Fotos: Divulgação
sala vip
RoupaOs donos
Nova da festa
oi numa festa, gelo e cuba libre / E na vitrola
Whisky a Go Go / À meia luz o som do Jo-
hnny Rivers / Aquele tempo que você sonhou”...
Talvez, quando começaram, Ricardo Feghali
(teclados, violão e vocais), Nando (baixo e
vocais), Paulinho (percussão e vocais), Cleberson
Horst (teclados e vocais), Kiko (guitarra, violão e
vocais) e Serginho Herval (bateria e vocais), não ti-
vessem a noção de que este sonho chegaria tão longe.
Ao longo de sua trajetória, o Roupa Nova firmou-se
como uma das bandas mais respeitadas do país,
conquistando diversas gerações e o mais importante,
preservando sua identidade musical ao caminhar no
sentido inverso aos modismos. Para celebrar as três
décadas de carreira, os intérpretes de sucessos como
“Dona” e “Whisky a Go Go”, gravaram o CD/DVD
“Roupa Nova 30 anos”, que chega as lojas em breve
e está repleto de participações especiais, como Sandy,
Milton Nascimento, Padre Fábio de Melo e Banda
Fresno. No repertório, além das músicas que marca-
ram época, canções inéditas e algumas surpresas.
Razões para festejar não faltam. Somando-se a ven-
dagem dos 22 álbuns lançados até agora, chega-se a
impressionante marca de quase 10 milhões de cópias
vendidas. Em 2004, a banda que detém o recorde
de músicas incluídas em trilhas sonoras de novelas,
lançou o seu próprio selo – o “Roupa Nova Music”
– e, no ano passado, o CD/DVD “Roupa Nova em
Londres” ganhou o Grammy Latino na categoria de
Melhor Álbum Pop Contemporâneo Brasileiro. Para
falar destes e de outros assuntos, Serginho Herval
concedeu uma entrevista exclusiva à ZZZ, que você
pode acompanhar abaixo.
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O grupo Roupa Nova está
celebrando 30 anos de
sucesso; suas músicas
atravessaram gerações e
conquistaram o Brasil
POR PIERO VERGÍLIO
ZZZ – Como surgiu a ideia do CD/DVD comemorativo e qual o crité-
rio usado para a escolha do repertório? Há algum diferencial
neste trabalho que queira destacar?
Serginho Herval – Já vínhamos pensando nisso desde a gravação do “Roupa
Nova em Londres”: era importante para todo o grupo. A escolha do repertó-
rio não foi muito difícil, mas tivemos que tomar alguns cuidados para que o
projeto não tivesse a cara dos Acústicos. Se existe algum diferencial nesse
trabalho, é ao fato de nos sentirmos, realmente, mais maduros no que sem-
pre nos propusemos a fazer, ou seja, tocar e cantar. Acredito, sinceramente,
que conseguimos um resultado além do que esperávamos. Estávamos muito
felizes e soltos nas gravações.
ZZZ – Parcerias musicais, no entanto, não são exclusividade des-
se projeto. Ao contrário. Como trafegar por estilos musicais
diferentes sem deixar de lado a identidade da banda?
Serginho – Só se consegue uma identidade, quando todos os integrantes
pensam em prol do melhor para o grupo e não de forma individualista.
Quando nos reunimos para fazer algum arranjo, sempre opinamos de maneira
democrática. Todos têm liberdade de expressão no que tocam, cantam
ou escrevem e, assim, procuramos chegar a um resultado que agrade, se
não a todos, pelo menos a maioria. Costumamos, propositalmente, buscar
parcerias de estilos variados, exatamente para que soem como uma mistura
musical.
ZZZ – Chama a atenção o fato de que, em três décadas de estrada,
o Roupa Nova mantém a sua formação original. Como é a rela-
ção entre os integrantes? É fácil conviver juntos por tanto
tempo, respeitando a individualidade e a bagagem / preferência
musical de cada um?
