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Avaliar a BE da Escola Secundária Damião de Goes – um plano e um desafio.

21 de Novembro de 2010

A tarefa de avaliar

A tarefa de avaliar nunca se revela fácil, seja em que modalidade for.

Na nossa vida profissional, enquanto professores, é um facto que temos de

assentar as nossas práticas num modelo tendente à avaliação, conquanto a

nossa principal função continue a ser o ensino e a formação integral dos

nossos alunos. Muitas vezes contestamos os instrumentos de que dispomos

por os considerarmos demasiado genéricos face à individualização de cada

situação particular. Contudo, é o carácter relativamente universalista da

avaliação e da manutenção dos pesos e medidas seleccionados (os

indicadores) que nos permite generalizar e analisar resultados, retirando

ilações a partir da reflexão sobre os mesmos e da comparação com os

demais.

Serve este primeiro parágrafo para introduzir a necessidade,

decorrente da nossa tarefa enquanto Professores Bibliotecários, de avaliar

e reestruturar constantemente os nossos procedimentos e formas de

actuação, adequando-os às necessidades dos nossos utilizadores, muito em

especial, claro está, às que derivam do processo de ensino-aprendizagem

dos nossos alunos e visam o desenvolvimento de competências, permitindo-

lhes dominar as ferramentas linguísticas, conceptuais, icónicas,

informáticas que os prepararão para a vida.

Avaliar é, portanto, o meio que serve os nossos propósitos de

melhoria: não serve de nada fazer a avaliação de uma situação se nenhuma

conclusão se retira nem nenhum plano de melhoria se implementa. Quem faz,

pode sempre fazer melhor. É um lema de vida, e poderia ser a divisa dos

Professores Bibliotecários.

Maria Madalena Miranda Tavares Agrupamento de Escolas


Damião de Goes
Avaliar a BE da Escola Secundária Damião de Goes – um plano e um desafio.
21 de Novembro de 2010

No caso do meu Agrupamento de Escolas, sobre o qual já reflecti em

sessões anteriores, deparei-me com a situação de uma BE que – apesar de

integrada na RBE, equipada com mobiliário e fundo documental razoável,

implantada numa Escola que ministra cursos de prosseguimentos de estudos

e cursos profissionais de Ensino Secundário e conta com um Centro de

Novas Oportunidades que procede ao Reconhecimento e Validação de

Competências e oferece Formações Modulares a adultos, a cerca de 1200

alunos, no total – não demonstra encarar a sua missão de acordo com os

princípios de um serviço, mas sim de um espaço, concepção que já há muito

abandonámos.

Após algumas primeiras intervenções no sentido de redefinir as zonas

funcionais e criar melhores condições de trabalho e permanência aos

utilizadores por excelência, os alunos (e não os professores!), penso que o

desafio seguinte será o de empenhar a Escola na auto-avaliação da BE.

De uma maneira geral, pelo menos até agora, os docentes e

assistentes operacionais têm dado conta da vontade de realizar coisas com

a BE e na BE. Não me parece adequado que se trate de coisas, no sentido

disperso do termo, nem creio que possamos, na BE da ESDG, passar do 8

para o 80, do zero aos mil em três meses e alguns dias… Assim sendo, uma

vez que os ecos que chegam à BE são de algum utilitarismo por parte dos

docentes, e não do reconhecimento da sua utilidade e, principalmente, da

parceria privilegiada que a BE pode encetar com os docentes de todos os

Departamentos e Grupos Disciplinares no desenvolvimento das competências

dos alunos, ao nível das literacias, propomos avaliar o Domínio A., Apoio ao

Desenvolvimento Curricular, mais especificamente o Subdomínio A2.

Maria Madalena Miranda Tavares Agrupamento de Escolas


Damião de Goes
Avaliar a BE da Escola Secundária Damião de Goes – um plano e um desafio.
21 de Novembro de 2010

Promoção das Literacias da Informação, Tecnológica e Digital, tal como

sugerido pelas Formadoras.

Desta intenção já demos conta na última reunião de Conselho

Pedagógico, em 15 de Novembro último, esclarecendo os presentes, que se

insurgiram contra “mais trabalho?!”, que os objectivos eram precisamente os

opostos: determinar de que maneira, e em que medida, a BE poderia passar a

cooperar mais estreitamente com os docentes no apoio ao desenvolvimento

curricular, desenvolvendo acções de ensino-aprendizagem conducentes ao

reforço do trabalho realizado em sala de aula.

Determinados o “Porquê” e “O quê” da avaliação, passemos às etapas

seguintes. A meu ver, se bem que a BE esteja em funcionamento todos os

dias da semana, das 8h25 da manhã às 23h, sem interrupções (exceptuando

a quarta-feira à tarde, em que encerra à hora do almoço, para balanço e

manutenção e reabre às 18h30), o que já foi uma conquista tendo em vista

as necessidades de utilização dos nossos diferentes públicos, é mais

necessário avaliar o funcionamento diurno que nocturno da BE. Não quero

com isto menosprezar, volto a insistir, as necessidades de apoio ao

desenvolvimento curricular do público adulto que frequenta a Escola à noite.

