You are on page 1of 9

A Teologia da

Prosperidade
Mauricio Mendonça

Um fenômeno social que tem despertado a atenção de estudiosos na


atualidade é o crescimento acentuado das igrejas neopentecostais
que estão inseridas no grupo das religiões “evangélicas” (1). De
acordo com a recente publicação doAtlas da filiação religiosa e
indicadores sociais do Brasil (CNBB) os pentecostais cresceram de
6% para 10,6% da população brasileira nos últimos nove anos. O
maior crescimento se dá nas camadas de menor renda das regiões
metropolitanas onde os indicadores sociais são mais baixos; e
também nas regiões norte e centro-oeste.

As causas desse fenômeno, a meu ver, são variadas. Uma delas como
mostra o estudo são as condições sócio-econômicas; a maciça
utilização da mídia também tem seu peso de influência e a
competente administração empresarial dessas igrejas é algo
relevante. Mas creio que a utilização da “teologia da prosperidade”
seja a causa primordial desse sucesso, as outras dependem
fundamentalmente dela.

O que é a Teologia da Prosperidade?


A teologia da prosperidade pode ser entendida como um conjunto de
princípios que afirmam que o cristão verdadeiro tem o direito de
obter a felicidade integral, e de exigi-la, ainda durante a vida
presente sobre a terra. Bastando para isso que tenha confiança
incondicional em Jesus. Seu desenvolvimento foi gradual desde a
década de 1940. Vejamos:

Essek William Kenyon (Nova York, EUA, 1867)

Ex-pastor das igrejas batista, metodista e pentecostal, influenciado


por idéias de seitas cristãs/metafísicas, desenvolveu estudos que
entre outras coisas tratava de: poder da mente, a inexistência das
doenças e o poder do pensamento positivo.

Kenneth Hagin (Texas, EUA, 1918)

Discípulo de Kenyon. sofreu várias enfermidades e pobreza na


juventude; Aos 16 anos diz ter recebido uma revelação quando lia Mc
11.23,24, entendendo que tudo se pode obter de Deus, desde que
confesse em voz alta, nunca duvidando da obtenção da resposta,
mesmo que as evidências indiquem o contrário. Isso é a essência da
"Confissão Positiva". Foi pastor da igreja batista; da Assembléia de
Deus, em seguida passou por várias igrejas pentecostais, e ,
finalmente, fundou sua própria igreja, aos 30 anos, fundando o
Instituto Bíblico Rhema. As idéias de Hagin que levaram ao
estabelecimento da teologia da prosperidade pode ser dividida em
três pontos principais:

1) Autoridade Espiritual

Segundo K. Hagin, Deus tem dado autoridade (unção) a profetas nos


dias atuais, como seus porta-vozes. Ele diz que "recebe revelações
diretamente do Senhor"; "...Dou graças a Deus pela unção de
profeta...Reconheço que se trata de uma unção diferente...é a
mesma unção, multiplicada cerca de cem vezes" (Hagin,
Compreendendo a Unção, p. 7).

2) Bênçãos e Maldições da lei

K.Hagin diz, com base em Gl 3.13,14, que fomos libertos da maldição


da lei, que são: 1) Pobreza; 2) doença e 3) morte espiritual. Ele toma
emprestadas as maldições de Dt 28 contra os israelitas que
pecassem. Segundo essa doutrina, o cristão tem direito a saúde e
riqueza; diante disso, doença e pobreza são maldições da lei. Eles
ensinam que "todo cristão deve esperar viver uma vida plena, isenta
de doenças" e viver de 70 a 80 anos, sem dor ou sofrimento. Quem
ficar doente é porque não reivindica seus direitos ou não tem fé. E
não há exceções. Pregam que Is. 53.4,5 é algo absoluto. Fomos
sarados e não existe mais doença para o crente. Os seguidores de
Hagin enfatizam muito que o crente deve ter carro novo, casa nova
própria, as melhores roupas, uma vida de luxo.

3. Confissão Positiva

É o terceiro ponto da teologia da prosperidade. Ela está incluída na


"fórmula da fé", que Hagin diz ter recebido diretamente de Jesus, que
lhe apareceu e mandou escrever de 1 a 4, a "fórmula".
Se alguém deseja receber algo de Jesus, basta segui-la:

1) "Diga a coisa" positiva ou negativamente, tudo depende do


indivíduo. De acordo com o que o indivíduo quiser, ele receberá".
Essa é a essência da confissão positiva.

