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EDUARDO MARTINIC SÁ
LUCAS BENDER
RAFAEL SIEGEL ANTUNES
ROBERTO LANGER

POLÍTICAS MONETÁRIA E FISCAL EM ECONOMIA ABERTA

Trabalho apresentado à
disciplina Tópicos Avançados
em Macroeconomia da UNIFAE
– Centro Universitário
Franciscano do Paraná
Prof.: Carlos Ilton Cleto

CURITIBA
NOVEMBRO 2009
2

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA1- O MODELO IS-LM PARA ECONOMIA ABERTA....................................................5


FIGURA 2 - POLÍTICA MONETÁRIA EXPANSIONISTA: CÂMBIO FIXO................................7
FIGURA 3- POLÍTICA FISCAL EXPANSIONISTA: CÂMBIO FIXO..........................................8
FIGURA 4 - POLÍTICA FISCAL EXPANSIONISTA (RESULTADO ALTERNATIVO):..............8
FIGURA 5 - POLÍTICA MONETÁRIA EXPANSIONISTA: CÂMBIO FLEXÍVEL........................9
FIGURA 6 - POLÍTICA FISCAL EXPANSIONISTA: CÂMBIO FLEXÍVEL...............................10
FIGURA 7 - POLÍTICA FISCAL EXPANSIONISTA (RESULTADO ALTERNATIVO):............11
FIGURA 8 – EFEITO DE UMA QUEDA EXÓGENA NA DEMANDA POR EXPORTAÇÕES. 12
FIGURA 9 - POLÍTICA MONETÁRIA EXPANSIONISTA: PERFEITA MOBILIDADE.............14
FIGURA 10 - POLÍTICA FISCAL EXPANSIONISTA: MOBILIDADE PERFEITA....................15
FIGURA 11 - POLÍTICA MONETÁRIA EXPANSIONISTA: MOBILIDADE PERFEITA...........16
FIGURA 12 - POLÍTICA FISCAL EXPANSIONISTA: MOBILIDADE PERFEITA....................17
FIGURA 13 - O MERCADO DE CÂMBIO E AS CRISES CAMBIAIS.....................................18
3

SUMÁRIO

1 O Modelo Mundell-Fleming.........................................................................4
2 Políticas Econômicas: O caso da Mobilidade Imperfeita de Capitais....6
2.1 Política Monetária Expansionista - Câmbio Fixo........................................6
2.2 Política Fiscal Expansionista - Câmbio Fixo...............................................7
2.3 Política Monetária Expansionista - Câmbio Flexível...................................9
2.4 Política Fiscal Expansionista - Câmbio Flexível.......................................10
2.5 O Isolamento das Taxas de Câmbio Flexíveis.........................................12
3 Políticas Econômicas: O caso da Mobilidade Perfeita de Capitais......13
3.1 Política Monetária Expansionista - Câmbio Fixo......................................13
3.2 Política Fiscal Expansionista - Câmbio Fixo.............................................14
3.3 Política Monetária Expansionista - Câmbio Flexível.................................15
3.4 Política Fiscal Expansionista - Câmbio Flexível.......................................16
3.5 Crises Cambiais........................................................................................17
4 Conclusão...................................................................................................19
Referências....................................................................................................20
4

1 O Modelo Mundell-Fleming

O Modelo Mundell-Fleming é utilizado como uma das principais versões do


modelo IS-LM com economia aberta. No modelo IS-LM de economia fechada
o equilíbrio no mercado monetário pode ser representado pela seguinte
equação:

M = L (Y, r), (1)

onde “M” é o estoque de moeda real e “L” é a demanda real por moeda que
depende da renda (Y) e da taxa de juros (r). No modelo com economia aberta
esta condição não é alterada.
O equilíbrio no mercado de bens no modelo IS-LM de economia
fechada pode ser representado pela seguinte equação:

S (Y) + T = I (r) + G, (2)

onde “S” é a poupança que depende da renda, “T” são os impostos, “I” são os
investimentos que dependem da taxa de juros e “G” são os gastos do
governo. No modelo de economia aberta deve-se acrescentar as importações
e as exportações na curva IS. Fazendo essa alteração na equação 2, o
equilíbrio no mercado de bens do modelo IS-LM de economia aberta pode
ser representado pela seguinte equação:

