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Semiosfera = Espaço Semiótico → Fora da Semiosfera não existe Semiose.

• A existência deste universo (semiosfera) torna reais actos signatórios específicos, não é a junção de vários
actos semióticos separados que o constrói.

Ilustração 1: A integração dos signos no espaço semiótico é que torna possível a existência dos
primeiros, não é a junção destes que cria a semiosfera.

Limites da Semiosfera

• Semiosfera - Homogeneidade e individualidade semióticas

• Homogeneidade e individualidade
◦ Conceitos difíceis de definir formalmente;
◦ Dependem de sistemas de descrição;
◦ Actuam ao nível intuitivo → implicam a existência de uma qualquer fronteira entre a semiosfera e o
espaço não ou extra – semiótico que a envolve.

Ilustração 2: A fronteira da Semiosfera.


• Noção de Fronteira/Limite
◦ Imprescindível na compreensão da delimitação do espaço semiótico.
◦ As fronteiras não podem ser visualizadas através da imaginação concreta ← Carácter abstracto do
espaço da semiosfera.
◦ Constituída por uma enorme multiplicidade de pontos, simultaneamente pertencentes ao espaço
interno, da semiosfera, e ao externo, ao espaço não-semiótico.

Ilustração 3: Semiosfera, Fronteira e Filtros.

◦ Pontos de fronteira - conjunto de “filtros” bilínguais e tradutores.


◦ Ao passar por estes filtros, o texto:
▪ É traduzido de uma linguagem (ou línguagens) situada fora de uma determinada semiosfera.
▪ A natureza isolada desta semiosfera deriva do facto de não ser contígua a textos extra-semióticos
ou a não-textos.
▪ Os textos extra-semiótico só se tornam compreensíveis aquando da sua tradução para uma das
línguas que o espaço semiótico alberga → Os factos devem ser semiotizados.

▪ Exemplo I :
“Pontos-limite” da semiosfera ↔ Receptores sensoriais do sistema nervoso.
Adaptam, através da tradução, actores Adaptam os estímulos do meio ao corpo,
externos à esfera semiótica dada. traduzindo-os em impulsos nervosos.

◦ A noção de fronteira correlaciona-se estreitamente com o conceito de individualidade semiótica.

A semiosfera possui uma “personalidade semiótica”.


• Combina, no interior desta propriedade, a inquestionabilidade empírica , a manifestação intuitiva do
conceito e a dificuldade de o definirmos formalmente.
• O limite da sua personalidade é um fenómeno da semiótica histórico-cultural → depende do método de
codificação.

Ilustração 4: Filtros & Receptores Sensoriais.


• Exemplo II : O homem.
◦ Num sistema, podem fazer parte da sua personalidade – homem,mestre e patrão - esposa, filhos,
servos e vassalos, sem independência individual.
◦ Num outro sistema, podem surgir como personalidades separadas.

• Exemplo III : Relatividade da Semiótica Jurídica e Noção de Colectivo.


◦ Ivan, o Terrível, ao executar os Boyars1, executou também toda a sua família e todos os seus servos.
▪ Este evento não foi produto do medo, mas, então, o que o despotelou?
▪ Nessa época, vingava uma concepção distinta de família e de justiça.
▪ Por conseguinte, todos eles (família e servos) eram pertença do mesmo “chefe”, elementos da
mesma casa e, por conseguinte, e execução estendia-se, naturalmente, a eles também.

▪ Para os Russos, a crueldade do Czar era algo natural, já não os surpreendia esta larga aplicação
de uma execução, quer relativemente ao número de pessoas envolvidas quer à grande variedade
de estratos sociais.
▪ Os estrangeiros, porém, sentiam-se revoltados pelo facto da culpa de um único homem fazer
sofrer tantos outros.

◦ Outro exemplo da importância do colectivo remonta a 1732:


▪ Lady Rondo, esposa do embaixador Inglês na Rússia, redige uma carta, reportando o exílio da
família Dolgoruki. E escrevia assim, Lady Rondo:

“Pode ficar surpreendido por se terem exilado também mulheres e crianças. Porém, aqui, quando o chefe da
família cai em desgraça, toda a sua família é alvo de perseguição” (Shubinskij 1874 : 46)
▪ Conceito de colectivo ≠ Personalidade Individual – Esta noção de colectivo faz com que o
indivíduo nele se dilua.
▪ É, ainda, intrínseco ao conceito de Vingança de Sangue, onde os familiares de um assassino são
vistos também como responsáveis pelos crimes por este cometidos.