Serginho – Manter uma banda por tanto tempo, com a mesma formação
torna-se uma tarefa quase impossível se o grupo não procura valorizar o cole-
tivo, em contraponto aos valores individuais. A nossa convivência é baseada
em demarcações de terreno, ou seja, cada um sabe até onde pode ir e a
melhor maneira de expressar suas opiniões, sem que tenhamos que ferir uns
aos outros. São muitos anos juntos, pelo menos 12 horas por dia; acabamos
aprendendo a administrar a nossa relação pessoal.
 Banda celebra 30 anos de carreira, atravessando gerações
e sobrevivendo a modismos, com a mesma formação
ZZZ – Qual a receita para manter-se nas paradas de sucesso
por tanto tempo? Que momentos mais marcaram ao longo
dessa trajetória?
Serginho – Se existe algum tipo de receita, eu diria que nunca nos
deixamos influenciar por estilos musicais que estivessem em evidên-
cia, na moda. Pelo contrário, procuramos sempre caminhar no sentido
inverso ao modismo, buscando manter a nossa “identidade” sonora,
independente se aquela canção faria ou não sucesso. Correr atrás de
sucesso, muitas vezes, acaba levando a uma falsa identidade e isso é
muito perigoso até hoje. Creio que isso nos deu a chance de mostrar
ao nosso público uma verdade, sinceridade naquilo que fazemos.
ZZZ – Qual a importância da conquista do Grammy Latino?
Depois de tantos êxitos, há alguma coisa que o Roupa Nova
ainda queira realizar?
Serginho – Primeiro eu acho que o Grammy demorou muito a chegar,
mas como tudo que conquistamos até aqui veio de forma muito lenta
– mas sólida – não posso me queixar. Quando se constrói uma carreira
de 30 anos, não podemos nunca achar que o nosso trabalho terminou,
ou seja, que a missão está cumprida. Não é assim que o Roupa Nova
pensa. Em vários momentos da nossa história, nos deparamos com
grandes vitórias e conquistas, mas nunca nos demos por satisfeitos.
Sempre há algo a se buscar, a se criar.
ZZZ – Também não podemos deixar de mencionar o fato de que
o Roupa Nova é a banda com mais músicas incluídas na trilha
sonora de novelas. Em que medida isso contribuiu para a po-
pularização da banda? Qual a importância desse recorde?
Serginho – O fato de se ter uma canção numa trilha de novela é extre-
mamente importante, mas, depois de três décadas, isso deixa de ser
fundamental e passa, apenas, a ser prazeroso. Quando uma novela faz
sucesso, ela pode alavancar a sua música. Em contrapartida, quando
naufraga na audiência, a canção também sente o peso da derrota. Tudo
depende de uma série de fatores: um bom personagem, um bom enre-
do, uma boa música, uma boa letra, uma boa interpretação da canção
e ainda “um bom horário de exibição”.
ZZZ – Em 2004, o grupo lançou seu próprio selo musical, o
“Roupa Nova Music”. Que motivos levaram a banda a tomar
tal decisão? Quais as principais vantagens / consequências
de se desligar do casting de uma grande gravadora para
tomar as rédeas da própria carreira?
Serginho – Desde 2002 vínhamos tentando, junto à antiga gravado-
ra, a realização do projeto RoupAcústico. A situação já se arrastava
por dois anos, quando decidimos pedir a nossa rescisão contratual e
partimos para a nossa caminhada “solo”. Transformamo-nos em seis
empresários de um selo até então, desconhecido. Ficamos respirando
esse oxigênio por muitos meses até conseguirmos colocar, no merca-
do, a nossa marca com credibilidade. Tem sido assim desde 2004. E o
que mais nos honra é que o Grammy foi concedido a nós pelo trabalho
realizado dentro do nosso próprio “terreno”, ou seja, é o reconhecimen-
to a um projeto totalmente independente, sem a interferência das “mul-
tinacionais”. Em resumo: o trabalho e a responsabilidade triplicaram,
mas o sabor e o prazer da vitória são incontestáveis.
