Jornal-laboratório do Curso de Comunicação Social Unisul - Tubarão
Opinião
Novas formas para o desenvolvimento
Texto de Giorgia Daniel
O agricultor está enfrentando
alguns problemas para a produção
nas safras de arroz. Além dos
habituais, como insetos e o tempo,
agora o próprio governo federal está
deixando de comprar o produto
interno para o consumo do arroz
externo, como o da Argentina e,
principalmente, o do Uruguai. O
motivo desta escolha é a baixa do
dólar. Enquanto o saco de arroz no
Brasil custa em média 20 reais, os
uruguaios vendem o produto a 16
reais.
Assim os produtores de arroz
têm criado alternativas para
baratear a produção. Uma delas é a
criação do peixe, que é colocado no
tanque de arroz semeado, ajudando
no cultivo do produto. O método
conserva o terreno em que está
alojada a semente, mantém a terra
em movimento e o peixe se ali-
menta das impurezas geradas pelo
produto. Se o dinheiro fosse investido
aqui geraria mais empregos, maior
produção e qualidade para o
comércio do arroz em outros países.
Mas como isto não ocorre, o
produtor precisa arriscar.
Os agricultores estão tentando se
superar e o único apoio e conheci-
mento que apresentam sobre o
O resgate da “Cidade Azul”
Texto de Adriana Duarte Silvano
Antigamente inúmeras pessoas
tiravam seu sustento da pesca que
realizavam no rio Tubarão. No
entanto, hoje ao olhar para a água
turva e barrenta fica difícil imaginar
como era límpida e cristalina.
Nada se faz para reverter este
quadro lastimável. Nem auto-
ridades, nem órgãos ambientais se
comprometem. Apesar do Comitê
da Bacia Hidrográfica do rio
Fale com a gente!
ESPAÇO DO LEITOR
O Extra precisa da sua opinião
agcom@unisul.br
(48)3621-3303
Reitor: Gerson Luiz Joner da Silveira | Vice-Reitor e Pró-Reitor Acadêmico: Sebastião Salésio
Herdt | Chefe de Gabinete e Secretário-Geral da Reitoria: Fabian Martins de Castro
Pró-Reitor de Administração: Marcus Vinícius Anátocles da Silva Ferreira
assunto é passado somente por
amigos e pessoas da área agrícola.
Já que não há o apoio do governo,
apostam no desconhecido, mas nem
sempre terão esta sorte. O dia em
que esta situação não tiver mais
Tubarão e Complexo Lagunar
existir, não há divulgação de
nenhum projeto concreto idealizado
e nem ao menos vestígio de
esperança quanto à despoluição.
A problemática do rio Tubarão
está caindo no esquecimento das
pessoas. É inadmissível que em
pleno século XXI as pessoas não
priorizem o cuidado com a natureza,
o bem mais precioso que temos.
Parece que só iremos reagir à
poluição quando nada mais puder
Extra é o jornal-laboratório do Curso de Comunicação Social – Jornalismo – da Unisul, Campus Tubarão
Textos e fotos: Alunos do 6º Semestre/Professor Cláudio Toldo | Textos de opinião: Alunos do 7º Semestre/Professora Darlete
Cardoso | Edição: Alunos do 7º Semestre/Professor Ildo Silva | Diagramação: Muriel Albonico | Capa: Foto de Graziela Bez Batti,
Coordenadora do Curso de Comunicação Social: Darlete Cardoso
Coordenador do Jornal-laboratório: Cláudio Toldo| Contracapa: Agcom
outubro 2007
Foto de Grazi Bez Batti
solução e a economia nacional for
atingida fatalmente, talvez as
autoridades poderão correr atrás do
prejuízo. O problema é que corrigir
os erros, na maioria das vezes, é
impossível.
ser feito. Todo esse descaso segue
entrelaçado com jogos de poder.
É necessário que a população
tenha consciência sobre seus atos e
que cobrem das autoridades
competentes as necessidades
básicas. Quando a maioria assim
pensar a humanidade estará ca-
minhando para o progresso.