S + T = I +G +NX, (3)

onde “NX” são as exportações líquidas (X – M). As importações dependem


negativamente da taxa de câmbio (Θ) e positivamente da renda interna.
Assim uma queda na taxa de câmbio torna os bens importados mais baratos
o que gera um aumento nas importações. Já uma redução na renda gera
uma queda nas importações. As exportações dependem positivamente da
renda externa e da taxa de câmbio (Θ). Essa relação faz com que um
aumento na taxa de câmbio torne os produtos domésticos mais baratos para
os residentes no exterior. Com isso as exportações de bens aumentam. O
5

aumento da renda externa também gera um aumento nas exportações


domesticas.
Na figura 1 temos a representação do modelo IS-LM com economia
aberta. Os fatores que deslocam a curva LM são os mesmos fatores do
modelo com economia aberta. As variáveis que deslocam a curva IS no
modelo com economia aberta são os níveis de impostos (T), os gastos do
governo (G), a renda externa (Yx) e a taxa de câmbio (Θ). O aumento da
renda externa gera um impacto expansionista, pois acarreta no aumento das
exportações líquidas. Já o aumento da taxa de câmbio gera um impacto
expansionista, pois acarreta numa redução das importações e num aumento
das exportações, ambas contribuindo para o aumento das exportações
líquidas.

FIGURA1- O MODELO IS-LM PARA ECONOMIA ABERTA

LM
Taxa de
Juros
BP

E
r

IS

Y Renda

Este modelo de economia aberta possui também uma curva que


representa o equilíbrio no Balanço de Pagamentos (BP). Essa curva mostra
todas as possíveis combinações entre renda e taxa de juros que equilibram o
Balanço de Pagamentos para uma determinada taxa de câmbio. Este
equilíbrio na curva BP também significa que a variação das reservas
internacionais é nula. A curva BP pode ser representada pela seguinte
equação:

NX + F(r, rx) = 0, (4)


6

onde “NX” são as exportações líquidas e “F” é a entrada líquida de capitais


autônomos. A entrada líquida de capitais autônomos depende positivamente
da diferença entre a taxa de juros interna e a taxa de juros externa. Assim um
aumento na taxa de juros interna com relação à taxa de juros externa faz com
que ocorra um aumento na demanda por ativos domésticos, ao invés de
ativos estrangeiros. Com isso a entrada líquida de capitais no país aumenta.
Neste modelo a taxa de juros externa é considerada exógena.
Para analisar os efeitos das políticas econômicas deve-se levar em
consideração que a BP pode ser horizontal ou positivamente inclinada. A
curva BP é horizontal quando existe a mobilidade perfeita de capitais. Essa
mobilidade perfeita é caracterizada pelos ativos estrangeiros e domésticos
serem substitutos perfeitos. Assim os investimentos se movimentam de forma
a igualar as taxas de juros entre os países. Quando um ativo for mais
rentável, os investidores mudam para este ativo até que a taxa de juros
retorne para o patamar anterior, restaurando a igualdade. Isso implica que na
mobilidade perfeita de capitais a taxa de juros interna é igual à taxa de juros
do resto do mundo (r = rx).
A curva BP é positivamente inclinada quando existe a mobilidade
imperfeita de capitais. Neste caso os ativos estrangeiros não são substitutos
perfeitos dos ativos domésticos e, portanto a taxa de juros interna não
precisa ser igual à taxa de juros do resto do mundo (r ≠ r x). Os fatores que
fazem com que esses ativos não sejam substitutos perfeitos são o diferencial
do risco, o risco de mudanças na taxa de câmbio, os custos das transações e
a informação imperfeita sobre os ativos.

2 Políticas Econômicas: O caso da Mobilidade Imperfeita de Capitais

2.1 Política Monetária Expansionista - Câmbio Fixo

Uma política monetária expansionista é caracterizada pelo aumento do


estoque monetário (aumento da oferta monetária) de M para M’, conforme
representado na figura 2. O aumento da oferta de moeda desloca a curva LM
para a direita de LM(M) para LM(M’). Com o deslocamento da curva LM, o
7

ponto de equilíbrio passa de E para E’. Neste ponto a taxa de juros é menor
(de r para r’) e a renda é maior (de Y para Y’). Com essa mudança ocorre um
déficit no Balanço de Pagamentos.

