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A Tecnologia e (é) a Arte de Aprender

Fabiano Correa da Silva – UFP Portugal / FIMI Mogi Guaçu


Gabriela Fiorin Rigotti – Unicamp / FIMI Mogi Guaçu

“É claro que a tecnologia não determina a sociedade. Nem a


sociedade escreve o curso da transformação tecnológica, uma vez
que muitos fatores, inclusive criatividade e iniciativa
empreendedora, intervêm no processo de descoberta científica,
inovação tecnológica e aplicações sociais, de forma que o resultado
final depende de um complexo padrão interativo.” (CASTELLS,
2006)

A sociedade em rede na qual atualmente vivemos, com computadores


espalhados e presentes em todo e qualquer lugar para onde vamos e olhamos,
pessoas que fazem parte de nosso mundo de forma que não sabemos
distinguir se são reais, virtuais, presenciais, atuais ou todas estas coisas ao
mesmo tempo unidas de maneira a formarem um grande teia de informação,
de emoção, de vida, é o que nos estimula a pesquisar, inquirir e a tentar
desvendar que mundo é este do qual fazemos parte e somos responsáveis:

Estamos, sem dúvida, entrando numa revolução da informação e da


comunicação sem precedentes que vem sendo chamada de
revolução digital. O aspecto mais espetacular da era digital está no
poder dos dígitos para tratar toda informação, som, imagem, vídeo,
texto, programas informáticos, com a mesma linguagem universal,
uma espécie de esperanto das máquinas. Graças à digitalização e
compressão dos dados, todo e qualquer tipo de signo pode ser
recebido, estocado tratado e difundido, via computador. Aliada à
telecomunicação, a informática permite que esses dados cruzem
oceanos, continentes, hemisférios, conectando potencialmente
qualquer ser humano no globo numa mesma rede gigantesca de
transmissão e acesso que vem sendo chamada de ciberespaço.
(SANTAELLA, 2004: 70 - 71)

A revolução digital à qual se refere a pesquisadora é algo que já


presenciamos até de forma tranqüila e natural, visto que nossas crianças já
nascem com a mão no mouse e os olhos nas telas da TV e do computador,
ouvindo nossas músicas e sonhando com nossas histórias. Dessa forma,
apesar do substantivo revolução, essas mudanças ocorrem de forma um tanto
quanto aparentemente natural, no entanto, ainda existem realidades bastante
distantes desta revolução e que estão à margem das novas tecnologias.
A vivência na sociedade em rede nos proporciona uma reflexão a
respeito das mudanças de paradigmas que enfrentamos neste momento,
chamado por muito teóricos da atualidade, da terceira revolução:

O que caracteriza a atual revolução tecnológica não é a centralidade


de conhecimentos e informação, mas a aplicação desses
conhecimentos e dessa informação para a geração de
conhecimentos e de dispositivos de processamento/comunicação da
informação, em um ciclo de realimentação cumulativo entre a
inovação e seu uso. (CASTELLS, 2006)

As mudanças nas bases de produção e propagação do conhecimento


criam novos paradigmas que são e devem ser discutidos por todos que
fazemos parte desta Era Digital (SANTAELLA, 2004). Apesar de causar muita
estranheza e até mesmo medo de muitos em relação a essas novidades,
somos parte integrante deste movimento revolucionário que, querendo ou não,
estamos vivenciando e, por isso, podemos tentar compreendê-lo sob diferentes
óticas e primas, deixando de lado conclusões precipitadas, erroneamente
marcadas e até mesmo inverossímeis.
Os estudos a respeito da inovação das TIC (Tecnologias da Informação
e Comunicação) visam contribuir de forma efetiva neste sentido de auxiliar a
reflexão a respeito dos usos e aplicações destes recursos hipermidiáticos.
Assim, faz-se necessário, primeiramente, entender o que são, como agem e
quais possíveis conseqüências e impactos podem causar estas inovações na
vida e evolução do Homem.
Pensadores da atualidade e de tempos passados contribuem de forma
efetiva para que possa haver um entendimento dos processos de evolução que
toda a sociedade participa no limiar do século XXI. A ciência busca explicar os
acontecimentos que envolvem os seres humanos, desde a Antigüidade
Clássica até os dias atuais, essa busca incessante por respostas é chamada
por muitos de Busca pela Verdade, por outros de Busca da Liberdade, além de
tantos outros títulos que, na verdade, nomeiam este caminhar evolutivo do
humano no espaço de sua existência. Portanto, nada melhor do que este
momento atual, em que as novidades deixam de o ser em pouquíssimo tempo,
e é exigido de todos um pensar sobre o presente, o que se torna difícil, visto
que o presenciar e o analisar, colocados assim num mesmo lugar e tempo,
parece quase que impossíveis de serem realizados sem uma grande
interferência dos cientistas, os sujeitos-protagonistas que fazem parte deste
evoluir constante.
Dessa forma, é de suma importância a leitura dos mais diversos
pensadores, tanto da atualidade quanto do passado – dentre os quais muitos
previram os atuais acontecimentos – o que torna a presente reflexão uma
conseqüência, uma releitura e até mesmo um novo posicionamento a respeito
dos fatos já vividos, os que se estão vivenciando e os que estão por vir.