E quem sabe o rio possa voltar a
ser sinônimo de cartão postal, já que
as águas de tão claras refletiam o
azul do céu.
pesca no Balneário Rincão.
Impressão: Gráfica Soller
Curso de Comunicação
Social
2
Será
história de
pescador?
Texto de
Daiane Vieira Fernandes
“Parece história de pesca-
dor”. Quem em alguma con-
versa já não escutou esta
famosa frase. É de nossa cultura
contarmos fatos e, para dar
mais graça em nossa conversa,
aumentamos um pouco.
Este famoso dito popular,
conhecido como história de
pescador, é repassado há muitos
anos. Conta a história que os
pescadores quando voltavam de
suas pescarias, proseavam seus
famosos “causos”, aumentando
os fatos e trazendo-os para
realidade como se fossem
verdades.
O que estamos presenciando
em nosso país parece uma
grande “história de pescador”.
Fatos verdadeiros como: caos
aéreo, governo corrupto, BR-
101 (o trecho da morte), saúde
e educação pública deficiente, e
mais, brasileiros vivendo em
estado de miséria, enquanto
40% dos alimentos produzidos
no Brasil vão parar na lata do
lixo. Com toda essa realidade
horrorizante, queremos acredi-
tar que tudo não passa de mais
uma “mentirinha”.
Assim, ao invés de querermos
aumentar os fatos para
engrandecer a história, nos
calamos. Cruzamos nossos
braços e nos enganamos, como
se tudo não passasse de mais
uma “história de pescador”.
 Jornal-laboratório do Curso de Comunicação Social Unisul - Tubarão
Eles pescaram no Rio Tubarão
Texto de Ednilson Perdoná
Edição de Emanuela da Silva
Edson Furlan, 41 anos, Luiz
Carminatti, 57 anos, Ângelo Sprí-
cigo, 72 anos. Idades diferentes com
histórias parecidas. Todos pesca-
dores do Rio Laranjeiras, afluente do
Rio Tubarão que nasce no interior
de Orleans.
Nos fins de semana, feriados ou
depois do trabalho eles pegavam os
materiais de pesca e iam para o rio.
“Era gostoso, tinha muito peixe, nin-
guém voltava para casa sem
pescado, era uma festa.” Nesta época
Carminatti era agricultor, hoje é
contabilista, na cidade de Or-
leans.Pescar é matar saudades e
recordar.
De volta ao começo
O agricultor Ângelo Sprícigo,
lembra os velhos tempos. “Até 1972
o rio tinha bastante peixe. En-
loquecia qualquer pescador.
Aguardávamos a hora de voltar de
pescar”, recorda. A atividade pes-
queira nas águas do Tubarão atraía
pessoas de vários lugares, Lauro
Müller, Siderópolis, Criciúma e
outras cidades.
O rio era conhecido pela quan-
tidade e variedade de peixes. “Uma
vez, pesquei de anzol, uns dez
quilos”, diz Ângelo. Os mais jovens
“O mar trouxe de volta meu sorriso”
Texto de Filipe Casagrande
Edição de Denise Maurício
“Quando abri a barriga de um
peixe achei minha dentadura, ele
tinha engolido e, por incrível que
pareça, eu pesquei ele”. Seu Tonico
havia saído para pescar com três
amigos na Barra do Rio Araranguá.
Era noite fria e por um descuido sua
dentadura caiu no mar.
Ele nem fez questão de procurar
e saiu do mar sem seu “belo” sorriso,
mas com a rede cheia de peixes.
A distribuição entre os amigos foi
Antonio Frontino Geremias, o seu Tonico, conta que a primeira vez que lançou a rede ao mar teve sorte de principiante: pegou 75 anchovas
Gente
Edson Furlan relembra em meio as fotos a época de suas pescarias no rio Tubarão
só podiam pescar acompanhados
por adultos, havia locais que não
oferecia segurança.
Segundo Edson Furlan, os fins de
semana eram alegres e divertidos, na
época tinha 14 anos. Hoje mora no
bairro Coloninha, em Orleans. “A
gente pegava jundiás, traíras, carás-
de-cupim, badejos, peixe com 40 cm
de comprimento”, conta Furlan.
