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especial

Pipoca,
um bom filme
e muita diversão...
No mês das
crianças,
reportagem da
ZZZ preparou
POR PIERO VERGÍLIO
uma lista com
dez sugestões,
r ao cinema sempre foi um dos programas preferidos
da garotada. Também pudera: dar boas gargalhadas
que agradam a
ou vibrar com o personagem favorito, sempre com um
saco de pipoca na mão, é realmente muito divertido. De
toda a família
olho nesse público, as grandes companhias têm investido
cada vez mais em longas com temática infantil. Outra
prova deste sucesso são os sucessivos recordes de O Rei Leão (1994)
bilheteria alcançados pelas animações. Pensando Lá se vão 16 anos desde que espectadores do mundo todo
nisso, a reportagem da ZZZ preparou uma lista com foram apresentados ao pequeno Simba, um leãozinho que
sugestões de dez clássicos infantis que marcaram época vive na África e é filho do rei, Mufasa, que graças a um plano
e merecem ser (re) vistos por toda a família. de seu invejoso irmão Scar, é morto em uma emboscada. In-
Os filmes aqui indicados foram produzidos em diversas épo- duzido a pensar que foi o responsável pela tragédia, o herdeiro
cas: alguns são lançamentos recentes, outros nem tanto. Em foge e vai viver na floresta onde conhece dois amigos um tanto
comum, apenas o fato de terem encantado milhões de crian- inusitados: Timão e Pumba, respectivamente, um suricate e
ças – e adultos também – em todo o mundo. Cabe lembrar um javali, que odeia ser chamado de porco.
que o principal critério utilizado aqui não foi outro, senão a Essa é a sinopse de “O Rei Leão” que, diferentemente das
memória afetiva deste jornalista. Ao longo deste texto, serão histórias produzidas pela Disney até então, possuía um argu-
reveladas algumas curiosidades sobre os longas-metragens mento inédito, motivo pelo qual o estúdio chegou a duvidar da
citados. Os leitores só não irão encontrar informações sobre receptividade da produção. Todavia, o tempo provou que não
os desfechos, para não estragar a surpresa... havia razões para receio. Ao contrário: o filme deu origem a

