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Brasil
2010
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©
Copyright 2010 Rinaldo Maciel de Freitas – Proibida a Reprodução, divulgação ou comercialização parcial ou total do documento.
2
SUMÁRIO
01. Apresentação 03
08. Conclusão 53
Obras Consultadas 60
3
O presente trabalho foi feito em momento ímpar. Estava ouvindo o refrão “ diz
que eu estive por pouco; diz a ela que eu estou louco para perdoar ” da música
“Desalento” de Chico Buarque de Hollanda, ao mesmo tempo estou lendo o livro
“Chico Buarque” de Wagner Homem – 2009 – Brasil – Texto Editora Ltda.
Ouvir e ler Chico Buarque, mais ouvir do que ler, é uma verdadeira história do
Brasil nos anos de ferro. Os textos e letras se confundem entre sociologia e
filosofia, aliás, a última é letra de Noel Rosa magnificamente na voz de Chico
Buarque.
Vi cidades, vi dinheiro
Bandoleiros, vi hospícios
Moças feito passarinho
Avoando de edifícios
Fume Ari, cheire Vinícius
Beba Nelson Cavaquinho
02 – Evolução Tecnológica
O termo “tecnologia embarcada” é usado para definir novas tecnologias para facilitar
a vida das pessoas. Por exemplo: um software para cálculo e escolha de argamassa & rejunte,
ou ainda para fazer a mistura de cores de tintas para demonstração ou aquisição do produto,
em uma loja de materiais de construção; ou ainda, toda a tecnologia usada em um veículo de
competição e que depois são usados em novos veículos. Assim nasceram os freios ABS, a
injeção eletrônica ou o controle de tração, usados hoje pelos veículos modernos.
A cidade de “Nova Serrana” no interior de Minas Gerais era conhecida como Cercado,
e, por volta de 1860 não passava de um lugarejo composto de algumas casas. Ao longo dos
anos despertou a vocação de cidade fabricante de calçados. No período de 1980 a 1995 a
cidade era termômetro das crises econômicas vividas pelo país que, na região centro-oeste de
Minas Gerais chegava primeiro. Com a tecnologia a cidade passou a ter melhores produtos e
exportar para vários países. Diz um fabricante de calçados femininos que na União Europeia,
se o calçado chegar com uma pequena mancha na textura ou se um pingo de cola transparecer,
não é aceito e o fabricante perde todo o mercado.
Algumas pessoas de posse tinham dez ou mais linhas de telefones e adquiriam “no
mercado” outras linhas que, além de viverem dos aluguéis dessas, tinham valorização
garantida. Mais tarde, o telefone móvel seguiu a mesma trilha; sua posse representava status
quo sendo os aparelhos, todos importados. A privatização nessa área teve resultados
espetaculares. Os planos originais de universalização dos serviços de telefonia estavam quase
totalmente apoiados na telefonia fixa, tanto que os telefones públicos eram uma meta de
desempenho das operadoras. Hoje eles ficam praticamente sem utilização, porque a telefonia
celular acabou cumprindo esse papel com linhas pré e pós-pagas. O mercado cuidou do resto e
hoje as operadoras em um mercado de concorrência perfeita chegam a oferecer aparelhos
completamente de graça para a pessoa assinar um plano, a princípio de fidelidade, hoje em
conformidade com o valor de conta do cliente.
Telefones e veículos já foram vistos como “ativo financeiro”, mas, não passam de
simples bens de consumo; duráveis ou não, no entanto, em um par de sapatos feminino feito
em Nova Serrana ou num simples aparelho de telefone celular feito no interior de São Paulo
há mais tecnologia embarcada do que em uma tonelada de aço.
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Existem duas rotas tecnológicas para a produção de aços comuns: usinas integradas e
semi-integradas. As usinas integradas consistem na transformação do minério de ferro em aço
e este em produtos laminados longos ou planos. As usinas semi-integradas começam seu
processo na aciaria, utilizando sucata ferrosa como insumo básico. Após a fabricação do aço, o
produto é laminado.
