You are on page 1of 7

Deficiências do Ensino de Ciências Exatas no Brasil

Weslei Candido1; Riama Coelho Gouveia2 e Jackeline Cristina de Paula3

Resumo
Este trabalho tem por objetivo apontas deficiências do ensino na área de ciências exatas no Brasil, em
especial no Ensino de Química, justamente porque nas escolas públicas nos últimos anos surgiram vários
problemas como: a falta de professores, falta de material didático e até mesmo a falta de interesse dos
alunos. Essa realidade gerou um aumento no número de pesquisas na área de ensino, havendo assim mais
projetos, artigos específicos e até mesmo a realização de Encontros Nacionais e Regionais de Ensino de
Ciências, ainda que o investimento seja insuficiente no Brasil. O resultado das pesquisas apontam para a
necessidade do uso de metodologias diferenciadas, que auxiliem no processo de raciocínio e abstração
necessários à compreensão dos conceitos científicos, o que ainda não se reflete completamente na sala de
aula, muitas vezes pela formação deficiente do professor.

Plavras-Chave: Ensino de Ciências. Formação de Professores; Matéria Didático.

INTRODUÇÃO
O ensino no Brasil teve início com a chegada dos jesuítas em 1549 quando
fundaram em São Vicente, São Paulo, um seminário-escola com uma formação
escolástica de caráter literário e nenhuma ligação com a ciência.
Mesmos após a expulsão dos jesuítas (que foi influenciada pelo marquês de
Pombal no século XVIII com o início das aulas régias), o ensino no Brasil continua sem
algo definido, mudando das aulas régias para a implantação do ensino mútuo ou
monitorial no século XIX. Com o início da inspiração positivista implantaram-se as
Escolas Militares, e na educação Contemporânea no século XX deu-se início à Escola
Nova, no qual os escolanivistas lutavam por uma educação obrigatória, pública, gratuita
e leiga como dever do Estado.
No ano de 1971, houve a reforma do 1º e 2º graus, que hoje tem como matérias
obrigatórias: Matemática, Física, Química, Biologia, Português, Inglês, História,
Geografia, Educação Física, Educação Artística e Filosofia. Pelo que já se pode
observar o ensino da ciência está incluído na grade curricular.

