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1 - Conceitos básicos
2 – Teoria da Radiação
“... Obtive um prisma triangular de vidro, a fim de com ele tentar reproduzir os Fenômenos
das Cores. De modo a poder realizar meu experimento, havia escurecido meu quarto, feito
em uma das folhas da janela um pequeno orifício que deixasse passar uma quantidade
conveniente de raios de sol, colocando um prisma na entrada de luz,de forma que esta
pudesse ser refratada na parede oposta.Inicialmente,esse arranjo propiciou-me um
divertimento agradável, dado pela contemplação das cores vivas e intensas produzidas
dessa forma; mas depois de um certo tempo, forçando-me a examiná-las mais seriamente,
notei para minha surpresa, uma forma oblonga na disposição das cores .”
Mas, a composição mais surpreendente foi à brancura. Não há nenhum tipo de raio que,
isoladamente, possa exibi-la. Ela é sempre composta e, para se manifestar, é preciso que
se componham todas assim chamadas cores primárias, misturadas em proporções
adequadas. Com freqüência pude contemplar em estado de admiração, que se fazendo
convergir todas as cores produzidas pelo prisma, recombinando-as, portanto, reproduzia-se
luz, inteira e completamente branca.”“.
Assim Issac Newton descreveu em carta a Royal Societ sua experiência realizada em 1666
sobre a decomposição da luz solar ao atravessar um prisma de vidro, produzindo uma
sucessão de raias coloridas: Violeta, azul, verde, amarelo, laranja e vermelho.A imagem
alongada e colorida foi ela denominada “espectro” em alusão ao fato de que as cores estão
presentes, mas escondidas na luz branca.
A natureza da luz foi motivo de grandes debates desde os tempos da Grécia Antiga. No
século XVII experimentos realizados pelo pesquisador holandês Chrstiaan Huygens
levaram-no a afirmar que as características da luz eram mais bem definidas como
decorrentes de um comportamento ondulatório. Por outro lado Issac Newton defendia, a
partir de suas partículas chamadas “corpúsculos”, os quais seriam menores para o violeta e
progressivamente maiores na direção do vermelho.
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Termografia
Em meados do século XIX, o físico inglês James Clerk Maxwell propôs ser a luz uma
radiação de natureza eletromagnética, e as equações por ele montadas para demonstrá-lo
indicavam a existência de outras ondas de mesma natureza. Então o espectro de luz visível
observado por Issac Newton deveria ser somente uma pequena parte um contínuo de
radiações invisíveis mais amplo. Segundo Maxwell constatou, as notas eletromagnéticas
são produzidas pela oscilação de um campo elétrico perpendicularmente a um campo
magnético. A distancia entre duas cristas sucessivas definem o comprimento da onda, se
essa distância estiver compreendida entre 0,00040 e 0,00075 milímetros a radiação pode
ser captada pela retina humana é chamada “luz”.
Onde:
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2.2 – O infravermelho
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Termografia
Linha do tempo:
Década de 1880 surge o bolômetro de langrey (30 vezes mais sensível que a termopilha
de melloni).
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Termografia
Em 1860 Gustav Kirchhoff demonstrou a lei que estabelecia a igualdade entre a capacidade
de um corpo absorver e emitir energia radiante. Essa lei é fundamental na teoria da
transferência de calor por radiação. Gustav Kirchhoff também propôs o termo “copo negro”
para designar um objeto que absorve toda energia radiante que sobre ele incide. Tal objeto,
em conseqüência, seria um excelente emissor.Em 1879 Josef Stefan concluiu a partir de
medidas experimentais, que total de energia irradiada por um corpo negro é proporcional a
quarta potência de sua temperatura absoluta. Ludwing Boltzmann chegou em 1884 às
mesmas conclusões, através da termodinâmica clássica, o que resultou na chamada lei
Stefan - Boltzmann:
W=σ T4
Onde:
Wilheim Wien publicou em 1894 a lei do deslocamento a qual estabelecia a relação entre a
temperatura absoluta e o comprimento de onda onde ocorre à máxima emissão de energia.