2) "Faça a coisa". "Seus atos derrotam-no ou lhe dão vitória. De


acordo com sua ação, você será impedido ou receberá".
3) "Receba a coisa". Compete a nós a conexão com o dínamo do
céu". A fé é o pino da tomada. Basta conectá-lo.

4) "Conte a coisa" a fim de que outros também possam crer". Para


fazer a "confissão positiva", o cristão dever usar as expressões: exijo,
decreto, declaro, determino, reivindico, em lugar de dizer : peço,
rogo, suplico; jamais dizer: "se for da tua vontade", pois isto destrói
a fé.

Introdução no Brasil
Como vimos a Teologia da Prosperidade teve sua origem na década
de 40 nos Estados Unidos, mas a efetiva introdução no meio
evangélico se deu na década de 70. Adicionou um forte cunho de
auto-ajuda e valorização do indivíduo, agregando crenças sobre cura,
prosperidade e poder da fé através da confissão da "Palavra" em voz
alta e "No Nome de Jesus" para recebimento das bênçãos almejadas;
por meio da Confissão Positiva, o cristão compreende que tem direito
a tudo de bom e de melhor que a vida pode oferecer: saúde perfeita,
riqueza material, poder para subjugar Satanás, uma vida plena de
felicidade e sem problemas. Em contrapartida, dele é esperado que
não duvide minimamente do recebimento da bênção, pois isto
acarretaria em sua perda, bem como o triunfo do Diabo. A relação
entre o fiel e Deus ocorre pela reciprocidade, o cristão semeando
através de dízimos e ofertas e Deus cumprindo suas promessas.

No Brasil a primeira e principal igreja seguidora dessa doutrina é a


IURD (Igreja Universal do Reino de Deus), fundada em 1977 por Edir
Macedo que adaptou as suas práticas para as características
brasileiras, além de possuir metodologias e princípios próprios. Em
vez de ouvir num sermão que "é mais fácil um camelo atravessar um
buraco de agulha do que um rico entrar no Reino dos Céus" (Mateus
19,24 e Marcos 10,25), agora a novidade reside na possibilidade de
desfrutar de bens e riquezas, sem constrangimento e com a
aquiescência de Deus.

Para os pobres e desafortunados de uma em maneira geral, o direito


de possuir as bênçãos como filho de Deus traz alívio e esperança na
solução de todos os seus problemas. Segundo Edir Macedo, Jesus
veio pregar aos pobres para que estes se tornassem ricos.
Arrependimento e redenção, tema central no Cristianismo, e as
dificuldades nesta vida para o justo de Deus são temas raramente
tratados. Além da IURD temos as Igrejas Renascer em Cristo,
Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra, Nova Vida, Bíblica da Paz,
Cristo Salva, Cristo Vive, Verbo da Vida, Nacional do Senhor Jesus
Cristo e pelas organizações Adhonep, Missão Shekinah e
Internacional da Graça de Deus.
O Papel do “Diabo”
Um importante ponto dentro da doutrina da IURD, assim como na
maioria das outras igrejas neopentecostais brasileiras é a intervenção
do Diabo na vida do homem. Ele, o Diabo, é o elemento perturbador
que está entre a graça de Deus e os pedidos do crente. As bênçãos
estão ao alcance de todos mediante a fé, inclusive com a alteração
radical de realidades miseráveis em vidas prósperas; porém, se
alguém tiver qualquer envolvimento direto ou indireto com o Diabo
ou não estiver disposto a "sacrificar" para a obra de Deus, não será
agraciado. Não é primordialmente o pecado (individual ou social) que
impede a posse dos bens, mas o Diabo, que age segundo seu próprio
arbítrio, contra quem o crente deve lutar. Uma vez que a
responsabilidade fica por conta do fiel e do Diabo, cria-se uma linha
de tensão entre a posse da bênção e a atuação diabólica. Este
mecanismo permite explicar porque muitos fiéis não alcançam a
graça.