A partir das primeiras utilizações com sucesso dos altos-fornos a coque, as maiores
evoluções, que resultaram em saltos de escala de produção, economia de combustível, índices
de produtividade, podem ser consideradas:
Chorei, chorei
Até ficar com dó de mim
E me tranquei no camarim
Tomei o calmante, o excitante
E um bocado de gim
Amaldiçoei
O dia em que te conheci
Mil/Tons
01 China 150.906 182.249 222.413 280.486 355.790 422.660 489.899 500.488 567.842
02 Japão 102.866 107.745 110.511 112.718 112.471 116.226 120.203 118.738 87.534
03 EUA 90.104 91.587 93.677 99.681 94.897 98.557 98.102 91.490 58.142
04 Rússia 58.970 59.777 61.450 65.583 66.146 70.830 72.387 68.510 59.940
05 Coréia do Sul 43.853 45.390 46.310 47.521 47.820 48.455 51.517 53.488 48.598
06 Alemanha 44.803 45.015 44.809 46.374 44.524 47.224 48.550 45.833 32.671
07 Ucrânia 33.108 34.050 36.932 38.738 38.641 40.891 42.830 37.107 29.757
08 Índia 27.291 28.814 31.779 32.626 45.780 49.450 53.080 55.050 56.608
09 Brasil 26.717 29.604 31.147 32.909 31.610 30.901 33.782 33.713 26.507
10 Itália 26.545 26.066 27.058 28.604 29.350 31.624 31.553 30.477 19.737
Fonte: International Iron and Steel Institute
1 Segundo Paula “O que se vê, muitas vezes, são acordos fechados entre várias empresas, filiadas a ASP (Associação de Siderúrgicas
Privadas), com o objetivo de „sustentar a estrutura de mercado”. A ASP foi fundida com o Instituto Brasileiro de Siderurgia, conservando
a denominação deste último.
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Em 2004, a voraz demanda chinesa por aço provocou o ingresso de fundos de hedge no
mercado de derivativos e ato contínuo gerou um inédito boom de comodities. A indústria
siderúrgica brasileira aproveitou-se desse momento, tornando uma das principais parceiras no
fornecimento de aços para o mercado chinês.
A indústria siderúrgica mundial é o setor mais dinâmico da economia não por inovação
tecnológica, mas, porque o aço está praticamente na base de todas as cadeias de
industrialização, quer direta, quer indiretamente através de máquinas e equipamentos.
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Pois é
Fica o dito e o redito por não dito
E é difícil dizer que foi bonito
É inútil cantar o que perdi
Taí
Nosso mais-que-perfeito está desfeito
E o que me parecia tão direito
Caiu desse jeito sem perdão
Então
Disfarçar minha dor eu não consigo
Dizer: somos sempre bons amigos
É muita mentira para mim
No Brasil, as usinas de planos já dominam 30% do comércio doméstico de aço via rede
de distribuição. Com a reestruturação do setor, pós-privatizações, as siderúrgicas decidiram
avançar para o comércio e serviços de aço, anteriormente área de atuação de distribuidores
independentes, sendo que o quadro abaixo demonstra o modelo:
A ComexPort, no início enviou alguns funcionários para seu escritório na China com a
missão de encontrar fornecedores de perfis de alumínio, vidros, forros para revestimento de
paredes, aço, entre outros produtos.
2 Mestre e doutor em Economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Pós-doutorado pela University of
Oxford (Inglaterra). Especialista em siderurgia, professor de Economia da Universidade Federal de Uberlândia.
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Uma das maiores tradings do país, a Cisa Trading que tem como presidente Antônio
José Pargana, para chegar aos clientes médios e pequenos, se lançou em um novo negócio;
resgatou uma subsidiária chamada Inspection para atuar como distribuidora nos ramos de
embalagens e aços em geral. A empresa adquire grandes quantidades desses produtos que a
matriz, Cisa Trading, importa do exterior. Posteriormente, a Inspection divide os produtos e
vende aos clientes de porte médio e pequeno em todo o país.
“Até então, os Estados Unidos não importavam muito aço, pois a sabedoria
convencional sugeria que as siderúrgicas estrangeiras não estavam à altura dos
padrões de qualidade americanos. Mas, quando a greve de 1959 alcançou seu
segundo e depois terceiro mês, os fabricantes de automóveis e outros grandes clientes
tiveram de procurar outras fontes de abastecimento. E, então, descobriram que parte
do aço proveniente da Europa e do Japão era de primeira categoria e, ainda por
cima, mais barato”.