FIGURA 2 - POLÍTICA MONETÁRIA EXPANSIONISTA: CÂMBIO FIXO

LM (M )
LM (M')
Taxa de
Juros
BP

E
r
E'
r'

IS

Y Y'
Renda

O déficit no Balanço de Pagamentos é gerado por um aumento das


importações que reduz as exportações líquidas e por uma saída de capitais
autônomos. Se essa situação de déficit for mantida por muito tempo, acaba
consumindo as reservas de divisas estrangeiras. Assim o déficit no BP se
torna insustentável.

2.2 Política Fiscal Expansionista - Câmbio Fixo

Uma política monetária fiscal é caracterizada pelo aumento dos gastos


do governo de G para G’, como pode-se verificar na figura 3. Esse aumento
dos gastos do governo desloca a curva IS para a direita de IS(G) para IS(G’),
deslocando o ponto de equilíbrio de E para E’. Com isso ocorre um aumento
na renda (de Y para Y’) e um aumento na taxa de juros (de r para r’). Nesse
caso, o efeito negativo do aumento da renda é superado pelo efeito positivo
do aumento da taxa de juros. Ocorre, portanto uma entrada líquida de
capitais estrangeiros autônomos que leva ao superávit no Balanço de
Pagamentos.
8

FIGURA 3- POLÍTICA FISCAL EXPANSIONISTA: CÂMBIO FIXO

LM (M)

Taxa de
Juros
BP
E'
r'
E
r
IS (G')

IS (G)

Y Y'
Renda

Neste caso como a curva LM é mais inclinada do que a curva BP, o


efeito de um aumento nos gastos do governo gera um superávit no Balanço
de Pagamentos. Se a curva BP for menos inclinada do que a curva LM,
ocorre um resultado alternativo, como podemos ver na figura 4. Esse
resultado mostra que a política fiscal expansionista acaba gerando um déficit
no Balanço de Pagamentos.

FIGURA 4 - POLÍTICA FISCAL EXPANSIONISTA (RESULTADO ALTERNATIVO):


CÂMBIO FIXO
BP
Taxa de
Juros
LM (M)
E'
r'
E
r
IS (G')

IS (G)

Y Y'
Renda

O déficit no Balanço de Pagamentos ocorre porque como a curva BP é


mais inclinada, assim um aumento da renda tem efeito negativo sobre o
Balanço de Pagamentos maior do que o efeito positivo do aumento da taxa
de juros.
9

2.3 Política Monetária Expansionista - Câmbio Flexível

Uma política monetária expansionista, no modelo com câmbio flexível


tem um resultado diferente do apresentado pelo modelo com câmbio fixo,
como podemos observar na figura 5. O aumento da oferta de moeda desloca
a curva LM para a direita de LM(M) para LM(M’). Com o deslocamento da
curva LM, a renda aumenta (de Y para Y’) e a taxa de juros cai (de r para r’).
Esse deslocamento faz com que o ponto de equilíbrio passe de E para E’,
onde existe um déficit no Balanço de Pagamentos. Como a taxa de câmbio é
flexível, a saída de capitais estrangeiros autônomos faz com que ocorra um
aumento na taxa de câmbio (de Θ para Θ’), pois a demanda por moeda
estrangeira se torna maior que a demanda por moeda doméstica. Esse
aumento na taxa de câmbio (desvalorização da moeda doméstica) tem efeito
sobre a curva IS e sobre a curva BP.

FIGURA 5 - POLÍTICA MONETÁRIA EXPANSIONISTA: CÂMBIO FLEXÍVEL

LM (M) LM (M')
Taxa de
Juros

BP (Θ)
E BP (Θ')
r
r'' E''
r' E'

IS (Θ')
IS (Θ)

Y Y' Y'' Renda

A curva IS sofre um deslocamento positivo de IS(Θ) para IS(Θ’) e a


curva BP sofre um deslocamento positivo de BP(Θ) para BP(Θ’), ambos
devido ao aumento das exportações que são estimuladas pela maior taxa de
câmbio que torna os produtos domésticos mais competitivos e devido a uma
queda nas importações que são desfavorecidas pela maior taxa de câmbio
que torna os produtos estrangeiros menos competitivos. Com o
deslocamento de ambas as curvas, temos um aumento da renda (de Y’ para
10

Y’’) e um aumento da taxa de juros (de r’ para r’’). Assim o novo equilíbrio
passa a ser dado pelo ponto E’’.
Pode-se observar que o aumento da renda via política monetária
expansionista é maior no modelo com câmbio flexível do que no modelo com
câmbio fixo, mostrando uma política monetária mais eficiente.

