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A DOUTRINA DA TRINDADE

I. A TRINDADE DEFINIDA

Talvez o sentido da Trindade de Deus nunca foi afirmado melhor do que está por A. H.
Strong ! "em a natureza do Deus único há três distinções eternas que se nos representam
sob a figura de pessoas e estas três são iguais" (Systematic Theology, pág. 144).

Os princípios desse estudo é esclarecer a doutrina da Trindade como segue: "Deus nos é
revelado como Pai, Filho e Espírito Santo, cada um com atributos pessoais distintos,
mas sem divisões de natureza, essência ou ser".

Na consideração destas definições, notai:

1. A TRINDADE CONSISTE DE TRÊS DISTINÇÕES.

A doutrina da Trindade não quer dizer que Deus meramente Se manifesta em três
diferentes maneiras. Há três distinções atuais na Divindade. A verdade disto aparecerá
mais claramente depois.

2. ESTAS TRÊS DISTINÇÕES SÃO ETERNAS.

Isto está provado, de um lado, pela imutabilidade de Deus. Se já houve um tempo em


que estas distinções não existiram, então, quando vieram a existir, Deus mudou.
Provado está outra vez pelas Escrituras, as quais afirmam ou implicam a eternidade do
Filho e do Espírito Santo. Vide João 1:1,2; Apocalipse 22:13,14; Hebreus 9:14.

"Não é resposta a isto, que as expressões "gerado" e "procedido de" envolvem, a idéia
da existência antecedente do que gera e de quem há processão, porque estes são termos
da linguagem humana aplicados a ações divinas e devem ser entendidos ajustadamente a
Deus. Não há aqui dificuldade maior do que em outros casos em que este princípio está
prontamente reconhecido (Boyce, Abstract of Systematic Theology, págs. 138, 139).

3. ESTAS TRÊS DISTINÇÕES NOS SÃO REPRESENTADAS SOB A FIGURA DE


PESSOAS, MAS NÃO HÁ DIVISÃO DE NATUREZA, ESSENCIA OU SER.

A Doutrina da Trindade não quer dizer triteismo. Quando falamos das distinções da
Divindade como pessoas, devemos entender que usamos o termo figuradamente. Não há
três pessoas na Divindade no mesmo sentido em que três seres humanos são pessoas.
No caso de três seres humanos há divisão de natureza, essência e ser, mas Deus não é
assim. Tal concepção de Deus está proibida pelo ensino da Escritura quanto à unidade
de Deus.

4. OS TRÊS MEMBROS DA TRINDADE SÃO IGUAIS.

Muitos dos mesmos atributos atribuem-se a cada membro da Trindade e os atributos


assim atribuídos são tais como não podiam ser possuídos sem todos os outros atributos
divinos. A igualdade dos membros da Trindade mostra-se ainda pelo fato de cada um
deles ser reconhecido como Deus, como veremos depois.
II. PROVAS ESCRITURISTICAS DA DOUTRINA DA TRINDADE.

1. O PAI, O FILHO E O ESPÍRITO SANTO SÃO TODOS RECONHECIDOS COMO


DEUS.

(1. O Pai Reconhecido como Deus.

Isto ocorre em tão grande número de passagens que é por igual desnecessário e
impraticável citá-las todas. As duas seguintes bastarão:

"Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que permanece para a vida eterna, a
qual o Filho do homem vos dará; porque a este selou o Pai, Deus" (João 6:27).

"Eleitos... segundo a presciência de Deus o Pai" (1 Pedro 1:1,2).

(2) O Filho Reconhecido como Deus.

A. Ele é chamado Deus.

João 1:1; Romanos 9:5; 1 João 5:20.

B. Passagens que no Velho Testamento se referem a Deus são aplicadas ao Filho em o


Novo Testamento.

Mateus 3:3, aludindo a Isaías 40:3; João 12:41 aludindo a Isaías 6:1.

C. O Filho possui os atributos de Deus.

Eternidade: João 1:1; Onipresença: Mateus 28:20 e Efésios 1:23; Onisciência: Mateus
9:4 e João 2:24,25 e João 16:30 e 1 Coríntios 4:5 e Colossenses 2:3; Onipotência:
Mateus 28:18 e Apocalipse 1:8; Auto-existência: João 5:26; Imutabilidade: Hebreus
13:8; Verdade: João 14:6; Amor: 1 João 3:16; Santidade: Lucas 1:35 e João 6:39;
Hebreus 7:26.