Então, para o mercado de aços a data de 11 de setembro de 2001 não se mostrou o “fim
do mundo”, mas, a data de 11 de dezembro de 2001, na medida em que marcou a entrada
oficial da China na Organização Mundial do Comércio:
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1.000 tons.
Principais Importadores de Aço Plano Comercial no Brasil – Por Grupo – 2010
Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Total
234.323 221.701 401.207 333.581 291.316 287.416 319.332 2.088.876
Mix de Produtos Grupos Participação
7208.10.00 a 7210.90.00 Siderúrgicas Brasileiras 48%
7209.10.00 a 7210.90.00 Montadoras de Veículos 14%
7208.10.00 a 7210.90.00 Máquinas Equipamentos 11%
7208.10.00 a 7210.90.00 Grandes Distribuidores e Transformadores 13%
7208.36.00 e 7210.61.00 Tradings 4%
Fonte de Pesquisa: Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio - MDIC
É relevante a informação dada pelo presidente do Porto de São Francisco do Sul, Paulo
César Cortes Corsi, considerando que no primeiro semestre de 2010, 25% (vinte e cinco por
cento) das importações de aço plano deram entrada por este porto:
Logo, somente a ArcelorMittal importou somente pelo Porto de São Francisco do Sul
– SC, 12,5% (doze inteiros e cinquenta centésimos) de toda a importação brasileira, isto
considerando somente aços planos. O grupo de siderúrgicas brasileiras é o principal
importador de aço, com 48% (quarenta e oito por cento) das importações, seguido por
automobilismo, autopeças e máquinas, assim como atualmente por estaleiros:
No curto prazo não trás maiores problemas, mas, no longo prazo pode representar um
grande risco para a economia. Alan Greenspan disse recentemente no programa de David
Letterman que as importações americanas estão maiores que as exportações e, que nenhum
país consegue manter isso por muito tempo. No caso americano, argumentou Greenspan que a
crise na Europa atualmente tem facilitado o refinanciamento norte-americano, os juros para
um título americano de dez anos paga no momento por volta 3,2% (três inteiros e dois
centésimos) sendo que no trimestre anterior o retorno era de 4,0%, apesar da dívida federal
americana ter passado de $5,5 trilhões para $8,6 trilhões apenas nos últimos 18 meses.
Esta dívida representa agora 59% do PIB. Antes da crise, estava por volta de 38%. Mas
essa situação na Europa não deve perdurar! A manter a atual política brasileira de exportação
de comoditie sem maiores valores agregados o resultado no médio e longo prazo será a
desindustrialização com crescimento de desemprego e baixa renda.
Nos seis primeiros meses de 2010 o total de importações de aço plano já representa
mais que o dobro do mesmo período de 2009 com um crescimento de 171,682% (cento e
setenta e um inteiros, seiscentos e oitenta e dois centésimos) das importações de aço plano,
mas, sempre considerando que as siderúrgicas correspondem em média por 50% (cinquenta
por cento) do total de internações de aços comerciais:
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* Aqui foram desprezadas as vultosas importações feitas pela Gerdau Aços Longos no período.
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Incidindo o IPI sobre o valor total do produto na operação interna e não havendo
crédito na entrada para abatimento na operação seguinte, resta um diferencial em relação ao
importado, na medida em que quando da incidência dos tributos não cumulativos, o
importador recolhe o quantum devido e automaticamente se credita do valor total
desembolsado:
Emenda Constitucional nº 18
Seção IV
IMPOSTOS SOBRE A PRODUÇÃO, E A CIRCULAÇÃO.
Artigo 155 – Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir imposto sobre:
O imposto incide sobre o produto, desde sua produção até o consumidor de fato que é o
contribuinte. Há a incidência em três aspectos, a saber:
*
Sobre operações relativas à circulação de mercadorias, ainda que se iniciem no exterior;
*
Prestação sobre serviços de transporte interestadual e intermunicipal;
*
Prestações de serviços de comunicações, ainda que se iniciem no exterior.
Como princípio geral de direito tributário, somente pode ser tratado em face de Lei
Complementar, assim, a regra-matriz do ICMS, com base na Lei Complementar nº 87/96
define o fato gerador do imposto.