Luiz Carminatti pescou nas águas
do Rio Tubarão entre 1958 e 1972.
feita. E chegando em casa, ele teve
a grata surpresa. Ele jura que é
verdade. Essa e outras histórias de
pescador são relatadas por Antonio
Frontino Geremias, popularmente
conhecido como seu Tonico.
Natural de Jaguaruna, litoral
catarinense, seu Tonico tem 75
anos e, há 40, foi fisgado pelos
prazeres da pesca.
A primeira vez que lançou a rede
ao mar teve sorte de principiante.
Pegou 75 anchovas de uma só vez.
Seu Tonico comemora. Quem
estava presente para testemunhar
Foto de Ednilson Perdoná
Explica os tipos de materiais
usados: “caniços com anzóis,
giquís, cóves, armadilhas
feitas com pedras, linha de
varejo, balaio.
As tarrafas eram usadas
para tirar os peixes das tocas
através do mergulho”,
esclare. Ele não esconde a pre-
ocupação com o rio. “As pessoas
vindas de outros lugares usavam
dinamite nos poços onde estavam
esse fato era o amigo Manuel
Guimarães, que o acompanhou na
festa. E foi a partir daquele
momento que descobriu o lazer de
que mais gosta.
Durante esses 40 anos de
pescaria, o aposentado orgulha-se
em ter sido sempre generoso com
os amigos: “Nunca vendi
sequer um quilo de peixe,
porque o que o mar me dá
de graça, tenho que reco-
mpensar e distribuir da
mesma maneira”. Já
pescou por muitos
outubro 2007 3
os cardumes. A explosão matava
ou deixava os peixes tontos, faci-
litava a captura”, lamenta o pesca-
dor.
Rio Tubarão
pede socorro
Em 1972 uma enchurrada
próxima à nascente mata um grande
número peixes. Os rejeitos de carvão
das mineradoras de Lauro Müller
poluem as águas. A situação piora
na com a enchente de 1974 que
devasta a cidade e mata mais peixes.
Em 1978 alguns peixes foram vistos.
A situação do Rio Tubarão é
grave. O desmatamento nas matas
ciliares, a ausência de peixes.
Problemas como escassez, poluição,
resíduos industriais esgotamento
sanitário e urbano. A população
sofre as consequências. O rio de águas
límpidas ficou no passado.
O giqui também
era usado para
pescar no rio
lugares deste Brasil, mas onde faz
o seu lazer com maior freqüência é
no Balneário Rincão. Geremias
sempre teve o costume de sair para
pescar durante a madrugada, pois
é nessa hora que a pescaria se torna
melhor.
Foto de Filipe Casagrande
4 Jornal-laboratório do Curso de Comunicação Social Unisul - Tubarão - outubro 2007

Economia

A vida na colônia de pescadores

Texto de Grazi Bez Batti
Edição de Adriana Silvano

O litoral sul de Santa Catarina é o

local ideal para apreciar belezas
naturais. Em meio a isso, há muitos
homens que sobrevivem da pesca e
trazem o sustento para seus lares.
Como em qualquer ambiente de
trabalho, é notável a competição
entre os profissionais. Hoje, o limite
não é apenas conhecer a arte
pesqueira. Os trabalhadores do mar
devem estar associados a colônias de
pesca, segundo as leis ambientais.
Para a maioria dos pescadores, ser
associado a uma colônia não é tão
vantajoso como muitos imaginam e
buscam. Paulo Amilton Santos, 31
anos, natural de Laguna e pescador
da Colônia Z-14, diz que esta é uma
ferramenta importante porque
oferece benefícios como seguro
desemprego, auxílio maternidade,
descontos médicos, entre outros. Já
os pescadores associados do Farol de
Santa Marta reclamam ao obterem
apenas estas vantagens.