D. As obras de Deus são atribuídas ao Filho.

Criação: João 1:3; 1 Coríntios 8:6; Colossenses 1:16; Hebreus 1:10. Conservação:
Colossenses 1:17; Hebreus 1:3. Ressuscitando os mortos e julgando: João 5:27-28;
Mateus 25:31,32.

E. Ele recebe honra e adoração só a Deus devidas.

João 5:23; Hebreus 1:6; 1 Coríntios 11:24,25; 2 Pedro 3:18; 2 Timóteo 4:18.

(3. O Espírito Santo é reconhecido como Deus.

A. A Ele se atribuem os atributos de Deus.


Eternidade: Hebreus 9:14; Onisciência: 1 Coríntios 2:10; Onipresença: Salmos 139:7;
Santidade: todas as passagens que aplicam o termo "santo" ao Espírito; Verdade: João
16:13; Amor: Romanos 15:30.

B. Ele está representado como fazendo as obras de Deus.

Criação: Gênesis 1:2; "movia" significa "chocava". Regeneração: João 3:8; Tito 3:5.
Ressurreição: Romanos 8:11.

2. O PAI, O FILHO E O ESPÍRITO SANTO ASSOCIAM-SE JUNTAMENTE NUMA


BASE IGUAL.

Isto está feito. !

(1) Na formula do Batismo. Mateus 28:19

(2) Na Benção Apostólica. 2 Coríntios 13:14.

3. O PAI, O FILHO E O ESPÍRITO SANTO DISTINGUEM-SE UM DO OUTRO.

(1) O Pai e o Filho distinguem-se um do outro.

O Pai e o Filho distinguem-se como o que gera do gerado; e como o que manda do
enviado. Cristo distinguiu-se do Pai quando orou ao Pai, como fez muitas vezes. Que a
distinção assim implicada não foi temporal, continuando somente enquanto Cristo
esteve na carne, está provado pelo fato que Cristo ainda intercede com o Pai (Hebreus
7:25; 1 João 2:1). Ele é um mediador perpétuo entre Deus e o homem (1 Timóteo 2:5) e
assim é perpetuamente distinguido de Deus.

(2) O Espírito distingue-se do Pai.

O Espírito distingue-se do Pai quando dEle se diz proceder do Pai e ser enviado pelo Pai
(João 15:26; 14:26; Gálatas 4:6).

(3) O Filho distingue-se do Espírito.

Jesus está referindo ao Espírito como "um outro Confortador" (João 14:16). E Jesus
falou de Si mesmo como enviando o Espírito (João 15:26).

4. O PAI, O FILHO E O ESPÍRITO SANTO SÃO UM DEUS.

Trindade quer dizer tri-unidade, ou três-unidade. Mostramos que há três distinções na


Divindade. Agora, para provarmos a doutrina da Trindade, mais que a doutrina de
Triteismo, devemos mostrar que os três, enquanto sendo distinguíveis um do outro,
contudo são um. Isto está provado:

(1) Por todas as passagens que ensinam a Unidade de Deus.

O estudante refere-se aqui ao capítulo sobre a natureza e os atributos de Deus, onde se


notam estas passagens.
(2) Pelo fato que cada um dos três é reconhecido como Deus.

Já mostramos que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são várias vezes reconhecidos como
Deus na Escritura. Isto mostra Sua unidade, porque Deus está representado como sendo
o Ser Supremo. Por essa razão não podia haver três Deuses. A supremacia só é possível
a um só.

(3) Pelo fato que os Três são iguais.

Já discutimos a igualdade dos membros da Trindade. Igualdade absoluta é impossível


sem identidade na essência, em a natureza e no ser.

III. A DOUTRINA DA TRINDADE É MISTÉRIO INSCRUTAVEL E INSOLUVEL AS MENTES


FINITAS; MAS NÃO É AUTO-CONTRADITORIA.

Não fazemos tentativas de negar ou de explicar o mistério da doutrina da Trindade. Alto


mistério é que mentes humanas nunca podem sondar.

Contudo, a doutrina da Trindade não é autocontraditória. Deus não é três no mesmo


sentido em que Ele é um. Ele é um em essência, natureza e ser; mas, nesta uma
essência, natureza e ser há três distinções eternas que se nos representam de uma tal
maneira que as chamamos pessoas. Quem pôde dizer que tais distinções são impossíveis
em a natureza de Deus? Para fazer isso ter-se-ia de ter perfeito entendimento da
natureza de Deus. De maneira que fazemos bem de aceitar o que a Escritura ensina e
deixar o mistério para solucionar-se quando tivermos mais luzes, se semelhante luz que
nos habilite a explicar e entender nos for sempre dada. O mistério vem por causa de
nossa inabilidade para compreendermos totalmente a natureza de Deus.

