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Trabalho de Campo

Antropológico

Fátima Fonseca
Estudante nº 43540
Trabalho de Campo Antropológico
Educação Socioprofissional 1º Ano
Vila Nova de Gaia, Julho de 2010

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Índice

Introdução .................................................................................. Pág. 3

Caracterização do meio .............................................................. Pág. 4

Rede Viária ....................................................................... Pág. 4

Transportes Públicos ......................................................... Pág. 4

Um pouco de história ........................................................ Pág. 5

Clima ................................................................................ Pág. 5

População ......................................................................... Pág. 6

Actividade Económica ....................................................... Pág. 9

Património Cultural ........................................................... Pág. 9

Património Edificado ......................................................... Pág. 9

Património não Edificado ................................................ Pág. 12

Caracterização da Instituição .................................................... Pág. 19

Finalidade e Objectivo ..................................................... Pág. 19

População-Alvo ............................................................... Pág. 19

Recursos Humanos .......................................................... Pág. 19

Recursos Físicos ............................................................. Pág. 20

Valências ........................................................................ Pág. 20

Protocolos e Parcerias .................................................... Pág. 21

Serviços Prestados ......................................................... Pág. 22

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Grupo de Voluntários ...................................................... Pág. 22

Caracterização do Grupo de Utentes do Centro de Dia e Serviço de


Apoio Domiciliário .................................................................. Pág. 23

Utentes por Género .......................................................... Pág. 23

Utentes por Idade ............................................................ Pág. 24

Utentes por Estado Civil ................................................. Pág. 25

Utentes por naturalidade ................................................. Pág. 26

Habilitações Literárias dos Utentes ................................. Pág. 27

Grau de dependência do Utentes ..................................... Pág. 28

Serviços prestados pela Instituição ................................. Pág. 30

Entrevistas Exploratórias ........................................................ Pág. 31

Considerações Finais .............................................................. Pág. 34

Anexos ................................................................................... Pág. 35

Bibliografia ............................................................................ Pág. 37

Sitografia ................................................................................ Pág. 38

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Introdução

Este trabalho surge no âmbito da Unidade Curricular de Trabalho de Campo


Antropológico do Curso Superior de Educação Socioprofissional na Escola
Superior de Educação Jean Piaget e visa recolher e apresentar informações sobre a
freguesia de Rio Meão e a Instituição Particular de Solidariedade Social da
freguesia, MACUR.

O artigo está dividido em quatro partes, sendo a primeira sobre ao caracterização


do meio envolvente do MACUR.

A segunda parte aborda o MACUR e sua respectiva caracterização, tendo um


complemento na terceira e quarta partes, onde se aborda a caracterização do grupo
de utentes do Centro de Dia e Serviço de Apoio Domiciliário e se apresenta
entrevistas exploratórias a utentes dos mesmos serviços, respectivamente.

Para finalizar, surgem as considerações finais sobre a investigação levada a cabo


para desenvolver este artigo.

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1. Caracterização do meio

1.1. Localização e território

A freguesia de Rio Meão é uma das 31 freguesias do concelho de Santa Maria da


Feira, parte integrante do distrito de Aveiro. A nível religioso pertence ao foro da
Diocese do Porto. Já a nível judicial, pertence à relação do Porto. No foro militar
pertence à 1ª região militar e ao 6º distrito.

A cerca de seis quilómetros da sede do concelho, numa área de 647 hectares,


vivem 4.674 pessoas repartidos pelos lugares de:

Alpossos, Barroca, Cardielos, Casais de Baixo, Casais de Cima, Figueiras,


Gamoal, Igreja, Mata, Monte do Outeiro, Outeiro, Pinheiro, Própria, Quintã,
Ribas, Sá e Santo António.

A freguesia de Rio Meão é delimitada pelas freguesias de S. João de Vêr, Santa


Maria de Lamas e Paços de Brandão, freguesias do concelho de Santa Maria da
Feira, e pela freguesia de Esmoriz, pertencente ao concelho de Ovar.

1.2. Rede viária

Rio Meão dispõe de uma rede viária com boas condições para os condutores e
peões. A Estrada Nacional 109 é a estrada principal da freguesia e é ladeada por
passeios, que permitem a deslocação de peões em segurança.

A EN 109 e o acesso directo à auto-estrada (A29 e A1) facilita as transacções


comerciais e permite a ligação rápida com outras freguesias do concelho de Santa
Maria da Feira e outros concelhos dentro do distrito de Aveiro e do Porto.

1.3. Transportes Públicos

Rio Meão dispõe de vários autocarros diários de ligação à cidade de Santa Maria
da Feira, Espinho, Porto, Aveiro e Lisboa.

Para além disso, dispõe de uma linha férrea que liga Aveiro, Águeda, Sernada do
Vouga, Oliveira de Azeméis e Espinho há mais de 100 anos designada por CP

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Linha do Vale do Vouga, vulgo Vouguinha.

1.4. Um pouco da História

A primeira referência escrita a Rio Meão remonta ao século VII (773) com a
designação de “Riuus Medianus”, pese embora esta não diga respeito à freguesia e
apenas ao rio que lhe deu o nome.

A freguesia é banhada a nascente e a sul por um pequeno rio (Rivus Medianus) que
corre entre Santa Maria da Feira e Paços de Brandão. Contudo, em 1220 já se
encontrava organizada como freguesia.

D. Sancho I doou esta freguesia à Ordem do Hospital, mais tarde conhecida por
Ordem da Cruz de Malta. Esta Ordem de carácter religioso-militar teve uma
enorme importãncia nas lutas da Reconquista, na reorganização e no povoamento
do território Português.

S. Tiago é o padroeiro da freguesia e aparece como S. Tiago de Rio Meão nos


antigos livros de registos paroquiais.

A freguesia foi elevada a vila em 20 de Maio de 1993, data festejada todos os anos
desde então.

1.5. Clima

O concelho de Santa Maria da Feira encontra-se na região norte de Portugal


Continental e, tal como todo o país, vê o seu clima ser regulado por esse agente
decisivo na determinação do clima das regiões e do país: o Atlântico.

Devido à sua proximidade com o mar, a cidade goza de um clima suave e húmido
no Inverno e relativamente quente de Verão. As amplitudes térmicas de Inverno
são de 5º - 18º e 16º - 32º de Verão.