Ao longo do ano de 2001, a IURD passou a utilizar o vocábulo


”encosto” que na linguagem popular corresponde aproximadamente à
“obsessor” na nomenclatura espírita. O encosto passou a ser a
entidade que “pessoalmente” provoca todo e qualquer tipo de mal ao
homem, aparentemente a serviço do Diabo. Creio que essa mudança
estratégica se deva a dois fatores: Primeiro o de sugerir ao crente
que ele pode vencer mais facilmente o inimigo, já que não se trata do
próprio Diabo em pessoa; e segundo pelo aprendizado prático dos
pastores que perceberam que não estão tratando sempre com a
mesma entidade durante as seções onde supostamente o Diabo se
manifestava através de alguns fiéis.

A este propósito devemos lembrar, mais uma vez, que segundo a


doutrina da IURD, o indivíduo não é exatamente a sede do pecado, o
que exigiria dele o arrependimento, mas uma vítima da ação
maligna: o ato de pecar não deriva de sua escolha, mas o Mal é fruto
do encosto que atrapalha a sua vida, em especial a financeira, que
consideram um sinal de bênção.

Doutrina da Reciprocidade
Na busca da bênção, o fiel deve determinar, decretar, reivindicar e
exigir de Deus que Ele cumpra sua parte no acordo; ao fiel compete
dar dízimos e ofertas. A Deus cabe abençoar. Ao estabelecer esta
relação de reciprocidade com Deus, o que ocorre é que Ele, Deus, fica
na obrigação de cumprir todas as promessas contidas na Bíblia na
vida do fiel. Torna-se cativo de sua própria Palavra.

Macedo ensina como proceder:


Comece hoje, agora mesmo, a cobrar d'Ele tudo aquilo que Ele tem
prometido (...) O ditado popular de que 'promessa é divida' se aplica
também para Deus. Tudo aquilo que Ele promete na sua palavra é
uma dívida que tem para com você (...) Dar dízimos é candidatar-se
a receber bênçãos sem medida, de acordo com o que diz a Bíblia (...)
Quando pagamos o dízimo a Deus, Ele fica na obrigação (porque
prometeu) de cumprir a Sua Palavra, repreendendo os espíritos
devoradores (...) Quem é que tem o direito de provar a Deus, de
cobrar d'Ele aquilo que prometeu? O dizimista! (...) Conhecemos
muitos homens famosos que provaram a Deus no respeito ao dízimo
e se transformaram em grandes milionários, como o sr. Colgate, o sr.
Ford e o sr. Caterpilar. (MACEDO, Vida com Abundância, p. 36)

E prossegue:

Ele (Jesus) desfez as barreiras que havia entre você e Deus e agora
diz ¾ volte para casa, para o jardim da Abundância para o qual você
foi criado e viva a Vida Abundante que Deus amorosamente deseja
para você (...). Deus deseja ser nosso sócio (...). As bases da nossa
sociedade com Deus são as seguintes: o que nos pertence (nossa
vida, nossa força, nosso dinheiro) passa a pertencer a Deus; e o que
é d'Ele (as bênçãos, a paz, a felicidade, a alegria, e tudo de bom)
passa a nos pertencer. (MACEDO, Vida com Abundância, pp. 25,85-
86)

O Neopentecostalismo se caracteriza exatamente por este tipo de


relacionamento do fiel com Deus, inspirada na Teologia da
Prosperidade: o cristão tem direito a tudo de bom e de melhor neste
mundo. Nas palavras de Macedo: A Bíblia tem mais de 640 vezes
escrita a palavra oferta. Oferta é uma expressão de fé. Se Deus não
honrar o que falou há três ou quatro mil anos, eu é que vou ficar mal.
(MACEDO, O Globo, 29/4/1990). Cabe ao fiel demonstrar revolta
diante de Deus e "de dedo em riste" exigir que as promessas bíblicas
se cumpram.

Sacrifícios
Torna-se impossível não evidenciar que essa relação agrega um forte
simbolismo ao dinheiro: o fiel propõe trocas com Deus para conseguir
a bênção desejada. Neste discurso, a soberania de Deus é
compartilhada pelo fiel na relação de troca. É incentivado que o fiel se
acomode ao mundo das novas tecnologias, acumule riquezas, more
melhor, possua carro e não tenha sentimento de culpa por não negar
o mundo; pelo contrário, a conduta ascética tem diminuído entre os
pentecostais desde a década de 70.
Na relação de troca o fiel dá o dízimo, ofertas, participa das
campanhas:

É necessário dar o que não se pode dar. O dinheiro que se guarda na


poupança para um sonho futuro, esse dinheiro é que tem
importância, porque o que é dado por não fazer falta não tem valor
para o fiel e muito menos para Deus. (MACEDO, Isto É Senhor,
22/11/1989).

