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ENSINO
Introdução
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Tratam-se das propostas desenvolvidas no capítulo 4 elaboradas pelas professoras Isabel Gretel Eres Fernández
(FEUSP) e Neide T. Maia González (FFLCH-USP) e que foram publicadas no volume dedicado às Linguagens,
Códigos e suas Tecnologias. Recordamos, ainda, que este texto contou com a contribuição de alguns leitores críticos,
entre os quais nos incluímos.
definir uma proposta de atuação no âmbito do curso de Licenciatura no qual atuamos
como docentes e investigadores.
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2. Os PCNs do ensino médio e as orientações curriculares para o espanhol:
algumas considerações
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No portal do Ministério da Educação, ao tratar-se da reforma do Ensino Médio, lemos: “a LDB foi a principal
referência legal que formulou as mudanças no Ensino Médio e estabeleceu os princípios e finalidades da Educação
Nacional”. Essa lei desencadeou várias discussões que levaram a produção de documentos apoiados por pareceres do
Conselho Nacional de Educação (CNE) e da Câmara de Educação Básica (CEB) do CNE. (Parecer CEB/CNE 15/98
e Resolução CEB/CNE n° 03/98). E, ainda, se menciona que essa lei propôs “no nível do Ensino Médio, a formação
geral, em oposição à formação específica; o desenvolvimento da capacidade de pesquisar, buscar informações,
analisá-las e selecioná-las; a capacidade de aprender, criar, formular, ao invés do simples exercício de memorização”.
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Composta de três volumes, a saber: volume 1 – Linguagem, Códigos e suas Tecnologias, volume 2– Ciências da
Natureza, Matemática e suas Tecnologias e volume 3 – Ciências Humanas e suas Tecnologias.
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esclarecimentos, como também, de apontar e desenvolver indicativos que pudessem
oferecer alternativas didático-pedagógicas para a organização do trabalho pedagógico, a
fim de atender às necessidades e às expectativas das escolas e dos professores na
estruturação do currículo para o ensino médio.
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Atuamos na Universidade Federal do Ceará. Ressaltamos que a habilitação oferecida é a de Licenciatura em Letras
que visa formar professores que atuarão nos níveis de ensino fundamental II e médio. Na estrutura atual as disciplinas
básicas de língua e literatura bem como as específicas de formação de professores são ofertadas pelo mesmo
departamento.
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Prova disso são os trabalhos desenvolvidos na área e que envolvem o ensino fundamental, médio e a formação de
professores. Citamos, por exemplo, os desenvolvidos pelo Grupo de Pesquisa do CNPQ “Ensino e aprendizagem do
Espanhol”, coordenado pela professora Gretel Fernández da FEUSP.
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Recordamos aqui os trabalhos de mestrado desenvolvidos sob a orientação da professora doutora Gretel Eres
Fernández da FEUSP, cuja referência completa consta do final deste estudo: de Marília O. V. Callegari “Saborear
para saber: diferentes olhares sobre a motivação – um estudo com alunos e professores de espanhol do ensino médio”,
de Simone Rinaldi “Um retrato da formação de professores de espanhol como língua estrangeira para crianças: um
olhar sobre o passado, uma análise do presente e caminhos para o futuro” e de Lívia M.T.Rádis Baptista “Língua e
cultura no ensino de espanhol a brasileiros: contribuições para a formação de professores”. Esses trabalhos tratam de
questões do ensino/aprendizagem de espanhol a partir da confluência de múltiplos fatores.
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regular, do papel do professor neste ensino, do peso que jogam determinadas
concepções que possua o professor sobre a língua, cultura e o ensino e as implicações
de seu posicionamento teórico-metodológico na sua prática.
