podem ter si-
B. Temas: do guardados como recordação. José Mirita Vicente Antonia

A elaboração dos resultados pode levar à indicação dos seguintes temas para estudo nas áreas: Exemplo:
Giovanni é filho de Sonia e Livio.
Ciências da Natureza Sonia é filha de José e Mirita.
Sonia Lívio
• Análise de gráficos e tabelas sobre analfabetismo e alfabetização. Livio é filho de Vicente e Antonia.
• Leitura e compreensão dos dados do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). José é filho de Manoel e Ana.
• Consciência ecológica e a preservação de espécies. Mirita é filha de João e Anna.
Giovanni
• O uso racional dos recursos naturais – desenvolvimento sustentável. Vicente é filho de João e Maria do
Carmo.
Ciências Humanas Antonia é filha de João e Ana.
• A família e a árvore genealógica.
• A década de 1960 e o “poder jovem”. 2. “Projeto Cidadão”
• Comparar o analfabetismo através da história entre brancos(as), negros(as) e índios(as). O que posso fazer para ter uma par-
• As experiências de alfabetização. ticipação mais ativa na minha comunidade? Como posso contribuir para o seu crescimento e para
• Educação problematizadora, questionadora e crítica x Educação bancária. a melhoria de vida das pessoas? Em resposta a essas indagações, os(as) alunos(as) constroem um
• Liberdade de pensamento e de expressão. projeto de ação cidadã na área em que estejam mais interessados ou preparados para atuar.
• O que é ser cidadão – ações cidadãs.
• O golpe militar de 1964. 3. “Anos dourados?”
Debates a respeito dos anos 60 no Brasil e no mundo: cotidiano, moda, costumes, música, polí-
Comunicação e Arte tica etc.
• Francisco Brennand: ceramista, pintor, escultor.
• A linguagem das Histórias em Quadrinhos. 4. “Projeto alfabetizar”
• Notícias de jornal. Os(as) alunos(as) podem fazer uma pesquisa de campo na comunidade, levantar dados e regis-
• Teatro do Oprimido de Augusto Boal. trá-los em gráficos para indicar a necessidade de ações voltadas para a alfabetização de jovens e
• Arte-educação e suas dimensões: sentir, apreciar, refletir e criar arte. adultos. Depois podem procurar instituições que realizam esse trabalho e oferecer-se para um tra-
• Gêneros literários diversos, como a poesia. balho voluntário de apoio a essa ação.

C. Sugestões: 5. “O oprimido no teatro”


Experiências com jogos dramáticos propostos por Augusto Boal.
1. Projeto “Árvore Genealógica”
Começando por si mesmo, cada educando pesquisa e registra os seguintes dados: nome, data e LEITURAS COMPLEMENTARES:
local de nascimento / nomes completos de solteiros de seus pais, data e local de nascimento e do BOAL, Augusto. Teatro do Oprimido. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1991.
casamento deles. Os(as) alunos(as) devem ser orientados para prepararem uma folha padrão de re- FREIRE, Paulo e GUIMARÃES, Sergio. Aprendendo com a própria história. V.1. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1987.

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Paulo Freire E D U C A R PA R A T R A N S F O R M A R E D U C A R PA R A T R A N S F O R M A R Paulo Freire
II. CIDADÃO DO MUNDO • Ações de resistência à ditadura (guerrilhas, passeatas, greves etc.).
• Comunismo x capitalismo.
• Democracia.
O segundo bloco do almanaque trata da vida e da obra de Paulo Freire no período de exílio, de • Guerra Fria.
1964 a 1979. • Milagre econômico.
Trata, inicialmente, do contexto nacional do Golpe Militar e do afastamento de Paulo Freire do • Dívida externa.
Brasil e, a seguir, focaliza Freire “andarilho” por vários países do mundo, entre eles: Bolívia, Chile,
Suíça, Estados Unidos e países da África, onde realizou importantes trabalhos político-pedagógicos, Comunicação e Artes
principalmente como consultor de programas de alfabetização de adultos. Foram destacados os li- • Teatro de Arena.
vros escritos nos anos de exílio, recortes de seu pensamento e informações paralelas sobre o Golpe • Movimento de Cultura Popular.
Militar no Brasil e a Anistia, como também aspectos relevantes sobre os países visitados por Freire. • Ideologia nacionalista.
• Cinema Novo.
• Tropicalismo.
• Textos literários do período.
ATIVIDADE 1 • Jovem guarda.
• Festivais da Música Popular Brasileira (MPB).
A. Investigação: • Censura Federal.

Sobre o contexto nacional do Golpe Militar, entre outros aspectos, podem ser investigados: C. Sugestões:

• Organização e estrutura política do estado militar. 1. Análise de desenho


• O Estado de exceção: os Atos Institucionais – perseguições, torturas e mortes. A análise do desenho de Ziraldo – exibido na página 34 – poderá iniciar adequadamente o es-
• Movimentos sociais. tudo desse bloco, que parte dos acontecimentos políticos de 1964 no Brasil. Esse desenho de Ziraldo
• Tendências e movimentos culturais brasileiros. pode ser reproduzido na lousa, em tamanho bem grande. Melhor ainda se puder ser feito um car-
• Economia e desenvolvimento. taz reproduzindo o desenho com caneta grossa preta sobre fundo branco, à semelhança do mode-
• Organização social. lo, ou em cores vibrantes, se o grupo considerar mais criativo.
• Cotidiano brasileiro (hábitos, costumes, gírias, comportamentos etc.). Os(as) alunos(as), que certamente se organizarão em círculo, farão, inicialmente, uma leitura ini-
• Ciência e tecnologia. cial da imagem, tecendo os seus próprios comentários. A partir daí, com a mediação problematiza-
dora do(a) professor(a), ampliam-se as questões relacionadas à temática da Ditadura Militar. Na
B. Temas: linguagem freireana: eles fariam, com esse procedimento, primeiro a decodificação em superfície e
depois a decodificação em profundidade.
Das questões levantadas e investigadas, podem ser contempladas temáticas de distintas áreas: A exemplo de Ziraldo, ao final do estudo do segundo bloco do Almanaque, os(as) alunos(as) po-
derão ser incentivados a criar seus próprios desenhos (ou pintura, escultura, recorte e colagem etc.)
Ciências da Natureza sobre o período da Ditadura Militar no Brasil.
• Impacto ambiental na construção de grandes obras públicas.
• Gastos nacionais e dívida externa. 2. Ditadura Militar no Brasil – O que já sabemos e o que desejamos saber
• Usina Nuclear de Angra dos Reis. A primeira atividade acima abre caminho para uma discussão seguida da produção coletiva es-
• Rodovia Transamazônica. crita da seguinte tabela:
• Hidrelétrica de Itaipu.
Tema: O período da ditadura militar no Brasil
Ciências Humanas
• Ligas camponesas. O que já conhecemos sobre o assunto O que queremos saber mais
• Reformas de base do governo Goulart.
• Movimento estudantil.
• Movimento sindical.
Essa atividade pode ser complementada com a discussão sobre a questão: “Como e onde pode-
• Comunidades Eclesiais de Base.
mos obter as informações de que necessitamos?”.

14 15
Paulo Freire E D U C A R PA R A T R A N S F O R M A R E D U C A R PA R A T R A N S F O R M A R Paulo Freire
3. Entrevistas Podemos ainda assistir, com os(as) alunos(as), filmes que contextualizam a época (ver filmes in-
Podemos iniciar por entrevistas junto a pessoas conhecidas, com idade em torno dos 50 anos ou dicados na sugestão bibliográfica) e debatê-lo com eles.
mais, para pesquisar o que elas sabem e como viveram esse período do governo militar no Brasil.
É interessante planejar coletivamente o roteiro prévio das questões, mas o(a) aluno(a) entrevis- Elaboração dos dados: Produções escritas pelos(as) alunos(as), para essa parte do trabalho, irão
tador(a) pode acrescentar novas perguntas, de acordo com o contexto e com o seu interesse. compor o quadro mural de textos selecionados sobre o estudo em pauta. Serão trechos escolhidos
Exemplos de possíveis questões a serem propostas às pessoas entrevistadas: ou a peça completa de poemas, músicas, paródias, listagem de palavras-chave, aprendizados signi-
ficativos a partir da discussão sobre um filme assistido. É um momento oportuno para que o(a) pro-
Anotar nome (ou siglas do nome), idade, sexo, escolaridade, profissão da pessoa entrevistada fessor(a) ajude seus alunos a definir e a diferenciar gêneros literários como prosa e poemas, char-
e a data da entrevista. Depois assine o seu nome no final da página. ge, cartum e tiras de jornais e revistas.
1- Qual era a sua idade e o que fazia em 1964, quando houve o golpe militar no Brasil?
2- O golpe militar no Brasil foi positivo ou negativo para o povo brasileiro e a nação? Explique. 6. Júri simulado
3- O senhor/senhora conhecia Paulo Freire? O que sabia a respeito dele? Um júri simulado nessa ocasião pode se tornar uma atividade muito interessante, desenvolvida
da seguinte forma: um grupo de alunos faz a defesa do Golpe Militar, representando as forças mi-
Elaboração dos dados: Os(as) alunos(as) se encontram novamente em aula, para socializar, discu- litares, governamentais e não governamentais que lhe deram apoio. Outro grupo representa as for-
tir os dados e registrar uma síntese, a ser afixada em mural, e intitulada: Como o período da dita- ças militares, governamentais e não governamentais contrárias ao golpe. Um terceiro grupo será o
dura militar no Brasil e o próprio Paulo Freire foram avaliados pelas pessoas entrevistadas. júri popular encarregado de apresentar um parecer final.

4. Palestra 7. Leitura e discussão de novos textos:


Os conteúdos do texto-síntese das entrevistas deverão suscitar novas perguntas. Seria interes- O estudo do segundo bloco do Almanaque se completa com a leitura de textos em jornais,
sante que os(as) alunos(as) escrevessem uma carta coletiva de convite a um(a) professor(a) de revistas e livros, selecionados da biblioteca da escola e da biblioteca pública da comunidade
História ou de outra área qualquer do conhecimento, que conheça bem a história não oficial do local, ou pesquisados na internet. (Neste caderno, há sugestões bibliográficas de livros e sites
Brasil na época, ou outra pessoa, que, necessariamente, esteja comprometida com a realidade que na internet.)
precisa ser transformada, para ministrar uma palestra sobre o tema. Elaboração dos dados: este estudo pode resultar num texto-síntese escrito por alunos e alunas,
Elaboração dos dados: resumo das principais informações da pessoa palestrante e do que ela fa- sobre a Ditadura Militar no Brasil, com cópia afixada no mural da classe.
lou devem ser, depois do encontro, afixado no mural da sala para, posteriormente, os(as) alunos(as)
voltarem à temática para aprofundamento.