2.4 Política Fiscal Expansionista - Câmbio Flexível

A política fiscal expansionista, no modelo com câmbio flexível, também


apresenta resultados diferentes do modelo com câmbio fixo como podemos
ver na figura 6. A partir do ponto de equilíbrio no ponto E, uma política fiscal
expansionista desloca a curva IS positivamente de IS(G, Θ) para IS(G’, Θ).
Esse deslocamento na curva IS gera um aumento na renda (de Y para Y’) e
na taxa de juros (de r para r’). Com isso o novo ponto de equilíbrio passa a
ser o ponto E’, onde existe um superávit no Balanço de Pagamentos. O
superávit no Balanço de Pagamentos ocorre porque o efeito positivo da taxa
de juros é maior do que o efeito negativo da renda. Como a taxa de câmbio é
flexível, a entrada de capitais estrangeiros autônomos faz com que ocorra
uma redução na taxa de câmbio (de Θ para Θ’), pois a demanda por moeda
doméstica se torna maior que a demanda por moeda estrangeira.

FIGURA 6 - POLÍTICA FISCAL EXPANSIONISTA: CÂMBIO FLEXÍVEL

LM (M)
Taxa de
Juros

E'
r' BP (Θ')
E'' BP (Θ)
r''
E
r

IS (G', Θ)
IS (G', Θ')
IS (G, Θ)
Y Y'' Y' Renda

Essa redução na taxa de câmbio (valorização da moeda doméstica)


tem efeito sobre a curva IS e sobre a curva BP. A curva IS sofre um
11

deslocamento negativo de IS(G’, Θ) para IS(G’, Θ’) e a curva BP sofre um


deslocamento negativo de BP(Θ) para BP(Θ’), ambos devido ao aumento das
importações que são estimuladas pela menor taxa de câmbio que torna os
produtos estrangeiros mais competitivos e devido a uma queda nas
exportações que são desfavorecidas pela menor taxa de câmbio que torna os
produtos domésticos menos competitivos. Com esses deslocamentos temos
uma redução na renda (de Y’ para Y’’) e uma redução na taxa de juros (de r’
para r’’). Assim o novo ponto de equilíbrio passa a ser o ponto E’’.
Pode-se observar que o aumento da renda via política fiscal
expansionista é menor no modelo com câmbio flexível (considerando uma
curva LM mais inclinada do que a curva BP) do que no modelo com câmbio
fixo, mostrando uma política fiscal menos eficiente.
Se a curva BP for menos inclinada do que a curva LM, ocorre um
resultado alternativo, como podemos ver na figura 7. A política fiscal
expansionista nesse caso gera uma situação de déficit no Balanço de
Pagamentos no ponto E’. Com esse déficit temos um aumento na taxa de
câmbio (desvalorização da moeda doméstica), pois a demanda por moeda
estrangeira é maior do que a demanda por moeda doméstica. Esse aumento
na taxa de câmbio desloca as curvas IS e BP positivamente, pois favorece as
exportações e desfavorece as importações. Com isso o novo ponto de
equilíbrio passa a ser o ponto E’’.

FIGURA 7 - POLÍTICA FISCAL EXPANSIONISTA (RESULTADO ALTERNATIVO):


CAMBIO FLEXÍVEL
BP (Θ) BP (Θ')
Taxa de
Juros

LM (M)
E''
r''
E'
r' IS (G',Θ')
E
r

IS (G',Θ)

IS (G,Θ)

Y Y' Y''
Renda
12

Nesse caso específico onde a taxa de câmbio é flexível e a curva BP é


mais inclinada do que a curva LM, a política fiscal expansionista é mais
eficiente do que no modelo com câmbio fixo.