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especial

duas continuações e uma série – estrelada por


Timão e Pumba – produzidas especialmente
para a televisão.
A animação mescla, na medida cer-
ta, sequências leves e bem-humoradas
com outras mais densas, servindo como
ponto de partida para uma reflexão
importante sobre valores familiares.
Ao bom enredo, soma-se uma
trilha sonora caprichada. Levante
a mão aquele que não entoou
“Hakuna Matata” em algum
momento de sua vida. Afinal de
contas, “os seus problemas, você A adaptação para o teatro estreou em solo ame-
deve esquecer, isso é viver...” ricano em 1994, onde permaneceu em cartaz por
mais de uma década, ininterruptamente. O prêmio
Shrek (2001-2010) de melhor filme não veio, mas em contrapartida a
A história de amor entre o Ogro animação levou dois Oscars – Melhor Canção (“Be-
e a princesa Fiona não diverte só as auty and the Beast”, título original do longa) e Melhor Trilha
crianças. Ao contrário: a franquia Original (composta por Alan Menken) – dentre os seis que
da Dreamworks foi considerada, no disputou, além do conceituado Globo de Ouro.
ano passado, a produção infan- Baseado na premissa de que as aparências enganam – a
til que os adultos mais gostam de temível Fera, na verdade, tem o coração de um príncipe – o
assistir, segundo pesquisa realizada na Inglaterra, que ouviu 3 clássico aposta no uso de elementos comuns às fábulas tradicio-
mil pessoas. Isso pode ser explicado pelas diversas referências nais como ponto de partida para demonstrar a capacidade de
a músicas e filmes – como “As Panteras”, “Homem Aranha”, transformação das pessoas (para o bem e para o mal). A título
“Missão Impossível” e até “Strip Tease” – que permeiam, prin- de curiosidade, cabe ressaltar que a versão em DVD, traz uma
cipalmente, as duas primeiras aventuras de Shrek e refletem o sequência musical inédita, no qual os personagens do castelo
auge da série. cantam, dançam e se divertem, pensando em maneiras de ser
Se os roteiristas parecem ter perdido a mão em “Shrek “Humano Outra Vez”.
Terceiro” e, mais recentemente, em “Shrek para Sempre”, o
mesmo não aconteceu com a tecnologia, que evoluiu significa- Procurando Nemo (2003)
tivamente desde 2001. Mas voltemos a falar dos pontos altos A torcida para que o peixe-palhaço Marlin reencontrasse o
da saga. Como exemplo, podemos citar a desconstrução e as filho Nemo não mobilizou apenas as criaturas do mar, com as
sátiras aos contos de fada da concorrente Disney, cujo ápice quais ele se encontrou durante sua busca. Do outro lado da tela,
está na transformação da Fada Madrinha e do Príncipe En- o público que assistiu a “Procurando Nemo” (Disney / Pixar),
cantado em vilões da história. Todos esses fatores certamente também esperava pelo final feliz. Antes disso, porém, ele tem
ajudaram o Ogro a conquistar sua própria estrela na calçada que enfrentar vários obstáculos – a começar pelos seus próprios
da fama, em Hollywood. medos – retratando situações que emocionam.
Também é impossível deixar de mencionar a força dos Mas a jornada também tem momentos divertidos, que, em
personagens coadjuvantes: a adorável chatice do Burro Falante sua maioria, ficam por conta da atrapalhada Dory, um peixe
e a “valentia” do Gato de Botas. No segundo filme, a cena do da espécie blue tang que se dispõe a acompanhar Marlin em
personagem mostrando-se indefeso aos seus inimigos é clássica. sua procura. O único problema é que ela sofre de uma espé-
De fato, “Shrek 2” é considerado por muitos o melhor da fran- cie de amnésia, esquecendo-se dos acontecimentos instantes
quia: desde 2004 – ano de seu lançamento – o filme mantinha- depois que eles ocorrem. A sequência em que a personagem
se no topo de maior bilheteria de animação de todos os tempos, fala baleiês (dialeto próprio para se comunicar com baleias;
arrecadando a impressionante marca de US$ 919,8 milhões. Em como não poderia deixar de ser, se tornou muito popular entre
2010, foi desbancado pelo lançamento de “Toy Story 3”, sequên- os humanos) é uma das mais divertidas do longa-metragem,
cia da qual falaremos daqui a pouco. realizado totalmente em 3-D.
Enquanto isso, o público descobre que Nemo foi captu-
A Bela e a Fera (1991) rado por um dentista e agora vive no aquário que fica em seu
Os estúdios Disney chegaram a anunciar, para o ano que consultório. Junto com seus novos amigos, ele traça planos
vem, o relançamento em 3D da primeira e única animação a mirabolantes – que quase sempre não dão certo – para poder
ser indicada ao Oscar na categoria melhor filme. Se a ideia, escapar dali, reconquistar sua liberdade e voltar ao mar. Além
por enquanto, parece ter perdido força, o mesmo não se pode de identificar elementos comuns ao seu cotidiano, como, por
dizer das lembranças dos espectadores de “A Bela e a Fera”, exemplo, a relação entre pais e filhos, o primeiro dia de aula
que permanecem mais vivas do que nunca. A história da e a organização da sociedade, o espectador também tem a
jovem que se apaixona por uma Fera – vítima de um feitiço, nítida sensação de que esteve o tempo todo debaixo d’água,
que também transforma seus serviçais em objetos encanta- tamanho o realismo com que esse ambiente foi reproduzido
dos: um bule de chá, um candelabro e um relógio, dentre pela equipe técnica, que realizou um grande levantamento
outros – encantou milhões de pessoas e deu novo fôlego aos para desenvolver novas técnicas de animação de imagens
musicais da Broadway. submarinas via computador.