“Compreende-se que através de uma tão forte unidade patrimonial, através de tão grande responsabilidade de
todos os membros de uma família, de uma raça, perante o outro, o significado da pessoa-indivíduo desaparece,
subjugando-se ao significado de raça, de facto, mesmo a pessoa-singular seria impensável sem uma raça. Até a
mesmo o famoso Ivan Petrov não era pensado como um Ivan Petrov singular, mas somente no sentido de Ivan
Petrov, os seus irmãos e os seus sobrinhos. Através destas ligações entre pessoa e raça: quando a pessoa-singular
se ergue – toda a sua raça ergue-se também; aquando da humilhação de um único membro da raça – toda a raça
é humilhada.” (Solovev 1960 : 679)

1 Boyars (bōyärz'), do Russo боярин, eram membros da alta nobreza Russa (do séc. X ao séc. XVII), cuja inicial
influência e subida a cargos do Governo se deveu principalmente ao facto de terem prestado apoio militar aos
príncipes de Kiev. Assim,e apesar de, rapidamente, todo o seu poder e prestígio ter passado a depender somente dos
contratos de vassalagem, típicos do feudalismo europeu, os boyars ocupavam os mais elevados cargos do Estado e
os seus conselhos eram imensamente prezados pelo príncipe. Aquando da mudança do poder político para Moscovo
(nos séculos XIV e XV) os boyars conseguiram manter a sua influência. Porém, esta foi-se, gradualmente,
dissolvendo, particularmente com a tomada de poder de Ivan III e, posteriormente, de Ivan IV. Os boyars foram,
assim, perdendo grande parte dos seus direitos e privilégios, ao mesmo tempo que viam acrescidos os seus deveres.
Deste modo, com o seu poder cada vez mais enfraquecido, o título de boyar não consegue manter-se até ao século
XVIII, sendo abolido no século XVII por Peter I.
• Portanto, o limite do espaço semiótico:
◦ É a mais importante, funcional e estrutural posição do mesmo;
◦ Impregna de substância o mecanismo semiótico;
◦ É um mecanismo bilingual;
◦ Traduz as comunicações externas para a linguagem interna da semiosfera e vice-versa.
◦ Permite que semiosfera estabeleça contacto com espaços não- e extra-semióticos.
◦ Domínio da semântica – exige que apelemos a uma realidade extra-semiótica, contanto que não nos
esqueçamos que, para uma dada semiosfera, esta realidade apenas se torna numa realidade em si
mesma se traduzida para a linguagem da semiosfera ( do mesmo modo que materiais químicos
exteriores apenas podem ser adoptados por uma célula se transformados nas estruturas bioquímicas
internas desta).
◦ Analogia Semiosfera – Célula

Funções da Fronteira
• A tarefa de qualquer orla ou película, desde a membrana de uma célula viva à visão da biosfera como
uma película que cobre o nosso planeta (Vernadsky) até à delimitação da semiosfera, consiste em:

1)limitar a penetração, 2)filtrar, 3) transformar o externo em interno.

• Esta função invariável manifesta-se de diferentes formas a diferentes níveis:

◦ Nível da semiosfera.
▪ Representa a divisão entre o “eu” e o “outro”, a filtração das comunicações e, daí, a tradução
destas para a sua própria linguagem, tal como a transformação das não-comunicações externas
em comunicações.
▪ O limite remete para a ideia de um mecanismo amortecedor, uma unidade única de tradução, de
transformação da informação.

Semiosfera: Espaço Cultural

• A semiosfera identifica-se a si mesma com o espaço cultural assimilado e com o mundo que lhe é
exterior – o caótico reino dos elementos desorganizados.
• Dentro da semiosfera, a distribuição espacial das formas semióticas pode, assim, tomar, de
acordo com a situação, várias configurações:

• Pertença a dois mundos : Fronteira.


◦ Uma pessoa, dotada de um talento particular (mágicos) ou exercendo um determinado tipo
de emprego (ferreiro, moleito, carrasco), pertence a dois mundos.
◦ Opera como uma espécie de intérprete, assentando na periferia territorial, na fronteira com o
espaço mitológico e cultural.

◦ Grandes Impérios: faziam fronteira com os povos nómadas.


▪ Incluíam, nas zonas-limite, membros dessas mesmas tribos, contratando-os para
defender a fronteira.
▪ Estes membros situavam-se, deste modo, numa zona de culturalmente bilingual, cabendo
a eles assegurar os contactos semióticos entre os dois mundos (o Imperial e o Tribal).

Estas áreas com múltiplos significados culturais surgem também na fronteira da semiosfera, levando a
uma espécie de creolização2 das estruturas semióticas.

• Podemos tentar explicar o funcionamento do mecanismo de fronteira através de uma analogia com o
romance de Shakepeare, Romeu e Julieta. De facto, a temática desta obra, o amor, a união, a ligação de
dois espaços culturais hostis, revela claramente a essência deste mecanismo.

2 A hibridização de uma cultura, à medida que absorve e tranforma forças a ela exteriores.
• Ou seja, a fronteira pode ser olhada de diferentes modos, encarada de modos distintos:
◦ Como um mecanismo imanente: une duas esferas de semiose.
◦ Do ponto de vista de auto-conhecimento semiótico de uma dada semiosfera: divide as duas esferas.

