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(Joseph Murphy)
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O apoio à Educação Física por parte do estado, do sistema militar e dos educadores no
período de 1930-1945 fazia parte do esforço maior de redenção do homem brasileiro,
de afirmação da nacionalidade e da busca do desenvolvimento sócio-econômico e
cultural do país, sob a condução da tutela autoritária.
Neste tipo de orientação cada atleta tem que demonstrar todo o seu
potencial a um imaginário, porém possível, observador. E esse potencial terá
maior valor quanto maior for o adversário que se está enfrentando e ma is bem
estruturada estiver a equipe da qual se participa. Imagine -se isto posto dentro
de uma equipe mista de meninos e meninas. Por um lado o garoto perde a sua
masculinidade, por outro, a menina perde a sua feminilidade. Existem raízes
profundas que necessitam ser entendidas para poder compreender toda a
amplitude do comportamento que se estuda, heranças de períodos
ultrapassados, onde existiam divergências de igualdades e a exclusão era
predominante. Este período que ainda permanece vivo no nosso meio pe las
atitudes muitas vezes desenvolvidas pelos profissionais, em atividades no seu
dia-a-dia.
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Ensinar exige pesquisa, porém, não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino.
Esses que fazeres se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino contínuo
buscando, procurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me
indago. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a
novidade. (FREIRE, 1996, p. 32).
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c ± é aquela onde o professorado de
Educação Física, com os meios materiais de que dispõe, e de acordo
com suas preferências pessoais, programa os conteúdos possíveis,
(geralmente esportes coletivos ou aulas de ginástica geral) e os
desenvolve usando estratégias convencionais e uma concepção
esportiva tradicional. Sua preocupação está centrada em desenvolver o
conteúdo programado e que os alunos o aprendam. Preocupa -se com a
iniciação desportiva e envolve-se pouco na integração de sua disciplina
com o projeto pedagógico da escola. É um tipo de prática onde a
Educação Física não incomoda.
( ± também não causa contratempos ao sistema
educativo. Diante das circunstâncias adversas e dos desafios que lhe
impõem na escola, sem amparo institucional, busca ajuda em colegas
mais experientes e propõe alternativas criativas para atender às
necessidades dos alunos e os objetivos da escola. É uma prática de
elevado valor pessoal e docente, mas limitada por desconsiderar o
questionamento das razões e os por quês da imposição destas
condições e destes desafios. O professor dá aulas e, inclusive, colabora
com outras atividades dentro da rotina da escola. É uma prática docente
com elevado grau de compromisso e interação com os alunos, e se
caracteriza principalmente pelo ativismo. Além de conhecimentos
específicos desenvolve, sobretudo, um conhecimento do como fazer,
como solucionar os problemas de ensino que são propostos a ele.
( c ± Desenvolvida com mais freqüência no
ensino primário. Caracteriza -se pelo exercício da autoridade institucional
sobre os alunos, controlando as formas e a circulação dos alunos na
escola. É uma prática que busca educar as atitudes, os valores e
comportamentos do aluno através da disciplina corporal. Tem forte
compromisso com a escola e em como socializar os alunos para a
adaptação e aceitação das normas institucionais. Está em plena
contradição com os desejos de democratização pelos quais luta o
professorado de Educação Física. Tem pouca interação com os alunos e
desenvolve um conhecimento do controle e do manejo de grupo, tendo
inclusive a pretensão de controlar os hábitos de postura corporal dos
alunos.
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± é uma prática onde o professo rado de
Educação Física questiona o seu papel e o de sua disciplina na escola.
Usa sua especificidade e sua relação com o aluno para propor questões
sobre a experiência vivida por ambos, seus limites e as possibilidades
de intervenção. Busca, sobretudo, a integração da Educação Física com
o conjunto das práticas educativas do currículo. Aprofunda sua crítica ao
sistema educativo e seus efeitos concretos sobre as diferentes parcelas
da comunidade escolar, convertendo -se em um incômodo para grandes
parcelas da administração da escola e do sistema educativo. Também é
uma prática que tem elevado grau de compromisso e integração com os
alunos, mas que, sobretudo, caracteriza-se pela reflexão de sua ação
prática.
Quanto mais intenso o processo de exclusão social, mais mediações são necessárias
ao exercício da cidadania. Isso inclui a participação no processo produtivo pelo
trabalho, onde a tarefa específica, concebida como função social cada vez mais
demandada pela sociedade contemporânea, de preparar as novas gerações para
enfrentar cientificamente e eticamente, com autonomia intelectual e moral, os desafios
postos pela sociedade contemporânea, é trabalho que exige sólida formação
científico/tecnológica e sócio-histórica no campo da educação. (BOZZETTO, 2000, p.