2.5 O Isolamento das Taxas de Câmbio Flexíveis

O modelo Mundell-Fleming consegue mostrar como ocorre o


isolamento de alguns choques externos na economia com câmbio flexível.
Neste caso será utilizado um exemplo onde ocorre uma queda na demanda
por exportações ocasionada por uma recessão externa.
Uma recessão externa faz com que haja uma queda na renda externa
(Yx). Essa queda na renda externa reduz a demanda por importações
(exportações para a economia analisada). Com isso, a partir do ponto de
equilíbrio E, temos uma queda nas exportações de X para X’. Essa queda
nas exportações, conforme a figura 8, desloca negativamente a curva IS de
IS(X, Θ) para I S(X’, Θ). A curva BP também é deslocada negativamente, por
causa da queda nas exportações, de BP(X, Θ) para BP(X’, Θ). O
deslocamento na BP ocorre porque será necessária uma taxa de juros maior
para equilibrar o Balanço de Pagamentos visto que ocorreu uma redução nas
exportações líquidas. O deslocamento da curva IS faz com que o novo ponto
de equilíbrio passe a ser o ponto E’, onde existe um déficit no Balanço de
Pagamentos.

FIGURA 8 – EFEITO DE UMA QUEDA EXÓGENA NA DEMANDA POR EXPORTAÇÕES

LM (M)
Taxa de
Juros
BP (X', Θ)
E = E''
BP (X, Θ) = BP (X', Θ')

r = r''
E'
r

IS (X, Θ) = IS (X', Θ')

IS (X', Θ)

Y Y = Y'' Renda
13

Esse déficit causa um aumento na taxa de câmbio (desvalorização da


moeda doméstica), pois existe uma demanda por moeda estrangeira maior
do que a demanda por moeda doméstica. Com o aumento da taxa de câmbio
os produtos domésticos se tornam mais competitivos e ocorre um aumento
das exportações líquidas que desloca positivamente as curvas IS e BP para
os seus níveis iniciais. Desta forma a economia interna fica isolada de
possíveis choques externos ocorridos por uma queda na demanda
internacional.
Deve-se destacar, porém que de uma forma geral não existe o
isolamento completo da economia interna. As taxas de câmbio flexíveis
conseguem proporcionar apenas um grau de isolamento contra choques
externos de demanda.

3 Políticas Econômicas: O caso da Mobilidade Perfeita de Capitais

Na mobilidade perfeita os ativos estrangeiros são substitutos perfeitos


dos ativos nacionais. Assim temos a condição de equilíbrio onde a taxa de
juros interna é igual à taxa de juros do resto do mundo (r = rx). Nesse caso se
a taxa de juros interna fosse maior do que a taxa de juros do resto do mundo,
ocorreria uma forte entrada de capitais estrangeiros até que a taxa interna
fosse reduzida de forma a se igualar à taxa externa. Essa condição de
igualdade entre as taxas torna a curva BP horizontal.
No caso da mobilidade perfeita de capitais, os países são
considerados pequenos, ou seja, as ações de políticas econômicas não
podem afetar a taxa de juros mundial e devem apenas acompanhar as taxas
de juros mundiais.

3.1 Política Monetária Expansionista - Câmbio Fixo

A política monetária expansionista no modelo com mobilidade perfeita


de capitais é totalmente ineficaz, conforme podemos ver na figura 9. Com o
aumento da oferta de moeda de M para M’, temos um deslocamento positivo
da curva LM de LM(M) para LM(M”). Este deslocamento reduz a taxa de juros
interna para r’. Como a taxa de juros interna é menor que a taxa de juros do
14

resto do mundo rx existe uma forte saída de capitais. Desta forma para que o
Banco Central pudesse manter o equilíbrio no mercado de câmbio através de
uma intervenção esterilizada1 ele acabaria esgotando as suas reservas
internacionais, pois enquanto a taxa de juros externa for maior do que a taxa
de juros interna existe uma forte saída de capitais.

FIGURA 9 - POLÍTICA MONETÁRIA EXPANSIONISTA: PERFEITA MOBILIDADE


DE CAPITAIS E CÂMBIO FIXO

LM (M) LM (M')

Taxa de
Juros

E
r = rx BP

r'

IS

Y
Renda

A única maneira de restaurar o equilíbrio seria através de uma redução


na oferta de moeda até que a oferta volte para o seu nível inicial, onde a taxa
de juros interna é igual à taxa de juros do resto do mundo. Desta forma a
política monetária expansionista não tem efeito sobre o nível de renda.