• Porque razão, quando encarada do ponto de vista de auto-conhecimento da semiosfera, a fronteira


funciona como um mecanismo de divisão?
• Auto-conhecimento = Tomada de consciência de si mesmo.

• Concepção semiótico-cultural = Tomada de consciência do carácter específico por uma determinada


semiosfera, em oposição às outras esferas → Acentuam-se os contornos da esfera dada.

Oposição Centro - Periferia

• Outra função da fronteira: Albergar os processos semióticos acelerados.


◦ Os processos semióticos fluem mais activamente na periferia dos meios culturais.
◦ Esta maior rapidez de actividade resulta da sua vontade de ser anexados às estruturas nucleares do
meio.

◦ Exemplo IV: Roma Antiga


▪ Existia uma área cultural, em rápido crescimento.
▪ Esta área incorpora na sua órbitra estruturas externas (de outral áreas culturas).
▪ Transforma-as na sua própria periferia → Forte crescimento semiótico-cultural e económico da
área periférica.
▪ A área periférica traduz, através do centro, as suas estruturas semióticas → Estabelece
precedentes culturais e, a longo prazo, conquista, literalmente, a esfera cultural central.
▪ No núcleo cultural formam-se novas estrutura.

• Conclui-se que a fronteira é uma parte inexcluível da semiosfera.


• A existência de uma fronteira pressupõe a existência de algo em relação ao qual a semiosfera deve ser
delimitada. Ou seja:
◦ A semiosfera requere uma esfera caótica a si exterior, construindo-a quando não ela existe.
◦ A Cultura a sua própria organização interna e ainda a desorganização exterior.

◦ Exemplo V: A Antiguidade constrói os seus bárbaros.


• Os bárbaros não constituíam um Todo uno, abrangiam um vasto leque cultural.
• A civilização Antiga só pode afirmar-se e ver-se como culturalmente intacta por oposição à
desorganização do mundo bárbaro.
• Dividia-os ainda a barreira da linguagem.
Irregularidade Semiótica

• Para uma determinada semiosfera pode ser espaço não-semiótico todo o espaço de outras semióticas.
• Assim:
◦ De um ponto de vista interno (de uma semiosfera X): Uma dada cultura (integrada numa
semiosfera Y) pode ser tomada como o mundo externo, não-semiótico.
◦ Olhada por um observador externo: Estabelece-se como a periferia semiótica.

• Logo: O ponto de passagem da fronteira de uma determinada cultura depende da posição do


observador.

• Por seu turno, o espaço semiótico caracteriza-se pela:


◦ Presença de estruturas nucleares (frequentemente múltiplas), visivelmente organizadas.
◦ Presença de mundo semiótico mais amorfo, sem forma.
▪ Este mundo amorfo gravita em direcção à periferia.
▪ Na periferia estão imersas as estruturas nucleares.

◦ Eventualmente, uma destas assume uma posição dominante e, deste modo


1. Eleva-se a um estado de auto-descrição.
2. Começa a separar-se do sistema de meta-linguagens.
3. Começa descrever-se a si mesma e ao espaço periférico de uma determinada semiosfera.
4. Alcança o nível de unidade ideal.
5. Torna-se numa superestrutura.
6. Ergue-se acima da irregularidade do mapa semiótico.

Interacção activa: Raíz dos processos dinâmicos que ocorrem no interior da semiosfera.

• Nível estrutural
◦ Irregularidades:
1. Aumenta a fusão entre os vários níveis.
2. A realidade da semiosfera, a hierarquia das linguagens e dos textos como uma regra, é
perturbada.
3. Os elementos colidem como se coexistissem num mesmo nível.
4. Os textos parecem estar imersos em linguagens que não lhes correspondem, e estão ausentes os
códigos que permitiriam decifrá-los.

◦ A estrutura do espaço semiótico é heterogénea → Cria reservas de processos dinâmicos.


◦ A heterogeneidade e a criação de reservas representam um dos mecanismos para a criação de
informação dentro da esfera semiótica.

◦ Nas áreas periféricas:


▪ As estruturas são “esquivas”, menos organizadas e mais flexíveis.
▪ Os processos dinâmicos encontram menor oposição → Desenvolvem-se mais rapidamente.
▪ A rigidez da estrutura consegue-se através da criação de auto-descritores meta-estruturais
(gramática) → Abrandamento do desenvolvimento dos processos.
◦ Os processos dinâmicos que ocorrem na semiosfera podem alterar a configuração da mesma:
▪ A função do núcleo estrutural desloca-se para aquilo que, no estágio anterior, correspondia à
periferia.
▪ O centro inicial apreende as funções da periferia.
▪ Geograficamente, este processo pode ser traçado na transferência geográfica entre o centro e os
arredores dos mundos civilizados.

◦ Divisão entre Núcleo e Periferia: lei da onganização interna da semiosfera.