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Toy Story (1995 - 2010)
Várias são as razões pelas quais a franquia Toy Story merece
ser lembrada: lançada em 1995, foi a primeira a ser feita
inteiramente por computador – marcando o início da parceria
entre Pixar e Disney, que recentemente comprou a produtora – e
inaugurou um novo conceito na produção desse gênero. Se isso
não bastasse, “Toy Story 3”, que chegou aos cinemas em 2010,
atingiu a marca de US$ 1 bilhão arrecadados em bilheterias do
mundo todo, desbancando “Shrek 2”, da Dreamworks.
Embora os números sejam expressivos, essa não é a principal
conquista de Andy, Woody e Buzz: no sentido inverso de “Shrek”, o espectador é presenteado com algumas sequências bastan-
a terceira parte da saga – que entrou em cartaz 11 anos depois te divertidas, já que, apesar de organizadas, as moradoras da
de “Toy Story 2” – é considerada, quase que unanimemente pela granja são extremamente atrapalhadas. Destaque para as cenas
crítica, a melhor da série (isso não significa, porém, que os outros de demonstração de técnica de vôo, com a utilização de uma
filmes tenham sido ruins). Mesmo depois de tantos anos guar- catapulta, e também o momento em que elas são propositalmen-
dados na prateleira, é impossível deixar de se emocionar com as te empapuçadas de ração.
aventuras dos brinquedos: não demora muito para que o público A cada novo plano, as galinhas se metem em mais confusão.
se sinta familiarizado com eles, como se fossem velhos amigos. Ironicamente, a única pessoa que cogita o fato delas estarem
Ao mesmo tempo em que a história faz diversas referências organizadas, não é levada a sério. O filme é fruto da parceria
aos filmes anteriores, os roteiristas também foram muito felizes entre ingleses e americanos – a rivalidade entre os dois países,
na inserção de novos personagens: em seu blog, Rubens Ewald de maneira atenuada, também é retratada nas telas –, mas seus
Filho classifica como “muito engraçada a presença de Barbie personagens são uma referência a diversas nacionalidades. Por
e, principalmente, Ken”. Para o crítico, os fabricantes fizeram fim, vale registrar a opinião dos roteiristas, que acreditam que a
muito bem em licenciá-los, pois eles quase “roubam o filme”. animação reúne elementos para prender o público de qualquer
A isto, soma-se uma animação tecnicamente perfeita, que, idade. E eles têm razão.
apesar disso, não privilegia o 3D, em contraposição ao roteiro.
Todos esses fatores somados fizeram com que os espectadores A Dama e o Vagabundo (1955)
mais velhos voltassem a ser crianças: muitos foram às lágrimas Algumas cenas na história do cinema são tão marcantes que
durante a exibição. transcendem as produções as quais pertencem, transformando-se
em verdadeiros clássicos. Tais sequências passam a ser reprodu-
A Fuga das Galinhas (2000) zidas, até como forma de homenagem, por outros autores. Quem
Há quem tenha medo de galinhas e considere-as seres extra- não se lembra, por exemplo, de Kate Winslet com os braços
terrestres: “um bicho estranho, todo torto”. Mas, com certeza, abertos sendo amparada por Leonardo Di Caprio em Titanic?
essas não são as características que mais chamam a atenção nas Pois os desenhos animados também possuem uma representante
personagens centrais de “A Fuga das Galinhas”, que se destacam a altura na galeria de momentos memoráveis.
por sua capacidade de articulação e inteligência. O objetivo A famosa cena em que um casal de namorados divide um
é deixar a granja onde vivem e conhecer o mundo além das prato de macarrão foi inspirada na animação “A Dama e o Vaga-
grades. Como todas as tentativas por terra fracassam, a líder do bundo”, no qual os dois cachorros protagonistas compartilham o
grupo, Ginger, decide que elas precisam aprender a voar. espaguete. Mas não é apenas o romantismo do filme que o torna
Para isso, contam com a ajuda de Rocky, um galo picareta interessante: o amor, inviabilizado pelo preconceito, ganha uma
que despenca literalmente dos céus. O desejo de fuga aumenta versão canina. Os rostos humanos, aliás, são raramente mos-
quando as galinhas descobrem que – insatisfeita com os lucros trados – os tutores de Lady, a Dama, são apresentados apenas
obtidos com a venda de ovos – Sra. Tweedy, a dona do lugar, como “Querido” e “Querida” – já que a história é inteiramente
decide investir na produção de tortas de frango. A partir daí, narrada sob o ponto de vista dos animais de quatro patas.

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Fotos: Reprodução
especial

O encontro entre cães de classes


sociais diferentes – motivado pela fuga
de Lady, que se sentia rejeitada após a
chegada de um bebê – e todos os obs-
táculos que eles enfrentam para conse-
guirem ficar juntos, encantou diversas
gerações. Prova disso é que quatro dé-
cadas e meia após ganhar as telas pela
primeira vez, o filme já foi relançado no
cinema pelos estúdios Disney diversas
vezes. Em 2001, uma continuação da
história foi produzida especialmente
para o vídeo, tendo Banzé, o travesso
filhote de Lady e Vagabundo, como
personagem principal.