1
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP), campus Sertãozinho -
crweslei@yahoo.com.br.
2
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP), campus Sertãozinho –
riamagp@uol.com.br.
3
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP), campus Sertãozinho –
jack_cdp@hotmail.com.
Hoje no Brasil, mesmo o interesse pelo ensino da ciência ainda há poucas
pessoas que se interessam pela Química. Apesar de que já existe várias faculdades que
oferecem o curso de Bacharel e de Licenciatura em Química, ao contrário do início do
surgimentos das universidades brasileiras que só ofereciam o curso de Direito e
Medicina.
Neste país ainda há poucos investimentos para a área de pesquisa,
principalmente pesquisas direcionadas ao ensino de ciências. Pensam que isto é inútil,
mas não sabem que estas pesquisas são muito importantes para o desenvolvimento das
ciências no Brasil, assim ela passa a ser bem ensinada nas escolas, com isto a uma
grande chance de haver um aumento no numero de profissionais formados ou até
mesmo interessados por esta área. O PCN+ coloca-nos que “A Química pode ser um
instrumento da formação humana que amplia os horizontes culturais e autonomia no
exercício da cidadania.”
Quando começamos a ensinar ciências realmente não é fácil, o professor tem que
desconstruir o censo comum que a pessoa carrega consigo, depois tem que construí-lo
de uma maneira cientifica para que se torne fácil a compreensão do mundo a sua volta.
Mas nem sempre é assim tão fácil, na maioria das vezes trabalhando com crianças e
adolescentes ficam difíceis com que eles tenham uma abstração tão grande ou
maturidade o suficiente para compreender, pois a maioria dos conteúdos ligados a
ciência em especial a química são abstratos.
O ensino de Química tem uma ligação muito forte com a formação de um
cidadão, principalmente naquele que vive em um país democrático, pois deve saber o
básico pelo menos de ciências para saber opinar em casos que envolva coisas para o
bem de si e de todos que estejam envolvidos em possíveis conseqüências.
Por isso, a Química e a cidadania formam um contexto em conjunto. E a química
ensinada na sala de aulas no Brasil não se compara em que um individuo deveria
realmente saber para exercer seu papel de cidadão. Com isto percebemos que o ensino
público de Química está com grande defasagem e não é só isto porque também a teoria
é aplicada sem haver uma ligação com a realidade.
De acordo com a Proposta Curricular de Química do Estado de São Paulo é
mais fácil assimilar o conteúdo se ele estiver mais próximo da realidade e do cotidiano
do aluno pois o levará a entender e perceber que a Química é uma parte do estudo da
natureza, assim o estudante passa a compreender o mundo que o cerca. Apesar que é
necessário saber escolher o assunto. Por exemplo: o corpo humano pode ser um
fantástico laboratório químico, o ciclo da água também é um ótimo meio para ensinar
sobre o estado físico da matéria.
Fazer a parte experimental também é de ótima ajuda para a compreensão da
matéria, não só usando laboratório, porque há escolas que não tem. Usar também
materiais de fácil acesso e experiências que possam ser feitas em casa.
O professor não pode ficar ligado ao ensino dogmático e sim usar novas técnicas
de ensino (novos métodos), como diz Mariza Magalhães “O bom professor saberá
ajustar as várias técnicas para revelar aos seus alunos como a ciência se constrói e como
se relacionam os seus conceitos” (2002, p.34). Com tudo isso o professor busca do saber
oculto o conhecimento levado pelo aluno e através disso aplica o conteúdo, mostrando a
ele em qual parte a Química se encaixa.
O PCN+ mostra o que o Ensino Médio deve possibilitar ao aluno a compreensão
tanto dos processos químicos em si, quanto a construção de um conhecimento científico
com aplicações em todo o meio e suas conseqüências. Por este e outros motivos os
professores devem passar os conceitos químicos escolhidos em relação ao cotidiano
ligado. “Uma atividade interessante é a proposta no PROQUIM-Projeto de Ensino de
Química para o 2º grau: o aluno deve listar uma série de transformações em reações
químicas ou fenômeno físico” ( MAGALHÃES, 2002, p.38).
A autora Mariza Magalhães mostra para os professores de Química do Ensino
Médio, que há atividades interessantes e didáticas que podem ser usadas e que tornam a
interpretação do conteúdo mais fácil de assimilar.

DESENVOLVIMENTO
Esta pesquisa leva como ideia principal mostrar a situação do Ensino de Química no
Brasil, e o interesse dos pesquisadores em melhorar este ensino com novas técnicas para
se aplicar o conteúdo teórico.
Ao se analisar a Proposta Curricular de Química do Estado de São Paulo, pode-se
afirmar que está totalmente de acordo com os PCN+, e que realmente a escolha sobre a
matéria a ser ensinada deve ser a partir de uma seleção de conteúdos que fará com que o
aluno desenvolva habilidades e uma visão crítica do que está presente a cada momento
no cotidiano (natureza, política, econômico, etc.).
A presença da química no dia-a-dia das pessoas é mais do que o suficiente para justificar a
necessidade de que o cidadão seja informado sobre química. Todavia, o ensino atual de nossas
escolas está muito distante do que o cidadão necessita conhecer sobre cidadania. (SANTOS;
SCHNETZLER 2003 p.13).

E mesmo assim ainda há vários alunos que pensam que não é necessária se aprender
Química, mas com base nos textos analisados, percebemos que este pensamento é
errado, e a Química deve ser sim ensinada nas escolas e de uma maneira bem diferente
da tradicional, para que os alunos possam aprender melhor.