52).
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Só tem algo a ensinar aquele que, por meio de pesquisa, constrói uma personalidade
própria científica, aquele que tem uma contribuição original; caso contrário, não vai
além de narrar aos estudantes o que leu por aí. E se atribuímos à Universidade um
compromisso com a qual está inserida, para que não fique apenas na teoria, mas
consiga descer à prática, isto se consegue da melhor maneira possível, se a
intervenção na realidade estiver baseada em pesquisa prévia, porque não se pode
influenciar o que não se conhece. (DEMO, 1987, P. 8).
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( Ser uma pessoa não apenas de boas intenções e de boa vontade, mas
também de grande capacidade de adaptação e inteligência prática,
prevendo e organizando as atividades a serem feitas pelos alunos,
determinando as circunstâncias em que serão realizadas e
especificando os objetivos a serem atingidos ; em suma, deve fazer com
que os alunos ajam, com que trabalhem. Portanto, o professor de
Educação Física entra no processo da educação não apenas como
executor de tarefas externas, mas como integrante do próprio processo.
Daí exigir-se dele uma grande dose de responsabilidade, a qual é
proveniente da convicção de que sua presença e atuação no processo
educativo não são realmente apenas decorativas, mas de plena
participação.
( Ser capaz de manter um bom relacionamento com seus alunos, pois
sendo a educação e a atividade pedagógica uma situação de
relacionamento humano, quanto maior for a capacidade de compreender
os alunos, maior e melhor será o resultado educacional; nesse caso,
deve criar uma situação de bem-estar entre os educandos, a fim de que
todos se sintam à vontade na presença e nas situações educativo -físicas
e desportivas que forem propostas.
( Saber preparar e incentivar seus alunos para realizarem o que lhes é
solicitado, sem lhes impor suas idéias, procurando sempre novas
atividades e experiências para atender aos seus interesses emergentes
ou para provocar-lhes novos interesses.
( Saber transmitir segurança aos alunos na execução de atividades
educativo-físicas, visando a estimular-lhes o ardor e a energia,
corrigindo-os em suas falhas ou ajudando-os a descobrir suas próprias
deficiências, a fim de que eles mesmos possam atingir o nível ideal de
destreza fornecendo-lhes os elementos e os meios para tal.
( Ajudar os alunos a descobrirem os motivos para agirem e realizarem as
tarefas propostas ou procurarem outras, criando uma gama variada de
estímulos e colocando os alunos em situações desafiadoras para que se
interessem pela aprendizagem; em outras pal avras, deve criar situações
estimuladoras ou estimulantes que predisponham os alunos à
aprendizagem. Isso, porém, só ocorrerá se eles encontrarem um
ambiente de liberdade, sinceridade, franqueza e responsabilidade pelo
qual o professor de Educação Física d eve zelar e manter.
( Acreditar na sua função educativa preparando -se para ela, usando os
melhores meios de exercê-la, buscando sempre oportunidade de auto -
aperfeiçoamento e especialmente estudando cada vez mais a fundo as
características de seus alunos, para que sua atuação corresponda
àquilo que a família, a escola e a sociedade dele esperam.
( Adotar posição e atitude críticas não aderindo precipitadamente a todos
os modismos educacionais surgidos ou que venham a surgir, mas
refletindo sobre se essas teorias ou princípios correspondem ao que ele
e seus alunos esperam, avaliando-os com objetividade e espírito
científico para decidir sobre a pertinência ou não de adotá -los.
No sentido de que luta pela cidadania, pelo legítimo, pelo direito é o espaço
pedagógico onde se dá o verdadeiro processo de formação e constituição do educador.
A educação não é uma pré-condição para a democracia e participação, mas parte, fruto
e expressão do processo de sua constituição. (ARROYO, 2000, p. 79).
Opção política é, portanto, tomar partido frente à realidade social, é não ficar indiferente
ante à justiça atropelada, à liberdade infringida, aos direitos violados, ao trabalhador
explorado. Tomar partido pela justiça, pela liberdade, pela democracia, pela ética, pelo
bem comum é opção política, é o fazer político.
Paulo Freire dizia que o papel do educador não pode ser reduzido a algo
imutável, pois não se pode dizer ³este é o papel do educador´, isto porque
através da leitura de Pedagogia: Diálogo e conflito, as discussões e colocações
aí apresentadas nos remetem ao papel político do educa dor como reacionário
e/ou revolucionário.