Vários documentos são exigidos
pelo presidente da entidade, até
mesmo para dificultar a falsificação
na busca dos benefícios obtidos. Para
um pescador adquirir a carteira do
exercício da função, são necessários
alguns documentos que demoram O seguro desemprego é uma alternativa de sobrevivência para as famílias de pescadores nos períodos em que não há pesca
meses para ficarem prontos. Entre os
documentos solicitados está a há pesca. As safras ocorrem de maio
Carteira da Agricultura (antiga a dezembro e no verão eles lucram
Carteira do Ibama) e a Carteira da
Capitania dos Portos, tanto de alto
mar e de lagoas. Para manter a
com o turismo nas praias. “Muitos
querem tirar defeso, ou seja, querem
associar-se em busca apenas dos
Vírus ataca camarão
carteira da colônia efetivada, o benefícios”, lamenta Domingos Texto de Daniéli Antonello e (movimento semelhante ao da
pescador deve pagar 10 reais pela taxa Santana, presidente da Colônia de Marco Antonio Mendes
Edição de Bibiana Pignatel
maré), temperatura e iluminação
de anuidade. Pescadores da Barra do Camacho Z- poriam em cheque a sobrevivência
Segundo os três irmãos pesca- 15, que tem 443 associados. “Era uma rotina agradável e dos camarões.
dores Manoel, Antônio e José Peper O único problema da pesca, bastante animada porque todo dia O produtor tem uma fazenda
da Silva, os atritos entre as as- atualmente, é o clima alterado pelo tinha alguma coisa para ocupar desde 2002, quando se aposentou e
sociações advêm dos barcos de efeito estufa, causando tempestades nossa atenção” – lembra o achou viável investir no setor, que
arrasto e o baixo preço dos peixes no e dificuldades na pescaria. proprietário de uma fazenda de crescia consideravelmente. Dilnei só
mercado. As colônias de pescadores Segundo o presidente da Or- criação de camarão em Laguna, não perdeu tudo o que tinha com a
das praias próximas do sul não ganização Não Governamental
Dilnei Cachoeira. Desde o fim de crise da mancha branca, porque
brigam entre si. Cada qual sabe a sua Rasgamar, do Farol de Santa Marta,
2004, a carcinicultura no sul do possui outras formas de lu-
área permitida e não reclama quando João Batista de Andrade, em 2001
um pescador de uma entidade Estado está comprometida pelo cratividade.
foi feito o pedido de uma área
vizinha visita sua área de específica para pesca ao Centro vírus da mancha branca – moléstia “Mas cerca de 95% dos produtores
abrangência. Porém, não admitem Nacional de Populações Tradicionais que acabou com quase toda a de camarão tiveram grande prejuízo,
quando os pescadores de cidades (CNPT). produção. porque investiram sem ter qualquer
distantes, como Florianópolis, Itajaí O projeto foi finalizado no ano Segundo Cachoeira, antes da crise renda, somente através de emprés-
e Santos, tentam ultrapassar as três passado e hoje eles aguardam a o cultivo trazia muitas preocupações. timo com bancos. Eles nem tiveram
milhas da costa autorizada, nave- conclusão da reserva extrativista, a Se o vigilante noturno descuidasse da tempo de quitar a dívida do
gando durante a noite e não respei- fim de facilitar o trabalho dos alimentação, por exemplo, poderia investimento” – conta Cachoeira. A
tando o limite. pescadores. Mais informações podem comprometer o desenvolvimento de maioria teve que vender bens
O seguro desemprego é uma boa ser obtidas pelo endereço eletrônico todo o cativeiro. Além disso, algumas pessoais, como casa e automóvel.
alternativa de sobrevivência dos da entidade: horas sem energia e tudo estaria Rogério José Pereira, carci-
pescadores nos períodos em que não www.ong_rasgamar@hotmail.com perdido: a falta de areação nicultor desde 1998, conta que em
 Jornal-laboratório do Curso de Comunicação Social Unisul - Tubarão - outubro 2007
Poluição ameaça futuro da pesca
sua fazenda eram oferecidos doze
empregos diretos, desde o vigilante
noturno até o especialista ambiental.
Dois cultivos por ano, sendo que
cada um rendia quatro mil
toneladas. Quando a doença atingiu
os crustáceos, a alternativa foi secar
os viveiros e deixá-los sem ativida-
de por um período. Depois de rea-
tivados, o problema retornou, cau-
sando novos prejuízos.