Realizar um experimento seguido de discussão para a montagem da interpretação dos resultados é


uma atividade extremamente rica em termos de aprendizagem... Teoria e prática andam juntas num
ensino que valoriza a parte experimental. As aulas teóricas e atividades práticas se completam,
reforçando-se e garantindo a solidez dos conhecimentos adquiridos. (MAGALHÃES, 2003 p.34)

Com isto, se afirmar dizer que o ensino de Química atualmente no Brasil passa por
grandes problemas, que só se agravam com o passar do tempo. E há vários fatores para
se explicar que a Química não é bem aplicados em sala de aula, alguns deles são: a falta
de professores especializados na área falta de material didático e de laboratórios
equipados e ademais a falta de interesse dos alunos (que acontece por muitos fatores
diferentes).
Pode-se pensar que alguns casos quem falha são os professores, e nem sempre
eles percebem isto. A grande maioria aplica o conteúdo do livro didático de uma
maneira tradicional e mais nada, e não percebe que ao mudar sua metodologia pode-se
conseguir melhores resultados, e assim consegue-se que os alunos tenham maior
interesse pela matéria.
Mas também há vários fatores que fazem com que os professores falhem: a
desistência do aluno, até mesmo, os desistentes presentes que são aqueles alunos que
estão ali fisicamente, mas não psicologicamente, reprovações, cola, droga, desordens
internas, e sem contar as salas com mais de 40 alunos, uma carga horária de mais de 40
horas semanais e um baixo salário.

A falta de “ajustamento” entre as condições atualmente oferecidas pela escola e as necessidades de


nossos jovens é tão evidente e de tão amplos efeitos que podemos tranquilamente afirmar que a
escola de hoje não promove a aprendizagem e o desenvolvimento da metade, sequer, dos nossos
jovens de maneira razoavelmente satisfatória (LEMBO 1975, p.6)
Na Proposta Curricular de Química do Estado de São Paulo para o Ensino
Médio, mostra que o tema, o conteúdo geral e específico para cada ano e bimestre do
Ensino Médio, assim tenta fazer com que o professor leve a Química para o meio social,
ou seja, para o cotidiano, associado à realidade de seus alunos.
Não só levar para o cotidiano como também contextualizá-lo, usar como base a
história para mostrar que aquilo não foi por acaso. No caso contextualizar com a história
do surgimento do fogo e mostrar que foi assim que começou a observarem-se as reações
químicas. Como podemos perceber no PCN+ “Historicamente, o conhecimento químico
centrou-se em estudos da natureza empírica sobre as transformações químicas e as
propriedades dos materiais.”
Como se pode ver o breve passeio pela História da Química que Robson Farias
fez, ele força a repetir o ditado: “Quanto mais as coisas mudam, mais permanecem as
mesmas” (2005 p.56.). Ao analisar este ditado, pode-se aplicá-lo ao Ensino de Química
nas escolas do Brasil, que diz estar mudando, mas até agora está o mesmo.
Apesar dos novos professores chegarem cheios de entusiasmo e ideias com o
tempo perdem toda sua vontade de trabalhar com os alunos e recuperar a vontade deles
pela escola. Mas para que os novos e futuros professores adquiram técnicas e aptidão
para proporcionar um bom trabalho com seus alunos, é preciso que se comece a formar
este profissional de forma mais adequada, sendo necessário um estudo mais profundo
para uma boa formação na área especifica, mas como também aprender a fazer uma
interdisciplinaridade.
É necessário fazer como propõem o Prof. Chassot: “que as professoras e
professores de química aproveitem esta ciência para fazer Educação” (1994, p.15), com
isto eles têm que mostrar para os alunos que ter conhecimento sobre ciências também é
cultura e em algum momento de sua vida usar aquilo que aprendeu nas aulas de
Química.