No concelho de Santa Maria da Feira verifica-se uma faixa litoral em que a


humidade média anual é mais elevada, registando-se valores de 80 a 85% de
humidade do ar. Para o interior do concelho os valores descem para os 75 a 80%.
Esta diferença de valores médios anuais é justificada, na faixa oeste, pela

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proximidade do Oceano sob a influência de massas de ar muito húmidas.

A freguesia de Rio Meão encontra-se na zona mais litoral do concelho, estando


mais ou menos a um quilómetro em linha recta do mar. A freguesia tem vários
lençóis freáticos e minas naturais, tornando as suas terras férteis e potenciando a
prática agrícola.

1.6. População

O Rivomedianense é um povo de raízes essencialmente agrícolas, alimentadas por


«Regos» e pelo «Rio Meão», que lhe deu identidades onomástica. Regos e rio
outras tantas veias vitalizadoras da terra donde desde há séculos têm arrancado o
sustento quotidiano.

Povo humilde e acolhedor, desde as mais ancestrais origens foi construindo em


fraternidade a História comum numa só Terra de um só povo.

Embora a população Feirense seja, tradicionalmente, uma população de trabalho


nos sectores da indústria e da construção civil, os últimos anos têm vindo a ser
palco de algumas alterações neste aspecto.

A taxa de analfabetismo, embora bem abaixo da média nacional, regista ainda


valores acima da norma entre os municípios da Área Metropolitana do Porto.

População Residente segundo alfabetismo e sexo


Não sabe ler e escrever Sabe ler e escrever
Rel. Pop. Rel. Pop. Rel. Pop. Rel. Pop.
1991(nº) Total(%) 2001(nº) Total (%) 1991(nº) Total(%) 2001(nº) Total (%)
Continente 1671966 17,8 1459036 14,8 7703960 82,2 8410307 85,2
Norte 623096 17,9 543638 14,7 2849619 82,1 3143655 85,3
AMP 202570 14,2 188914 12,2 1228810 85,8 1363036 87,8
Entre Douro e Vouga 42733 16,9 38692 14,0 209637 83,1 238120 86,0
Arouca 5347 22,4 4328 17,9 18547 77,6 19899 82,1
Oliveira de Azeméis 10416 15,6 9375 13,3 56430 84,4 61346 86,7
São João da Madeira 2480 13,4 2466 11,7 15972 86,6 18636 88,3
Vale de Cambra 4720 19,2 3693 14,9 19817 80,8 21105 85,1
Santa Maria da Feira 19770 16,7 18830 13,8 98871 83,3 117134 86,2
Rio Meão 657 15,2 648 13,8 3667 84,8 4040 86,2
Fonte: O País em Números, edição 2006, INE

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Os esforços feitos na Educação possibilitaram um decréscimo assinalável deste
indicador, o que, aliado ao facto de cerca de 20% da população de Santa Maria da
Feira possuir habilitações literárias iguais ou superiores ao Ensino Secundário,
permite afirmar que os jovens de Santa Maria da Feira estão, cada vez mais,
munidos de bases para vingarem no competitivo mercado de trabalho.

A qualidade dos locais de prestação de cuidados de saúde tem evoluído


significativamente na freguesia de Rio Meão (serviços públicos e privados), factor
essencial para a qualidade de vida e bem-estar da população.

Uma das infra-estruturas mais importantes a nível de saúde da freguesia e


concelho de Santa Maria da Feira é o Hospital S. Sebastião, de carácter regional,
que para além de servir a população do Concelho de Santa Maria da Feira serve
também a população residente na área de Aveiro-Norte.

Com uma população que atinge 135 964 indivíduos, Santa Maria da Feira é, no
contexto da Área Metropolitana do Porto (AMP), um dos mais dinâmicos
municípios em termos demográficos. Dos 1570817 (2004) habitantes da AMP, 9%
são Feirenses e este dado é tão ou mais importante se se sublinhar que, se 1991
para 2001, a população do concelho registou um crescimento na ordem dos 15% -
uma das mais fortes dinâmicas de crescimento em toda a AMP.

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Emprego em Rio Meão

pop. residente que trabalha no concelho de residencia 2001 2003


pop. residente que estuda no concelho de residencia 615
pop. empregada sector primário, 1991 18
pop. empregada sector primário, 2001 7
pop. empregada sector secundário, 1991 1633
pop. empregada sector secundário, 2001 1635
pop. empregada sector terciário, 1991 486
pop. empregada sector terciário, 2001 805
pop. pensionistas ou reformados 1991 633
pop. pensionistas ou reformados 2001 597
pop. residente empregada 1991 2137
pop. residente empregada 2001 2447
pop. residente desempregado procura 1º emprego 1991 11
pop. residente desempregado procura 1º emprego 2001 16
pop. residente desempregado procura novo emprego 1991 67
pop. residente desempregado procura novo emprego 2001 64
pop. residente sem actividade económica 1991 2109
pop. residente sem actividade económica 2001 2161
Fonte: Censos 2001 INE
Com uma densidade populacional na ordem dos 660 hab/km2, Santa Maria da
Feira está longe da média da AMP, não havendo ainda no concelho o nível de
saturação habitacional registado em outros municípios da AMP. Com a
modernização do país e a consequente alteração dos hábitos de vida dos
portugueses, a natalidade em Portugal tem vindo a decrescer bastante nas últimas
décadas. Embora não fuja a essa regra, Santa Maria da Feira apresenta, contudo,
valores de natalidade superiores à taxa nacional e à maioria dos municípios da
AMP. No que concerne à taxa de mortalidade, os dados comprovam que Santa
Maria da Feira é um concelho de dianteira deste indicador. Um número bem
inferior aos valores nacionais, e que permite afirmar que os investimentos
efectuados na área da Saúde têm tido resultados bem positivos.

Sabendo-se que a população portuguesa tem envelhecido ao longo das últimas


décadas, Santa Maria da Feira parece querer inverter essa tendência. De facto, este
é um dos municípios que, em toda a AMP, apresenta maiores percentagens de
população jovem (0 aos 24 anos).

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População Residente

0 a 4 anos 5 a 9 anos 10 a 13 anos 14 a 19 20 a 64 mais de 65


nome freguesia 1991 2001 1991 2001 1991 2001 1991 2001 1991 2001 1991 2001
riomeão 288 272 305 255 280 245 456 382 2650 3043 345 491
Fonte: Censos 2001 INE

1.7. Actividade Económica

Na freguesia de Rio Meão fervilham o comércio e a indústria, assegurando assim a


vida próspera e confortável, sem anular de todo a terra agrícola.