Fica claro que esse processo tem toda uma trajetória histórica social,
cultural e política que se origina através dos tempos e dos interesses elitistas
que predominam determinada época. Assim, poderíamos afirmar que vivemos
em uma sociedade excludente onde o ser humano muitas vezes passa de
sujeito para objeto de consumo ou de utilização alheia conforme os en foques
ideológicos de dominação e das necessidades capitalistas do momento
histórico.
O educador, como ser social, aparece neste contexto tomado por
determinadas atitudes que dizem respeito a sua posição ideológica e política.
Contudo, mediante os mecanis mos reprodutores, os quais também foram
submetidos muitas vezes, torna-se difícil o discernimento de certas posturas e
condutas que comumente ratificam-se no cotidiano escolar. Ou seja, a
instituição escolar, enquanto aparelho ideológico de estado represen ta
socialmente um determinado ideário.
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A escola tem por finalidade dedicar -se aos alunos. Como parte de sua
função, a escola também tenta consolidar a impla ntação dos valores da
sociedade que ela representa e da realidade na qual os alunos estão inseridos.
Neste sentido alguns cuidados devem ser tomados, tanto por parte da
escola propriamente dita como por parte dos professores que estão inseridos
neste contexto. A escola não é uma máquina para transmitir informações, ela
atua sempre como guia do desenvolvimento, embora em diferentes graus de
eficácia. Algumas deixarão margens bastantes para que seus alunos se
desenvolvam a seu próprio modo, outras atuam como funis coercivos para que
o jovem que passou por eles, possa ser visto atuando da maneira aprovada.
Assim, é graças também à afetividade que nos ligamos aos out ros, ao
mundo, a nós mesmos. É, na verdade, a afetividade que dá aos nossos atos e
aos nossos pensamentos o encanto, a razão de ser, o impulso vital. É o
fundamento da nossa personalidade, o que temos de mais íntimo. Não é,
porém, um mundo fechado, porque é a mesma afetividade que nos liga aos
outros.
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Paulo Freire (1996, p. 51) dizia, ³não posso saber se minha leitura do
mundo está correta a não ser que a compare com a leitura do mundo de outras
pessoas´. O diálogo não é apenas uma estratégia pedagógica. É um critério de
verdade. A veracidade do meu ponto de vista, do meu olhar, depende do olhar
do outro, da comunicação, da intercomunicação. Só o olhar do outro pode dar
veracidade ao meu olhar. O diálogo com o outro não exclui o conflito. A
verdade não nasce da conformação do meu olhar com o olhar do outro, nasce
do diálogo-conflito com o olhar do outro. O confronto de olhares é necessário
para se chegar à verdade comum. Caso contrário a verdade a que se chega é
ingênua, não crítica e criticizada. O outro sempre está presente na busca da
verdade. Esse segundo passo leva à solidariedade. O meu conhecimento só é
válido quando eu o compartilho com alguém. A ação comunicativa é parte da
busca do conhecimento. Não é um ato generoso de compreensão humana do
outro. É uma necessidade ontológica e epistemológica.
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Paulo Freire nos leva a refletir sobre a prática profissional, quando diz
que ³não sendo superior nem inferior a outra prática profissional, a minha, que
é a prática docente, exige de mim um alto nível de responsabilidade ética de
que a minha própria capacitação científica faz parte.
É que lido com gente. Lido, por isso mesmo, independentemente do discurso
ideológico negador dos sonhos e das utopias, com os sonhos, as esperanças tímidas,
às vezes; mas às vezes, fortes, dos educandos. Se não posso, de um lado, estimular
os sonhos impossíveis, não devo, de outro, negar a quem sonha o direito de sonhar.
(FREIRE, 1996, p. 163).
Paulo Freire fala sempre da ética universal do ser humano que condena
a exploração da força de trabalho deste ser, que condena acusar por ouvir
dizer, afirmar que alguém falou.
A tarefa docente precisa ser embasada na reflexão crítica sobre a
prática e os saberes necessários para o verdadeiro educador que cria
possibilidade para a produção e construção do conhecimento, fundamentando -
se na responsabilidade ética no e xercício da tarefa docente.
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_____. Professora sim, tia não: cartas a quem gosta de ensinar. São Paulo:
Olho D¶Água, 1993.
_____. Para uma análise das instituições escolares. In: NÓVOA, A. (org.). As
organizações escolares em análise. 2. Ed. Lisboa, Portugal: Publicações D.
Quixote, 1995.