You are on page 1of 20

Racionalidade e polı́ticas públicas

Prof. MSc. Carlos A. S. de Andrade


O princı́pio da racionalidade

A elaboração de polı́ticas públicas segue o princı́pio da


racionalidade com o intuito de se obter maior eficiência no uso dos
recursos. Contudo alguns problemas podem surgir ao se restringir
a este princı́pio na formulação de polı́ticas sociais.
O princı́pio da racionalidade

As polı́ticas econômica e social estão vinculadas mas esta deve ter


autonomia.
A polı́tica social tem conteúdo próprio, independente das decisões
econômicas.
O princı́pio da racionalidade

Problematizando a idéia de racionalidade.


I noção de preferências sociais
I a metodologia ceteris paribus não é aplicável
I imperam nas decisões sociais a incerteza e a ignorância
I fraqueza de vontade e excesso de vontade: formas de
irracionalidade polı́tica
I oportunismo
O princı́pio da racionalidade

Justiça como alternativa à racionalidade para orientar a ação


polı́tica.
“o conceito de justiça deve focalizar os direitos
inerentes aos indivı́duos de obter igual participação no
processo decisório e no bem-estar material.” (ELSTER,
Jon. A possibilidade da polı́tica racional. RBCS, v. 14,n.
3, fevereiro/99. p.13-40)
Escolha individual versus escolha social

Para certa concepção, a polı́tica é como uma escolha individual


aumentada.
I processo polı́tico democrático: define preferências e
prioridades.
I as agências governamentais: coletam informações e formam
opinião de quais polı́ticas melhor poderiam realizar esses
objetivos.
I outras agências: executam essas polı́ticas consideradas ótimas.
Escolha individual versus escolha social

De acordo com essa concepção, o parlamento[Congresso Nacional],


o órgão central de estatı́stica[IBGE, Ministério do Planejamento,
etc.] e o governo formam um sistema unificado de tomada de
decisões polı́tica racionais.
Escolha individual versus escolha social

”deseja-se que o método de agregação das


preferências individuais não seja ditatorial e que, além
disso, seja invulnerável ao oportunismo; quer dizer, que o
indivı́duo não seja capaz de, falsificando suas
preferências, produzir um resultado melhor, de acordo
com suas verdadeiras preferências, do que aquele que
obteria se revelasse essas verdadeiras preferências.”
Escolha individual versus escolha social

”criar instituições que incorporem uma concepção


válida de justiça. Se as pessoas não se sentirem
enganadas pela sociedade, a tentação de enganar a
sociedade se reduzirá muito. ” (Rawls apud Elster.)
Escolha individual versus escolha social

Alternativa ao racionalismo na polı́tica:


concepção de justiça como direito não instrumental à igualdade de
consideração e de respeito.
Ensinar a pescar em vez de dar o peixe. Pressupõe:
I exista um rio que tenha peixes
I livre acesso ao rio.
A polı́tica social cumpre o objetivo de investir em recursos
humanos (que pode ser interpretado como ”ensinar a pescar”) mas
necessita que o sistema produtivo (o econômico) esteja em
condições de demandar esse pessoal.
Dar o peixe não deve ser descuidado (subsı́dio aos setores
carentes).
Eqüidade versus eficiência

No plano abstrato não haveria dilema, pois a eqüidade se baseia


em valores e a eficiência seria o instrumento para alcançar os fins
fixados pela sociedade.
A posição dominante aceita o princı́pio da igualdade no ponto de
partida, outorgando oportunidades similares a todos, ao mesmo
tempo em que pretende que a distribuição final, que será desigual,
se mantenha dentro de certas margens consideradas aceitáveis em
cada contexto social.
Rawls propõe um princı́pio de compensação segundo o qual ”para
proporcionar uma autêntica igualdade de oportunidades a
sociedade deve atender mais aos nascidos com menos dotes e aos
nascidos em setores socialmente menos favorecidos”.
Eqüidade e eficiência como fins da polı́tica social

A polı́tica social tem como princı́pio orientador, inalienável, a


procura da eqüidade.
A eqüidade implica na satisfação das necessidades básicas da
população, priorizando-as segundo seus graus de urgência relativa.
Eqüidade e eficiência como fins da polı́tica social

Tipos de polı́ticas sociais:


Assistenciais: procuram elevar o nı́vel de consumo de uma parte da
população. São regidas pelo princı́pio da eqüidade.
Investimento em recursos humanos: o princı́pio da eqüidade rege
estas ações, em relação ao curto prazo e à clientela,
enquanto que o princı́pio de eficiência predomina a
médio e longo prazo e em relação aos interesses da
sociedade.
Atividades promocionais: conduz a que a eficiência apareça nelas
como fim, inclusive a curto prazo.
Defeitos tradicionais das polı́ticas sociais

Acesso segmentado Grupos recebem benefı́cios diferentes, os quais


variam de acordo com o poder que demonstram
frente ao Estado.
Universalismo aparente Perda do caráter redistributivista.
Reconhecer o direito de todos os habitantes a receber
alguns serviços, independente de sua capacidade de
pagamento.
Tradicionalismo, inércia ou descontinuidade Inércia: tanto a
burocracia que vive desses programas como a
clientela que os aproveita resistem à mudança.
Descontinuidade:não respeita o tempo de
”amadurecer” e a chegada dos resultados.
Surgimento aluvial de novos temas e instituições Modismos e
competição institucional.
Novas orientações para a polı́tica social

Princı́pios que poderiam contribuir para a reorientação das


polı́ticas sociais procurando a eqüidade.
Praticar uma polı́tica compensatória Retomar o princı́pio
desenvolvido por Rawls: deve-se atender primeiro os
mais necessitados. Recuperar as grande prioridades
sociais: nutrir, educar e atender à saúde. A polı́tica
social aumentará seu impacto redistributivo.
Aumentar a eficiência do gasto social Optar pelas alternativas
mais econômicas para alcançar os objetivos
procurados e efetuar um acompanhamento que
permita reorientar o projeto quando se julgar que os
objetivos não estão sendo alcançados.
Novas orientações para a polı́tica social

Conseguir que se usem os serviços Conseguir que o serviços


alcancem realmente os supostos beneficiários. Ações:
redefinir a oferta e promover a demanda.
Avançar no conhecimento técnico A polı́tica social tem um
elemento polı́tico e outro técnico. Ações: realizar
diagnósticos adequados; melhorar os sistemas de
informação e avaliar os programas sociais.
Novas orientações para a polı́tica social

Construir uma nova institucionalidade Ações:


I Coordenar as instituições.
I Estabelecer uma autoridade ou executivo social.
I Criar uma rede descentralizada e desconcentrada
de serviços sociais.
I Obter a participação dos usuários.

You might also like