Além do mencionado, salientamos que estamos em consonância com o sugerido
nas orientações (2006:127), no que se refere ao ensino do espanhol, quanto ao fato de
que essas tenham um caráter regulador, ainda que seja minimamente, que sugiram
caminhos, que não representem uma via de mão única ou dogmática; que se trata de um
passo a ser dado, entre muitos outros e, ainda, que se faz preciso ler, analisar e discutir o
presente texto nas mais diferentes estâncias, entre as quais, sem dúvida, se incluem
aquelas dedicadas à formação do professorado. Contudo, cabe indagar que ações e que
esferas de atuação podem ser definidas. Considerando-se a nossa instituição, pensamos
que essa questão necessita ser, no mínimo, contemplada em duas dimensões: a da
estruturação do próprio curso que oferece a Licenciatura em Letras com seu currículo e
projeto pedagógico7 e, ainda, a da estruturação do currículo e projeto pedagógico da
Unidade Curricular de Espanhol. Porém, isso não significa que essas dimensões as
quais nos referimos estejam desarticuladas entre si, mas ao contrário, representam duas
faces mutuamente complementares e intercomunicantes. Sendo assim, essa tarefa exige
um esforço conjunto que passará por uma articulação entre as diferentes disciplinas e
objetivos que se vislumbram atingir ao se definir o projeto pedagógico do curso de
Letras e que se refletem na opção e definição do currículo básico que orienta a
formação dos futuros licenciados, na condução da construção deste saber, na definição
das propostas teórico-metodológicas, por exemplo. A esse quadro mencionado
definimos como macro e em um sentido mais pontual – entenda-se aqui de modo não
menos importante, mas relativo à especificidade do campo de atuação – temos o da
formação de professores de espanhol e no interior deste aquele que se define como o da
prática e, em concreto, aos estágios de observação e de regência8. Devido à necessidade
de estabelecer limites claros para nossa intervenção, será a partir da posição de
formadores de professores que atuarão no ensino regular (fundamental e médio) que
faremos nossas considerações. Neste sentido, enfatizaremos alguns aspectos
subentendidos como fundamentais por nós de acordo com nossa particular leitura da
proposta das orientações para o espanhol; aspectos esses relacionados com algumas
concepções de língua, cultura e ensino e as implicações que a opção teórico-
metodológica por elas possa implicar em termos de formação dos futuros professores.
Obviamente não proporemos soluções nem respostas fechadas para as questões que
levantarmos, mas ao contrário disso, esperamos abrir espaço para a construção de uma
reflexão orientadora de ações, já que as ações não nascem no vazio.
Feitos tais esclarecimentos, passemos para o próximo tópico.
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No Projeto Político Pedagógico da Licenciatura em Letras da Universidade Federal do Ceará, datado de 2005, se
destacam os seguintes objetivos: 1. Formar docentes de Língua e Literatura, materna e estrangeira, para atuar na
educação de nível Fundamental II e Médio; 2. Motivar a iniciação à pesquisa em língua e literatura, materna e
estrangeira; 3. Iniciar a preparação dos discentes para o ingresso na docência universitária, a ser completada na pós-
graduação; 4. Qualificar profissionais interessados em língua e literatura e 5. Qualificar discentes para contribuir em
outras áreas do conhecimento, no debate interdisciplinar, prestando assessorias nos setores políticos, culturais, em
órgãos governamentais, organizações não governamentais etc.
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Recordamos que na proposta atual de 2005, há a Licenciatura simples (em Português e suas literaturas) e a
Licenciatura dupla em Língua Portuguesa e Língua Estrangeira (Espanhol, Inglês, Alemão, Italiano e Francês). O
curso de Licenciatura em Letras deve integralizar no mínimo 2800 horas, assim distribuídas: 1800 h/aula como carga
horária mínima do conteúdo específico das disciplinas científico-pedagógicas, 400 horas de estágio supervisionado, a
partir da segunda metade do curso; 400 horas de prática como componente curricular e 200 horas para outras formas
de atividades pedagógicas complementares de natureza científico-acadêmica e/ou artístico-cultural e esportiva bem
como outras que induzam a inserção do aluno na comunidade.
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3. Reflexões sobre a formação dos professores e as Orientações Curriculares
Nacionais para o ensino da disciplina Língua Estrangeira Moderna – Espanhol
no ensino médio
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Tratamos mais detalhadamente deste tema em nosso projeto de mestrado, desenvolvido na FEUSP, com a
orientação da professora Isabel Gretel Eres Fernández, intitulado: Língua e cultura no ensino de espanhol a
brasileiros: contribuições para a formação de professores. A referência completa está no final deste texto.