As principais actividades da freguesia são: construção, mecânica, indústria


metalúrgica, corticeira, de calçado e de papel.

A freguesia encontra-se inserida num meio rural que sofreu grandes mudanças com
a chegada de muitas gentes de muitas procedências, que encontraram nos nativos
um amigo e com ele formaram comunidade, uma só família, na mais perfeita
harmonia.

Actualmente esta vila tem uma boa zona industrial onde predominam as indústrias
de ferragens, cortiça, calçado, entre outras.

As consequências deste desenvolvimento industrial foram o crescimento da


população e o acréscimo dos estabelecimentos comerciais e serviços.

1.8. Património Cultural

1.8.1. Património Edificado

Não se pode dizer que seja vasto o património edificado, reduzido quase ao
religioso, como abaixo se refere.

Igreja Românico/Gótica de S. Tiago de Rio Meão

A Igreja matriz de Rio Meão é dedicada a S. Tiago, padroeiro da paróquia. Por


isso, esta igreja é o centro das festividades que todos os anos decorrem no fim-de-

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semana mais próximo do dia 25 de Julho, festa litúrgica do Apóstolo.

É provável também que a dedicação da igreja de Rio Meão a S. Tiago se prenda


com o facto de aqui ter passado um dos “Caminhos de Santiago”, ao longo dos
quais muitas ermidas se construíram como pontos de apoio aos peregrinos que
rumavam até Compostela. Ora, sabemos que a actual igreja matriz foi construída
sobre as ruínas de templo mais modesto e antigo, que bem podia ter sido uma
dessas ermidas das rotas jacobeias.

Assim, dessa época chegou até nós, como Igreja matriz de Rio Meão, um modesto
templo românico-gótico, com alguns acrescentos barrocos que, contudo, não
alteraram a simplicidade rural da construção primitiva. Datando provavelmente do
século XIII ou XIV, para a sua edificação terão sido decisivas generosas doações
que, em 1239, D. Teresa, filha bastarda de D. Afonso III, fez à Ordem de Malta nas
Terras da Feira. Sob jurisdição dessa Ordem estavam então a igreja e as terras de
Rio Meão.

O corpo austero do templo, de planta rectangular e de uma só nave, é de carácter


românico. Porém, mostram já a influência gótica os arcos ogivais, simples sobre as
portas laterais e duplo sobre a porta central. Em qualquer dos casos, o gótico é
aqui muito incipiente e os arcos não apresentam impostas ou qualquer tipo de
ornamentação. Toda a parte superior à linha das portas apresenta sinais de
posteriores intervenções.

Para além do valor religioso e afectivo para os seus paroquianos, o que acabamos
de descrever é o mais antigo monumento religioso do concelho de Santa Maria da
Feira e único testemunho arquitectónico das origens medievais da freguesia de Rio
Meão.

Igreja Paroquial de S. Tiago de Rio Meão

...700 anos separam o antigo do moderno.

De construção recente, a história e a localização da Igreja Paroquial de Rio Meão


situam-na no prolongamento da igreja românico-gótica local, substituindo-se
frequentemente a ela, mas em nada lhe retirando a centralidade, enquanto igreja

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matriz, que continua a dominar, no espaço e no tempo, o conjunto arquitectónico
formado por ambos os templos.

De facto, a moderna Igreja Paroquial foi erigida como resposta às necessidades de


um crescente número de fiéis, que as reduzidas dimensões da igreja medieval não
permitiam já acolher em condições condignas e propícias à oração.

Assim, a 18 de Maio de 1997, D. Manuel Pelino, bispo auxiliar do Porto, veio à


paróquia benzer e, simbolicamente, lançar a primeira pedra para a construção do
novo templo, que de imediato começou a erguer-se.

Três anos depois, estava a obra concluída e, a nove de Dezembro de 2000, a


comunidade recebia festivamente o bispo do Porto D. Armindo Lopes Coelho, que
havia de inaugurar e solenemente sagrar a nova Igreja Paroquial.

Implantada do lado nascente e perpendicularmente à cabeceira do templo


medieval, a escassos metros dele, a nova Igreja Paroquial estende-se então de
Norte para Sul. Na sua estrutura quase quadrangular domina a austeridade do
betão armado, entrecortado pela transparência de alguns painéis de vidro liso.

Capelas e Oratórios

Rio Meão teve ao longo dos tempos várias capelas e outros tantos oratórios, visto
ser uma freguesia muito ligada à Igreja Católica e aos seguidores de S. Tiago.

Entre estes estão as capelas de S. Geraldo, do Mourão e capela pública dos Casais
de Baixo; o oratório da Quinta da Paredinha; as alminhas; os cruzeiros; os marcos
da Ordem da Cruz de Malta; as mamoas; os morteiros e o marco de homenagem
aos heróis de 1640.

A par das Igrejas de S. Tiago, a Capela de S. António é um dos monumentos


religiosos mais importantes da freguesia, ainda hoje em plena utilização.

"A capela de Santo António guarda, na cantaria do lintel da porta principal, o


testemunho, gravado para os vindouros, de que “esta ermida ss fez coesmolas de
devotos 1640 ”.

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Assim, a construção e dedicação da capela, bem como o nome do próprio lugar
onde a mesma se encontra, Santo António, parecem provar a existência em Rio
Meão de uma antiga e particular devoção dos fiéis a este Santo, que já no altar-
mor da igreja matriz aparece em destaque, ao lado do orago da paróquia.

Por isso, a capela de Santo António é o centro das festividades com que
anualmente, no mês de Junho, se honra este grande santo português. Após um
tríduo de oração nos dias 10, 11 e 12, culminam os festejos a 13 de Junho, dia da
festa litúrgica do Santo, com celebração da eucaristia e realização de procissão, a
que se segue alegre convívio em ambiente de arraial popular.

A capela de Santo António que hoje podemos ver não é o primitivo edifício,
construído logo após a libertação do jugo castelhano em 1 de Dezembro de 1640.
Provavelmente, foi a gratidão dos fiéis ao Santo, pelo sucesso do movimento da
restauração da independência nacional e pela consequente ascensão de D. João IV
ao trono, que motivou a construção do templo. Nessa época, terá sido erguida uma
simples ermida, de uma só nave central e rectangular, estendendo-se de Oriente
para Poente, e com galilés laterais, a norte e a sul.

