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“Caminhámos para um choque de culturas ou para uma hibridação cultural?

Depois de ler da página 201 à 214 do livro “As chaves do século XXI”, a ideia principal que me ficou foi que
actualmente vivemos os mesmos fenómenos sociais que outras sociedades viveram nos tempos antigos. A
diferença está nos meios que hoje estão à nossa disposição e que ainda não existiam na altura, transformando
este num fenómeno à escala global.

Quando na era glaciar alguns povos asiáticos caminharam sobre gelo deixando marcas de ligação entre a
Ásia e a América iniciaram o processo de mundialização. A verdade é que na altura, ao ocuparem um habitat
desconhecido, colocaram à prova a sua própria cultura devido às diferenças ambientais que encontraram do
outro lado da ponte. Abandonaram a segurança do seu habitat natural e aprenderam a viver num habitat
diverso, colocando assim em causa a cultura adquirida até então.

Bem mais tarde, os portugueses deram uma nova dimensão a este fenómeno chamado mundialização. As
Descobertas iniciam-se e de Portugal saem pessoas para unir o mundo. Uns vão para África, outros para a
Ásia e outros ainda para as Américas. Todos levavam dentro de si a cultura portuguesa e todos se adaptaram
ao ambiente geográfico e cultural que encontraram. A adaptação não foi fácil, nem pacífica, nem mesmo
imediata.

Quando um povo, por muita certeza que tenha da sua cultura, se aventura rumo ao desconhecido, surgem
acontecimentos que colocam à prova tudo em que acreditam e assim surge a incerteza cultural que hoje
sentimos num mundo às voltas com o caminho que escolheu há muitos anos atrás.

“É quando atravesso uma crise de identidade que a minha identidade me parece ameaçada pelos grupos
étnicos minoritários.” (pág. 205 – As chaves do século XXI)

Aos portugueses dos descobrimentos surgiram essas mesmas incertezas, pois o habitat a que estavam
acostumados não lhes colocavam os desafios que este novo habitat lhes colocava. Assim, surge a primeira
etapa da mundialização – o choque de culturas díspares e, em alguns casos, antagónicas e consequente
imposição violenta de costumes.

O tempo, o conhecimento do território e o contacto com as estranhas raças que encontravam levaram à
segunda etapa da mundialização – o processo de mestiçagem ou misturas de raças ( “...o aspecto biológico
da mistura.” - pág. 209 – As chaves do século XXI). E assim, apareceram os mestiços africanos, asiáticos e
sul-americanos.

Esta maior proximidade das culturas e uma maior inter-acção levou a que, ao longo dos séculos, as etnias se
fossem mesclando e transformando numa só cultura multi-racial e rica em costumes e rituais, que tendo
origem em culturas díspares se complementam e respondem às necessidades provocados pelo meio ambiente
em que vivem. A esta etapa da mundialização dá-se o nome de hibridação.

Podemos distinguir “a hibridação que existe nos processos migratórios, a hibridação resultante de políticas
culturais diferenciadas e a hibridação facilitada pelo mercado da comunicação” (pág. 210 – As chaves do
século XXI).

Hoje, olhando para os países que tiveram a presença dos aventureiros portugueses, encontrámos diferenças e
semelhantes entre eles. Tudo devido ao processo de hibridação que aconteceu nesses mesmos territórios e
culturas.

Actualmente vivemos num mundo cada vez mais global, devido a invenções como o telefone, o avião, a
televisão e a internet. E assim, os choques culturais, as misturas de raças e a consequente hibridação ocorrem
agora em todos os cantos do mundo, quando antigamente aconteciam apenas nos países que recebiam povos
de outras paragens.

Hoje, com toda a informação disponível, com a facilidade com que se viaja de um lado para o outro e com a
procura constante de novas experiências, parece-me natural que o fenómeno reapareça. Mesmo assim,
parece-me também que continuará a ser um processo lento, violento e de grande crescimento humano.

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