2898
λ max = (μm)
T
Ao final dos séculos passados, vários pesquisadores tentaram através da Física clássica
estabelecer uma lei que determinasse a distribuição espectral da energia irradiada por um
corpo negro de acordo com as medições efetuadas em laboratório.A equação que foi
proposta por Wien coincidia com o dados experimentais apenas para comprimentos de
ondas curtas e baixas temperaturas. Por outro lado, a equação proposta por Lord Rayleygh
era válida apenas para comprimentos de onda longos e altas temperaturas; além disso,
predizia um crescimento exponencial da energia irradiada em função da freqüência, o que
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Termografia
foi chamado de “catástrofe do ultravioleta”.Foi o Físico alemão Max Planck quem finalmente
reconheceu a necessidade de se abandonar à idéia de que os osciladores elementares,
geradores de ondas eletromagnéticas, podiam fazê-lo de maneira contínua ou quantizada
da energia radiante, ou seja, os osciladores têm a liberdade de vibrar em qualquer
freqüência, mas a emissão de energia decorrente dessa oscilação se dá de forma
descontínua. Isto significa que as radiações eletromagnéticas são emitidas na forma de
pacotes chamados “quantum” ou “fótons (para a radiação visível), onde a energia é
associada a cada pacote é dada pelo produto” h X f “, onde” h “é uma constante e” f “é a
freqüência da oscilação. Em 1900, Planck apresentou sua fórmula para a distribuição
espectral da energia irradiada. A lei de Planck como é chamada, é apresentada a seguir”:
C 1
W= (watts/m2 μm)
c / λT
λ
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e −1
Onde:
T – temperatura absoluta (k)
λ - comprimento de onda (μm)
C e c – constantes
A lei de Planck, quando plotada graficamente para várias temperaturas produz uma família
de curvas. Seguindo-se qualquer curva, a energia irradiada é zero para comprimentos de
onda próximos a zero, aumenta rapidamente até um máximo e então se aproxima de zero
para comprimentos de onda muito longos.
2.4 - Emissividade
Objetos reais raramente se comportam como corpos negros, atuando sobre a radiação
incidente de várias formas:
Figura 1.8 – A radiação que atinge um corpo pode ser absorvida (α), refletida (δ) ou
transmitida (τ).
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Termografia
α + δ + τ =1
α + δ=1
De acordo com a Lei Kirchhoff existe uma igualdade entre a capacidade de um corpo em
absorver a energia incidente e a sua capacidade de remiti-la.Chama-se esta última de
“emissividade” a qual pode ser assim definida:
Expressando matematicamente:
W'
ε=
W
W’ (corpo qualquer)
W (corpo negro)
ε=α
Ou α+δ =1
δ = 1− ε
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Termografia
W= ε σ T4
Portanto, um corpo não negro emite proporcionalmente menos energia que um corpo negro
à mesma temperatura. Por outro lado, irá refletir ou transmitir parte da radiação
incidente.Considerando-se as relações acima, a quantidade de energia captada por um
observador externo a partir de um corpo opaco é a somatória da energia emitida mais a
energia refletida, segundo a fórmula abaixo:
Onde:
W = w e + wr
w e = εαT04
W = σTa4 (1 − ε )
Sendo
T0 : temperatura absoluta do objeto.
Ta : temperatura absoluta do ambiente
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Termografia
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Termografia
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Termografia
Após ser emitida por um corpo, a radiação infravermelha pode interagir com a massa de
gases circundantes, tendo vários de seus comprimentos de onda absorvidos e remitidos.A
essa interação dá-se o nome de “atenuação atmosférica” e sua ocorrência deve-se a
presença de gases contendo três ou mais átomos na molécula e de partículas sólidas em
suspensão.
A atmosfera terrestre não é inteiramente transparente à radiação infravermelha. Embora
seus principais constituintes como o nitrogênio, oxigênio e o argônio não atuem
apreciavelmente sobre a radiação infravermelha, o mesmo não ocorre com o vapor d’água e
o gás carbônico, os quais absorvem diversos comprimentos de onda entre 1 e 15μm e
grande parte da radiação acima de 15μm.Em termos atmosféricos esse fenômeno é
denominado “efeito estufa” e a sua ocorrência é responsável por uma elevação da
temperatura média da Terra de 30°C em relação ao calculado para uma atmosfera seca e
isenta de gás carbônico.Em atmosferas industriais, onde são encontrados altas
percentagens de vapor d’água, gás carbônico, gás metano e partículas em suspensão, os
efeitos da atenuação e reemissão tornam-se mais pronunciados, o que leva à necessidade
da utilização de filtros para seleção de comprimentos de onda menos afetados em
instrumentos que realizem medições nessas condições.
3 - Sistemas infravermelhos
3.1 - Histórico
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Termografia
Figura 1.10 – Sensibilidade espectral da visão humana para condições de alta luminosidade
(curva) e de baixa luminosidade.
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Figura 1.11 – Faixas de utilização dos principais recursos utilizados na detecção da radiação
infravermelha.