1.8.2. Património Não Edificado

Lendas

Em Rio Meão a lenda mais falada pelos mais velhos é a do Zé do Telhado,


alcunha de José Teixeira da Silva. Nascido a 22 de Junho de 1818 na Aldeia de
Castelões, comarca de Penafiel, filho de um capitão de ladrões e no seio de uma
família onde extorquir o alheio era actividade de raízes fundadas.

Foi um famoso salteador Português do século dezanove e era chefe da quadrilha


mais famosa do Marão. Juntos levaram a cabo um grande número de assaltos em
todo o norte de Portugal entre 1842 e 1859. É conhecido por "roubar aos ricos para
dar aos pobres" e por isso muitos consideram-no como o Robin Hood português.

No dia 3 de Fevereiro de 1845 casou-se com a sua prima Anna Lentina de Campos.
Zé do Telhado foi apanhado pelas autoridades em 31 de Março de 1859 quando

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tentava fugir para o Brasil, e preso na Cadeia da Relação , onde conhece Camilo
Castelo Branco. Em 27 de Abril de 1861 foi condenado ao degredo em África.
Viveu em Malange, fez-se negociante de borracha, cera e marfim, casando-se com
uma angolana, Conceição, de quem teve três filhos. Em 1875 morreu de varíola.

O diabo em figura de gente

Havia um senhor Francisco do Lugar de Campos da Vila da Feira casado em


Alpoços com uma pequena que ficara órfã de pai, filho do Sr Caixeiro da Própria.
Francisco era um famoso cantador e improvisador de cantigas ao desafio. Uma
noite já alta vinha ele de um desafio e numa encruzilhada de caminhos apareceu-
lhe um cavaleiro a convidaá-lo a cantar com ele. Ainda que de cabelos em pé, a
pele em carne de galinha e a espinha em calafrios, aceita o repto da figura, mas
cheirava-lhe a coisa a esturro. Apesar disso, destemido, e armado em valentão
aguenta. Em todos os arremates das suas cantigas o cavaleiro mistirioso :” Ó
cavalo tu és meu.”.

Francisco repara que as pernas do cavaleiro terminavam em coto, arrepiado por


toda a espinha pressente estar diante do diabo e diz:

“ Eu quando saio de casa,

faço sempre o sinal da cruz.

Arrenego-te diabo,

credo Santo Nome de Jesus.”

Fez-se grande e barulhenta restolhada e o cavaleiro desapareceu.

A Lenda da Fiúza

Na linha sucessória dos herdeiros da Casa e Quinta da Fiúzia, ou de Santo


António, houve em tempos uma moça, conta-se, que recebera a casa com suas
terras na condição de não casar, pelo menos sem o concentimento dos projenitores
e com quem fosse do agregado deles. A jovem ter-se-á enamorado de alguém com
o qual o irmão, órfão também, não simpatiza. Este irmão fundando-se nessa

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cláusula intensa acção em tribunal impugnando a legitimidade de posse por parte
da irmã. Esta terá perdido a acção, é despossada da Fiúza, fica tão pobre e
desgostosa que morre pouco tempo depois. Diz a lenda que tem aparecido por ali
pelos cantos da casa e em partes da quinta uma espécie do vulto branco, esguio e
leve. Interpretam as gentes que será alma de defunta senhora cumprindo seu
destino até que de novo seja sua a propriedade de que pelo menos fora
injustamente esbulhada.

Gastronomia

Rio Meão não é conhecido pela sua gastronomia, tendo nas enguias o prato mais
procurado dentro da sua freguesia.

Festas Religiosas

Rio Meão é uma freguesia muito dedicada à religião. Nesse sentido são muitas as
procissões realizadas na freguesia de ano para ano. Desde 1718 no terceiro
domingo da Quaresma realiza-se em Rio Meão a Procissão do Senhor dos Passos.
Já no domingo de Ramos é realizada a Procissão de Ramos junto à Capela de
Santo António. A Procissão do Senhor Morto é realizada a cada Sexta-Feira Santa.

A 13 de junho é realizada a Procissão de Santo António e a 25 de Julho a Procissão


de S. Tiago, padroeiro da paróquia.

1.9. Instituições Culturais e Recreativas

Há, nesta freguesia, algumas instituições culturais e recreativas:

Associação Columbófila de Rio Meão;

Clube Ornitológico de Rio Meão;

Conferência S. Vicente de Paulo;

Juventude Atlética de Rio Meão;

Grupo de Danças e Cantares Tradicionais;

Rancho Folclórico e Etnográfico das Terras de Santa Maria;

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Rancho Folclórico, Recreativo e Cultural “As Florinhas de Rio Meão”

Existem, ainda, três escolas do 1º Ciclo, três jardins de infância e uma Instituição
de solidariedade social sem fins lucrativos (M.A.C.U.R.).

1.10. Instituições Educativas e Sociais

Centro Infantil

Iniciado em 1987 com creche e jardim de infância, o Centro Infantil de Rio Meão
é uma das valências do Movimento de Assistência, Cultura, Urbanismo e Recreio,
vulgo MACUR. Acolhe crianças desde os quatro meses até aos 12 anos.

Actualmente tem

Escola dos Mortais

A EB1 Outeiro, Rio Meão, faz parte do Agrupamento de Escolas de Paços de


Brandão e fica inserida na freguesia de Rio Meão.

A EB1 Outeiro, cujo edifício é tipo "Plano Centenário", é composta por seis salas
de aula, uma das quais destinada ao ensino pré-escolar, sete casas de banho para
alunos duas para professores e auxiliares de acção educativa e um pequeno recinto
coberto.

A comunidade educativa é composta por 96 alunos, 6 professores e 2 auxiliares de


acção educativa.

A Escola Básica do 1ª Ciclo de Outeiro nº 2, de Rio Meão faz parte do


Agrupamento de Escolas de Paços de Brandão.

O edifício da nossa Escola é do tipo Plano Centenário. Dentro do edifício escolar


existe uma sala destinada ao ensino Pré- Escolar. O edifício escolar é composto
por 6 salas de aula¸7 casas de banho para os alunos e 2 para professoras e
auxiliares da acção educativa; recinto pequeno coberto; casa da caldeira .

A maioria dos pais dos alunos desta escola é operária e possui habitações
académicas ao nível do 1º Ciclo do Ensino Básico. Há também alguns pais

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industriais, pequenos e médios comerciantes.

Existe alguma agricultura de subsistência a que alguns pais se dedicam.