O tributo pertence à pessoa política onde a operação mercantil se realizou, ainda que o
destinatário da mercadoria esteja localizado em outra unidade federativa ou, mesmo no
exterior. O aço plano como comoditie industrial que, como demonstrado transforma-se em
vários outros produtos utilizados no setor automotivo, construção civil e mecânica tem mais
de 90% (noventa por cento) de suas saídas destinadas às pessoas jurídicas também
contribuintes do imposto.
Regra geral que a Lei Complementar não determinou o contrário; o ICMS tem
alíquotas diferentes nas transações interestaduais que destinem bens e serviços a contribuintes
e não contribuintes do imposto:
Art. 155 Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
Especial 189428 - Processo 1998.00.70338 - 1 Relator Humberto Gomes de Barros - São Paulo - Primeira Turma -
* Substituição Tributária
“A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de responsável pelo
pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente,
assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não se realize o fato
gerador presumido” (§ 7º do artigo 150 da Constituição Federal de 1988).
Dispõe sobre o imposto dos Estados e do Distrito Federal sobre operações relativas à
circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e
intermunicipal e de comunicação, e dá outras providências. (LEI KANDIR)
Art. 1º Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir o imposto sobre operações relativas à
circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e
intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no
exterior.
Art. 6º Lei estadual poderá atribuir a contribuinte do imposto ou a depositário a qualquer título a
responsabilidade pelo seu pagamento, hipótese em que assumirá a condição de substituto
tributário. (Redação dada pela LC 114, de 16.12.2002)
A siderurgia, por haver poucas empresas produtoras é um setor que poderia, em tese,
perfeitamente se adequar ao regime de substituição tributária, no entanto como demonstrado, o
aço é um comoditie industrial que se transforma em diversos outros produtos: linha branca,
automobilístico, tubos, perfis, telhas, etc., prejudicando assim a cadeia da substituição até ao
consumidor de aço.
Portanto, no caso dos aços planos que, como comoditie industrial se transforma em
outros produtos ao longo da cadeia torna-se impossível determinar qual seja o produto
substituído para determinar o MVA - Média de Valor Agregado, inviabilizando por completo
a substituição tributária.
Guerra Fiscal:
Por ocasião da ADIN nº 1089, o Relator Ministro Francisco Resek entendeu que as
decisões do conselho configurariam nova hipótese de incidência tributária dependente de lei
superveniente à Constituição Federal de 1988, portanto de competência do legislativo ou por
iniciativa do Executivo, representantes eleitos e que o CONFAZ era composto por um
colegiado de demissíveis, carente de representatividade popular:
TRANSPORTE AÉREO. ICMS. Dada a gênese do novo ICMS na Constituição de 1988, tem-
se que sua exigência (...) configura nova hipótese de incidência tributária, dependente de norma
complementar à própria carta, e insuscetível, à luz de princípios e garantias essenciais daquela, de
ser inventada, mediante convênio, por um colegiado de demissíveis ad nutum. (STF - Supremo
Tribunal Federal - Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 1089/DF - 1997 - Relator: Ministro Francisco Resek).
10 Freitas, Rinaldo Maciel de – ICMS – Do Imposto Sobre o Consumo à Guerra Fiscal – Inédito.
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“A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela
incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior”.
Impostos Federais:
05.2 – IPI - Imposto sobre Produtos Industrializados.
Os atuais contornos do IPI foram delineados a partir da reforma tributária de 1965, que
substituiu o antigo Imposto sobre o Consumo pelo Imposto sobre Produtos Industrializados,
recepcionando o atual CTN como Lei Complementar.
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O IPI tem sua origem nos artigos 150 e 153 da Constituição Federal e é disciplinado
nos artigos 46 a 51 do Código Tributário Nacional – CTN, Lei 5.172 de 25 de outubro de 1966
e, é regulado pela Lei 4.502 de 30 de novembro de 1964. A importância do IPI decorre de suas
características, dentre as quais, o seu caráter extrafiscal e sua natureza seletiva.
Essa base de cálculo tem de ser uma circunstância inerente ao fato gerador, de modo a
afigurar-se como sua verdadeira e autêntica expressão econômica.
É certo que nem sempre há absoluta identidade entre uma e o outro. Dizem os
escritores que tal simultaneidade ou identidade perfeita entre fato gerador e base de cálculo só
é encontrada nos impostos sobre a renda e sobre o patrimônio.