CONCLUSÃO
Após analisar os resultados da pesquisa chega-se à conclusão que a situação do
Ensino de Química no Brasil realmente está uma calamidade. Embora se tenha algum
tempo que são feitas propostas, projetos e até mesmo colocando em prática algumas
mudanças.
Porém leva-se certo tempo para que se consiga formar professores com essa
idéia de mudança e alunos que tenham a noção do quanto a Química é importante para
seu dia-a-dia. Mas primeiramente, é necessário que o governo esteja ciente de que é
preciso que os cidadãos tenham noções básicas de ciências, e assim comece a investir
no ensino de ciências, laboratórios equipados e melhorar a qualidade do material
didático usado na área de Química, e em cursos de capacitação pedagógica.
Mesmo com tantos problemas há uma mudança no panorama atual, mostrando o
aumento de interesse pelo Ensino de Química aumenta a cada dia, havendo assim mais
pesquisas, projetos, artigos específicos e até mesmo realizações de congresso, encontros
nacionais e regionais sobre o Ensino de Química e a atuação da SBQ (Sociedade
Brasileira de Química).
O futuro esperado por alguns pesquisadores da área seriam cidadãos bem
formados e informados para poderem exercer seu papel perante a comunidade. Com a
Química bem aplicada em sala de aula, usando-se novas metodologias, a boa vontade de
se ensinar e de se aprender, realmente se obterá bons resultados.
E este resultado não depende somente do aluno, do professor ou também do
governo. Mas sim de todo o sistema em conjunto, trabalhando junto para mudar a
realidade do Ensino de Química do Brasil, e com isto haverá uma mudança também na
visão geral do país.
É necessária a construção do conhecimento, para que haja a ruptura entre os
conhecimentos científicos e o do cotidiano, e nada melhor que a própria escola para que
isto seja realizado com a orientação de algo ou alguém mais especifico da área.
Tendo em vista as demandas atuais da educação básica prescrito no PCN+,
poderá ser usada em sala de aula uma interdisciplinariedade. Com isto no curso de
formação de professores só lhe passam o conhecimento e o domínio do conteúdo a ser
ensinado, e o docente necessita mais que isto para poder atuar em sala de aula, é
necessário ter uma interdisciplinaridade para que possa ter bons resultados e não
somente dominar a matéria a ser ensinada.
A sala de aula é um lugar privilegiado e de muita importância, o papel do
professor é muito importante, pois colabora para formação de pessoas para uma
sociedade. A principal importância é ajudar os alunos a entender e compreender o seu
meio através da ciência.
Com isso fortes influências do Ensino de Química para a cidadania e uma boa
formação escolar, por estes motivos poderá vir a uma elaboração de novos materiais
didáticos de Química com base nos PCNs. Para que melhore as condições e o
aproveitamento da Química nas escolas, com isto veremos os resultados nos reflexos da
sociedade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FARIAS, Robson Fernandes de. Para gostar de ler a História da Química. 2 edição.
Campinas, SP: Editora Átomo, 2005.
BELTRAN, Nelson Orlando. CISCATTO, Carlos Alberto Mattoso. Química. São
Paulo: Editora Cortez, 1998.
SANTOS, Wildson Luiz Pereira dos. SCHNETZLER, Roseli Pacheco. Educação em
Química (Compromisso com a cidadania). 3 edição. Ijuí,RS: Editora Inijuí,2003.
MAGALHÃES, Mariza. Técnicas criativas para dinamizar aulas de Química. Niterói,
RJ:Editora Muiraquitã, 2002.
SILVA, Denise Domingos da. FARIAS, Robson Fernandes de. NEVES, Luiz Seixas
das. História da Química no Brasil.2 edição. Campinas, SP: Editora Átomo, 2006
LEMBO, John M. Por que falham os professores. São Paulo:Editora Pedagógica e
Universitária, Editora da Universidade de São Paulo,1975
CHASSOT, Attico. A ciência através dos tempos. São Paulo: Moderna, 1994
BRASIL.PCN+ Ensino Médio: Orientações Educacionais complementares aos
Parâmetros Curriculares Nacionais Ciências da Natureza, matemática e suas
tecnologias/Secretaria da Educação Média e Tecnológica. Brasília: MEC; SEMTEC,
2002.
ARANHA. Maria Lucia de Arruda. “História da Educação e da Pedagogia” Geral e
Brasil. São Paulo: Moderna, 2006.

You might also like