A Fantástica Fábrica de
Chocolate (1971 - 2005) tamente sozinha no vale perdido. A inspiração para a história,
Eis que finalmente chegamos ao único filme com persona- que mistura ação e comédia na proporção certa, surgiu quando a
gens de “carne e osso” dessa lista. Em “A Fantástica Fábrica mulher de Carlos estava grávida de seu terceiro filho.
de Chocolate”, o excêntrico Willy Wonka promove uma gincana O sucesso da franquia é tanto – juntos, os filmes arrecada-
que dará às cinco crianças vencedoras a chance de conhecer as ram US$ 1,92 bilhão e ocupam a quinta posição no ranking
dependências de sua fábrica, com direito a um prêmio especial mundial de trilogias – que a Fox já confirmou a continuidade da
para uma delas. Assim que os contemplados são conhecidos, tem série: a estreia do novo longa está prevista para julho de 2012. A
início uma mágica aventura pelo interior do lugar, que assim animação, no entanto, não deverá ser dirigida pelo cineasta bra-
como o seu fundador, guarda muitos segredos. Mas também é sileiro, que se transformou em um dos nomes mais respeitados de
garantia de muita diversão. Hollywood, e pretende ir ainda mais longe: ele já está envolvido
A história já havia marcado a infância de muita gente, que em seu próximo projeto, “Rio”, no qual parte das ações se passa
cresceu assistindo ao longa-metragem de 1971. Quando, em na cidade maravilhosa. Só nos resta aguardar, pois as duas
2005, a Warner anunciou a refilmagem, os saudosistas ficaram histórias prometem.
um tanto desconfiados. Ciente de sua responsabilidade, o diretor
Tim Burton escolheu Johnny Deep para dar vida a um persona-
gem tão peculiar como Wonka: o papel lhe caiu como uma luva
Ratatouille (2007)
Para encerrar esta reportagem, vamos a mais um divertido
e, embora o ator negue, não é difícil deduzir que o rei do pop,
sucesso da Pixar, Ratatouille (a pronúncia correta é ratatúie),
Michael Jackson, parece ter sido uma de suas principais referên-
que toma emprestado o nome de um prato típico da região sul
cias no processo de composição.
da França, preparado a base de berinjela, tomate e legumes. Mas
Somam-se a isto as novas possibilidades que o uso da tec-
não foi só por isso que a animação – que tem a culinária como
nologia proporcionou: como exemplo, vale ressaltar que todos os
espinha dorsal e um restaurante como um de seus principais
Oompa Loompas – anões que trabalham na fábrica – são inter-
cenários – ganhou este título, que de certa forma também é uma
pretados pelo mesmo ator, Deep Roy, multiplicado e diminuído
alusão ao seu protagonista, o ratinho Remy, que incentivado
digitalmente. Por fim, torna-se quase desnecessário dizer que o
pelo programa de TV do chef Auguste Gusteau, tem o sonho de
filme mexe com a imaginação de muita gente. Acompanhar as
aprender a cozinhar.
desventuras das crianças é tão prazeroso quanto saborear uma
Numa dessas reviravoltas da vida (e da ficção também!), o
barra, já que a nós, pobres mortais, não foi dada a chance de
pequeno roedor vai parar justamente no restaurante de Gusteau,
navegar por um rio de chocolate...
em Paris. Mesmo falecido, o personagem é importante no filme,
pois o seu fantasma é quem incentiva Remy a não desistir de
A Era do Gelo (2002 - 2009) seu objetivo. Mas como cozinha não é lá o lugar mais apropria-
Uma história que se passa na era glacial, mas tem um jeiti- do para ratos, essa não será uma tarefa das mais simples. Para
nho brasileiro. Dirigida pelo cineasta Carlos Saldanha, a franquia conseguir realizar esse desejo, a ajuda do atrapalhado faxineiro
de “A Era do Gelo” teve sua terceira parte lançada no ano Linguini será decisiva. Juntos, eles viverão uma série de aventu-
passado e, assim como “Toy Story”, parece ter conseguido aliar ras, até chegar ao final feliz.
o uso da tecnologia 3D – segundo o diretor, a adesão ao novo Em meio a muita confusão, romance e alguns poucos
formato foi “inevitável”, pois era preciso acompanhar o boom do momentos mais dramáticos, Ratatouille deixa como grande men-
mercado – a um bom roteiro. Quem ganha com isso, é claro, é o sagem a importância da autodescoberta e de aceitar aquilo que
espectador, que reencontra os divertidos protagonistas. realmente somos. A animação também impressiona pela riqueza
Scrat, Ellie, Manny, Sid e Diego se juntam a novos per- de detalhes: o diretor Brad Bird revela que um dos grandes
sonagens para abordar temáticas que agradem a todos, como objetivos da equipe foi retratar a beleza “imperfeita” da capital
amizade, paternidade e amor: a paixão do esquilo Scrat por francesa, além, é claro, de fazer com que a comida parecesse
uma fêmea é apenas um dos pontos altos do filme; as cenas do deliciosa. E que ninguém ouse duvidar que ele conseguiu o que
casal são embaladas por uma trilha, digamos, espirituosa. Outra queria: se já não tiver feito isso durante o filme, a primeira coisa
personagem que garante boas risadas é a doninha caolha Buck. que o espectador vai fazer quando terminar de assistir o longa é
Obcecada por dinossauros, um réptil colossal, ela vive comple- procurar alguma coisa para saciar sua fome.
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