▪ Núcleo: Sistemas semióticos dominantes.
• Esta divisão não é absoluta, depende da existência de elementos de auto-descrição3, ou da
condução desta divisão por um observador externo, de acordo com as categorias de um outro
sistema.
▪ Periferia: Fragmentos das estruturas fixas (linguagens) e textos separados, que:
• Resvalam para a categoria de “estrangeiros” dentro de um determinado sistema.
• Exercem a função de catalizadores no mecanismo da semiosfera.
• Preservam o mecanismo capaz de reconstruir todo o sistema.

◦ Todos e Partes Semióticos: Reconstrução de um Sistema.


▪ Destruição da integridade do sistema semiótico → Acelera o processo de “rememoração”.
▪ Entende-se por rememoração: a reconstrução do Todo semiótico a partir das suas partes.
▪ Reconstrução da linguagem perdida → Criação de uma nova linguagem.
▪ A nova linguagem emana do auto-conhecimento da cultura.
▪ Por outras palavras, o fluxo cultural de reservas específicas de texto ( em códigos perdidos)
conduz, quando a integridade do sistema é destruída, ao processo de criação de novos códigos,
entendidos como reconstruções (“recordações”).

• A Irregularidade da organização estrutural interna da Semiosfera é determinada:


◦ Pela sua natureza heterogénea – o desenvolvimento da semiosfera processa-se de modos temporal e
espacialmente distintos.
▪ Exemplo. Diferentes linguagens integram-se em diferentes tempos e em diferentes círculos
quantitativos → Linguagens naturais desenvolvem-se mais lentamente que estruturas mentais e
ideológicas → Processo de desenvolvimento dessincronizado.
◦ Pelo facto de, muitas vezes, extrapolar os seus próprios limites internos.
▪ A tradução da informação através destes limites depende da articulação entre as suas diferentes
estruturas e sub-estruturas.
▪ O sistema semiótico de uma dada semiosfera pode invadir uma estrutura do território exterior.
▪ Desta invasão resulta nova informação, gera-se sentido.
◦ Pela sua diversidade interna → Implica que possua integridade.
▪ As partes entram no todo não como mecanismos detalhados mas como orgãos em organismos.
▪ Mecanismos Nucleares:
• Cada uma das suas partes cria o seu próprio Todo, estruturalmente independente .
• As ligações das partes (ou do Todo tornado parte) com outras partes são complexas e
caracterizam-se por um elevado nível de desautomatização.
• Todo: localiza-se num outro nível da hierarquia estrutural.
• Relativamente ao todo em que se integram, as partes revelam uma qualidade isomórfica.
• Partes: são diferentes entre si e são semelhantes ao Todo que integram, embora sejam, dele,
também distintas.
▪ Exemplo VI: Os fragmentos do Espelho.
• O escritor Tomasz Štítný (Século XIV), traçou uma analogia entre esta relação isomórfica
parte-Todo e um rosto que, se totalmente reflectido num espelho, também o é em qualquer
um dos seus fragmento cuja.
• Os fragmentos, embora partes, assemelham-se ao espelho inteiro.

3Descrição feita de um ponto de vista interno e em termos oriundos do processo de auto-desenvolvimento de uma
determinada semiosfera
▪ Existe também isomorfismo vertical:
• Surge entre estruturas de diferentes níveis hierárquicos.
• Gera o crescimento quantitativo das comunicações.
• Seguindo a analogia so espelho: um objecto reflectido num espelho origina centenas de
reflexões de si próprio nos fragmentos deste.
• Assim, uma comunicação, introduzida numa estrutura semiótica integral, é rodeada por
pedaços de si mesma nos níveis inferiores.

▪ A transformação de textos novos exige um outro mecanismo - diferentes contactos são


necessários → Não deve somente existir uma relação similar, mas sim um elemento que se
diferencie → Diferente constituição do mecanismo do isomorfismo.
• Condição para a existência deste tipo de semiose: as sub-estruturas que participam no acto de
semiose não devem ser, relativamente umas às outras, isomórficas.
• Porém, cada uma delas isolada deve ser isomórfica relativamente a um terceiro elemento
situado num nível superior do sistema.
• Exemplo. As linguagens textuais e icónicas de formas pictóricas não são isomórficas entre
si. De modo diferenciado, cada uma delas é isomórfica relativamente ao mundo extra-
semiótico da realidade que representa, através de uma determinada linguagem.

• Sistemas de Diálogo: Condições de Criação.


Para que sejam criados sistemas de diálogo é necessário:
◦ A presença de dois parceiros, simultaneamente, semelhantes e diferentes.
◦ Troca de informação recíproca e mútua.
◦ Substituição do tempo da transferência pelo tempo da recepção(Newson 1978: 33).
◦ Discrição – possibilidade de interromper a transmissão da informação.
▪ Tem de ser possível transmitir informação por porções - regra geral nos sistemas de diálogo.
▪ Esta discrição pode surgir a um nível estrutural → Mudança cíclica das percepções materiais →
Alternância entre períodos de elevada actividade e períodos de máximo decréscimo da mesma.

Exemplo VII: História da Cultura.