5. Música, poema, charge, filme ATIVIDADE 2


Oferecemos aos alunos a oportunidade de ler as letras de músicas e poemas feitos por exi-
lados ou encarcerados na época da ditadura. O almanaque oferece poemas de Thiago de Mello, A. Investigação:
Pedro Tierra e Paulo Freire (“Recife sempre”, onde ele fala, já no exílio chileno, de sua prisão em
1964, e “Canção Óbvia”, composta nos anos 70, em Genebra), além da música de Vandré. Há Sobre o tempo de Paulo Freire no exílio, podemos desenvolver novas investigações e identificar
também um poema declamado por Dom Pedro Casaldáliga na página que focaliza o conceito de aspectos gerais do contexto mundial, entre outros:
utopia, tão valorizado por Paulo Freire. Depois da interpretação inicial, os alunos poderão rela-
cionar o que aprenderam sobre a utopia (o sonho possível), como por exemplo: “qual é a utopia • A Guerra Fria.
presente em cada uma dessas composições poéticas e musicais?”. • Os movimentos revolucionários na África, América e Ásia.
Que outras palavras-chave aparecem no conjunto dessas peças literárias? O que espera Paulo • As correntes ideológicas e sistemas econômico-políticos: comunismo x capitalismo.
Freire na sua “Canção Óbvia”? E como ele espera? • A divisão internacional do trabalho.
Uma análise semelhante de outras músicas de protesto, das décadas de 1960 a 1980, vai enri- • As disparidades sociais: riqueza x pobreza.
quecer o estudo. Estimule seus(suas) alunos(as) a pesquisar em várias linguagens: músicas, poe- • Os movimentos relacionados ao “poder jovem”.
mas, cordéis, charges, vídeos, filmes documentários e de longa metragem etc. e o que dizem e pen- • A descolonização afro-asiática.
sam os seus autores sobre essa conturbada época da história brasileira. (Veja também as suges-
tões bibliográficas). B. Temas:
Muito pertinente seria a comparação entre as músicas e outras linguagens artísticas de então
com as de hoje. Por exemplo, algumas músicas atuais também denunciam as desigualdades e in- No período de exílio de Paulo Freire, podem ser contempladas temáticas das seguintes áreas:
justiças sociais, a violência policial, o racismo, etc?

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Paulo Freire E D U C A R PA R A T R A N S F O R M A R E D U C A R PA R A T R A N S F O R M A R Paulo Freire
Ciências Humanas abaixo. Apesar dessas perdas, o Brasil se projetou no mundo com a presença da inteligência brasi-
• Revoluções: em Cuba, na Nicarágua e em ex-colônias portuguesas na África. leira, no exílio.
• A guerra do Vietnã. (...) Meu Brasil que sonha com a volta do irmão do Henfil / com tanta gente que partiu num rabo-de-foguete / Chora
• A corrida espacial e armamentista. a nossa pátria, mãe gentil / choram Marias e Clarisses no solo do Brasil / Mas sei, que uma dor assim pungente / não há de
• O movimento negro nos Estados Unidos. ser inutilmente, a esperança / Dança na corda bamba de sombrinha / e em cada passo dessa linha pode se machucar.(...)
O Bêbado e a Equilibrista – Aldir Blanc / João Bosco (fragmento)
• O feminismo.
• O apartheid.
3. Ler Paulo Freire
• A Primavera de Praga.
Propor leituras de uma ou mais obras de Paulo Freire, para que os(as) alunos(as) possam, ano-
• As revoltas estudantis em 1968.
tando as frases mais significativas no caderno e refletindo sobre elas, iniciar uma introdução aos
estudos sobre o pensamento freireano.
Ciências da Natureza
4. Países visitados por Freire
• A introdução e o desenvolvimento da informática.
Nas páginas do Almanaque encontram-se dados sobre os principais países visitados por Freire. Antes
• Os avanços da medicina.
da leitura e da discussão sobre a caracterização de cada um desses países, os(as) alunos(as) podem lis-
• O surgimento do movimento ecológico.
tar suas perguntas. “O que podemos saber mais sobre esses países por onde ‘andarilhou’ Paulo Freire?”
• A demografia.
As perguntas podem ser categorizadas. Por exemplo: situação geográfica, dados populacionais,
• A chegada do homem à Lua.
aspectos relevantes da história atual, índice de desenvolvimento humano, relações bilaterais com o
Brasil, gastronomia típica desses países. O estudo pode ser feito em pequenos grupos com data mar-
Comunicação e Arte
cada para um painel de apresentação, utilizando cartazes ilustrados com desenhos, principalmente.
• A popularização do cinema americano.
Os(as) alunos(as) irão encontrar dados relevantes nas páginas do Almanaque, mas o estudo de
• Os jogos olímpicos e o seu uso midiático como propaganda das superpotências (EUA e URSS).
cada um desses países pode ser ampliado com pesquisas em livros didáticos e sites na internet, in-
• A popularização da TV.
clusive os sites da Embaixada brasileira nos respectivos países e os sites desses países divulgados
• A contracultura.
especialmente para brasileiros e brasileiras.
C. Sugestões: 5. Vamos saber mais sobre a África
No Almanaque demos um destaque para a África, tendo em vista a história de alguns países desse
1. Localização geográfica de países visitados por Freire continente na formação do povo brasileiro, a importância muito especial da África na vida e na obra de
Com um mapa mundi escolar, aberto na lousa, os alunos se reúnem em pequenos grupos, pa- Paulo Freire e do papel deste no processo de libertação dos povos africanos do colonialismo europeu.
ra a localização dos principais países onde, no exílio, Paulo Freire desenvolveu projetos político- Relacionamos os “contrastes do continente africano”, particularmente a gravidade da situação
pedagógicos: Bolívia, Chile, Suíça, Estados Unidos e África (Tanzânia, Cabo Verde, São Tomé e ecológica do desmatamento, com problemas semelhantes na Amazônia. Esse paralelo pode ser
Príncipe, Angola e Guiné-Bissau). aprofundado. Podemos ainda incentivar a pesquisa e a criação de charges ou tiras humorísticas de
Por meio de um desenho esquemático do mapa mundi, no seu caderno, os(as) alunos(as) pode- conteúdo relacionado aos problemas atuais do meio ambiente.
riam traçar, com setas coloridas, uma espécie de rota, pelos países onde Freire teria feito sua “an-
darilhagem” pelo mundo. 6. Busca criativa de soluções
Tendo em vista o paralelo entre o desmatamento na África e na Amazônia, desenvolvido na pá-
2. Lideranças políticas e culturais brasileiras no exílio gina do Almanaque: “Contrastes no continente africano”, os(as) alunos(as) poderão redigir uma lis-
Após o estudo dos(as) professores(as) e das professoras do segundo bloco do almanaque, po- ta de como nós podemos interferir nessa questão.
demos focalizar que, nos quase 16 anos de exílio, Freire escreveu livros que trouxeram significa-
tiva contribuição para a práxis ético-político-pedagógica de diversos países, assessorou projetos 7. Intervenção coletiva na realidade
nacionais de alfabetização e recebeu, no exílio e depois dele, uma enorme lista de prêmios, títu- Escrever uma carta coletiva endereçada ao Ministério do Meio Ambiente, solicitando a intensi-
los, medalhas e homenagens, pela importância do trabalho educacional que desenvolveu em vá- ficação do “Plano de Combate ao Desmatamento”. O objetivo é o desenvolvimento da responsabili-
rios países e pelo conjunto de sua obra. Assim como Freire, outros brasileiros atuaram com digni- dade pessoal e coletiva de cada cidadão frente a esse problema de urgência nacional.
dade e competência no exílio.
Aos comentários iniciais dos(as) alunos(as) podemos acrescentar que no Brasil houve um ines- 8. Marcas africanas no Brasil
timável retrocesso para o seu desenvolvimento social e econômico e a perda significativa de lide- Essa página do almanaque convida ao resgate do que já é conhecido pelos(as) alunos(as) e a no-
ranças políticas e culturais, além de sofrimento humano intenso, como fala a composição musical vas atividades:

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Paulo Freire E D U C A R PA R A T R A N S F O R M A R E D U C A R PA R A T R A N S F O R M A R Paulo Freire
• Escrever receitas culinárias de origem africana (texto instrucional). III. CIDADÃO BRASILEIRO
• Recriar padrões de desenhos africanos em trabalhos artísticos.
• Identificar trabalhos artísticos em modalidades diversas, de artistas africanos, afro-america-
nos e afro-brasileiros. O terceiro bloco do Almanaque trata da vida, da morte e da repercussão da práxis de Paulo
• Escrever uma lista de palavras (e significados) do vocabulário nacional de origem africana. Freire, no Brasil e no mundo. Pontua importantes acontecimentos da vida de Paulo Freire, desde
• Manter uma conversação em duplas de colegas, empregando palavras de origem africana. 1980, quando volta a morar no Brasil, até sua morte, em 1997. Nos dias correntes, o pensamento
• Pesquisar e detalhar festas e danças folclóricas de origem africana. desse educador continua a inspirar não apenas projetos relacionados à alfabetização de jovens e
• Detalhar a situação sociopolítica de pessoas negras no Brasil, os projetos de Movimentos da adultos, mas projetos socioambientais, tecnologias sociais, redes de alfabetização, racionalidades
Comunidade Negra e discussões sobre políticas afirmativas. econômicas alternativas pautadas na cooperação, no diálogo, na solidariedade.