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igual modo, se pode argumentar que a heterogeneidade também o é. E o ponto preciso
para o qual gostaríamos de chamar a atenção é justamente este: o de possibilitar que
nossa prática se construa, dialogando, com a noção de heterogeneidade. Ou ainda, que
vivenciemos na prática escolhas que sejam condizentes com uma visão orientada pela
heterogeneidade na e da língua, no e do sujeito, na e da linguagem.
Diante do exposto, não resta dúvida de que o fato de optar por uma noção de
heterogeneidade, tal como a que nós aludimos, supõe assumir um posicionamento
teórico-metodológico que será, de fato, construído e reformulado na prática. Assim
sendo, para assumir-se que não defendemos noções como as de homogeneidade e
exclusão, como base de uma filosofia norteadora e orientadora de nossas ações e
reações em termos pessoais e institucionais, é preciso refletir a respeito de como nos
desprenderemos de noções tão arraigadas, como as de homogeneidade e seus efeitos de
exclusão e, ainda, de quais são as implicações que essas noções geram em nossa prática
de professores. Acrescente-se a isso perguntas em torno de como lidaremos com a
construção deste conceito de heterogeneidade na prática, como enfrentaremos, no
ensino, a inclusão da noção de heterogeneidade, como resultado de um posicionamento
teórico-metodológico, que se reflita e se refletirá nas escolhas feitas e nas atitudes
tomadas efetivamente em nossa prática como professores e, ainda, como formadores de
professores.
Não há uma resposta simples e direta para tais indagações. Contudo, gostaríamos
de traçar uma trilha em que possamos seguir, minimamente, identificados e afinados
com essa noção. E neste sentido, pensamos, por exemplo, no tratamento dado as
variedades do espanhol no ensino. Entendemos que além e para além da descrição
formal temos que partir para a análise e a interpretação, ou ainda, para a sensibilização
quanto às diversas práticas de linguagem nas quais essas variedades se concretizam e
adquirem sentidos. Portanto, depreendemos que tal posicionamento pressupõe que os
sentidos emergem nas diferentes práticas discursivas que são histórica e
ideologicamente condicionadas. Como se sugere, ao mencionar o exemplo do colectivo
porteño e da guagua habanera, não se trata, meramente, de:
um mundo único e homogêneo constituído de objetos sempre idênticos que apenas mudam
de nome quando se passa de uma língua a outra, algo que por vezes reduz o tratamento da
variedade à apresentação de extensos ‘vocabulários’ em que se oferecem ‘equivalências’;
só as palavras e certas formas mudariam na passagem de um código a outro.
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Falamos aqui como quem nasceu no estado de São Paulo e que foi adotado e adotou o nordeste do país como seu
espaço de atuação.
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Portanto, não se trata de uma mudança de nomes, no ato de referenciar ou
nomear objetos, mas sim de uma historização e ideologização de sentidos, relacionada
com uma dada prática efetiva com a linguagem. Prática essa que envolve sujeitos de
discursos que se realizam na linguagem, que ao nomear criam e fixam sentidos, seja em
língua materna, seja em outra língua. Sendo assim, uma reflexão nestes moldes
sensibiliza quanto ao sujeito que se envolve nas práticas de linguagem, que interpreta e
que atua na construção de sentidos. Ora, desta forma enfrentamos e confrontamos, como
sujeitos da linguagem, a heterogeneidade em nossa própria língua e entender isso é uma
ponte para entender a noção de heterogeneidade das línguas, no caso do espanhol. E
quais as implicações disso para o ensino? São sensíveis: a construção e manutenção de
uma noção de homogeneidade em língua materna também atende a uma política de
exclusão da alteridade, do diferente. E de modo similar isso pode ocorrer em outras
línguas. Basta lembrar, aqui, os inúmeros trabalhos e discussões em torno da língua
materna e as valorações do que seria uma norma culta de maior prestígio social. Ou
ainda, os questionamentos a respeito dos preconceitos lingüísticos. Esse mecanismo de
exclusão funciona – e tem funcionado histórica e ideologicamente – e tem orientado
muitas práticas no ensino em língua materna. Daí a importância de uma reflexão desta
natureza para a formação dos futuros professores de línguas (materna ou/e estrangeira).