O nível sócio-económico da maioria da população é considerado médio/baixo.

Alguns alunos após as aulas ficam entregues a avós e amas, outros em número
bastante significativo frequentam o A.T L e muito poucos ficam entregues a si
próprios. A carga horária dos pais é rígida e prolongada. Há , nesta freguesia,
algumas instituições culturais e recreativas: três ranchos folclóricos, a divisão
“Culturas e Recreio do M A C U R-uma instituição de Solidariedade Social com
fins não lucrativos, um grupo columbófilo e a J.A.R. (Juventude Atlética de Rio
Meão).

Escola de Santo António

A Escola de Santo António EB1, cujo edifício foi construído em 1993 e


reconstruído em 2002, é composta por cinco salas de aula, uma biblioteca, uma
sala de reuniões, um gabinete de professores, um refeitório com copa de apoio,
oito casas de banho para os alunos, uma para professores e auxiliares e uma casa
da caldeira e da lenha.

Dispõe ainda de uma ampla zona exterior e de um campo de jogos com piso
sintético. Dentro do mesmo recinto escolar, existe um outro edifício destinado ao
Ensino Pré-Escolar.

O Jardim de Infância com alunos dos 3 aos 5 anos, distribuídos por duas salas,
realiza várias actividades. As crianças aprendem “muitos saberes” através das
brincadeiras que as educadoras promovem.

O projecto da Biblioteca Escolar foi planeado em conjunto pela Escola EB1 de


Santo António e o Jardim de Infância, sendo utilizada pelos alunos dos dois
centros.

A biblioteca faz parte da Rede Nacional de Bibliotecas Escolares desde 1 de Junho


de 2002, estando uma professora destacada para a Coordenação, Gestão e
Animação da mesma. A biblioteca é o local onde se desenvolvem imensos

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trabalhos de interacção com as aulas, além de se poder requisitar livros para levar
para casa.

É um espaço educativo muito interessante e agradável onde se pode aumentar


conhecimentos através dos diversos recursos literários e multimédia que se
encontram ao dispor de alunos e professores.

Centro de Formação Profissional de Rio Meão

O Centro de Formação Profissional de Rio Meão, situado no concelho de Santa


Maria da Feira, iniciou a sua actividade em 1970, sendo um dos pioneiros de uma
rede de polivalentes e modernos Centros de Formação Profissional dependentes da
Delegação Regional do Norte do Instituto do Emprego e Formação Profissional.

O Centro de Formação Profissional de Rio Meão tem vindo a desenvolver a sua


actividade formativa a vários níveis, desde a formação de jovens em regime de
Alternância (Sistema de Aprendizagem) e de dupla certificação (Educação –
Formação), de adultos nas vertentes de Qualificação Profissional, Formação
Contínua e Formação de Formadores, proporcionando aos seus utentes uma
formação que lhes permita uma mais fácil inserção/reinserção no mercado de
emprego, assim como o seu desenvolvimento pessoal e social.

Como consequência desta actividade, o Centro de Formação Profissional de Rio


Meão tem sido parceiro activo na dinamização do desenvolvimento local e
regional, quer a nível económico quer social, pretendendo adequar cada vez mais o
serviço prestado à região no que concerne às necessidades reais e concretas em
matéria de recursos humanos.

A crescente procura dos cursos de formação profissional oferecidos por este


Centro, levou à ampliação das suas instalações com um Bloco Pedagógico e muito
recentemente com um bloco Social e Administrativo.

Importa igualmente salientar a dimensão da abertura assumida por este Centro,


nomeadamente ao nível de aproximação às populações e às suas necessidades de
que é reflexo a realização de diversas acções no exterior.

18
1.11. Serviços

Correios de Portugal, S.A.

Junta de Freguesia de Rio Meão

Farmácia Santo António

Residencial Central

Auto-Viação Espinho, Lda

União de Transportes dos Carvalhos

Caminhos Ferroviários de Portugal – CP

Unidade de Saúde Familiar – Extensão de Rio Meão

Sindicato dos Metalúrgicos da Zona Norte

Associação dos Alcoólicos Recuperados

Policlínica Santo António Rio Meão

S. Tiago Medical Center

Clínica Fisio-desportiva

19
2. Caracterização da Instituição

O “Movimento de Assistência, Cultura, Urbanismo e Recreio”, abreviadamente


designado por “MACUR”, é uma associação particular de solidariedade social,
sem fins lucrativos, que se propõe exercer na freguesia de Rio Meão, uma acção de
promoção e valorização no campo da assistência, da cultura, do urbanismo e do
recreio.

A Instituição foi constituída por escritura no dia cinco de janeiro de 1979 e a sua
sede situa-se na Rua das Escolas, no Centro Infantil da Instituição, próximo do
largo de Santo António.

2.1. Finalidade e objectivo

A instituição MACUR tem como finalidade ter uma expressão organizada do dever
da solidariedade e de justiça entre os indivíduos. No âmbito dos seus objectivos
incluem-se a promoção da população da freguesia onde tem a sua sede, o apoio a
crianças e jovens e a protecção dos cidadãos na velhice e na invalidez.

2.2. População-alvo

O MACUR (Movimento de Assistência, Cultura, Urbanismo e Recreio) tem uma


intervenção social junto da população idosa, das crianças e de pessoas que não
tenham capacidade de autonomia no dia-a-dia e que residam na freguesia e
arredores.

2.3. Recursos Humanos

O MACUR possui como recursos humanos:

- 7 auxiliares de acção educativa

- 4 educadoras de infância

- 3 administrativas

- 2 directoras técnicas

- 2 cozinheiras

20
- 2 auxiliares de cozinha

- 3 motoristas

- 8 auxiliares de serviços gerais

- 5 auxiliares de acção directa

- 2 colaboradoras em regime de Contrato de Emprego-Inserção.

2.4. Recursos Físicos

O Macur tem como recursos físicos:

1 quinta, onde estão as instalações do Centro Infantil

1 terreno, onde estão as instalações do Centro de Dia e ATL

1 autocarro de 32 lugares

1 carrinha de passageiros de 17 lugares

2 carrinhas de transporte de passageiros de 9 lugares

2 carrinhas de mercadorias

1 carrinha de passageiros de 5 lugares

2.5. Valências

As valências da instituição MACUR são:

- Creche

- Pré-escolar

- Centro De Actividades de Tempos Livres (C.A.T.L.)