A Tecnologia e as variantes do intelecto humano: a arte

Os recursos tecnológicos devem e precisam estar a serviço da evolução


do homem, pois resultam da capacidade humana de cultivar a curiosidade e,
consequentemente, pesquisar, inquirir, discutir e propor reflexões a respeito de
tudo o que existe.
A tecnologia como resultado de esforço intelectual e material do homem
requer, além de ser criada e/ou descoberta, ser alvo de estudos críticos que
funcionem como forma de avaliação da mesma.
Esta postura diante das novidades descobertas ou criadas é algo sobre
o qual as mentes brilhantes da sociedade humana sempre se debruçaram com
o intuito de compreender até que ponto as descobertas e criações de
tecnologias são úteis e viáveis à humanidade ou não.

Desde os primórdios da existência humana, comunicar e


transmitir ideias, pensamentos e experiências impõe-se como
uma necessidade básica e inerente ao próprio ser. Vejam-se as
diferentes inscrições do homem das cavernas s paredes das
grutas, a invenção da própria linguagem, a invenção da escrita, a
invenção da tipografia e, hoje em dia, a enorme revolução
comunicacional representada pelo computador e seus meios.
(GRAÇA NETO, 2004)

Fazendo um estudo histórico mais elaborado pode-se ver que o homem


sempre esteve, como nos dias de hoje está, à procura de respostas para suas
mais elementares e conscientes dúvidas. Os grandes autores clássicos da
filosofia e literatura greco-latinas, pensamento básico de formação da
sociedade ocidental, representam ali os conceitos de busca por respostas,
estas podendo ser dadas de forma concreta na forma de tecnologia material
(as técnicas) ou mesmo em forma do que pode ser chamada de tecnologia
intelectual, como a reflexão feita dos tratados filosóficos e literários a respeito
da vida humana, incluindo também toda produção artístico-cultural expressa
por meio da dramatização dos hábitos, crenças e verdades destas sociedades:

Até quando, Catilina, abusarás da nossa paciência? Quanto


zombará de nós ainda esse teu atrevimento? Onde vai dar consigo
tua desenfreada insolência? É possível que nenhum abalo te façam
nem as sentinelas noturnas do Palatino, nem as vigias da cidade,
nem o temor do povo, nem a uniformidade de todos os bons, nem
este seguríssimo lugar do Senado, nem a presença e semblante dos
que aqui estão? Não pressentes manifestos teus conselhos? (...) E
nós, homens de valor, nos parece ter satisfeito à República,
evitando as suas armas e insolência! Muito tempo há, Catilina, que
tu devias ser morto por ordem do Cônsul, e cair sobre ti a ruína que
há tanto maquinas contra todos nós. (CÍCERO, 1960)

