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Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem a
melhoria de sua condição social:
As quantias pagas aos trabalhadores a título de participação nos lucros não têm
natureza jurídica salarial. Não são salários. Não se caracterizam como remuneração
do trabalho. Não integram o salário.
................................................
A doutrina brasileira, influenciada pela legislação (CLT, art. 457, § 1º), que considera
percentagens salário, posicionou-se, pela natureza jurídica salarial, sendo essa opinião
até agora manifestada, dentre outros, por José Martins Catharino, para quem "no nosso
direito positivo é salário a participação determinada de acordo com a percentagem sobre
lucros ou em relação às entradas, toda vez que seja feito o contrato de trabalho"; por Luiz
José de Mesquita, ao afirmar que "esse pagamento incorpora-se, para o futuro na
remuneração"; e por Délio Maranhão, ao dizer que "a participação nos lucros é, pois,
salário".
Não sendo salários, os valores pagos a título de participação nos lucros não serão
considerados para efeito de incidência de ônus sociais, trabalhistas, previdenciários
ou fiscais.
No mesmo sentido a lição do ilustre mestre Arnaldo Süssekind, que assim afirma:
Existente há decênios no direito brasileiro, mas sem aplicação útil, a participação nos
lucros, ou resultados, está no inc. XI. Seu conceito é sempre desvinculado da
remuneração, ou seja, constitui vantagem a mais, assegurada ao trabalhador, vedada a
compensação com verbas pagas a título salarial.’
2. A participação nos lucros e nos resultados contém duas faculdades muito acertadas: a
desvinculação da remuneração as livrará do pesado ônus da integração às demais
verbas devidas ao empregado......a participação não substitui a remuneração, nem
pode ser base de incidência de encargo trabalhista ou previdenciário; pagamento
com periodicidade mínima de 6 meses....... "A nova disposição constitucional deixa
sem efeito o Enunciado 251 do Tribunal Superior do Trabalho" (Celso Bastos,
Comentários à Constituição, v. 2, p. 445).’
Ainda que se entenda que a primeira parte do dispositivo sob comento não é de eficácia
plena, é de se invocar a lição de José Afonso da Silva, que assim proclama:
EMENTA.
Deve prevalecer o entendimento segundo o qual a análise da aplicação de uma lei federal
não é incompatível com o exame de questões constitucionais subjacentes ou adjacentes.
A competência somente seria deslocada para a Máxima Corte se a v. decisão recorrida
tivesse julgado o feito única e exclusivamente sob o prisma constitucional, o que se não
verifica na espécie.
A letra fria desse dispositivo da Carta Maior embora não totalmente auto-aplicável
ou de eficácia contida, é plenamente eficaz num ponto, mesmo antes da Medida
Provisória n. 794/94, de 29 de dezembro de 1994, ou seja, no que diz respeito à
desvinculação entre participação nos lucros e remuneração do trabalhador.
Recurso não conhecido.’ ( Resp nº 283.512, Rel. Min. Franciulli Netto, DJ de 31-03-2003,
p. 190). No mesmo sentido os Resps ns. 381.246-RS, DJ de 23-6-2003, p. 312 e 438.712-
RS, DJ, de 12-5-2003, p. 284, ambos de relatoria do mesmo Min. Franciulli Netto).
EMENTA.
PREVIDENCIÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE PARTICIPAÇÃO DOS
EMPREGADOS NOS LUCROS DA EMPRESA. CARÁTER NÃO SALARIAL DA
PARTICIPAÇÃO.
2.O parágrafo 4º do art. 201 da CF não se aplica à participação nos lucros porque esta,
ainda que paga continuamente por vários anos, jamais poderá ser considerada "habitual",
pois, pela sua natureza, estará sempre presente a possibilidade de que em determinado
exercício haja prejuízo ao invés de lucro.
EMENTA.
1. O artigo 7º, XI, da Constituição Federal confirma o direito dos trabalhadores urbanos e
rurais em participar nos lucros ou resultados da empresa, desvinculada da
remuneração. Nestes limites, a regra sempre foi plenamente eficaz, com
aplicabilidade imediata.
2. Existe a possibilidade desta eficácia ser contida mediante a superveniência de uma lei,
nos exatos termos do próprio dispositivo constitucional, mas que de forma alguma
poderá dispor sobre vincular a participação nos lucros à remuneração. O que poderá
ser feito, tão-somente, é regulamentar-se sobre a extensão desta participação nos lucros,
se maior ou menor, mas sempre desvinculada da remuneração.’ (TRF 4ª Região, AG nº
199804010117973-RS, Rel. Juiz Tania Terezinha Cardoso Escobar, DJU de 5-4-2000, p.