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Termografia
A ótica de um sistema infravermelho tem como finalidade básica coletar a radiação que
incide sobre o mesmo e através de reflexão ou refração direcioná-la ao detector. Pode ainda
realizar o controle da radiação que chega ao detector em termos espectrais, por intermédio
de filtros, ou de intensidade por meio de diagramas. O direcionamento da radiação por
reflexão é realizado com a utilização de superfícies planas ou parabólicas polidas e
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Termografia
Comprimento de
Refletividade (%)
onda (μm)
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Termografia
A óptica de um sistema pode ser caracterizada pelos seguintes parâmetros: campo de visão
total, campo de visão instantâneo, distância focal, diâmetro efetivo e abertura. O campo de
visão total (FOV – field of view), dado em graus, é definido como a porção angular
sensoreada pelo sistema, função não só da parte óptica como também do mecanismo de
varredura. O campo de visão instantâneo (IFOV – Instantaneous fiel of view), expresso em
radianos, é dado pelo ângulo sólido determinado pela projeção do detector na cena em um
dado instante.
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Mosaico de elementos
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por meio dos movimentos de oscilações e rotação em torno do eixo. Com a utilização de
prismas, tal efeito é conseguido através da refração da radiação durante a rotação doa
mesmos (figuras 1.16 e 1.17) motivo, pelo qual são fabricados a partir dos mesmos
materiais empregados nas lentes.
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Termografia
3.2.3 – Detectores
A função dos detectores é converter a energia radiante captada pelo sistema em outra forma
mensurável de energia, geralmente um sinal elétrico. O espaço de tempo compreendido
entre uma variação no fluxo da energia radiante incidente e a correspondente variação na
intensidade do sinal gerado pelo detector é chamado “tempo de resposta” do mesmo. A
maior ou menor sensibilidade de um detector é dada por sua “detectividade” grandeza
representada pelo símbolo D* (D – estrela), cujas unidades são cm (Hz) 1/2w/1 . Como regra
geral, pode-se dizer que o valor D* aumenta com sensibilidade do detector. Segundo a forma
como processam a conversão da energia radiante em outra forma de energia, os detectores
podem ser classificados em duas categorias: os termodetectores e os fotodetectores.
a) Temodetectores
b) Fotodetectores
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3.3.1- Radiômetros
São os sistemas mais simples, neles a radiação é coletada por um arranjo óptico fixo e
dirigida a um detector tipo termopilha ou piroelétrico, onde é transformada em sinal
elétrico.Para as realizações das medições, um anteparo (chopper) é alternadamente
interposto na trajetória da radiação, servindo como referência. Como não possuem
mecanismo de varredura próprio, o deslocamento do campo de visão instantâneo é
realizado pela movimentação do instrumento como um todo. Os radiômetros são em geral
portáteis, mas podem ser empregados também no controle de processos a partir de
montagens mecânicas fixas ou móveis. Graças à utilização de microprocessadores, os
resultados das medições podem se memorizados para cálculos de temperaturas e seleção
de valores. A apresentação dos resultados é normalmente feita através de mostradores
analógicos e digitais, podendo ainda ser impressa em papel ou gravada em fita magnética
para posterior análise. Alguns radiômetros são diretamente conectados com unidades de
controle para monitoração de processos a figura 1.18 mostra um radiômetro dotado de
microprocessador.
São sistemas nos quais um mecanismo de varredura desloca o campo de visão instantânea
do equipamento repetidamente ao longo de uma mesma linha. Em geral esses sistemas
apresentam a informação térmica na forma de perfil de temperaturas, mas podem construir
imagens linha por linha, desde que haja deslocamento relativo entre o sistema e o objeto a
ser observado. Os sistemas de varredura linear são utilizados principalmente na
monitoração de processos contínuos e em equipamentos rotativos. Versões mais
sofisticadas, capazes de sensoriar várias faixas espectrais simultaneamente(multispectral
Scanners) , são empregas no mapeamento térmico do solo a partir de aeronaves e satélites.