As descobertas científico-tecnológicas demonstram que, na história da


humanidade, esta busca incessante por respostas tem o intuito de facilitar a
vida do animal, ou seja, toda pesquisa visa melhorar, tranqüilizar e
conscientizar o homem de sua fragilidade diante dos demais animais, fazendo-
o com que tome iniciativas pioneiras e úteis. Resumindo, a tecnologia é, em
primeiro momento, um facilitador para a árdua existência humana diante dos
perigos do mundo, tanto na parte material, com as invenções das máquinas e
instrumentos de trabalho, quanto na intelectual, com a Filosofia e a Arte.
Camões, 2007, “tanto que me tenha o Engenho e Arte”
No entanto, paradoxalmente a essa inovação tecnológica que influi na
evolução do animal homem em civilizado homem surgem, como conseqüência
dessas descobertas, novos problemas que precisam ser pensados e
solucionados pelo animal pensante. Muitos são os exemplos disso: a
descoberta dos combustíveis fósseis que facilitou a rapidez da locomoção do
homem no mundo, hoje se torna a grande vilã da poluição do meio ambiente e
o inimigo da preservação das formas de vida no planeta; as facilidades criadas
a partir da descoberta da energia elétrica, energia que move uma grande parte
da vida nas sociedades modernas, com seus frigoríficos, lâmpadas, máquinas
domésticas e ferramentas automatizadas, torna-se um problema para os
países que, ao usarem a energia elétrica proveniente da força das águas,
necessitam cada vez mais de megawatts e, para a produção destes, a
construção de hidrelétricas que represam os rios, remanejando e, em grande
parte, destruindo a fauna e a flora locais; além de tantos outros exemplos que
cabem nesta discussão e que mostram que a evolução das tecnologias pode
causar a destruição e o caos, pois afeta diretamente a ordem natural das
coisas.
Estes e tantos outros exemplos que podemos citar aqui demonstram que
a tecnologia que está a serviço do homem pode também gerar, o que é natural
num processo de evolução, muitos questionamentos e problemáticas que
necessitam de pessoas que pensem a respeito deles, ou seja, mudanças
ocorrem o tempo todo na história da humanidade e, por isso, os pesquisadores
das mais diferentes áreas são essenciais para a compreensão destas.
É a partir destas indagações que o homem produz novos recursos
materiais e intelectuais para responder a seus propósitos evolutivos, ou seja,
as tecnologias são variantes da expressão do intelecto humano, pois, afinal,
representam a capacidade que o homem tem de criar soluções e respostas a
problemáticas que entravam seu crescimento. Dessa forma, a humanidade vive
em ciclos que são marcados por momentos revolucionários e calmos, ou seja,
a desestabilização gera uma solução que, consequentemente, gera novos
desequilíbrios e, sucessivamente, inovações em todos os campos do saber.
Portanto, o presente momento não está isolado dos demais que já passaram,
porém, exige de todos atitudes inovadoras para problemas nem sempre novos,
porém, embutidos em novos paradigmas.