- Centro de Dia

- Serviço de Apoio Domiciliário

21
2.6. Protocolos e Parcerias

O MACUR trabalha de forma abrangente e integrada, complementando a sua


actividade através das parcerias formais e informais estabelecidas.

O MACUR é parceiro no CLAS (Conselho Local da Acção Social) ao nível da rede


social.

O trabalho em parceria estende-se a outros parceiros informais nomeadamente às


diversas IPSS do concelho, Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, Junta de
Freguesia de Rio Meão e Unidade de Saúde Familiar – Extensão de Rio Meão.

O MACUR vem estabelecendo um protocolo de cooperação com a Câmara


Municipal de Santa Maria da Feira ao colaborar no Programa de Expansão das
EB1, prestando serviços de alimentação aos alunos das Escolas do Primeiro Ciclo
do EB de Rio Meão. Colabora também num outro protocolo de promoção da
prática do exercício físico na terceira idade, garantindo a presença de um professor
na Instituição duas vezes por semana.

O MACUR tem trabalhado directamente com o Instituto de Emprego e Formação


Profissional de São João da Madeira através de candidaturas a programas
ocupacionais para desempregados (Contrato de Emprego-Inserção).

Outros protocolos foram estabelecidos com instituições de ensino, nomeadamente


com a Universidade Portucalense, a Universidade Moderna, Colégio Liceal de
Santa Maria de Lamas e Centro de Formação Profissional de Rio Meão, para a
realização de estágios curriculares no MACUR.

A sinergia sempre existente entre o MACUR e a comunidade envolvente está na


base do crescimento e desenvolvimento desta instituição. Prova disso é a forma
articulada como discutimos, decidimos e intervimos junto da nossa população em
parceria com a Paróquia, a Conferência S. Vicente de Paulo, os Ranchos
Folclóricos, a Farmácia de Santo António e a Policlínica Santo António Rio Meão.

Há ainda grande proximidade e comunicação com a Técnica Superior de Serviço


Social local.

22
2.7. Serviços Prestados

A instituição MACUR , nas valências de Centro de Dia e Serviço de Apoio


Domiciliário,presta serviços de:

- Cuidados de higiene, imagem e de conforto pessoal

- Manutenção de arrumos e limpeza da habitação

- Confecção, transporte e distribuição de refeições

- Tratamentos de roupas

- Disponibilização de informação facilitadora do acesso e serviços


existentes na comunidade adequados às necessidades dos seus utentes

- Assegurar o acompanhamento nas deslocações dos utentes ao exterior


(comunidade)

- Ajudar na aquisição de bens e serviços

- Controlo da tensão arterial e glicémia

- Acompanhamento em exames auxiliares de diagnóstico e consultas, que


permitam uma melhor segurança e conforto ao utente.

2.8. Grupo Voluntário

O MACUR é uma instituição particular de solidariedade social, que conta com a


colaboração voluntária de 22 elementos ao nível da direcção e serviço de animação
e lazer, como a baixo designado:

- Assembleia Geral

- Direcção

- Conselho Fiscal

- Centro de Dia

- Centro Infantil

23
3. Caracterização do grupo de utentes do Centro de Dia e Serviço de

Apoio Domiciliário

O grupo de utentes que contratou os Serviços de Apoio Domiciliário (SAD) e


Centro de Dia (CD) do MACUR é constituído na sua totalidade por 59 utentes. De
seguida são apresentadas as principais características do mesmo.

3.1. Utentes por Género

Gráfico 1
Utentes por género
80%

70%

60%

50% Masculino
Feminino
40%

30%

20%

10%

0%
SAD CD

Fonte: MACUR: processo individual dos utentes.

No que se refere ao género dos utentes, e após a análise do gráfico, constata-se


que são maioritariamente do sexo feminino (65% de mulheres para 35% de homens
no SAD e 67% de mulheres para 33% no CD).

24
3.2. Utentes por Idade

Gráfico 2
Utentes por idade CD
50%
45%
40%
35%
30% Masculino
Feminino
25%
20%
15%
10%
5%
0%
40-50 50-60 60-70 70-80 80-90 90-100

Fonte: MACUR: processo individual dos utentes.

Através do gráfico 2 verifica-se que a faixa etária mais representativa dos utentes
do CD encontra-se na categoria entre os 70 e os 80 anos em ambos os géneros
(45% para os dois). As faixas etárias menos representativas são entre os 40 e os 50
anos para as mulheres (0%) e entre os 90 e os 100 anos para os homens (0%).

Gráfico 3
Utentes por idade SAD
70%

60%

50%
Masculino
40%
Feminino
30%

20%

10%

0%
30-40 40-50 50-60 60-70 70-80 80-90 90-100

Fonte: MACUR: processo individual dos utentes.

Através do gráfico 3 verifica-se que a faixa etária mais representativa dos utentes

25
do CD encontra-se na categoria entre os 80 e os 90 anos em ambos os géneros
(56% para os homens e 65% para as mulheres). As faixas etárias menos
representativas são entre os 30 e os 40, 40 e os 50, 50 e os 60 e 60 e os 70 anos
para as mulheres (0%) e entre os 70 e os 80 e os 90 e os 100 anos para os homens
(0%).

3.3. Utentes por Estado Civil

Gráfico 4
Utentes por estado civil CD
60%

50%

40%
Masculino
Feminino
30%

20%

10%

0%
Solteiro Casado Viúvo Divorciado Separado União de facto

Fonte: MACUR: processo individual dos utentes.

Da análise do gráfico 4, referente ao estado civil dos utentes do Centro de Dia,


verifica-se que na sua maioria os homens são casados (55%), viúvos (27%),
separados e solteiros (9%). No caso das mulheres são maioritariamente viúvas
(55%), casadas (23%), divorciadas (14%) e solteiras (9%).

26
Gráfico 5
Utentes por estado civil SAD
50%
45%
40%
35%
30% Masculino
Feminino
25%
20%
15%
10%
5%
0%
Solteiro Casado Viúvo Divorciado Separado União de facto

Fonte: MACUR: processo individual dos utentes.

Da análise do gráfico 5, referente ao estado civil dos utentes do Serviço de Apoio


Domiciliário, verifica-se que na sua maioria os homens são casados e solteiros
(44%) e viúvos (11%). No caso das mulheres são maioritariamente casadas (41%),
viúvas (35%) e solteiras (24%).