Dito isto, o aspecto valorativo ou base de cálculo e alíquota, como regra geral, é o valor
da operação, de produtos submetidos a uma transformação. O Regulamento do Imposto sobre
Produtos Industrializados determina que caracteriza industrialização, qualquer operação que
modifique a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do
produto, ou o aperfeiçoe para o consumo.
O fato gerador deste imposto é a industrialização conforme artigo 46, parágrafo único,
do CTN:
Art. 46 O imposto, de competência da União, sobre produtos industrializados tem como fato
gerador:
II a sua saída dos estabelecimentos a que se refere o parágrafo único do artigo 51;
Parágrafo único Para os efeitos deste imposto, considera-se industrializado o produto que
tenha sido submetido a qualquer operação que lhe modifique a natureza ou
a finalidade, ou o aperfeiçoe para o consumo.
Para os efeitos deste imposto, considera-se industrializado o produto que tenha sido
submetido a qualquer operação que lhe modifique a natureza ou a finalidade, ou o aperfeiçoe
para consumo.
Seção II
Da Base de Cálculo
Valor Tributável
Art. 190 Salvo disposição em contrário deste Regulamento, constitui valor tributável:
a) o valor que servir ou que serviria de base para o cálculo dos tributos aduaneiros, por
ocasião do despacho de importação, acrescido do montante desses tributos e dos
encargos cambiais efetivamente pagos pelo importador ou dele exigíveis (Lei no
4.502, de 1964, art. 14, inciso I, alínea “b”); e
A tributação pelo Imposto sobre Produtos Industrializados das operações internas com
a inclusão do frete em sua base de cálculo é recorrente e remonta ao ano de 1989, onde o
presente artigo surgiu, pela constatação de estar sofrendo a incidência do imposto (IPI) com o
frete fazendo parte de sua base de cálculo.
Há pouca literatura disponível sobre o assunto, sendo que as doutrinas existentes sobre
o imposto têm foco em outros assuntos igualmente relevantes. Fato que o artigo “O Frete na
Base de Cálculo do IPI em Operações Internas” publicado inicialmente no Jus Navigandi nº 52
(11.2001) fora reiteradamente citado pelo Superior Tribunal de Justiça – STJ nos acórdãos:
667.950/RN; 383.208/PR e 873.203/RJ:
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“Portanto, o frete não integra o ciclo de produção e não compõe a base de cálculo da
exação em comento. O frete configura despesa de transporte e não se apresenta como
componente da operação da qual decorre o fato gerador do IPI, ainda quando o transporte seja
realizado por empresa coligada ou, como esclarece Rinaldo Maciel de Freitas, Acadêmico de
Direito, em interessante estudo intitulado “O frete na base de cálculo do IPI em operações
internas” com a cláusula CIF: “As indústrias, ao promoverem as saídas de seus produtos no
mercado interno, as fazem de dois modos distintos: Condição Free on Board – FOB, quando o
produto é retirado por transporte próprio ou de terceiro alugado, onde não há intervenção por
parte da indústria e; condição Cost, Insurance and Freight – CIF, ou seja, o transporte é
realizado pela própria indústria ou, empresa coligada. Na verdade, estes termos teriam que
estar ligados a uma transação internacional. No caso CIF, a operação indica que está sendo
cobrado o preço da mercadoria somado ao custo do seguro e frete internacional. Mas a
terminologia é largamente usada no mercado interno”.
Reputa-se nascida a obrigação tributária de recolher o PIS no dia 1º de cada mês, com o ato de
faturação do contribuinte. Isso é imediata e clara consequência da lei complementar 7/70.
O período a ser considerado - por expressa disposição legal - para „medir‟ o referido
faturamento, conforme já assinalado, é mensal. Mas não é - e nem poderia ser - aleatoriamente
escolhido pelo intérprete ou aplicador da lei.
A própria lei complementar nº 7/70 determina que o faturamento a ser considerado, para
quantificação da obrigação tributária em questão, é o do sexto mês anterior ao da ocorrência
do respectivo fato imponível. Dispõe o transcrito parágrafo único do art. 6º: „A contribuição
de julho será calculada com base no faturamento de janeiro; a de agosto, com base no
faturamento de fevereiro; e assim sucessivamente‟. Não há como tergiversar diante da clareza
da previsão.