3.2 Política Fiscal Expansionista - Câmbio Fixo

A política fiscal expansionista no modelo com mobilidade perfeita de


capitais é bem diferente da política monetária, como podemos ver na figura
10. Neste caso um aumento dos gastos do governo (de G para G’) desloca a
curva IS positivamente de IS(G) para IS(G’). Com esse deslocamento temos
um aumento na renda (de Y para Y’) e da taxa de juros (de r para r’). O
aumento na taxa de juros faz com que ocorra uma forte entrada de capitais

1
Uma intervenção esterilizada consiste na venda de reservas internacionais por parte do Banco Central
para manter o equilíbrio no mercado cambial, mas sem afetar a base monetária. Assim para compensar
a venda de reservas o Banco Central compra títulos no mercado aberto para manter a base monetária no
mesmo patamar.
15

estrangeiros. Para conter a pressão de desvalorização da taxa de câmbio


(valorização da moeda doméstica) o Banco Central deve aumentar a oferta
de moeda de M para M’ através da compra de moeda estrangeira. Esse
aumento na oferta de moeda desloca a curva LM positivamente de LM(M)
para LM(M’), restaurando o equilíbrio entre a taxa de juros interna e a taxa de
juros do resto do mundo.

FIGURA 10 - POLÍTICA FISCAL EXPANSIONISTA: MOBILIDADE PERFEITA


DE CAPITAIS E CÂMBIO FIXO
LM (M ) LM (M ')
Taxa de
Juros

r'
E E'
r = rx BP

IS (G')
IS (G)

Y Y' Y''
Renda

Assim pode-se observar um aumento na renda (de Y’ para Y’’) e o


novo ponto de equilíbrio passa a ser o ponto E’. Neste caso de mobilidade
perfeita de capitais e câmbio fixo a política fiscal é extremamente efetiva, pois
não temos o efeito “crowding out”.

3.3 Política Monetária Expansionista - Câmbio Flexível

A política monetária expansionista no modelo com mobilidade perfeita


de capitais e câmbio flexível é extremamente efetiva, como podemos
observar na figura 11. Um aumento na oferta de moeda de M para M’ desloca
a curva LM positivamente de LM(M) para LM(M’). Com isso ocorre um
aumento na renda (de Y para Y’) e uma queda na taxa de juros (de r para r’).
Como a taxa de juros interna é menor que a taxa de juros do resto do mundo
ocorre uma forte saída de capitais. Essa saída de capitais aumenta a
demanda por moeda estrangeira e com isso ocorre um aumento da taxa de
câmbio (desvalorização da moeda nacional). O aumento da taxa de câmbio
16

favorece as exportações e desfavorece as importações. Assim a curva IS


desloca positivamente de IS(Θ) para IS(Θ’).

FIGURA 11 - POLÍTICA MONETÁRIA EXPANSIONISTA: MOBILIDADE PERFEITA


DE CAPITAIS E CÂMBIO FLEXÍVEL

LM (M) LM (M')
Taxa de
Juros

E E'
r = rx BP

r'

IS (Θ')
IS (Θ)

Y Y' Renda

O deslocamento da curva IS faz com que a taxa de juros interna


aumente e se iguale a taxa de juros do resto do mundo e a renda aumente
(de Y’ para Y’’). Assim o novo ponto de equilíbrio passa a ser representado
pelo ponto E’.
É importante destacar que neste caso de mobilidade perfeita de
capitais e câmbio flexível, a política monetária funciona pela taxa de câmbio e
não pela taxa de juros.

3.4 Política Fiscal Expansionista - Câmbio Flexível

A política fiscal expansionista no modelo com mobilidade perfeita de


capitais e câmbio flexível é totalmente ineficaz, como podemos observar na
figura 12. Um aumento nos gastos do governo de G para G’ desloca a curva
IS positivamente de IS(G, Θ) para IS(G’, Θ). Esse deslocamento da curva IS
aumenta a taxa de juros interna. Como a taxa de juros interna é maior do que
a taxa de juros do resto do mundo, existe uma forte entrada de capitais que
gera uma queda na taxa de câmbio (valorização da moeda doméstica). A
queda na taxa de câmbio favorece as importações e desfavorece as
exportações, deslocando a curva IS negativamente de IS(G’, Θ) para IS(G’,
17

Θ’). O equilíbrio no Balanço de Pagamentos só é restaurado quando a taxa


de juros interna se iguala a taxa de juros do resto do mundo, voltando ao
ponto de equilíbrio inicial. Neste caso a política fiscal não afeta a renda e,
portanto é ineficaz.