9. Socialização do conhecimento junto à comunidade local


Os registros de sínteses escritas durante todo o estudo do segundo bloco devem ter sido afixados
em mural. Os alunos podem agora se organizar para um painel de apresentação oral, em que cada um ATIVIDADE 1
escolhe um recorte do tema para comentar. Nessa ocasião, poderão convidar familiares e amigos.
O objetivo é socializar e oferecer à comunidade local algo do que aprenderam sobre o período da A. Investigação:
Ditadura Militar e sobre o Exílio de Paulo Freire. Nessa apresentação, podem declamar versos, cantar
trechos selecionados de músicas estudadas, dramatizar cenas breves, projetar slides dos seus dese- A primeira atividade deste bloco pode ser desencadeada a partir da leitura do “Parecer so-
nhos produzidos em sala de aula, apresentar informações em jogral, comentar cartazes ilustrados etc. bre Paulo Freire”, de Rubem Alves, e, em especial, à seguinte explicação: “Quem dá um pare-
cer empresta os seus olhos e o seu discernimento a um outro que não viu e nem pôde meditar
SUGESTÕES BIBLIOGRÁFICAS:
Músicas:
sobre a questão em pauta”.
• de Chico Buarque: “Cálice”, “Vai passar”, “Apesar de você”, “O que será”; Num primeiro momento, podem-se levantar quais são os problemas que, aos olhos dos educan-
• de João Bosco e Aldir Blanc: “O Bêbado e a Equilibrista”; dos, merecem ser mais bem conhecidos pela população da localidade onde residem e pelo poder lo-
• de Gilberto Gil: “Aquele abraço”. cal. Aspectos sociais, econômicos, socioambientais, culturais e político-administrativos podem ser
explorados, tendo em vista despertar a percepção dos(as) alunos(as) para a qualidade de vida em
Filmes que contextualizam a Ditadura Militar:
• Jango, de Silvio Tendler (1984); seu bairro, ou mais amplamente, em sua cidade, em seu país.
• Cabra Marcado Para Morrer, de Eduardo Coutinho (1964-1984); A investigação pode iniciar-se com a pergunta: “Como é morar no lugar onde você mora?”, le-
• Muda Brasil, de Oswaldo Caldeira (1985); vando em conta as características locais:
• Feliz Ano Velho, de Robert Gervitz (1988);
• Lamarca, de Sergio Rezende (1994); • Infra-estrutura: saneamento, energia elétrica, telefonia, limpeza pública.
• As Meninas, de Emiliano Ribeiro (1995); • Presença de serviços básicos: creches, escolas, postos de saúde, hospital, transporte coletivo.
• O Que é Isso Companheiro?, de Bruno Barreto (1997);
• Áreas de lazer, centro esportivo e/ou cultural, praças e áreas verdes.
• Ação entre Amigos, de Beto Brant (1998).
• Ruas e prédios públicos e a acessibilidade a deficientes físicos.
Livros: • Segurança pública no bairro.
• ARNS, Dom Paulo Evaristo. Brasil: nunca mais. São Paulo: Vozes, 1996.
• CONY, Carlos Heitor; VENTURA, Zuenir & VERÍSSIMO, Luis Fernando. Vozes do Golpe (4 volumes). São B. Temas:
Paulo: Cia. das Letras, 2004.
• GASPARI, Elio. A Ditadura Envergonhada. São Paulo: Cia. das Letras, 2002.
Alguns temas podem emergir e ser aprofundados em estudos e pesquisas coletivas, nas diversas
Sites: áreas, tais como:
• Fundação Perseu Abramo:
http://www.fpa.org.br/especiais/golpe/index.htm Ciências da Natureza
• Vésper Estudo Direcionado :
http://www.escolavesper.com.br/historiamain.htm
• A relação entre o ciclo da água e o saneamento básico na região onde mora.
• Estado de São Paulo – 1964 a 2004: http://www.estadao.com.br/1964/ • Conseqüências da poluição causada pelo depósito de lixo em locais inadequados para a saú-
• 40 anos do golpe militar: http://oglobo.globo.com/especiais/64/default.asp de da população e para a saúde da natureza (terra, rios, mananciais etc.) em sua região.
• Regime Militar – personagens e fatos do período: • Relação entre a descarga industrial de produtos químicos no ambiente e a toxidade da água,
www.conhecimentosgerais.com.br/historia-do-brasil/regime-militar.html da terra e do ar; legislação brasileira para os crimes ambientais.
• Resquícios da Ditadura – sobre mortos e desaparecidos: • Cálculo da média de horas gastas pelos pais ou familiares dos(as) alunos(as) para se desloca-
www.dhnet.org.br/denunciar/JusticaGlobal/RequiciosdaDitadura.html

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Paulo Freire E D U C A R PA R A T R A N S F O R M A R E D U C A R PA R A T R A N S F O R M A R Paulo Freire
rem de casa ao trabalho, semanalmente, mensalmente e anualmente. Procurar dados estatísticos ATIVIDADE 2
sobre o desgaste físico, psicológico e econômico dessa população para os seus deslocamentos.
A. Investigação:
Ciências Humanas
• Formas cooperativas de articulação da sociedade civil para o enfrentamento dos problemas lo- • Análise de sua postura pessoal frente a situações de injustiça.
cais (associações de moradores em parcerias ou não com organizações não governamentais – • O que mais o(a) indignou nos últimos tempos? Qual foi a sua atitude?
ONGs, fundações e/ou poder público). • Você já teve que dar um parecer sobre alguém? Em que situação?
• Educação para o trânsito, os direitos e os deveres do pedestre e do motorista; segurança nas • Você é capaz de identificar situações de injustiça social em sua comunidade? Em sua cidade e
vias públicas e nas estradas. país? No mundo?
• Os direitos do cidadão portador de necessidades especiais. • Há uma organização comunitária que discute essas questões?

Comunicação e Artes B. Temas:


• Os sinais de trânsito e outras linguagens e códigos, como o braile, a Libras (Língua Brasileira
de Sinais). Nas áreas do conhecimento, podemos trabalhar:
• Os esportes, as brincadeiras de rua, a dança e o teatro.
• Produção de textos em forma de pareceres. Comunicação e Arte
• O papel social da linguagem poética.
C. Sugestões: • Denotação e Conotação.
• Figuras de linguagem – metáfora.
1. “Conhecendo o bairro, eu me posiciono” • Produção de textos dissertativos com foco nas atitudes solidárias.
Exploração dos principais problemas identificados no bairro onde moram os alunos, por meio de • Dramatização como forma de expressão, participação e engajamento nas questões sociais.
pesquisas em grupo realizadas em livros, jornais, revistas e/ou internet e posterior socialização das • Desenho, história em quadrinhos, charge e outras formas de uso da criatividade a serviço da
sínteses com toda a sala. Para uma etapa seguinte de aprofundamento, propomos que sejam feitas transformação social.
pesquisas de campo. Para tanto, é importante que sejam previamente discutidos e estabelecidos nos
Ciências Humanas
grupos roteiros de entrevistas, bem como pontos a serem observados pelos alunos.
• A ética nas relações humanas.
A partir das reflexões coletivas em torno do problema investigado, cada grupo redigirá seu pa-
• Ação propositiva no enfretamento dos problemas cotidianos (participação, mobilização, orga-
recer, emprestando “os seus olhos e o seu discernimento a um outro que não viu e nem pôde
nização social etc.).
meditar sobre a questão em pauta”. Os pareceres poderão ser socializados, também com a co-
munidade escolar, por meio de exposição, bem como ser endereçados a órgãos governamentais res-
C. Sugestão:
ponsáveis, associações de moradores ou a outras entidades ou organizações da sociedade civil
envolvidos com o enfrentamento/solução das questões levantadas.
1. Teatro na comunidade
Montagem de uma peça de teatro a partir da construção coletiva de uma história, baseada ou não
2. Refletindo sobre ética
em fatos reais, em que um personagem ou grupo tenha sofrido alguma injustiça, com a produção de
Ainda pensando na formulação de pareceres, situações de injustiça costumam despertar indig-
diversos desfechos para a história. Que desfechos podem ser produzidos a partir de uma indignação
nação. Mas nem toda indignação é traduzida em ação. Veja, abaixo, um trecho da letra da música
do tipo “mosca sem asas”? E a partir de uma indignação que se converta em atitude, em decisão?
“Indignação”, de Samuel Rosa e Chico Amaral, da banda Skank:

“A nossa indignação
É uma mosca sem asas ATIVIDADE 3
Não ultrapassa as janelas
De nossas casas” A. Investigação:
Analisando, com os(as) alunos(as), os sentidos da metáfora empregada nessa estrofe de
“Indignação” e utilizando como referência o “Parecer sobre Paulo Freire”, de Rubem Alves, no Paulo Freire sofreu muito com a morte de sua primeira esposa, mas não se deixou abater. Em A
Almanaque Histórico (p. 51), é possível desencadear ricas discussões sobre Ética, a partir da inter- Pedagogia da Esperança, reflete: “Tenho uma lealdade para com a minha sobrevivência” (Almanaque
pretação dos alunos, tanto do trecho da letra Indignação como da postura de Rubem Alves, por ter Histórico Paulo Freire, p. 50). O que isso quer dizer? A lealdade com a vida foi o que levou Paulo
dado um parecer que foi uma recusa em dar qualquer parecer sobre Paulo Freire. Freire a continuar trabalhando e a se permitir, com coragem, amar outra mulher, Nita (Ana Maria
Araújo Freire), com quem se casou, pela segunda vez.

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Paulo Freire E D U C A R PA R A T R A N S F O R M A R E D U C A R PA R A T R A N S F O R M A R Paulo Freire
Tomando essa passagem da vida de Paulo Freire como ponto de partida, podem ser investigados: ATIVIDADE 4
• Momentos da história de vida familiar ou de pessoas conhecidas dos(as) alunos(as) que “re- A. Investigação:
criaram” seu modo de viver, após a perda de uma pessoa querida, de um relacionamento impor-
tante, de um emprego, de bens materiais. A educação escolar pública, a escola democrática e sua função social, a vida e a gestão da esco-
• As relações de solidariedade e compaixão entre as pessoas. la, a construção do conhecimento, a relação de alunos(as) com a comunidade escolar, a professora
• A indiferença de uns perante o sofrimento de outros. e o professor como profissionais e não como “tios” são temas interligados que despontam nas pági-
• A defesa da vida, local e globalmente. nas 51, 52, 53 e 59 do Almanaque Histórico Paulo Freire.
• Casamento, outras uniões conjugais, separação, filhos.
• Que tal conhecer um pouco mais sobre o que os(as) alunos(as) têm a dizer uns para os outros e,
B. Temas:
especialmente, para seus professores, a respeito do que aprendem com a vida na escola e fora dela?
• Há escolas em número suficiente em sua região em função da demanda?
Das histórias narradas, extrair temas a elas relacionados, que possam inspirar reflexões coleti-
• Existe oferta para continuidade dos estudos na mesma escola?
vas e pesquisas nas diferentes áreas:
• Há a necessidade de mudar de bairro ou até mesmo de município para a garantia da continui-
dade dos estudos?
Ciências da Natureza
• Os alunos e as alunas prestigiam a escola? Cuidam de seu patrimônio?
• A vida e a morte para a ciência (das células aos ecossistemas).
• Eles e elas se sentem valorizados nela?
• A defesa da vida como instinto presente em todos os animais.
• A escola é aberta à comunidade?
• Práticas alimentares, esportivas, saúde e longevidade.
• O que as crianças esperam de uma escola?
• Buscar saúde e evitar doenças, com modos de vida pró-ativos.
• Existem conselho de escola, grêmio ou outros instituidores da gestão democrática?
• A influência das crenças religiosas na adesão a determinadas práticas médicas, tais como doa-
• Quais as suas propostas para que a sua escola se torne um lugar de maior alegria e participação?
ção e transfusão de sangue, doação e transplante de órgãos, métodos contraceptivos, pesquisas
• Como tornar tais propostas reais?
científicas com células-tronco, embrionárias ou adultas etc.
• Pesquisa com dados de número de casamentos na sua região.
B. Temas:
Ciências Humanas
• Os cerimoniais de casamento nas diversas religiões. Ciências da Natureza
• Os cerimoniais de morte nas diversas culturas. • Pesquisa sobre o espaço da escola do bairro (metragem das salas, estado de conservação, re-
• A concepção de vida e morte nas diferentes religiões. cursos materiais e humanos existentes, equipamentos etc.).
• Causas mais freqüentes da mortalidade infanto-juvenil. • Proporção de área verde e área construída.
• Construção de gráficos com número de alunos matriculados ou que abandonaram a escola nos
Comunicação e Arte últimos dois anos.
• A vida e a morte na prosa e na poesia. • Levantamento de projetos desenvolvidos.
• Leitura e produção de textos literários.
• Elaboração de cartazes sobre solidariedade e desarmamento. Ciências Humanas
• Seminários sobre Cultura da Paz. • Levantamento do histórico da escola.
• Elaboração de história em quadrinhos. • Resgate de memória, mostrando como era a escola dos pais dos(as) alunos(as) e como é agora.
• Estudo cartográfico da escola no bairro.
C. Sugestão: • Pesquisa sobre a relação entre escola e comunidade.