E tem a garantia dos pastores de que Deus cumprirá sua parte: Ele


ficará na obrigação de cumprir Sua Palavra.(MACEDO, Mensagens, p.
23). E ainda, O ditado popular de que 'promessa é dívida' se aplica
também a Deus. (CRIVELLA, 501 Pensamentos do Bispo Macedo, p.
103). A ênfase na necessidade de dízimos e ofertas é explicada pelos
líderes da IURD: caso o fiel não alcance o sucesso almejado, a
responsabilidade e a falha são suas.

As doações em dinheiro ou bens são presentes colocados no altar de


Deus, logo, para uma grande bênção, um valioso presente! A fé é um
instrumento de troca; uma mercadoria, e nesta relação "toma lá, dá
cá", a imagem de Deus torna-se mais próxima e trivializada, em
oposição à doutrina difundida pelo protestantismo histórico e pelo
catolicismo tradicional, a partir da qual reverência e submissão são
enfatizadas.

Dependendo do grau de interesse do ofertante, o presente, por mais


caro que seja, ainda assim se torna barato diante daquilo que está
proporcionando ao presenteado. Quando há um profundo laço de
afeto, ternura e amor entre o que presenteia e o que recebe, o
presente nunca deve ser inferior ao melhor que a pessoa tem
condições de dar. (MACEDO, O Perfeito Sacrifício: o significado
espiritual do dízimo e ofertas, p. 12)

O fiel deve sacrificar o "seu tudo". A IURD tem uma campanha em


que estimula o fiel a doar o máximo que puder na espera da bênção.
Muitas pessoas dão tudo o que têm naquele momento de sua vida:
uma caderneta de poupança, o dinheiro para comprar comida, o
dinheiro para o ônibus, e assim por diante.

Aqueles que vêem as doações das ofertas com maus olhos, ou seja,
do ponto de vista meramente mercadológico, principalmente do lado
da Igreja, também têm dificuldades para compreender a razão da
vinda do Filho de Deus ao mundo. (...) haja vista que a oferta está
intimamente relacionada com a salvação eterna em Cristo Jesus.
(MACEDO, O Perfeito Sacrifício: o significado espiritual do dízimo e
ofertas, p. 14)
O adepto é conclamado a concorrer por melhores condições num
mundo de extrema desigualdade social. E ainda tem de assumir uma
responsabilidade a mais: a de ter sucesso, senão sua vida pode estar
comprometida com as forças malignas ou com sua própria
incapacidade de gerenciar suas possibilidades. Há muitas
oportunidades para aqueles que vivem nos bolsões de pobreza? É
onde se encontram muitas igrejas da Universal. Mas, mesmo assim, é
preciso "sacrificar" diante de Deus e, de preferência, em
dinheiro: Aqueles que examinam o custo do sacrifício jamais
sacrificarão uma grande oferta, e aqueles que não sacrificam para a
obra de Deus jamais conquistarão qualquer vitória. (CRIVELLA, 501
Pensamentos do Bispo Macedo, p. 21).

Colocado nestes termos, é o fiel quem decide: Tudo depende de


você. Se perseverar, automaticamente conquistará as bênçãos de
Deus. E assim, entrará na terra prometida. (MACEDO, Mensagens, p.
21).

E a igreja administra a sua doação: A árvore proibida, no paraíso,


representava o dízimo, isto é, a parte de Deus na qual o homem não
podia sequer tocar, embora pudesse regá-la e fazê-la crescer.
(CRIVELLA, 501 Pensamentos do Bispo Macedo, pp. 99-100). Já ao
fiel cabe expulsar Satanás, participar das correntes de prosperidade,
ler sobre como muitos irmãos conseguiram resultados exigindo de
Deus o que têm direito. De resto, aquele que não alcançar uma
bênção, não dará testemunho nem será citado nos livros.

Auto-ajuda
É certo que muitas pessoas neste mundo são ricas, mesmo sem
possuírem Deus no coração. Vencem, entretanto, porque confiam na
força do seu trabalho, e por isso, são possuidoras de uma riqueza
honesta e digna. (...) Reafirmo que nossa vida depende de nós
mesmos. (MACEDO, Mensagens, pp. 27, 22).