▪ Podem delinear-se períodos em que uma ou outra forma de arte transmite os seus textos a outros
sistemas semióticos → Ponto de actividade elevada.
▪ Um determinado tipo de arte torna-se na “receita” a seguir → Estes períodos/épocas alteram-se
(não existindo, necessariamente, uma ruptura total com a continuidade).
▪ A análise do Todo da arte no interior da moldura de uma determinada época revela a expansão da
mesma, o modo como interrompeu e foi interrompida por outras épocas, não esquecendo.
▪ Fenómenos como a Renascença, o Barroco, o Classicismo e o Romantismo, originados por
factores universais no seio de uma determinada cultura surgiram por oposição a diferentes áreas
artísticas e a desenvolvimentos intelectuais distintos.
▪ Porém, devemos ter em conta que a afirmação de um novo fenómeno, por oposição a um outro
dele distinto, estabiliza apenas ao alcançar o metanível do auto-conhecimento da cultura.
▪ A não-sincronia é substância constituinte da cultura, não aparece como um devaneio súbito.
▪ No auge da sua actividade, o agente de transferência produz características dinâmicas e
inovadoras.
• Os processos de influência cultural do Oriente no Ocidente e do Ocidente no Oriente estão
ligados à não-sincronia sinusoidal do seu desenvolvimento imanente.
• Para o observador externo, estabelece-se uma mudança discreta das suas actividades multi-
direccionais.
◦ As fronteiras entre fenómenos não surgem sempre ao nível fonológico, nunca ao nível fonético.
◦ Estas fronteiras estão também ausentes no oscilograma sónico do discurso.
◦ O texto traduzido e a resposta recebida por via do diálogo devem produzir, para um terceiro, um texto
unitário.
• Além disso o texto tende a transformar-se noutra linguagem – deve conservar dentro de si mesmo um
elemento da transferência para a outra linguagem → Diálogo torna-se possível.
Exemplo VIII: Linguagem Dialógica.
▪ John Newson - diálogo entre uma mãe lactante e o seu bebé - transição mútua para a linguagem
do outro - Usam mímicas e sinais falados.
▪ Século XIX - Forte influência da pintura → A literatura inclui na sua linguagem elementos do
domínio do pictoresco.

Significado sem comunicação não seria possível. Neste sentido, podemos dizer que o diálogo precede e dá à luz a
linguagem.

Noção de Semiosfera
Além das características já apresentadas, Lotman considera que, no âmago da semiosfera, jazem
ainda algumas outras noções:

• A junção de formações semióticas precede (não heurística mas funcionalmente) a linguagem isolada e
singular.
• A junção de formações semióticas é uma condição para a existência de linguagem.
• Sem a semiosfera não existe linguagem.
• As diferentes substruturas da semiosfera interligam-se e interagem.
• As diferentes substruturas não funcionam sem o apoio umas das outras.

• Contemporaneamente, o significado de semiosfera tem-se expandido – carácter global – abrange:


◦ Sinais de chamada dos satélites.
◦ Versos dos poetas.
◦ Sons animais.

• Os elementos da semiosfera são interdependentes.


◦ Distribuem-se em virtude de um complexo sistema de memória sem o qual não pode funcionar a
semiosfera – Propriedade Diacrónica.
◦ O mecanismo de memória funciona nas substruturas individuais da semiosfera e nela como um
todo.

• Estamos completamente imersos na semiosfera.

• Sabemos que ela é repleta de irregularidades e rodeada por um espaço cuja linguagem não compreende.
• Porém, ela não pode estabelecer-se a si mesma como:
◦ Um objecto caótico e irregular.
◦ Uma colecção autónoma de elementos.
• Pode sim definir-se como:
◦ Um Todo em si mesmo, embora não o seja se para fora de si olhar.
◦ Um espaço constituído por partes internamente reguladas e funcionalmente conectadas.
◦ Um espaço cujo comportamento é estabelecido pela relação dinâmica das partes.
▪ O desenvolvimento dinâmico dos elementos da semiosfera (substruturas) é ditado pelas suas
especificações e pelo incremento da sua diversidade interna.
▪ Este dinamismo não destrói a integridade da semiosfera.
▪ É sobre esta integridade que assentam todos os processos comunicativos, tornando-se
mutuamente semelhantes.
▪ Este princípio dinamismo-semelhança é construído sobre a combinação de simetria–assimetria
com o refluxo periódico e o fluxo de todos os processos vitais de todas as formas.
(ao nível da linguagem esta característica estrutural foi descrita por Saussure como o “mecanismo de semelhanças
e diferenças”)
Simetria - Assimetria

• Podem também ser incorporados numa unidade mais geral:


Simetria-assimetria pode ser encarada como:
◦ A quebra de qualquer forma de unidade por um plano de simetria
◦ Aparecimento de um espelho da estrutura desconstruída.
◦ A base de uma subsequente especificação da diversidade e funcionalidade.