1. Projeto coletivo: “A vida sustentável no planeta – Saber cuidar” Comunicação e arte


Pesquisar as principais ameaças à sustentabilidade dos diversos ecossistemas do planeta, bem • Levantamento da biografia do patrono da escola.
como movimentos e projetos, globais e locais, legislação e acordos internacionais que, na atualida- • Pesquisa da cultura popular local.
de, buscam reverter ou minimizar os efeitos dos diversos desequilíbrios ecológicos e socioambien- • Concursos de redação e poesia.
tais, acentuados pela ação humana, nas últimas cinco décadas. Além da exposição das pesquisas • Intercâmbio com alunos de outras escolas.
feitas, sugerimos a produção de crônicas, contos, poemas, desenhos, pinturas, colagens, músicas,
entrevistas, encenações teatrais a partir dos temas específicos levantados durante a pesquisa ou a
partir de sua socialização.

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Paulo Freire E D U C A R PA R A T R A N S F O R M A R E D U C A R PA R A T R A N S F O R M A R Paulo Freire
C. Sugestões: 4. Recuperando o saber popular
Na página 55 do Almanaque Histórico, temos: “As Tecnologias Sociais podem combinar saber
1. Conhecendo mais nossos alunos e nossas alunas popular, organização social e conhecimento técnico-científico. Importa, essencialmente, que as so-
Os principais temas levantados na investigação podem ser explorados por meio de dramatiza- luções sejam efetivas e reaplicáveis (multiplicáveis), propiciando desenvolvimento social em gran-
ções, desenhos, colagens ou, num jogo de faz de conta, por meio de cartas endereçadas a estudan- de escala. Um exemplo de tecnologia social são as cisternas de placas pré-moldadas, que muito têm
tes de outros estados, de outros países ou de um outro tempo – cartas endereçadas às futuras gera- atenuado os problemas de acesso à água de boa qualidade à população do semi-árido”.
ções, como memórias do presente. São atividades lúdicas e ficcionais, usadas como recurso para Outra tecnologia social é o conhecido soro caseiro, cuja ação é eficaz, com custos baixíssimos e
tratar de questões e valores concretos, históricos e/ou relacionados à vida cotidiana. proveniente da sabedoria popular.
Resgatar, na leitura dos nossos alunos e alunas, qual é a concepção de sua participação na vida Solicite aos alunos o levantamento do saber popular que as pessoas da comunidade detêm so-
da escola, passando pela recuperação histórica do que foi e do que é, atualmente, o movimento bre receitas caseiras com ervas medicinais. Após essa investigação, divulgue com cartazes, livretos
estudantil. e/ou outras formas de socialização dos resultados.
Qual o olhar de alunos(as) e de professores(as) para as transformações do mundo da comunica-
ção e suas inter-relações com a escola? 5. Prestando homenagens
Paulo Freire é o educador brasileiro que mais homenagens recebeu em vida (Cf. p. 60, 61 e 62).
2. Projeto “A mesa do professor” É possível resgatar a história, a cultura, os valores e as crenças locais, observando os marcos da ci-
Tomando como referência a paródia de Vera Lúcia C. Leite, “A mesa do professor”, Almanaque dade, seus monumentos, nomes de rua, de bairros, de praças, avenidas. Em Estocolmo, uma grande
Histórico Paulo Freire (p. 52), sugerimos as seguintes atividades: escultura de pedra, feita pela artista sueca Pye Engstron, em 1972, foi uma homenagem da artista
a homens e mulheres que lutaram contra a opressão. Paulo Freire é representado ao lado de Pablo
• Na primeira estrofe, a autora utilizou palavras que demonstram a transformação da natureza Neruda, Ângela Davis, Mao Tse-Tung, Sara Lidman, Elise Ottosson-Jense e Georg Borgström.
em objetos utilizados pelo professor em seu trabalho; além de mesa, papéis, livros, cadernos. Na
segunda estrofe, a autora traz palavras que ampliam a relação do homem com o mundo, por • Sua cidade presta alguma homenagem a Paulo Freire? Qual? Há outras pessoas que merecem
meio dos símbolos: o nome, que marca a singularidade de cada sujeito, os números, que permi- ser homenageadas? Quem são elas? Por que foram homenageadas? Como foram ou são home-
tem contar, medir, quantificar, antever situações futuras. Os(as) alunos(as) poderão discutir quais nageadas? Discuta com os seus alunos qual é o sentido de se homenagear publicamente alguém.
profissionais necessitam da matemática para desenvolverem seu trabalho, dando exemplos. • Solicite uma pesquisa que levante quais pessoas do bairro, da cidade, do país e do mundo são
• Propor aos alunos a escolha de um profissional como personagem central de um texto poéti- homenageadas por sua cidade ou localidade. Por que razão? Existe algum padroeiro? Existe al-
co construído a partir de “A mesa do professor”. Caso o profissional escolhido não necessite de gum monumento? O que ou quem ele(s) representa(m)?
uma “mesa” para desenvolver seu trabalho, que outros objetos, instrumentos ou equipamentos • Para quais causas, virtudes, acontecimentos seus alunos construiriam um monumento, fariam
estariam presentes no seu dia-a-dia? O texto pode ter o caráter de homenagem à profissão de uma música, um manifesto, um poema, um livro, uma obra de arte? Proponha uma mostra, na
um dos familiares ou, simplesmente, referir-se a uma profissão admirada pelo(a) aluno(a). Por escola, de homenagens prestadas por seus alunos a pessoas que abraçaram causas sociais.
que determinada profissão foi a escolhida? Qual a sua importância para a vida em sociedade ou
para o bem viver do cidadão que necessita de seus serviços? Que virtudes desejáveis os(as) alu- 6. Por um mundo melhor
nos(as) associam ao desempenho de tal trabalhador? “Em 2005, inauguramos a Década das Nações Unidas da Educação para o Desenvolvimento Sustentável. A
Unesco, por meio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, coordenará as ações
3. Conhecendo melhor os projetos de Educação de Jovens e Adultos voltadas para o decênio, com o principal objetivo de estimular os países-membro da ONU a incorporarem o con-
Vimos, na página 54 do Almanaque Histórico, projetos como o MOVA-BRASIL e o BB-Educar. Em ceito de desenvolvimento sustentável em suas políticas educacionais. Para tanto, propôs oito Objetivos para o
muitas regiões, iniciativas semelhantes podem existir envolvendo empresas, órgãos públicos e movi- Desenvolvimento do Milênio (ODM), a serem alcançados até o ano de 2015.” (http://www.unesco.org.br)
mentos sociais.
Esses objetivos podem ser objeto de trabalho interdisciplinar:
• Sugira uma investigação sobre a existência de cursos para jovens e adultos nas proximidades
onde os(as) alunos(as) residem. São cursos mantidos pela Prefeitura, pelo Estado ou são fruto da • Mediante pesquisa de campo, podem ser identificados e investigados, localmente, os princi-
iniciativa e organização dos movimentos sociais, associações de moradores, cooperativas da re- pais problemas e causas que mantêm correspondências com os problemas e causas para os quais
gião etc? Seria interessante que os(as) alunos(as) pudessem fazer entrevistas com representan- foram estabelecidos os ODM.
tes desses movimentos, associações ou cooperativas, com foco nas estratégias de comunicação • O que tem sido feito para se enfrentar os principais problemas detectados e investigados?
utilizada para divulgarem suas ações e produtos. Se pouco conhecidas, como ajudar na divulga-
ção dessas iniciativas?
• Socialização dos resultados da pesquisa com toda a escola, com a intenção de ampliar a aber-
tura da escola à realidade local.