No entanto, e considerando que o Domínio A2 assenta, principalmente, na

promoção das literacias da informação, tecnológica e digital, convém

esclarecer que uma parte significativa da formação prestada aos alunos

adultos assenta, precisamente, sobre o desenvolvimento de competências

nessas áreas, pelo que a BE poderá apoiar-se na prática dos formadores e

formandos para avaliar o seu nível de desempenho nesse domínio.

Assim, a minha sugestão vai no sentido de escolher uma turma de

cada nível de ensino dos Cursos de Prosseguimento de Estudos e dos Cursos

Profissionais (uma de 10.º ano e uma de 1.º profissional; uma de 11.º ano e

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21 de Novembro de 2010

uma de 2.º profissional; uma de 12º ano e uma de 3.º profissional) e uma

turma “regular” do ensino nocturno para implementar um processo de

observação ao longo do ano. Tanto quanto possível, e porque contamos com

colaboradores de vários Departamentos diferentes na BE, procuraremos

começar com algumas turmas deles, a fim de superar algumas resistências

iniciais que se ergueriam sem essa estratégia facilitadora.

De entre os docentes que colaboram na BE da ESDG, convidaremos

ainda três para desenvolverem o processo de auto-avaliação connosco e,

sendo co-responsáveis, disso dar conhecimento reiterado aos restantes

docentes, para os esclarecimentos que venham a revelar-se necessários.

Creio que será bastante útil aplicar os questionários às turmas

envolvidas num primeiro momento, vamos dizer Janeiro, para que docentes e

alunos se apercebam das questões sobre as quais a BE vai fazer incidir a sua

prática de avaliação (e, esperemos, de melhoria), o que nos permitirá traçar

um diagnóstico assente nas evidências e não em suposições. Como o

tratamento estatístico dos dados na Plataforma é automático, basta-nos

fazer o registo (até final de Fevereiro), para termos a noção das áreas de

intervenção prioritárias no Subdomínio A.2. (definir se é necessário

organizar actividades de formação para os utilizadores; desenvolver

actividades que promovam o ensino em contexto de competências de

informação e/ou de competências tecnológicas e digitais; medir o impacto

da BE no desenvolvimento de valores e atitudes éticas promotoras da

formação para a cidadania e da aprendizagem ao longo da vida). Após o

diagnóstico, passaríamos a reformular o nosso PAA para integrar as acções

consideradas indispensáveis à implementação do MABE. Em Maio, após a

realização dessas acções, voltaríamos a aplicar os questionários às mesmas

turmas e aos docentes (penso que, no caso dos docentes, seria de toda a

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21 de Novembro de 2010

pertinência aplicar os questionários àqueles com quem trabalhámos e a

outros com os quais não seguimos a metodologia de observação acima

referida, para podermos comparar as diferenças iniciais e finais das turmas

envolvidas. Para isso, os questionários terão de ser aplicados em papel e não

através do envio de e-mail, se não, não temos como identificar os docentes

escolhidos para o estudo das turmas).

Além da modalidade de avaliação através da aplicação de

questionários e de grelhas de observação, a BE deverá, no final do ano,

munir-se dos dados resultantes do seu funcionamento (estatísticas de

utilização, relatórios de actividades desenvolvidas, número de turmas que

realizaram actividades com a BE, etc.) e proceder à recolha de todas as

informações que surjam, em contexto de actas de reuniões, documentação

do Agrupamento, para poder construir o conjunto final de evidências que se

juntarão às grelhas de observação, questionários e eventuais trabalhos de

alunos – recolhidos no início e no fim do processo – para serem tratados e

alvo da reflexão da equipa, já em Junho.

O preenchimento do Relatório do MABE será a derradeira etapa da

reflexão por parte da equipa de trabalho; posteriormente, a sua

publicitação e discussão dos resultados confirmarão o nível a atribuir e as

acções para a melhoria a implementar. Essa última parte da tarefa poderá já

ser realizada em Setembro do ano lectivo vindouro, 2011/2012, mas se

conseguirmos ter os trabalhos prontos a tempo da avaliação global do ano

lectivo, realizada em Julho, creio que seria de toda a pertinência para o

trabalho da BE e para a Escola.

Sendo um plano concreto (ainda que resumido), este não deixa de ser

um desafio, atendendo à resistência à mudança que já antes reflectimos e

registámos. Cabe-nos a nós, com sensibilidade, bom senso, uma boa dose de

Maria Madalena Miranda Tavares Agrupamento de Escolas


Damião de Goes
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21 de Novembro de 2010

humildade e bastante teimosia insistir na avaliação da BE. Não basta gostar

de algo, ou de alguém, para que ele, ou ela, estejam bem. No caso da BE da

ESDG, não é por casmurrice que se quer mudar seja o que for; trata-se de

uma necessidade premente, tanto mais que a intervenção da Parque Escolar,

agendada para Janeiro de 2011, prevê de imediato a construção de uma

Mega-Biblioteca para os 2000 alunos da Escola Básica 2, 3 Pêro de Alenquer

e da Escola Secundária Damião de Goes – do 5.º ao 12.º ano: alguém precisa

de mais desafios?!

Maria Madalena Miranda Tavares Agrupamento de Escolas


Damião de Goes

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