E em sentido mais amplo inserimos em nosso horizonte o debate quanto ao papel
dos professores no ensino de espanhol, na medida em que esses podem – ou não –
inculcar em sua prática determinadas valorações que fomentam preconceitos,
estereótipos e reducionismos lingüísticos. Mas antes de tudo, é preciso ser e estar
sensibilizado quanto à existência desses, do funcionamento de certos discursos e do
poder que se dotam a certos saberes que tendem a se fossilizar, tal como determinados
erros de interlíngua. Consideramos que uma reflexão como a sugerida se refletirá,
obviamente, na prática do futuro professor, na forma em que esse selecionará seus
textos, materiais, proporá conteúdos, pensará a avaliação, elaborará seus planos, para
mencionar alguns espaços de intervenção. Assim, pelo exposto entendemos ser
fundamental a noção da língua como heterogeneamente constituída e as implicações
disso para o ensino do espanhol e para a formação dos futuros professores.
Outro ponto que julgamos de suma importância se refere ao papel educativo do
espanhol. Neste sentido, recortaremos, a seguir, alguns fragmentos que servirão para
conduzir nossas considerações. Passemos a esses.
Afirma-se nas Orientações (2006:129) que temos que nos voltar para o papel
educativo que pode ou deve ter o ensino de línguas, qual seja, o de:
(...) proporcionar em termos de inclusão social e étnica, na constituição de sua cidadania,
local e global; dos desafios que nos impõe, nesse sentido, uma sociedade globalizada,
informatizada, em que as próprias fronteiras das tradicionais formas de manifestação da
linguagem, antes tratadas no ensino de línguas como as quatro habilidades – compreensão
escrita, compreensão oral, expressão escrita, expressão oral –, se interpenetram e diluem.
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(...) dar-lhe um peso no processo educativo global desses estudantes, expondo-os à
alteridade, à diversidade, à heterogeneidade, caminho fértil para a construção da
identidade.
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diante das várias e diversas relações que estabelecemos como usuários da língua e da
linguagem e que intermediam nossa relação com o mundo. Dessa forma, o objetivo
deste ensino é o de contribuir para essa construção que, em última instância, se trata da
formação de cidadãos, numa perspectiva sociointeracional. Uma proposta interessante
neste sentido, portanto, é o trabalho com os temas transversais11 e a reflexão a que estes
podem conduzir na forma de projetos comuns que reúnam professores de diferentes
áreas. No que se refere à formação de professores, é de fundamental importância que se
estabeleça, com clareza, uma filosofia de trabalho que oriente a sua prática e se reflita,
sem dúvida, na forma de planejar as aulas, de selecionar conteúdos que não sejam
tratados como somente lingüísticos, de conduzir aulas, de tratar das diferenças
lingüísticas, discursivas e culturais, por exemplo. Em outros términos, que estes futuros
professores possam lidar, criticamente, com os diferentes insumos que proporcionarão
aos seus alunos e que possam estar preparados para elaborar projetos de ensino
interdisciplinares, por exemplo.
Outro aspecto a ser comentado se refere à especificidade do ensino. Interessa,
igualmente, explicar as diferenças entre o ensino regular e o livre. Sabemos que muitos
de nossos futuros professores atuarão tanto em um quanto no outro, contudo a
Licenciatura volta-se para o ensino regular. Dessa forma, há de se ter claro que o ensino
do espanhol regular não deve ter como meta a aquisição de uma competência
instrumental nesta língua. Daí a importância de explicitar o papel que deve ou pode
cumprir o ensino de espanhol no interior do ensino médio e sua articulação com o
projeto de educacional em sentido mais amplo.
