A elaboração de polı́ticas públicas segue o princı́pio da
racionalidade com o intuito de se obter maior eficiência no uso dos recursos. Contudo alguns problemas podem surgir ao se restringir a este princı́pio na formulação de polı́ticas sociais. O princı́pio da racionalidade
As polı́ticas econômica e social estão vinculadas mas esta deve ter
autonomia. A polı́tica social tem conteúdo próprio, independente das decisões econômicas. O princı́pio da racionalidade
Problematizando a idéia de racionalidade.
I noção de preferências sociais I a metodologia ceteris paribus não é aplicável I imperam nas decisões sociais a incerteza e a ignorância I fraqueza de vontade e excesso de vontade: formas de irracionalidade polı́tica I oportunismo O princı́pio da racionalidade
Justiça como alternativa à racionalidade para orientar a ação
polı́tica. “o conceito de justiça deve focalizar os direitos inerentes aos indivı́duos de obter igual participação no processo decisório e no bem-estar material.” (ELSTER, Jon. A possibilidade da polı́tica racional. RBCS, v. 14,n. 3, fevereiro/99. p.13-40) Escolha individual versus escolha social
Para certa concepção, a polı́tica é como uma escolha individual
aumentada. I processo polı́tico democrático: define preferências e prioridades. I as agências governamentais: coletam informações e formam opinião de quais polı́ticas melhor poderiam realizar esses objetivos. I outras agências: executam essas polı́ticas consideradas ótimas. Escolha individual versus escolha social
De acordo com essa concepção, o parlamento[Congresso Nacional],
o órgão central de estatı́stica[IBGE, Ministério do Planejamento, etc.] e o governo formam um sistema unificado de tomada de decisões polı́tica racionais. Escolha individual versus escolha social
”deseja-se que o método de agregação das
preferências individuais não seja ditatorial e que, além disso, seja invulnerável ao oportunismo; quer dizer, que o indivı́duo não seja capaz de, falsificando suas preferências, produzir um resultado melhor, de acordo com suas verdadeiras preferências, do que aquele que obteria se revelasse essas verdadeiras preferências.” Escolha individual versus escolha social
”criar instituições que incorporem uma concepção
válida de justiça. Se as pessoas não se sentirem enganadas pela sociedade, a tentação de enganar a sociedade se reduzirá muito. ” (Rawls apud Elster.) Escolha individual versus escolha social
Alternativa ao racionalismo na polı́tica:
concepção de justiça como direito não instrumental à igualdade de consideração e de respeito. Ensinar a pescar em vez de dar o peixe. Pressupõe: I exista um rio que tenha peixes I livre acesso ao rio. A polı́tica social cumpre o objetivo de investir em recursos humanos (que pode ser interpretado como ”ensinar a pescar”) mas necessita que o sistema produtivo (o econômico) esteja em condições de demandar esse pessoal. Dar o peixe não deve ser descuidado (subsı́dio aos setores carentes). Eqüidade versus eficiência
No plano abstrato não haveria dilema, pois a eqüidade se baseia
em valores e a eficiência seria o instrumento para alcançar os fins fixados pela sociedade. A posição dominante aceita o princı́pio da igualdade no ponto de partida, outorgando oportunidades similares a todos, ao mesmo tempo em que pretende que a distribuição final, que será desigual, se mantenha dentro de certas margens consideradas aceitáveis em cada contexto social. Rawls propõe um princı́pio de compensação segundo o qual ”para proporcionar uma autêntica igualdade de oportunidades a sociedade deve atender mais aos nascidos com menos dotes e aos nascidos em setores socialmente menos favorecidos”. Eqüidade e eficiência como fins da polı́tica social
A polı́tica social tem como princı́pio orientador, inalienável, a
procura da eqüidade. A eqüidade implica na satisfação das necessidades básicas da população, priorizando-as segundo seus graus de urgência relativa. Eqüidade e eficiência como fins da polı́tica social
Tipos de polı́ticas sociais:
Assistenciais: procuram elevar o nı́vel de consumo de uma parte da população. São regidas pelo princı́pio da eqüidade. Investimento em recursos humanos: o princı́pio da eqüidade rege estas ações, em relação ao curto prazo e à clientela, enquanto que o princı́pio de eficiência predomina a médio e longo prazo e em relação aos interesses da sociedade. Atividades promocionais: conduz a que a eficiência apareça nelas como fim, inclusive a curto prazo. Defeitos tradicionais das polı́ticas sociais
Acesso segmentado Grupos recebem benefı́cios diferentes, os quais
variam de acordo com o poder que demonstram frente ao Estado. Universalismo aparente Perda do caráter redistributivista. Reconhecer o direito de todos os habitantes a receber alguns serviços, independente de sua capacidade de pagamento. Tradicionalismo, inércia ou descontinuidade Inércia: tanto a burocracia que vive desses programas como a clientela que os aproveita resistem à mudança. Descontinuidade:não respeita o tempo de ”amadurecer” e a chegada dos resultados. Surgimento aluvial de novos temas e instituições Modismos e competição institucional. Novas orientações para a polı́tica social
Princı́pios que poderiam contribuir para a reorientação das
polı́ticas sociais procurando a eqüidade. Praticar uma polı́tica compensatória Retomar o princı́pio desenvolvido por Rawls: deve-se atender primeiro os mais necessitados. Recuperar as grande prioridades sociais: nutrir, educar e atender à saúde. A polı́tica social aumentará seu impacto redistributivo. Aumentar a eficiência do gasto social Optar pelas alternativas mais econômicas para alcançar os objetivos procurados e efetuar um acompanhamento que permita reorientar o projeto quando se julgar que os objetivos não estão sendo alcançados. Novas orientações para a polı́tica social
Conseguir que se usem os serviços Conseguir que o serviços
alcancem realmente os supostos beneficiários. Ações: redefinir a oferta e promover a demanda. Avançar no conhecimento técnico A polı́tica social tem um elemento polı́tico e outro técnico. Ações: realizar diagnósticos adequados; melhorar os sistemas de informação e avaliar os programas sociais. Novas orientações para a polı́tica social
Construir uma nova institucionalidade Ações:
I Coordenar as instituições. I Estabelecer uma autoridade ou executivo social. I Criar uma rede descentralizada e desconcentrada de serviços sociais. I Obter a participação dos usuários.