Este é um caso em que - „ex vi‟ de explícita disposição legal - o auto-lançamento deve tomar
em consideração não a base do próprio momento do nascimento da obrigação, mas, sim, a
base em momento diverso (e anterior).
A alíquota de 1,65% (um inteiro e sessenta e cinco centésimos) é aplicada sobre a base
de cálculo, descontados créditos na entrada, referente à: bens adquiridos para revenda; bens e
serviços utilizados como insumo na industrialização; aluguéis de prédios, máquinas e
equipamentos; despesas financeiras; energia elétrica; outros.
Para as empresas que prestavam serviço, o valor era de 5% sobre o Imposto de Renda
devido ou como se fosse. O Supremo Tribunal Federal declarou estas contribuições como
impostos inominados, abrangidos pela competência residual da União (RE n.º 103.778-4-DF,
DJU, de 13-12-81).
39
E eu te farei as vontades
Direi meias verdades
Sempre à meia luz
(Folhetim – 1977 – Chico Buarque)
Aqui considerados impostos não cumulativos e incidentes na cadeia siderúrgica e de distribuição de aços. Para o ICMS
devemos considerar 27 legislações e 55 alíquotas diferentes. A Constituição Federal proíbe a instituição de novos
impostos que não sejam não cumulativos (art. 154, I CF/88).
O crescimento das importações não pode ser creditado unicamente à “Guerra Fiscal”,
até porque os principais portos de entrada de aço no Brasil são respectivamente São Francisco
do Sul – SC e Santos – SP.
Portanto não é um argumento forte; o aço saindo de Minas ou São Paulo e indo, por
exemplo, para o Espírito Santo, retorna com o mesmo benefício: sai com alíquota de 12%
(doze por cento) que passa a ser custo de operação e retorna com crédito presumido de 10%
(dez por cento), ou seja, cobrança de 2% (dois por cento) e crédito de 12% (doze por cento).
41
Tratam-se dos mesmos impostos incidentes na produção nacional para que não haja
“concorrência desleal” do importado e é essa a razão de o importador ser equiparado a
estabelecimento industrial:
(+) IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados (sobre preço CIF + II) 59,39
(+) SDA – Sindicato dos Despachantes Aduaneiros (2,2% sobre preço CIF,
110,00
mínimo de R$ 110,00 – máximo de R$ 220,00)
42
Entende-se por operação de importação por conta e ordem de terceiro aquela em que
uma pessoa jurídica promove, em seu nome, o despacho aduaneiro de importação de
mercadoria adquirida por outra, em razão de contrato previamente firmado, que pode
compreender, ainda, a prestação de outros serviços relacionados com a transação comercial,
como a realização de cotação de preços e a intermediação comercial.
O controle aduaneiro relativo à atuação de pessoa jurídica importadora que opere por
conta e ordem de terceiros é exercido conforme o estabelecido na Instrução Normativa SRF nº
225/02.
11 Freitas, Rinaldo Maciel - ICMS - Do Imposto sobre o Consumo à Guerra Fiscal - 2010 - MP Editora - páginas 87/88.
43
A expressão “do estabelecimento onde ocorrer a entrada física” de que trata o artigo 11,
da Lei Complementar nº 87, de 13 de setembro de 1996, combinado com a expressão
“domicílio ou o estabelecimento do destinatário da mercadoria, bem ou serviço” da letra
“a”, do § 2º do artigo 155 da CF/1988 não esclarecem a situação na medida em que podem
indicar o local da importadora jurídica (trading) de que trata o artigo 12 da Instrução
Normativa – IN 247, de 21 de novembro de 2002, sendo que o artigo 86 da mesma IN
estabelece as condições:
III - a nota fiscal de saída da mercadoria do estabelecimento importador deverá ser emitida
pelo mesmo valor constante da nota fiscal de entrada, acrescido dos tributos incidentes na
importação.
44
O Supremo Tribunal Federal decidiu no RE: 405457/SP, que o ICMS na importação deve
ser recolhido ao Estado em que se situa o importador, independentemente se a mercadoria
foi desembaraçada por meio de ente federativo diverso, no entanto, não enfrentou a
questão da importação por conta e ordem do adquirente.
45
04/12/2009).