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Paulo Freire E D U C A R PA R A T R A N S F O R M A R E D U C A R PA R A T R A N S F O R M A R Paulo Freire
G UIA DO P ROFESSOR Fundação Banco do Brasil
Paulo Freire – Educar para Transformar
Presidente
Jacques de Oliveira Pena
Coordenação Geral
Mercado Cultural
Diretor Executivo de Desenvolvimento Social
Almir Paraca Cristóvão Cardoso
Coordenação de Produção
Flávia Diab
Diretor de Ciência & Tecnologia & Cultura
Luis Fumio Iwata
Coordenação de Administração
Cléo Assis
Assessora
Maria Helena Langoni Stein
Coordenação Pedagógica
Jason Mafra
Sonia Couto
Petrobras

Textos e Atividades
Presidente
José Eustáquio Romão
José Sergio Gabrielli
Maria José Vale
Sandra Benedetti
Gerente Executivo de Comunicação Institucional
Sonia Maria Gonçalves Jorge
Wilson Santarosa

Consultoria
Gerente de Comunicação Nacional
Alípio Casali
Luis Fernando Nery
Lisete Arelaro
Moacir Gadotti
Coordenadores do Projeto Memória
Ricardo Hasche
Janice Dias
Vera Barreto
Lenart Nascimento Filho

Curadoria
Ana Maria Araújo Freire
Instituto Paulo Freire
Lutgardes Costa Freire
Instituto Paulo Freire
Diretor Geral
Moacir Gadotti
Produção
Maria Oliveira
Diretores Pedagógicos
Noêmia Inohan
Ângela Antunes
Paulo Roberto Padilha
Revisão de Textos
Beatriz de Paoli
Diretora de Relações Institucionais
Salete Valesan Camba
Imagens
Acervo Ana Maria Araújo Freire, Acervo Filhos Paulo Freire,
Coordenadores do Projeto Memória
Acervo Instituto Paulo Freire
Jason Mafra
Sonia Couto
Projeto Gráfico e Diagramação
Miriam Lerner
Colaboradores
Anderson Alencar
Capa
Alex Ribeiro
Lula Ricardi – XYZ Design
Flander Calixto

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Paulo Freire E D U C A R PA R A T R A N S F O R M A R

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