O Paradigma das Novas Tecnologias e a Arte de Aprender

Deve existir nos homens um sentimento profundo que corresponde


a essa palavra LIBERDADE, pois sobre ela se têm escrito poemas
e hinos, a ela se tem até morrido com alegria e felicidade. (...) Ser
livre – como diria o famoso conselheiro... – é não ser escravo; é
agir segundo a nossa cabeça e o nosso coração, mesmo tendo que
partir esse coração e essa cabeça para encontrar um caminho...
Enfim, ser livre é ser responsável, é repudiar a condição de
autônomo e de teleguiado – é proclamar o triunfo luminoso do
espírito. (...) Ser livre é ir mais além: é buscar outro espaço, outras
dimensões, é ampliar a órbita da vida. É não estar acorrentado. É
não viver obrigatoriamente entre quatro paredes. (MEIRELES,
Cecília. 1966: 28)
Aprender os acontecimentos da vida, reconhecendo o valor de cada ato
nosso; aprender a ler a corrupção e a miséria, buscando soluções para
extinguir de nossa sociedade suas chagas; aprender a ler a fome e a violência,
tentando extinguir os estigmas que maltratam tantos de nossos compatriotas;
aprender também o amor e a fraternidade, percebendo o quão importante é
manter os sentimentos presentes em cada um de nossos atos diários; aprender
a esperança e a caridade, acreditando que a construção de uma sociedade
mais justa e fraterna é possível; aprender a ler o mundo, reconhecendo a
grandeza de sermos humanos; enfim, aprender a esperança, mesmo que esta
esteja implícita em nós.
Aprender é um ato de descobrimento de si mesmo e do outro, é uma
forma de nos reconhecermos como cidadãos do mundo, como parte integrante
e ativa na construção e evolução da sociedade. Portanto, pensar o ato de
aprender é algo fundamental e de extrema importância, já que é por meio da
educação que podemos empreender grandes mudanças e valorosas
transformações sociais.
Cultivar nos alunos e educadores a valorização e a importância da
leitura no ato de aprendizagem como forma de emancipação social faz que
estes aprendam a ler a vida de forma diferenciada, que se encontrem como
agentes de transformação e possam descobrir a feliz responsabilidade de
mediar a transformação de simples seres em grandes cidadãos.
A complexidade humana e as mais elementares dúvidas que
acompanham a humanidade desde sua origem também são demonstradas nos
textos artístico-literários. Clarice Lispector, Cecília Meireles, Carlos Drummond
de Andrade, Aluísio Azevedo, Machado de Assis, são alguns dos que
aprenderam a ler o homem de um outro ângulo.
A representação e a descrição dos fatos vividos e presenciados por
todos fazem presença nos textos jornalísticos e midiáticos. A formação social,
os dramas das grandes e complexas metrópoles e a tradição das pequenas e
isoladas cidadezinhas interioranas são demonstrados nos veículos de
comunicação de massa que abrangem quase que a totalidade da população
brasileira e, por esse motivo, tornam-se responsáveis por modos de vida e
pensamento, ou seja, são grandes formadores de opinião.
O fio condutor do pensamento humano, responsável pela evolução e
transformação do planeta, é mantido pelos grandes pensadores, artistas e
cientistas que com os seus textos e hipertextos – formas pelas quais
conseguem estabelecer contato direto com a população e transmitir suas
descobertas – criam em todos o hábito do pensar e do refletir sobre problemas,
buscando soluções.
Um pedido de desculpas, um agradecimento, um relato de trabalho, um
pedido de emprego, uma manifestação de descontentamento, uma
demonstração de amor, uma informação essencial, são veiculados por textos
impressos, virtuais, hipermidiáticos que surgem para solucionar pequenos
problemas e agilizar a comunicação entre as pessoas.
Todos estes tipos de textos estão presentes no dia-a-dia e é importante
aprender como lidar com cada um deles, como lê-los, como reconhecê-los,
como dialogar com eles e como nos expressar por meio deles.
O professor é aquele que possibilita aos alunos uma visão diferenciada e
mais reflexiva dos diferentes assuntos com os quais terão contato. Torna-se o
educador um exemplo de vida e aprendizado para seus educandos, um guia no
complexo percurso pela vida. Sendo assim, o professor precisa aprender a arte
de ensinar a ler o mundo, compreendendo-o e examinando-o para que possa
caminhar com os alunos em busca de uma autonomia em relação ao saber.
Os problemas em relação ao processo de ensino-aprendizagem na
educação básica e no ensino superior são sempre apresentados de forma
apocalíptica e sabemos que eles realmente são majestosos, porém o seu
conhecimento nos deve levar à busca de soluções a partir do papel do
professor como estimulador e promotor de múltiplas leituras. Assim, a
tecnologia assume um papel de extrema importância, pois torna-se facilitadora
e estimuladora do ato de aprender, proporcionando uma infinidade de formas
de adquirir conhecimento que vai desde a leitura linear ou não de textos em
meios digitais e impressos até mesmo a viagens em 3D nas quais os
educandos tornam-se personagens importantes dos principais fatos da história
da humanidade.
Os Softwares Educativos, aqueles criados com o intuito de facilitar o
processo de ensino-aprendizagem, apresentam uma nova linguagem que na
verdade expande o conceito que temos do que seja o ato de ensinar e
aprender:

A linguagem permeia o conhecimento e as formas de conhecer, o


pensamento e as formas de pensar, a comunicação e os modos de
comunicar, a ação e os modos de agir. Ela é a roda inventada que
movimenta o homem e é movimentada pelo homem. Produto e
produção cultural nascida por força das práticas sociais, a
linguagem é humana e, tal como o homem, destaca-se pelo seu
caráter criativo, contraditório, pluridimensional, múltiplo e
singular, a um só tempo” (PCNEM, 1998: 125).