• A repetição cíclica torna-se a base de um crescimento rotativo em torno dos eixos de simetria.
• O efeito combinado destes dois princípios pode ser observado a diferentes níveis:
◦ Plano de Simetria → Antítese: Plano do Tempo Mitológigo vs. Plano do Tempo Histórico
Cíclico Dirigido
▪ Os eixos de simetria repetem-se ciclicamente, opondo-se à explosão atómica unidireccional.
▪ O mundo do cosmos opõe-se ao mundo animal.
◦ Esta combinação adquire um carácter estrutural e, assim, os seus efeitos repercutem-se:
▪ Nos limites da sociedade humana.
▪ Em todo o mundo vivo - novas estruturas gerais surgem.

• A questão da simetria – assimetria remete-nos para um outro traço dicotómico da Semiosfera e dos
elementos que nela se integram: Homogeneidade - Heterogeneidade
◦ A possibilidade de diálogo sugere, simultaneamente, uma heterogeneidade e uma homogeneidade
dos elementos.
◦ A heterogeneidade semiótica implica uma estrutura heterogénea – Diversidade Estrutural.

De facto, a assimetria e heterogeneidade estrutural do Todo da Semiosfera indica-nos que as estruturas


que a constituem e os elementos que nas últimas se integram eram, já de si, assimétricos e heterogéneos:
“Assimetria pode apenas ser originada por algo que, em si mesmo, era já assimétrico.”(Vernadsky 1977 : 149)

• Lotman apresenta uma forma de combinação de identidade e diferença estruturais: O Enantiomorfismo.


◦ Enantiomorfismo: simetria em espelho.
◦ Neste mecanismo enantiomorfista, tal como num espelho, ambas as partes são iguais, embora
desiguais através da sobreposição.
◦ O enantiomorfismo dialógico representa o surgimento de:
▪ Uma diferença correlativa que distingue ambas as identidades – interpreta-o como inútil.
▪ Uma diferença não co-relativa – interpreta-o como impossível.
▪ Por outro lado, o enantiomorfismo divide a unidade, cria uma difererença divisória de unidades,
cuja reaproximanção forma, precisamente a base do processo de significação. (Ivanov 1978),
pois fundamenta a correlação estrutural entre as partes individuais que se empenham na sua
execução.
▪ Ou seja é a reaproximação despoletada pela divisão enantiomorfista da unidade que faz
surgir, entre as partes individuais, aquilo que se denomina de comunicação dialógica.
▪ É a comunicação dialógica a base da geração de significado.
▪ Logo, apenas a divisão enantiomorfisma permite o processo de significação.

Unidade → (Enantiomorfismo) → (Diferença Correlativa) → Partes Individuais → Tentativa de


Reaproximação → Comunicação Dialógica → Processo de Significação

◦ Assim, os textos não são idênticos, não formam um Todo homogéneo, mas, na sua heterogeneidade,
são semelhantes o suficiente para que a sua conversão mútua se torne possível.
◦ Se os participantes numa relação dialógica fossem iguais esta não existiria sequer, eles têm de ser
distintos e “de conter, no interior da sua estrutura, uma imagem semiótica de contra-agente”
(Paducheva 1982).

Enantiomorfismo representa o mecanismo primário do diálogo.


Enantiomorfismo: O Palíndroma
Palin (πάλιν; “trás”) e dromos (δρóμος; “maneira, sentido”)
• O palíndroma é a prova de quão fortemente o enantiomorfismo pode alterar o
funcionamento do mecanismo semiótico.

• Porém, apesar da sua importância, até há pouco tempo, este SAT O R


anagrama peculiar, esta capicua de palavras era alvo de AREPO
conotações pejorativas, encarado como nada mais que o fruto do
“jogo da arte das palavras” (Kvyatkovsky 1966 : 190). TENET
• Lotman afasta-se dessa concepção reducionista, apela à OPERA
compreensão da sua complexidade, de todas as suas
potencialidades e questões que faz erguer. R OTAS
• Mergulha nas profundezas do universo palindrómico, não se limita Texto 1: O "Quadrado Mágico"
a encarar a sua capacidade de conservação do significado de uma (Pompeii : 79 d.C.) pode ser lido para a
frentre, em reverso, na horizontal e na
palavra ou de um grupo de palavras quer sejam estas lidas numa vertical.
ou na outra direcção.
• Parte desta capacidade para se debruçar sobre um outro aspecto
ainda mais complexo, a capacidade de que o palíndroma é dotado, que o permite transformar o
mecanismo de formação textual - alterar o mecanismo da consciência.

Exemplo IX: Diversidade Palindromática – Palíndromas Chineses e Russos.

◦ Palíndromas Chineses – V. M. Alekseev.