FIGURA 12 - POLÍTICA FISCAL EXPANSIONISTA: MOBILIDADE PERFEITA


DE CAPITAIS E CÂMBIO FLEXÍVEL
LM
Taxa de
Juros

r'
E
r = rx BP

IS (G', Θ)

IS (G, Θ) = IS (G', Θ')

Y Renda

3.5 Crises Cambiais

As crises cambiais acontecem quando o governo é obrigado a


abandonar a política de câmbio fixo por causa do esgotamento das reservas
internacionais. Nesses casos o resultado para a economia pode ser bem ruim
e ainda traz uma menor credibilidade para o governo. Na figura 13 temos o
mercado de divisas internacionais. Um governo que tenha fixado a taxa de
câmbio nominal em Θ teria a situação inicial de equilíbrio dada pela oferta de
divisas (S) e pela demanda por divisas (D). Assim se ocorrerem alterações na
oferta e na demanda por divisas, o Banco Central deve entrar no mercado
para anular as pressões e manter a taxa de câmbio em Θ.
Neste podem ocorrer duas situações diferentes. Na primeira o
mercado passa a ofertar uma quantidade maior de divisas (de S para S’) com
relação à demanda. Para conter a pressão sobre a taxa de câmbio neste
caso o Banco Central deve entrar no mercado comprando essas divisas em
excesso, o que desloca a demanda por divisas de D para D’. Com essa
compra de divisas o Banco Central está aumentando suas reservas.
18

Numa segunda situação teríamos a partir do ponto de equilíbrio inicial


(S, D) um aumento na demanda por divisas (de D para D’). Esta situação faz
com que o Banco Central entre no mercado cambial vendendo divisas. Com
isso ocorre uma queda nas reservas internacionais. Neste caso temos as
crises cambiais que ocorrem quando os agentes percebem que o governo
não dispõe de uma quantidade suficiente de reservas para equilibrar o
mercado em Θ.

FIGURA 13 - O MERCADO DE CÂMBIO E AS CRISES CAMBIAIS

S S'
Taxa de
Câm bio

Θ''

Θ'

D D' D''

Dólares/t

Quando existe essa preocupação de que o governo não dispõe de


reservas suficientes para equilibrar o câmbio, ocorre uma corrida para a
moeda estrangeira que desloca a demanda por divisas de D’ para D’’. Essa
corrida acontece pelo medo do agente de perder capital com o aumento da
taxa de câmbio (desvalorização da moeda doméstica). Esse deslocamento
na demanda por divisas acaba intensificando o problema do Banco Central
que precisa de uma quantidade ainda maior de divisas para equilibrar o
mercado. Como conseqüência o governo é forçado a abandonar a política de
câmbio fixo.
Para evitar as crises cambiais os governos procuram garantir uma
quantidade elevada de reservas, porém mesmo assim o risco de ocorrer uma
crise cambial não é eliminado. As grandes reservas cambiais também
incorrem num custo de manutenção mais elevado, visto que possuem
liquidez muito alta.
19

As principais conseqüências de uma crise cambial são as rápidas


desvalorizações da moeda doméstica, a fuga de capitais, a quebra do
sistema financeiro e a fragilização de empresas com dívida em moeda
estrangeira. Esses acontecimentos geram uma recessão na economia,
podendo ainda causar um aumento na taxa de inflação puxado pelo aumento
do preço dos bens importados.

4 Conclusão

Com o modelo Mundell-Fleming de economia aberta pudemos analisar


diversas situações e resultados de políticas fiscais e monetárias que variam
em função das características que a economia possui como, por exemplo, a
mobilidade de capitais e o regime de câmbio. Vimos também que nas
situações de crise externa, onde temos uma queda na demanda por
importações (exportações domésticas) o país possui certo grau de
isolamento se tiver adotado o câmbio flexível.
Analisamos outros casos extremos, onde existe a mobilidade perfeita
de capitais, que apontam para uma política fiscal totalmente ineficaz se for
adotado o câmbio flexível e uma política monetária totalmente ineficaz se for
adotado o câmbio fixo. Por fim temos as crises cambiais que podem ocorrer
caso o governo adote o câmbio fixo. Essas crises podem trazer diversas
conseqüências negativas para a economia e são ocasionadas pelo
esgotamento das reservas internacionais.
20

Referências

FROYEN, Richard T. Macroeconomia. 1.ed. São Paulo: Saraiva, , p.580-603,


1999.

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