3.4. Utentes por Naturalidade

Gráfico 6
Utentes por naturalidade CD
100%
90%
80% Masculino
70% Feminino
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
Rio Meão P.Brandão S.Oleiros S.J.Vêr Esmoriz SMLamas

Fonte: MACUR: processo individual dos utentes.

A análise do gráfico 6, referente à naturalidade dos utentes do Centro de Dia,


permite verificar que 91% das mulheres e 82% dos homens são naturais da

27
freguesia de Rio Meão, seguido de 9% dos homens de Paços de Brandão e 9% das
mulheres de Esmoriz e Santa Maria de Lamas.

Gráfico 7
Utentes por naturalidade SAD
80%

70%
Masculino
60% Feminino
50%

40%

30%

20%

10%

0%
Rio Meão P.Brandão S.Oleiros S.J.Vêr Esmoriz SMLamas

Fonte: MACUR: processo individual dos utentes.

Já através do gráfico 7, referente à naturalidade dos utentes do Serviço de Apoio


Domiciliário, constata-se que 65% das mulheres e 67% dos homens são naturais da
freguesia de Rio Meão, seguido de 11% dos homens de Paços de Brandão e S. João
de Vêr e 12% das mulheres de Paços de Brandão. No caso das mulheres verifica-se
também 6% naturais de Sampaio de Oleiros, S. João de Vêr e Esmoriz.

3.5. Habilitações Literárias dos Utentes

28
Gráfico 8
Habilitações Literárias dos utentes CD
90%
80%
70%
60%
Masculino
50% Feminino
40%
30%
20%
10%
0%
S/ instrução 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo

Fonte: MACUR: processo individual dos utentes.

Com a análise do gráfico 8, referente às habilitações literárias dos utentes do


Centro de Dia, verifica-se uma maior escolarização dos homens (82% para 32% no
feminino). No caso de utentes sem instrução escolar, as mulheres surgem com mais
força (68% para 18% no masculino).

Gráfico 9
Habilitações Literárias dos utentes SAD
80%

70%

60%

50% Masculino
Feminino
40%

30%

20%

10%

0%
S/ instrução 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo

Fonte: MACUR: processo individual dos utentes.

Também através do gráfico 9, referente às habilitações literárias dos utentes do


Serviço de Apoio Domiciliário, a diferença entre homens e mulheres mantém-se.
(71% das mulheres sem instrução para 22% dos homens e 67% dos homens com o
1º ciclo para 29% das mulheres).

29
3.6. Grau de dependência dos Utentes

Gráfico 10
Utentes por grau de dependência CD
50%
45%
40%
35%
30% Masculino
Feminino
25%
20%
15%
10%
5%
0%
Nulo Ligeiro Moderado Severo Muito severo Não sabe Não responde

Fonte: MACUR: processo individual dos utentes.

Com a análise do gráfico 10, o qual se refere ao grau de dependência dos utentes
do Centro de Dia, constata-se que 45% das mulheres não sofrem de qualquer
dependência, 27% têm uma dependência ligeira, 18% moderada e 9% sofrem de
dependência severa. Já 36% dos homens sofrem de dependência moderada, 27%
com dependência nula e ligeira e 9% severa.

Gráfico 11
Utentes por grau de dependência SAD
90%
80%
70%
60%
Masculino
50% Feminino
40%
30%
20%
10%
0%
Nulo Ligeiro Moderado Severo Muito severo Não sabe Não responde

Fonte: MACUR: processo individual dos utentes.

O gráfico 11, o qual se refere ao grau de dependência dos utentes do Serviço de

30
Apoio Domiciliário, reflete que 59% das mulheres sofrem de uma dependência
severa, 24% muito severa e 18% moderada. Os homens apresentam uma maior
preponderância na dependência ligeira (78%), seguindo-se a dependência
moderada (22%).

3.7. Serviços prestados pela Instituição

Gráfico 12
Serviços prestados a utentes
120%

100%

80%
CD
SAD
60%

40%

20%

0%
Tratamento de Roupa Refeições Higiene Habitacional Enfermagem Higiene Pessoal Outros

Fonte: MACUR: processo individual dos utentes.

No que respeita aos serviços prestados aos utentes, como apresentado no gráfico
12, verifica-se que a categoria dos serviços de enfermagem apresenta 100% de
utilização nas duas valências (CD e SAD), sendo apenas igualado pelas refeições
para os utentes do Centro de Dia. De seguida surge a higiene habitacional para os
utentes do Serviço de Apoio Domiciliário (77%) e a higiene pessoal para as duas
valências (61% para CD e 62% para a SAD).

A categoria de outros refere-se a pedidos de medicação, marcação de consultas,


acompanhamento ao médico e a exames, pagamento de luz e telefone, tendo
percentagem de 1%.

31
4. Entrevistas Exploratórias

Senhora Dorinda Dias Pinto, reside no lugar da Quinta, Rio Meão e tem 79 anos.

Viúva há mais de 25 anos,teve 8 filhos, 4 rapazes e 4 raparigas, das quais duas


estão emigradas no Lexamburgo. Os restantes filhos residem na freguesia de Rio
Meão.

Soube da existência do centro de dia aquando do seu inicio de actividade(1999),


através da visita domiciliária feita pela directora tecnica no sentido de sensibilizar
e informar a população sénior dos serviços prestados.

Sentindo-se ainda capaz de fazer as suas lidas diárias, optou pelo centro de
convívio. Recorre também à instituição para resolver assuntos relativos ao pedido
de medicação, marcação de consultas, acompanhamento ao médico e a exames,
pagamento de luz e telefone. Vê na instituição uma forma de combater a solidão.”
Só não vou mais vezes porque tenho que cuidar do quintal e das minhas
galinhas!”, afirma a Senhora Dorinda. As actividades que mais interesse lhe
desperta no centro de convívio são as aulas de música e dança, as conversas,
bastante animadas, que mantém com os restantes utentes, as olímpiadas séniors e
as matinés dançantes.

23 de Junho de 2010

Senhora Olindina Ferreira Carvalho, reside na freguesia de Rio Meão e tem 74


anos.

É viúva há 10 anos, tem uma filha com quem vive mais o genro e o neto.

A filha recorreu ao centro de dia para este prestar serviço de higiene e imagem
após uma intervenção cirurgica da mãe. A senhora Olindina recoperou na integra o
seu estado de saúde, mas, mantém o apoio domiciliário pelos laços de afecto que
criou com os colaboradores do Macur e “porque a minha filha não deixa!” diz a
senhora Olindina com um sorriso maroto.