▪ Os hieroglifos(caracteres tradicionais) chineses, tomados isoladamente, sugerem a origem
conceptual das famílias de palavras. Isto, é cada um deles tem em si inscritos além de uma
determinada fonia, uma dada semântica que, isoladamente, não é totalmente revelada.
▪ As suas semântica e gramática concretas são somente reveladas em correlação com os laços
textuais.
▪ Sem a ordem palavra-signo, não é possível determinar a sua categoria gramatical, nem tão pouco
o seu verdadeiro conteúdo semântico.
▪ A palavra torna concreta a semântica abstracta do hieroglifo isolado.
▪ No palíndromo chinês, apesar de todas as sílabas se manterem, firmemente, no mesmo local,
desempenham um papel semântico e sintático distinto do inicial (Alekseev 1951 : 95).
▪ O estudo do Palíndromo é a melhor forma de estudar a gramática da língua chinesa.
Chinês Tradução
E → D :Eu amo a mãe.
我愛媽媽 D → E :A mãe ama-me.
E → D :Todos se preocupam comigo.
人人為我
D → E :Eu preocupo-me com todos.
E → D :Um homem passa pelo Grande Templo de Buda.
人過大佛寺
D → E :O Templo de Buda é maior que um homem.
E → D :O convidado vai a Tien Ran Ju.
客上天然居
D → E :É um convidado dos Céus.
E → D :Os lugares certos geram pessoas abastadas
地福多出賢
D → E :Pessoas abastadas vêm dos lugares certos.
E → D :O Monge viaja para o Templo Escondido nas Nuvens.
僧遊雲隱寺
D → E :O Templo esconde as nuvens e os monges que viajam.
雨滋春樹碧連天 E → D :A chuva nutre as árvores da Primavera e fá-las tão viçosas e altas que tocam
o Céu.
D → E :O céu toca as árvores verdes e a Primavera nutre a chuva.
E → D :O vento espalha a fragância das flores e arrasta as pétalas vermelhas pelo
chão.
風送花香紅滿地
D → E :O chão está coberto de vermelho e as flores perfumadas dizem adeus ao
vento.
E → D :Flores vermelhas e brilhantes caem com a chuva
艷艷紅花隨落雨
D → E :A chuva cai com as flores e torna-se vermelha.
E → D :A Primavera regressa à aldeia de Xiafu.
春回先富村
D → E :A aldeia é famosa e volta primeiro à Primavera.

Chinese Palindromes @ http://www.yellowbridge.com


◦ Palíndromas Russos – S. Kirsanov.
▪ O mecanismo do palíndromo Russo assenta no facto da palavra ser vista.
▪ A palavra pode, portanto, ser lida na ordem inversa.
▪ A leitura reversa dos hieroglifos chineses revela a sua construção escondida, faz surgir, de uma
forma holística e visível, a sequência de elementos estruturais,.
▪ Na língua russa é necessária a capacidade de ver a palavra como um Todo.
▪ O palíndroma chinês transforma o visível e o integral em discreto.
▪ O palíndromo Russo transforma visibilidade e integridade. Ou seja, ler de trás para a frente
activa o mecanismo de diferentes hemisférios da consciência, é um fenómeno visual.

“А роза упала на лапу Азора”


-”E a rosa caiu da pata do Azor.”-
Afanasy Fet

Facto Primário do Enantiomorfismo : A forma do texto altera o tipo de


consciência a ele atribuida.
• O Palíndroma:
◦ Activa camadas escondidas do significado linguístico;
◦ Procura lidar com o problema da assimetria funcional do cérebro.
◦ Não é desprovido de sentido, pelo contrário, possui vários.
◦ O texto, aquando da sua leitura convencional, identifica-se com aquilo que é aberto, enquanto que,
ao ler lido em reverso, se associa à esfera esotérica da cultura.
▪ Na era Barroca associava-se o palíndroma à feitiçaria e à magia negra, usando-se, assim, para o
definir, o termo “versus diabolicus”.
▪ Pode associar-se também à violência: Vladimir Tropov considerava o anagrama semiológico de
Saussurre como que uma operação cirúrgica, um acto sagrado, onde o sacerdote desmebra o
animal que se oferece ao sacrifício. Ora, se seguirmos esta analogia, o palíndroma é algo muito
mais horrendo, pois além do desmembramento do corpo todas as partes cortadas são
reorganizadas no altar sacrificial.

• O mecanismo de espelho pode ser rotulado como universal.


◦ Dissemina-se por todos os mecanismos de produção de sentido, revelando paridades simétricas-
assimétricas.
◦ Abrange o nível molecular e a estrutura geral do Universo.
◦ Abrange a criação global da alma humana.
◦ O enantiomorfismo, o texto palíndrómico, constitui ainda a antítese SAGRADO vs. INFERNAL.
(directo) (inverso)
◦ Marca também esta antítese a sua reflectividade espacial, por oposição ao Paraíso (bondosos) aparece
um Inferno côncavo (malsosos), dividindo estas duas instâncias está o local dos medíocres, o
Purgatório, convexo.
Exemplo X: Criações palindrómicas na Literatura.

“Eugene Onegin”:
• “Ela” ama “ele” - enfatiza o seu amor numa carta.
• “Ela” é friamente repudiada por “ele”.