Sendo assim, estes fragmentos nos levam diretamente a definição de uma
tomada de posição teórico-metodológica, para a qual é fundamental uma concepção
heterogênea do sujeito e da linguagem, do papel que jogam as dimensões sociais,
históricas, simbólicas na instauração da língua e do movimento que os sujeitos realizam
ao fazer uso da língua no interior de uma determinada prática com a linguagem. Daí
nossa relação com a noção de heterogeneidade e a proposta de um ensino sustentado na
“pluralidade lingüística e cultural do universo hispanofalante”. Daí, reiterarmos como
central para esta reflexão estas noções que mencionamos e, em especial, a da
heterogeneidade que aponta para uma heterogeneidade da língua, dos sujeitos que dela
fazem uso no interior de uma dada prática e da própria linguagem, na sua dinâmica
dialógica, como postula Bakthin.
Além do exposto, cabe mencionar outro ponto, em concreto, o da cultura
entendida de modo menos redutor do que o da apresentação de tópicos ou de feitos
realizados por um grupo social. Neste sentido, lembramos que a dimensão cultural está
tratada, por exemplo, na proposta das variedades do espanhol, de forma a que no ensino
não se fortaleçam estereótipos e preconceitos. Aparece, por exemplo, na advertência e
na crítica as visões distorcidas de língua e de cultura que o ensino possa favorecer.
Contudo, gostaríamos de finalizar nossas considerações voltando-nos para o conceito de
heterogeneidade, que foi o fio condutor de nossas reflexões. Retomando a noção de
pluralidade, podemos conceber a cultura com uma determinada forma de habitar o
mundo, de construir saberes e poderes por meio de relações dialógicas estabelecidas
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Quanto aos temas transversais, se detalham algumas sugestões nas páginas 149 a 151. Neste sentido, sugere-se o
estabelecimento de temas geradores que possam contribuir na definição dos objetivos e dos conteúdos a serem
considerados no ensino de espanhol. Portanto, resgata-se a idéia da transversalidade e propõe-se uma reflexão de
ordem política, econômica, educativa, social, esportiva, recreativa, informativa e lingüística. Isso amplia, a nosso ver,
a visão dos conteúdos para além das tradicionais habilidades (ouvir, falar, ler e entender).
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histórica e ideologicamente por meio da língua e da linguagem. Neste viés, o ensino de
línguas desloca conceitos, movimenta representações acerca de nossa própria língua e
cultura como da do(s) outro(s) e, sendo assim, estamos em consonância com o que se
diz nas Orientações (147-148):
Embora a utilidade do conhecimento para fins escolares ou profissionais seja real, não se
pode esquecer que dominar uma língua estrangeira supõe conhecer, também e
principalmente, os valores e crenças presentes em diferentes grupos sociais, que certamente
entrarão em contato – um contato que tanto pode se dar harmonicamente como em forma
de atrito – com os próprios valores e crenças já em circulação no grupo social em que está
inserido o aprendiz, já que a língua, nesse caso a primeira língua, como mostra Revuz
(1998:217), muito antes de ser objeto de conhecimento, ‘(...) é o material fundador do
nosso psiquismo e da nossa vida relacional’. Por outro lado, ter consciência, entender e
aceitar esses valores e crenças presentes em diferentes grupos sociais, distintos dos nossos
em muitos aspectos, é imprescindível para que se efetive o que se vem chamando de
comunicação intercultural.
Considerações finais
Referências bibliográficas
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Paulo: USP, 2004. 192 p. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em
Educação, Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, São Paulo.
MINISTERIO DA EDUCAÇÃO. SECRETARIA DA EDUCAÇÃO BÁSICA.
Linguagens, códigos e suas tecnologias/ Secretaria da Educação Básica. – Brasília:
Ministério da Educação, Secretaria da Educação Básica, 2006. 239p. (Orientações
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PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO DA LICENCIATURA EM LETRAS. Dez
2005. Disponível em: <http:www. Prg.ufc.Br/cursos/letras/Novo-Projeto-
Pedagógico.pdf.> Acesso em: 07/11/2006.
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