Agravo de Instrumento 825553 - Processo 200601887079 - Minas Gerais - Segunda Turma - Relator Ministro
Entende-se por operação de importação por encomenda aquela em que uma pessoa
jurídica promove, em seu nome, o despacho aduaneiro de importação de mercadorias por ela
adquiridas no exterior, para revenda a empresa encomendante predeterminada, em razão de
contrato firmado entre elas.
O controle aduaneiro relativo à atuação de pessoa jurídica importadora que opere por
encomenda é exercido conforme o estabelecido na Instrução Normativa SRF no 634/06.
Declaração de Importação - DI
Terceirização X Offshoring:
O Brasil levou vinte e cinco anos para dobrar a produção de 15.000 toneladas e, permanece na
cada de 30.000. A concorrência global faz com que as empresas tendo generosas fontes de
mão-de-obra estrangeira barata, enxerguem como oportunidades de redução de custos,
terceirizando serviços (outsourcing) e transferir a produção para o exterior (offshoring). Isso é
tão implacável que provoca deflação de salários, onde o trabalhador local é obrigado a abrir
mão de benefícios para garantir empregos. Por exemplo, a CSA – Cia Siderúrgica do Atlântico
contratou trabalhadores chineses em sua obra no Rio:
A Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT) vem a público protestar e anunciar
que tomará todas as medidas possíveis para reverter tal decisão. Seja junto ao Ministério do Trabalho, à
empresa na Alemanha ou por outros meios.
Nesta terça (17), a empresa ThyssenKrupp (TK) anunciou a contratação de 600 trabalhadores do
exterior para a construção da Usina Siderúrgica CSA (Companhia Siderúrgica do Atlântico), em
Sepetiba-RJ.
Leia ainda: IG Metall também se opõe à contratação de estrangeiros pela ThyssenKrupp no Brasil
'Não podemos aceitar as alegações de especialização e especificidade em tal medida que não pudessem
ser ocupados trabalhadores brasileiros. Não existe tal reciprocidade em outros países onde são
realizados investimentos brasileiros.
49
07 – Minério de Ferro
O Brasil se destaca no mercado mundial de minério de ferro como a segunda maior reserva
mundial e, a quinta melhor em qualidade. É
respectivamente o segundo maior produtor
mundial e segundo maior exportador, seguido
por Austrália. As reservas mundiais atingem 326
milhões de t, com o Brasil detendo 12% do total,
situando-se em quinto lugar no ranking mundial.
Entretanto, considerando o teor do minério de
ferro de 63% em média, o país apresenta posição
diferenciada tendo em vista o teor médio 62%
obtido na Austrália e, de menos de 32%, na China.
O minério australiano, quarta maior reserva mundial e sexto em teor ferrífero, é também mais
caro, mas, compensa essa diferença de preço com custo de transporte na medida em que mais
próximo dos mercados consumidores.
O minério de ferro representa pouco menos de 40% (quarenta por cento) na composição do
aço. Hoje o preço do minério de ferro está em torno de US$ 130,00 (cento e trinta dólares
americanos) por tonelada na terceira semana de novembro de 2010.
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Isso demonstra que caso haja uma forte alta dos preços de minério de ferro, passa a ser
interessante o desenvolvimento de tecnologia para enriquecer o minério pobre em teor
ferrífero.
O Brasil tem o quinto melhor minério de ferro do mundo, com teor ferrífero de 63,2%
(sessenta e três inteiros e dois centésimos). África do Sul e Canadá têm os melhores minérios,
mas, baixíssimas reservas. A China tem a terceira maior reserva do mundo, no entanto, o teor
ferrífero de suas reservas é praticamente a metade da qualidade do minério brasileiro, assim,
uma forte alta ou dificuldades de negociações pode ser a senha para o enriquecimento com
sucata de aço e/ou desenvolvimento de tecnologia.