Num sentido inverso:


• “Ele” ama “ela” - envia-lhe, numa carta, o seu amor.
• “Ele” é, por “ela”, rejeitado.

“A Filha do Capitão” , Pushkin:


• 2 Jornadas – A de Grinev ao auto-proclamado Czar Camponês para salvar Masha/A de Masha à nobreza
Czariana para salvar Grinev (Lotman 1962).

Mecanismos análogos, ao nível da personagem, inundam a literatura Romântica e Pós-Romântica da Europa do


século XIX, frequentemente ligados ao tema dos espelhos e dos reflexos.

Exemplo XI: Criações enantiomórficas na Pinttura.


• Todos estes elementos de simetria-assimetria são apenas mecanismos de construção de sentido.
• Tal como a assimetria bilateral do cérebro humano:
◦ Caracterizam o mecanismo do pensamento sem predeterminarem o seu conteúdo.
◦ Determinam a situação semiótica mas não o conteúdo desta ou daquela comunicação.

◦ N.Tarabukin sugeriu que a regra da composição pictórica, de acordo com eixos diagonais da tela:
▪ Do canto inferior direito ao canto superior esquerdo: sensação de passividade.
▪ Do canto inferior esquerdo ao canto superior direito: actividade e intensidade.
• Consideremos o quadro de Jericho, “A Jangada de Medusa”.

◦ A sua composição é construída com base em duas malhas diagonais: a passiva e a activa.
◦ A trajectória da jangada, agitada pelo vento, move-se da direita para a esquerda, mergulhando nas
profundezas. - Personifica a espontaneidade das forças da Natureza, arrastando consigo as vítimas do
naufrágio, já sem forças.
◦ No sentido inverso, na linha activa, o artista colocou algumas figuras que, reunindo as suas últimas
forças, tentam resolver a trágica situação, não desistindo da luta.
◦ Acima delas, surge um único indivíduo que, com a sua ajuda, hasteia a bandeira, de modo a chamar a
atenção de um navio que apareceu no horizonte distante.
(Tarabukin 1973 : 479)

• Assim: Uma mesma tela, organizando segundo a simetria de espelho a uma gravura pintada, altera a
semântica-emocional para o seu estado inverso, pois:
1. Os objectos reflectidos possuem a sua própria estrutura de superfície, simétrica ou assimétrica.
2. Através da transformação enantiomórfica, a simetria superficial é neutralizada e não pode ser
mostrada de nenhuma outra forma, enquanto que a assimetria se torna estruturalmente
significante.
3. Assim, a simetria-espelho representa, como já vimos, a estrutura primária das relações
dialógicas.

Mais ainda, o enantiomorfismo:


• É uma das principais estruturas básicas de organização interna dos processos de construção de sentido.
• Inclui vários fenómenos paralelos, tais como o “ser respeitado” e o “ser engraçado”, o aparecimento de
duplos, a topicalidade paralela e outros fenómenos típicos da dualidade das estruturas intratextuais.
• Inclui, igualmente, a magicidade do espelho e o papel que esta desempenha na arte e na literatura.
• Abrange a fenomenologia textual:
◦ Os textos dentro de textos, enquanto fenómeno, têm uma Natureza semelhante.
◦ Um fenómeno pode ser analisado ao nível holístico das culturas nacionais .
◦ O processo de reconhecimento mútuo e de inclusão numa cultura geral origina
▪ Uma reaproximação de culturas separadas.
▪ Uma especialização das mesmas.
1. Uma cultura específica dá entrada numa cultura geral.
2. Começa a cultivar a sua própria originalidade.
3. A cultura geral considera “especial” e “única” a cultura específica.
4. Para si mesma, a cultura isolada é habitual e natural.
▪ Apenas tomando parte num Todo mais abrangente, numa cultura geral, a cultura reconhece o
ponto de vista externo como específico para si mesma.
▪ Neste sentido, generalidades culturais, como “Ocidente” e “Oriente”, são reveladas nas paridades
enantiomórficas das assimetrias funcionais.

• Todos os níveis da semiosfera – desde a personalidade humana ao texto individual, passando pela unidade
semiótica – constituem um grupo, aparentemente, interligado de múltiplas semiosferas.
• Cada uma delas é, simultaneamente, participante no diálogo (como parte da semiosfera) e espaço de
diálogo (quando se encara esta semiosfera como um Todo).
• Em cada uma delas podem, ainda, ser identificadas manifestações de “direitismo” e “esquerdismo” e,
quer tendendo para um ou para o outro lado, todas possuem, no seu interior, estruturas pertencentes ora
mais a um lado ora mais ao outro.

É esta, segundo Lotman, a caracterização, a delimitação, a irregularidade e os mecanismos, deste espaço por ele
idealizado que é o espaço de todos os processos de criação de sentido, um espaço cultural, simultaneamente
homogéneo e heterogéneo, simultaneamente todo e parte. Ou seja, é assim que Yuri Lotman nos descreve o espaço
da Semiosfera.

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