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Termografia
3.2.4 – Termovisores
4. – Inspeção termográfica
A inspeção térmica inclui todos os métodos nos quais aparelhos sensíveis ao calor são
usados para medir variações de temperatura nos componentes, estruturas, sistemas ou
processos físicos.Métodos térmicos podem ser úteis na detecção de defeitos subsuperficiais
ou vazios, desde que a profundidade do defeito não seja maior que sue diâmetro. A
inspeção térmica se torna menos efetiva na detecção de defeitos subsuperficiais conforme a
espessura do objeto aumenta, porque é maior a possibilidade do defeito ser mais
profundo.O principio da inspeção térmica envolve a medição ou mapeamento de
temperaturas superficiais quando o fluxo de calor flui para ou através do objeto em
teste.Diferenças de temperatura sobre a superfície ou mudanças de temperatura com o
tempo, estão relacionadas ao fluxo de calor padrão e pode ser usado para detectar falhas
ou para determinar as características de transferência de calor do corpo em teste.
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Termografia
4.1 – Definições
• Termografia
È o ensaio não-destrutivo realizado através da visualização da radiação infravermelha
emitida pelos objetos, que permite o registro de imagens térmicas.
• Imagem térmica
É a imagem produzida a partir da radiação térmica emitida pelos objetos.
• Termograma
É o registro da imagem térmica obtida no ensaio termográfico.
• Temperatura Ambiente
É a temperatura do ambiente onde está localizado o objeto a ser inspecionado.
• Referência
É um objeto com emissividade conhecida tomado como objeto padrão.
• Temperatura de referência
É a temperatura conhecida da referência utilizada para calibração do instrumento
termográfico, quando aplicável.
• Isotermas
Regiões do objeto a ser inspecionado, com iguais níveis de temperatura.
4.2- Métodos
É usada para detectar anomalias onde a temperatura varia muito pouco com o
tempo.Muitos ou processos ativos termicamente podem ser inspecionados sobre a
condição steady state. Por exemplo, uma tubulação que regularmente transporta vapor,
pode ter seu isolamento inspecionado procurando-se por pontos quentes.Esse tipo de
anomalia geralmente produz grande diferença de temperatura e a imagem resultante é
facilmente interpretada.
5. Aplicações da termografia
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Termografia
5.2 – Astronomia
Pelo fato de que mesmo os corpos celestes por demais frios para irradiarem luz própria são
emissores de radiação infravermelha, e valendo-se de sua elevada penetração em nuvens
de poeira interestrelar opacas à radiação visível, a astronomia infravermelha vasculha um
universo muito diferente do observado opticamente. O centro de nossa galáxia, vastas
nuvens de gás, estrelas em fase de formação e a distribuição térmica em corpos do sistema
solar são alguns dos objetos estudados por esse ramo da astronomia.
É experiência pessoal para a maioria das pessoas que a reação do corpo a uma infecção
provoca o aumento de temperatura que denominamos febre. O desenvolvimento da
termometria médica somente teve início no século XVIII com a fabricação dos primeiros
termômetros.Com a introdução dos sistemas infravermelhos no mercado civil, no inicio da
década de 60, os médicos puderam pela primeira vez observar detalhadamente a
distribuição térmica no corpo humano.
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Termografia
queima. A termografia pode ser utilizada como método auxiliar no processo de regulagem
dos queimadores de um forno nestas condições.As indicações sobre a distribuição das
chamas no interior do forno são fornecidas através da visualização da imagem térmica dos
seus contornos no monitor de vídeo do aparelho.
5.4.1.3 – Descoqueamento
Alguns fornos podem apresentar formação excessiva de coque internamente a seus tubos
mesmo em condições de operação, tornando necessária à execução de descoqueamento
periódicos.Um dos métodos de descoqueamento utilizado é a queima de coque controlada
por meio de vapor e ar (steam-air decoking). A temperatura dos tubos durante este processo
é função da injeção vapor-ar e da quantidade e distribuição dos depósitos de coque sendo,
portanto, possível à ocorrência de acentuada elevação de temperatura em algumas regiões
localizadas.Durante o descoqueamento os queimadores do forno operam apenas para
proporcionar temperatura suficiente para a queima do coque.Desta maneira, o nível de
chamas e de gases de combustão é menor que durante as operações normais do
equipamento, facilitando a aplicação da termografia permite os mapeamentos térmicos
contínuo dos tubos, reduzindo em muito o risco de superaquecimento localizado.
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fornecendo indicações sobre os problemas em seus componentes com facilidade, uma vez
que uma grande parte destes problemas se traduz em elevação local de temperatura.
6- Normas de referência
A Petrobrás elaborou a nível interno, três normas para padronizar a execução desse exame.
N – 2472 – Define regras gerais para execução do exame. As demais definem condições
específicas e critérios de avaliação das imagens térmicas obtidas.
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7- Bibliografia
7.2 – Metals handbook – Nondestructive Evaluation and Quality control – Ninth Edition –
Volume 17
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