Algumas das características do discurso iurdiano denotam a


recomendação de autoconfiança; o fiel deve crer nele mesmo, em sua
capacidade individual. A estratégia oferecida pela IURD, baseada na
Teologia da Prosperidade, estimula o membro da igreja a ser
participativo nos cultos em relação a ofertas e dízimos e reivindicar
perante Deus aquilo que lhe pertence por direito. Se todo o discurso
sobre espiritualidade vem atrelado à intervenção do Diabo, quando se
trata de dinheiro, o fiel tem de ir à luta e buscar a Deus com revolta,
que neste caso, assume um sentido de inconformidade com a própria
situação: doença, pouco dinheiro, ser empregado assalariado, etc., e
é Deus quem tem que assumir Sua posição diante do fiel: a IURD
assim o exige. Porque Deus é obrigado, como em um contrato, a
fazer sua parte!

Depende apenas de você o que será feito de sua vida, pois quem
decide nosso destino somos nós mesmos. Não são as outras pessoas;
não é Deus, nem o Diabo. (...) Não adianta ficar só jejuando ou
orando. É preciso buscar o que você quer; fazer a sua parte, e então
falar ousadamente com Deus, revoltado com a situação. Você deve
dar o primeiro passo, pois Deus não o fará por você. (MACEDO,
Mensagens, p. 28)

Conclusão
É evidente que esta teologia tem conseguido, até o momento, um
grande sucesso tendo em vista o objetivo da expansão do número de
fiéis e da área de abrangência das igrejas, inclusive a nível
internacional. Não é objetivo desse artigo julgar se esse fenômeno (o
crescimento dessas igrejas) é um fato positivo ou negativo.
Entretanto não posso deixar de mostrar um confronto com os
postulados da Doutrina Espírita e até mesmo com os ensinamentos
de Jesus nos evangelhos.

O poder da fé é um dos mais contundentes ensinamentos de Jesus,


basta lembrar que segundo ele, se tivermos fé do tamanho de um
grão de mostarda poderemos ordenar e a montanha se moverá. É
evidente que se trata de uma figura de linguagem, e é claro que
devemos condicionar a realização dos nossos desejos às leis e a
“vontade” de Deus. Pai, seja feita a tua vontade __ Disse Jesus. Este
argumento refuta a idéia da confissão positiva, se tomada como algo
absoluto.

Sabemos da existência de falanges de espíritos malévolos e da sua


efetiva ação junto a humanidade encarnada, porém não podemos
atribuir a eles a causa de todo e qualquer mal que ocorra ao homem
(alguns espíritas “fanáticos” também pensam assim); e nem eles
estão fora do controle da lei divina, eles são somente instrumentos
da lei que permite as suas ações com um determinado fim.

Os sacrifícios se apóiam principalmente nos textos do antigo


testamento. A prática de sacrifícios remonta o tempo das sociedades
agrárias, onde eram realizados com o objetivo de pacificar os deuses
e solicitar boas colheitas. Apoiada nessa idéia, a “reciprocidade” de
Deus não dá para ser levada a sério.

Uma leitura mesmo superficial dos evangelhos, mostra a total


despreocupação de Jesus pelos bens materiais. Mesmo o seu reino,
não era desse mundo. A Quem quisesse segui-lo aconselhava a
vender seus bens e dá-los aos pobres. Disse que a riqueza dificultava
a entrada no reino de Deus. Aos pobres, famintos e sofredores
recomendou paciência. É evidente que essa doutrina é
diametralmente oposta à teologia da prosperidade. Isso não significa
que a riqueza, a saúde e o bem estar devam ser repudiados pelo
cristão pois que são necessárias, mas não pode fazer disso a razão
principal da sua vida. Buscai, em primeiro lugar, construir o reino de
Deus dentro de vós!

Bibliografia
 Revista Brasileira de História - vol.22 no.43 SP - Os
pentecostais: entre a fé e a política
 MARIANO, Ricardo. "Os pentecostais e a teologia da
prosperidade". In Novos Estudos. SP CEBRAP
 GOMES, Wilson. "Nem anjos nem demônios". interpretações do
pentecostalismo. Petrópolis: Vozes.
 HANEGRAAFF, Hank. Cristianismo em Crise. CPAD, Rio, 1996.

You might also like