III. A DOUTRINA DA TRINDADE NO VELHO


TESTAMENTO

O Velho Testamento logo no seu início insinua uma pluralidade na Divindade,


demonstrando assim, claramente a Trindade (Gn 1.1,26; 3.22; 11.6,7; 20.13; 48.15; Is
6.8).

O que são os atributos de Deus

Os atributos divinos são as características de Deus, a soma das quais definem quem Ele é. Eles refletem

diversos aspectos da mesma essência divina.

Os atributos de Deus

Trindade: Deus existe eternamente como três pessoas (Pai, Filho e Espírito Santo), cada pessoa é

plenamente Deus, e existe só um Deus. Todos os atributos divinos aplicam-se a cada pessoa da

Divindade (Mt.3:16,17; Mt.28:19; I Jo.5:7).


Independência: Deus é um ser não causado e ninguém além d’Ele próprio sustenta Seu ser. Ele não

precisa de nós nem do restante da criação para nada, pois existe por si mesmo e não depende de

qualquer coisa externa a si próprio para existir (Jo.5:26; At.17:28; Ap.4:11);

Eternidade: Deus não tem princípio nem fim nem sucessão de momentos no Seu próprio ser, e percebe

todo o tempo com igual realismo. Ele criou o próprio tempo e, portanto, é independente dele (Ex.3:14;

Sl.90:2; II Pe.3:8);

Imutabilidade: Deus é imutável no Seu ser, nas Suas perfeições, nos Seus propósitos e nas Suas

promessas. Deus não pode mudar porque é eterno e perfeito (Sl.102:25-27; Ml.3:6; Tg.1:17; Sl.33:11;

Nm.23:19);

Unidade: Deus não está dividido em partes, mas percebemos atributos diversos enfatizados em

momentos diferentes. Não existe um atributo mais importante do que o outro (I Jo.1:5; 4:16);

Espiritualidade: Deus é espírito e, portanto, não tem corpo. Ele existe como ser que não é feito de matéria

e que não tem partes, formas ou dimensões (Jo.4:24; I Tm.1:17; Ex. 20:4-6; Dt.4:15-16). As passagens

que atribuem a Deus partes corporais (II Cr.16:9; Sl.91:1-4) devem ser entendidas em sentido figurado,

pois são antropomórficas;

Onipresença: Deus está presente em todo lugar, estando envolvido na criação e na vida dos indivíduos

(Sl.139.7-10);

Onisciência: Deus possui todo o conhecimento, o que significa que Ele conhece inclusive o futuro e os

nossos pensamentos (Jó 37.16; Sl.139.1-4; Is.46.10; Rm.11.33; Hb.4.13);

Onipotência: Deus pode fazer tudo aquilo que deseja (Gn.17.1; Jó 42.2; Sl.115.3; Is.43.11-13; Mc.10.27).

Ele não pode pecar ou agir contra Sua própria natureza (Tg.1.13);

Amor: Deus é amor, o que significa que Ele se doa eternamente aos outros (I Jo.4:8; Jo.17:24). Deus ama

a todos, mas não da mesma forma (Mt.5:45; Rm.8:35-39; Rm.9:13);

Justiça: Deus sempre age segundo o que é justo, e Ele mesmo é o parâmetro da justiça (Dt.34:4;

Gn.18:25; Is.30:18; Jr.9:24; At.17:31);


Ira: Deus odeia intensamente todo o pecado e aqueles que o praticam (Rm.1:18; 9:22-23; Jo.3:36). O

cristão não deve temer a ira de Deus, visto que foi salvo dela pela justiça de Cristo (Rm.5:9);

Vontade: Deus aprova e decide executar todo ato necessário para a existência e para a atividade de si

mesmo e de toda a criação. A vontade de Deus envolve as escolhas divinas do que fazer e não fazer

(Mt.10:29; Ef.1:11; Ap.4:11; At.4:27-28; Tg.4:13-15). É dividida em vontade secreta e vontade revelada

(Dt.29:29). A vontade revelada refere-se a tudo aquilo registrado na Bíblia, e a vontade secreta refere-se

aos decretos pelos quais Deus rege o mundo e determina tudo o que irá acontecer;

Santidade: Deus é santo (I Sm.2.2; Sl.99; Is.40.25; Ap.15.4) em dois aspectos: transcendência e pureza

moral. A transcendência mostra como Deus está separado e é independente do espaço e do tempo, não

sendo limitado por eles (Is.57.15). A pureza moral mostra como Deus está separado de tudo o que é

pecaminoso (Lv.20.26; I Pe.1.15,16).

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