Trabalhar estas novas modalidades da linguagem, apresentadas em


diferentes suportes que vão além da escrita linear e impressa, o que ainda é
forte, é o que vem sido pensado pelos estudiosos da área de tecnologia e
Educação, pois os recursos hipermidiáticos precisam e devem ser utilizados a
favor do homem, pois, assim como já citado anteriormente, as novas
descobertas científicas e tecnológicas surgiram e surgem sempre por
necessidade humana.
A relação entre Educação e Tecnologia é hoje vista como algo de
fundamental importância para o progresso de um país pelo fato de que os
novos suportes hipermidiáticos de divulgação do conhecimento, tais como as
imagens, os sons e as escritas digitais, auxiliam e muito na propagação e
difusão do saber nas mais diferentes e incautas regiões do país e do mundo.
Dessa forma, busca-se resgatar o prazer de estudar e aprender na
escola, pois o professor assume o seu real valor de educador e facilitador na
relação de ensino-aprendizagem. Esse resgate do professor pode também ser
visto por alguns “guardiões da Moral e dos Bons Costumes” como algo ruim, já
que esta postura exige dos educadores uma nova concepção do que seja o ato
de ensinar e aprender, que não tem mais no professor a figura do “Todo
Poderoso” e detentor do poder absoluto, fatos que permeiam ainda muitos
cursos de formação de professores no Brasil.
Novos paradigmas requerem novas leituras e por isso mesmo que a
relação entre as novas tecnologias e a Educação requer um posicionamento
diferenciado dos educadores em relação ao processo de ensino-aprendizagem
em todos os níveis de aprimoramento intelectual.
Num primeiro momento, esta interação entre a tecnologia e a Educação
pode parecer algo estranho e, assim como toda revolução, suscitar em muitos
professores e pesquisadores das humanidades uma aversão, dados os medos
e dúvidas destes quanto ao futuro da escola e das relações de aprendizagem.
Portanto, discutir estes novos paradigmas torna-se fator relevante neste
momento histórico, pois:

Em suma, se aceitarmos a premissa de que vivemos já em plena


revolução digital, de que o seu curso é imparável e de que se
afirmará como a grande tendência deste novo século e se
atendermos a todas as manifestações que ao longo da última década
já têm evidenciado uma ligação entre as humanidades e a
informática, poderemos arriscar que as humanidades se
desenvolverão ainda mais no ambiente electrónico e que este se
tornará numa superfície de escrita e de leitura encarada com uma
normalidade que talvez ainda não seja possível esperar no actual
momento histórico. A verificar-se este cenário, o computador pode
ser um “factor de união” ou configurar uma “união de facto” entre
“duas culturas” tradicionalmente separadas, dado que pode trazer
ao humanista alguma compreensão no domínio tecnológico ao
mesmo tempo que permite a sua integração num contexto
comunicacional socialmente dominante, enquanto que o tecnólogo
pode aceder ao conhecimento registado sobre as humanidades
através do computador e acolher as sugestões dos humanistas com
vista à promoção de desenvolvimentos tecnológicos adequados aos
valores específicos de uma educação humanística. (REIS, 2001)

Encarando desta forma as mudanças pelas quais a sociedade em geral


atravessa com o advento da informática, das novas tecnologias da Informação
e da Comunicação, é relevante pensar o papel da educação que, tão
importante quanto foi em todos os momentos da história do homem, tem a
grande responsabilidade de analisar, pesquisar, pensar, repensar e também
avaliar todos estes inéditos acontecimentos e inovações que permeiam todas
as relações sociais na atualidade e que moldarão de certa forma um futuro
próximo.
Assim sendo, pode-se considerar que a tecnologia hoje está
caminhando juntamente com a educação, ou seja, a Tecnologia e a arte de
aprender. Da mesma maneira que também na atualidade e pelo o que estas
inovações indicam já pode-se pensar que a Tecnologia é a arte de aprender.
Portanto, a dualidade de sentidos do título deste artigo ainda se mantém e
poderá se manter por muito tempo, mas uma coisa é certa: A Tecnologia e (é)
a arte de Aprender.

Referências Bibliográficas

BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Resolução CEB nº 3, de 26 de


junho de 1998. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino
Médio.

CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede. São Paulo, SP: Paz e Terra, 10


ed. vol 1, 2006.

CÍCERO, Marco Túlio. Discurso de Cícero contra Catilina. In


http://www.culturabrasil.pro.br/catilinaria.htm. acessado em 10 de agosto de
2008.

GRAÇA NETO, Maria da. Do Livro ao Computador: O Percurso Labiríntico


das Palavras. Lisboa, Portugal: DigLitWeb, 2004.

MEIRELES, Cecília. Escolha o seu sonho. Rio de Janeiro, RJ: Record, 2 ed.
1966.

REIS, Pedro. Humanidades e Informática – o estado da arte. Porto,


Portugal: FCHS – UFP, 2001.

SANTAELLA, Lúcia. Culturas e Artes do Pós-humano: da cultura das


mídias à cibercultura. São Paulo, SP: Paulus, 2 ed. 2004.

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