68).
EMENTA.
EMENTA.
EMENTA.
I - A participação nos lucros preconizada na Constituição Federal de 1988, art. 7º, inciso
XI, não tem caráter salarial, razão por que não devem incidir contribuições previdenciárias
sobre ela.
Seja como for, para o caso sob consulta, cujo período de autuação fiscal é posterior à
regulamentação pela MP nº 794/94, é indiferente o posicionamento doutrinário e
jurisprudencial no que se refere à auto-aplicabilidade ou não do preceito constitucional
objeto de análise. O importante é que a própria Corte Suprema deixou bem claro que,
a partir do advento da MP nº 794/94, o dispositivo constitucional que determina a
desvinculação dos lucros ou resultados da remuneração percebida pelos
empregados, passou a ter plena eficácia. É o que basta.
Se é certo que cabe ao legislador infra-constitucional definir o fato gerador dos tributos,
também é certo que essa definição legal não poderá desrespeitar as limitações
constitucionais ao poder de tributar. E uma dessas limitações é exatamente a imunidade
tributária. Não importa a denominação ‘imunidade’, ‘isenção’, ‘não-incidência’, ou
quaisquer outros vocábulos ou termos utilizados na Constituição Federal. Basta simples
exame dos textos constitucionais para verificar que o legislador constituinte utilizou-se de
diferentes expressões, ao estatuir, dentre outras, as seguintes imunidades: a imunidade de
custas judiciais na ação popular (art. 5º, LXXVIII da CF); a imunidade de taxas, aos
reconhecidamente pobres, para expedição de registro civil de nascimento e de óbito (art.
5º, LXXVI, a e b da CF); imunidade recíproca (art. 150, VI, a da CF); imunidade genérica
dos partidos políticos, das instituições de educação e de assistência social, dos sindicatos,
dos templos e do livro (art. 150, VI, b e c da CF); imunidade do IPI (art. 153, § 3º, III da
CF); imunidade do ITR sobre pequenas glebas rurais (art. 153, § 4º da CF); imunidade das
contribuições sociais (art. 195, § 7º da CF) etc.
Daí porque, ‘data máxima vênia’, juridicamente irrelevantes tanto a invocação feita pelo
fisco do § 6º do art. 150 da CF, que cuida da especialidade da lei isentiva, como também
do apego ao art. 111 do CTN, que prescreve um método de interpretação literal para
normas que instituem isenções.
Por isso, obediente ao preceito constitucional, a MP nº 794/94 veio prescrever em seu art.
3º:
Art. 3º. A participação de que trata o art. 2º não substitui ou complementa a remuneração
devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo
trabalhista ou previdenciário.’
Procurando não interferir nas relações entre a empresa e seus empregados e atento ao
disposto no art. 11 e no § 4º do art. 218 da CF e, sobretudo, procurando respeitar o
verdadeiro conteúdo do inciso XI do art. 7º da Carta Política, de sorte a não extrapolar os
limites da constitucionalidade, o legislador ordinário, no art. 2º da Lei nº 10.101, de 19 de
dezembro de 2000, fruto da conversão da Medida Provisória nº 1.982/77, de 23 de
novembro de 2000, por sua vez, mera reedição da Medida Provisória nº 794/94, limitou-
se a indicar duas alternativas para a participação nos lucros ou resultados:
Art. 2º A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa
e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos
pelas partes de comum acordo:
Cumpre observar, ainda, que o § 3º, do art. 3º, da Lei nº 10.101/2000 dispõe:
Sintetizando, podemos afirmar que a Lei nº 10.101/2000, que tem origem na MP 794/94,
explicitou a aplicabililidade plena do preceito constitucional em questão, na parte
que desvincula a participação nos lucros ou resultados da remuneração do
trabalhador.
EMENTA: PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. NATUREZA SALARIAL. Não se pode olvidar que a verba
quitada a título de participação nos lucros e resultados das empresas, em regra, possui cunho indenizatório.
Nesse sentido, o art. 7º, XI da Constituição da República é claro no sentido de que a verba participação nos
lucros e resultados não integra a remuneração do empregado, razão pela qual não repercute em outras
parcelas. Todavia, pactuando as partes, mediante negociação coletiva, a quitação mensal da verba participação
nos lucros e resultados, ultrapassando-se o limite expressamente previsto no § 2º do artigo 3º da Lei
10.101/2000, o qual dispõe ser "vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a
título de participação nos lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou
mais de duas vezes no mesmo ano civil", tem-se por desvirtuada a natureza do instituto, possuindo a verba
cunho eminentemente salarial, devendo ser integrada à remuneração para todos o 2. De mais a m