32
Mantém uma vida activa com as devidas limitações da idade. Gosta de cozinhar,
fazer renda, conviver com vizinhos e amigos, participar nas festas temáticas do
Macur e ir ao café.

23 de Junho de 2010

Senhor Joaquim Ferreira Silva, tem 85 anos e mora no lugar da Própria, freguesia
de S. João de Ver. Recebe serviço do apoio domiciliário do Macur desde 2005.
Começou a fazer parte do grupo de utentes devido à doença da sua esposa, a qual
precisava de cuidados de higiene e imagem. Posto isto recorreu, também, ao
fornecimento das refeições, assumindo:”ter mais jeito para comer do que para
cozinhar!”

Do casamento nasceram 3 filhos, 2 rapazes e 1 rapariga. Vivem sozinhos, mas de


segunda a sexta-feira um filho almoça com eles, “traz a sua marmita, uma vez que
trabalha aqui perto e mora longe!”Adianta o Senhor Joaquim.

À quarta-feira, a filha faz companhia a mãe e faz a limpeza a casa. ” È o meu dia
de folga!” Assume o Senhor Joaquim que aproveita esse dia para resolver assuntos
pendentes e conviver com os amigos de longa data. Uma vez que não deixa a sua
esposa, em casa, sozinha. Ocupa os seus dias a fazer companhia e a cuidar da
esposa e da casa. Nos seus tempos livres e de lazer gosta de lêr, escrever, ouvir
música e discutir assuntos da actualidade. Hábito que criou devido à sua profissão,
jornalista de imprensa, que exercía em vários jornais locais.

23 de Junho de 2010

Senhor Mário Augusto Rebelo e Senhora Angelina Teixeira Azevedo, de 72 e 77


anos respectivamente, são um casal que vive só.

Deste casamento nasceram três filhos, um dos quais institucionalizado por défice
cognitivo profundo e duas filhas que os visitam e prestam o auxílio necessário.

Por aconselhamento médico em função da senilidade da Senhora Angelina, as

33
filhas procuraram junto do Centro de Dia apoio, no sentido de proporcionar
melhor qualidade de vida a este casal, com uma vida dedicada à agricultura.

O Senhor Mário achou por bem acompanhar a esposa e ocupa os seus dias a jogar
cartas, conversar com vizinhos e amigos. Adere a todas as actividades propostas,
fazendo-o sempre que possível acompanhado pela esposa.

Tem uma pequena quinta da qual parte das silvas já tomaram conta. Cuida também
de alguns animais. De manhã a sua rotina passa por prender duas cabras no pasto,
recolhendo-as quando regressa do Centro de Dia. O casal tem por hábito viajar em
excursões por Portugal, Espanha e França.

23 de Junho de 2010

Senhor Jorge Manuel Morés reside no lugar de Santo António em Rio Meão e tem
52 anos. Vive com a sua família de adopção, composta pelo casal e um dos filhos
do mesmo.

O Senhor Jorge é de raça negra e foi adoptado por um militar, aquando da guerra
colonial na Guiné Bissau. É solteiro e sem filhos. Recorreu ao serviço de apoio
domiciliário após uma queda que o deixou imobilizado numa cama durante vários
meses. Recuperou da queda, mas uma doença degenerativa que afecta o sistema
neuromuscular implica a continuação da prestação dos serviços. Ocupa os seus
dias empenhando-se na sua reabilitação, fazendo fisioterapia, ginásio e
caminhadas.

Nos tempos livres gosta de ver televisão, conversar com os amigos e, se possível,
à volta de uma mesa “bem apresentada”, como refere o próprio sorridente.

23 de Junho de 2010

34
Considerações Finais

Este Trabalho de Campo Antropológico foi desenvolvido com a colaboração da


direcção do MACUR, da directora técnica do Centro de Dia e da Junta de
Freguesia de Rio Meão, disponibilizando as informações necessárias à sua
elaboração.

No decorrer do Trabalho de Campo Antropológico foram recolhidas informações


diversas sobre a freguesia de Rio Meão e respectivas necessidades sociais, para
além de informações sobre a Instituição Particular de Solidariedade Social
MACUR e a actividade desenvolvida pela mesma na freguesia.

Esta investigação permitiu identificar as respostas que a Instituição dá às


necessidades da Freguesia, se bem que existem ainda algumas necessidades sem
resposta, como por exemplo a necessidade de combater o sentimento de solidão,
abandono do idoso e exclusão social.

Assim, torna-se cada vez mais importante e fundamental o desenvolvimento de


actividades que estimulem cultural, física, emocional e socialmente o idoso.

Havendo este aspecto em desenvolvimento, há que louvar o serviço de excelência


prestado pelo MACUR junto da população idosa de Rio Meão, nomeadamente na
área de cuidados de higiene pessoal, imagem e acompanhamento médico, tal como
foi observado e confirmado nas entrevistas exploratórias.

35
Anexos

Anexo 1: Entrevista exploratória

Esta entrevista foi realizada no âmbito do Trabalho de Campo Antropológico e


visa conhecer a rotina do grupo de idosos utentes do MACUR e os motivos que os
levaram a contratar os serviços.

No início da entrevista é feita uma recolha dos dados pessoais do entrevistado,


como por exemplo o nome completo, a idade, o estado civil, o género e a
localidade de residência.

1. Com quem vive?

2. Quantos filhos tem?

3. Como conheceu o MACUR?

4. Porque recorreu ao MACUR?

5. A que valência aderiu e porquê?

6. Como ocupa o seu tempo?

7. Que tipo de actividades gosta mais de fazer nos seus tempos livres?

36
Anexo 2: Estatutos da MACUR, Instituição Particular de Solidariedade Social

Anexo 3: Prospecto turístico da freguesia de Rio Meão

37
Bibliografia

JUNTA DE FREGUESIA DE RIO MEÃO (2007) Vila de Rio Meão

INE (2001) Censos 2001 – Resultados Preliminares – Norte

MACUR (2010) Consulta do processo individual de cada utente

MACUR (1979) Estatutos do Movimento de Assistência, Cultura, Urbanismo e


Recreio

MACUR (2009) Manual de Acolhimento do Colaborador 2009/2010

RODRIGUES, David Simões (2001) Rio Meão A terra e o povo na história vol. I
e II

38
Sitografia

Paróquia de Rio Meão: http://www.paroquiaderiomeao.com/

Câmara Municipal de Santa Maria da Feira: http://cm-feira.pt

39

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