ZZZ – A internet, sem dúvida alguma, representa uma re-
volução para o mercado fonográfico. Ao mesmo tempo
em que permite um contato mais próximo com o público
e a divulgação do trabalho para um número maior de
pessoas, há a questão dos direitos autorais. A rede ajuda
ou atrapalha? Como deve ser utilizada? Acredita que a
interatividade proporcionada pelas novas mídias veio
para ficar?
Serginho – Acho que a internet, de uma maneira geral, vem ajudando
e muito a todos os artistas brasileiros e internacionais. Atualmente
os métodos usados para divulgação dos trabalhos têm tido um ótimo
resultado. Não sei se o formato ideal de comercialização de música
pela web já foi encontrado, mas creio que, num futuro muito próximo,
isso tudo estará mais resolvido. Que as redes vieram para ficar nin-
guém duvida, mas ainda precisamos caminhar muito até um resultado
padronizado e mais acessível.
ZZZ – No site oficial, vocês afirmam que o público é o maior
patrimônio da banda. Como acompanhar o amadurecimento
da geração que viu a banda nascer e, ao mesmo tempo,
conquistar fãs mais jovens?
Serginho – A partir do momento que você mostra para o seu público –
que lhe segue desde o início – a sua verdade, eles acabam se tornando
mais fiéis e, com essa atitude, atraem outros admiradores, que ainda
não nos conheciam. Depois de 30 anos, é natural que a sua música
também acabe atravessando gerações. Hoje podemos dizer, sem
modéstia alguma, que já estamos tocando para nossa terceira geração
de fãs. E acredito que qualquer artista “mundial” queira estar nesse
momento, chegar nesse ponto.
ZZZ – Falando nisso, como é o relacionamento com os fãs?
O assédio incomoda?
Serginho – O nosso relacionamento com os fãs se dá de forma muito
sadia e descomplicada. Não somos aquele tipo de artista que foge dos
admiradores, apenas tentamos, de forma sincera, nos colocarmos dis-
poníveis quando a situação está favorável e demonstramos, também
de forma simples, quando o momento é desconfortável, como, por
exemplo, hora de almoço, chegada e saída do local do show (quando
não há esquema de segurança). Mas, em grande maioria, eles sempre
entendem e são muito simpáticos.
ZZZ – Fique à vontade para deixar uma mensagem aos lei-
tores da ZZZ.
Serginho – Um dia eu creio que o Roupa Nova será lembrado como
uma escola de vida e uma empresa sólida, que sempre acreditou na
sua verdade, independente de críticas e acusações insensatas. Só
convivendo um pouco com os seis integrantes juntos, durante algum
tempo, para entender o significado desta mensagem. Fica o convite
para os leitores refletirem.
• O CD/DVD Roupa Nova em Londres foi gravado no lendário
CurtaZZZ do Roupa Nova
estúdio da Abbey Road, no bairro de St. John’s Wood, famoso
mundialmente não só pelo fato de os Beatles terem gravado
quase todos os seus discos lá, como também por terem feito a
capa do LP “Abbey Road” atravessando a faixa de pedestres.
• Antes desse projeto, o grupo havia ficado oito anos sem lançar
um trabalho com músicas inéditas.
• Os shows RoupAcústico e RoupAcústico 2 foram vistos por
mais de 1 milhão de pessoas em todo o Brasil.
• Menos de um mês após o seu lançamento, em 2006, o
RoupAcústico 2 atingiu a marca de 60 mil cópias vendidas,
conquistando DVDs de Ouro e de Platina
• A gravação do “Roupa Nova 30 anos” aconteceu nos dias 2 e
3 de julho, no Credicard Hall.
• Das várias músicas que foram trilhas de novelas, quatro foram
temas de abertura.
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