Em bilhões de toneladas
País Reserva Minério Reserva Contida Teor Ferrífero
Ucrânia 68,0 20,0 29,4%
Rússia 56,0 31,0 55,4%
China 46,0 15,0 32,6%
Austrália 40,0 25,0 62,5%
Brasil 19,0 12,0 63,2%
Cazaquistão 19,0 7,4 38,9%
Estados Unidos 15,0 4,6 30,7%
Índia 9,8 6,2 63,3%
Suécia 7,8 5,0 64,1%
Venezuela 6,0 3,6 60,0%
Canadá 3,9 2,5 64,1%
África do Sul 2,3 1,5 65,2%
Outros Países 34,0 20,5 60,3%
Total Reserva 326,8 154,5 47,2%
A China tem mais de 200 mil variedades de minerais, tem a terceira maior reserva de minério
de ferro do mundo e décima segunda em
teor ferrífero. A diversidade de sua geologia
compreende 25 placas tectônicas, sendo que
apenas duas são consideradas estáveis. Pela
dimensão, complexidades de formação e de
estruturas, a geologia da China possui
rochas de todas as épocas geológicas, sendo
as mais antigas situadas na plataforma Sino-
Coreana formadas entre 3,72-3,65 bilhões de anos.
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O impacto do crescimento da demanda de recursos minerais da China nos preços já foi visto
adiante, sendo determinante nos preços metálicos, e em menor grau no petróleo. No entanto,
para uma melhor visão de como a China é mineralmente, faz-se necessário ver em quais
minerais ela é suficiente, determinando o seu grau de dependência ao subsolo alheio, e em
qual a sua participação em reservas no contexto mundial.
A China começa a demonstrar preocupação com a sua inflação e ainda há uma expectativa
pela desvalorização do Yuan. Como todas as expectativas de mercado foram formadas com
base em uma forte demanda chinesa por comodities, as dúvidas sobre o tamanho da
desaceleração da economia chinesa fazem com que investidores vendam suas posições. Fato
que o índice de comodities CRB da Thomson Reuters, formado com base em diversas
matérias-primas tem apresentado instáveis recuos, o que pode influenciar negativamente os
preços do minério de ferro e consequentemente os do aço.
Estudo da consultoria Ernest & Young demonstra que a tributação incidente sobre a atividade
de exploração de minério de
ferro está em torno de
19,70% (dezenove inteiros e
setenta centésimos). Esta
carga tributária é basicamente
composta de tributos não-
cumulativos incidentes sobre
a extração e transferida a
terceiros.
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As siderúrgicas integradas, que produzem a partir da redução do minério de ferro até o produto
final: é praticamente composta por siderúrgicas que atuam na produção de aços planos, na
medida em que o custo de produção de vergalhões por este sistema seria excessivamente caro.
08 – Conclusão:
12 Manuel Castells, que tem seu livro “A Sociedade em Rede” prefaciado pelo profº e ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso, trata-se de um sociólogo francês, professor universitário.
13 Universidade Estadual de Campinas - Instituto de Economia - Estudo de Competitividade de Cadeias Integradas no
Brasil - Elaborado pelo Profº Dr. Germano Mendes de Paula da Universidade Federal de Uberlândia - Minas Gerais.
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Não Planos:
Conforme explica Paula14, a aquisição da Piratini pelo grupo Gerdau renovou, à época, as
críticas à concentração derivada do processo de privatização, uma vez que o grupo tornou-se
monopolista na produção de aços longos assim como encerrou as atividades da Cosinor.
Planos:
Usiminas – Cosipa;
Acesita – Siderúrgica Tubarão – CST (ArcelorMittal);
Cia. Siderúrgica Nacional – CSN.
16 Alan Greenspan - ex-chairman do FED - Federal Reserve (Banco Central dos EUA).
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“Até então, os Estados Unidos não importavam muito aço, pois a sabedoria convencional
sugeria que as siderúrgicas estrangeiras não estavam à altura dos padrões de qualidade
americanos. Mas, quando a greve de 1959 alcançou seu segundo e depois terceiro mês, os
fabricantes de automóveis e outros grandes clientes tiveram de procurar outras fontes de
abastecimento. E, então, descobriram que parte do aço proveniente da Europa e do Japão era
de primeira categoria e, ainda por cima, mais barato”.
A Fundação Getúlio Vargas, por seu diretor Ricardo Simonsen, entregou um estudo
propondo a unificação do ICMS em 12% (doze por cento) nas operações internas da indústria
nos três Estados da Região Sul do país, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Trata-se
de uma proposta no sentido de cessar a guerra fiscal na região.
Obras Consultadas:
1 Castells, Manuel - A Sociedade em Rede - 10ª Edição - 2007 - Editora Paz e terra.
7 BNDES - Informe Setorial - 2005 - Para Onde vai a China? O Impacto do Crescimento
Chinês na Siderurgia Brasileira.