Dilnei Cachoeira acredita que a
produção normal poderá retornar
daqui a quatro anos. Enquanto isso,
testa o cultivo com apenas 10% dos
viveiros que antes eram utilizados.
Grande parte dos camarões está
sobrevivendo, mas o produtor não
se arrisca a criar os crustáceos como
antes: “corro o risco de perder tudo
se eu encher os viveiros, mas com
pouco não tenho prejuízo e tudo o
que der certo será lucro”.
Uma das alternativas que está
fazendo sucesso é o cultivo de dife-
rentes espécies de peixes dentro de
Fotos de Grazi Bez Batti
um mesmo viveiro - a policultura.
O engenheiro de aqüicultura
Samuel de Oliveira afirma que a
“
Corro o risco de
perder tudo se eu
encher os viveiros.
Com pouco não
tenho prejuízo e o
que der certo
”
será lucro
estimativa de sobrevivência do
camarão com a tilápia, que se
alimenta de camarões que perecem
pelo vírus da mancha branca, é de
10 a 20%. “A tilápia é uma excelente
controladora biológica. O que está
ocasionando o vírus nos crustáceos
pode estar sendo combatido pelo
peixe, mas ainda é muito cedo para
concluirmos isto”.
Texto de Denise Mauricio
Edição de Luciana Peruchi
Sabemos que é o homem quem
destrói o próprio lar. A poluição das
águas com resíduos industriais,
químicos, esgoto doméstico está
gerando o caos. Mas porque ele faz
isso? Esta agressão prejudica
diversas atividades econômicas,
especialmente a pesca e já atinge os
pescadores de Santa Catarina. O
produto mais afetado é a tainha,
apesar de haver sérios danos à pesca
do camarão e da ostra. A fonte de
renda através do mar vem caindo
de forma acelerada a cada ano.
Um exemplo mais recente é o
problema com a criação de ostras.
O mar, que nesta época do ano
estaria com a temperatura variando
entre 13ºC e 15ºC, está nada menos
que 22ºC. Com esse forte
aquecimento das águas, a
proliferação de algas acaba dimi-
nuindo a criação. Todavia, diversos
problemas surgem com a produção
das ostras e mexilhões, mas,
segundo a bióloga Cristina Teixeira,
poucos estudos existem sobre o
impacto ambiental e sanitário
causado. “Um dos maiores
problemas que afetam os cultivos e
bancos naturais é a contaminação
do produto por toxinas produzidas
pelas algas marinhas. No Brasil, não
há estudos epidemiológicos rela-
cionados às intoxicações em seres
humanos”, explica a bióloga.
As doenças causadas pela
ingestão ainda não são amplamente
registradas devido à descoberta
recente, por isso não há estimativas
do número de casos. “Com a
expansão da maricultura, as flora-
ções de algas tóxicas, as chamadas
‘marés vermelhas’, fenômeno ligado
ao grande crescimento de micro-
algas produtoras de toxinas, se tor-
nou um grande problema ambi-
ental, econômico e de saúde pública
em diversas
regiões do
planeta”.
Outro caso
recente é o do
camarão da man-
cha branca, que
até hoje aqüi-
cultores e criadores
da região de Laguna
discutem sobre seus
acontecimentos.
“Uma coisa é certa,
sendo um problema
5
do aquecimento ou não, sabemos
que parte da culpa vem do homem.
E é por isso que temos que tomar
algumas providências, se não uma
das atividades mais presentes da
região, corre o risco de acabar”,
avalia Cristina.
Tainha é a principal
atingida
Com a ajuda dos botos, a pesca
da tainha é uma das principais
atividades de fonte de renda da
cidade de Laguna. É com essa
atividade que os pescadores
sustentam suas famílias. Não
somente com a venda do peixe, mas
também da ova. Essa parte do
produto é muito procurada por
países da Europa e pelo Japão. E
desde a origem até o consumo no
exterior a iguaria aumenta em 20
vezes o seu valor.
Infelizmente a pesca da tainha
está cada vez mais difícil. Marcelo
Augusto Antônio dos Santos, mais
conhecido como Garupa, 75 anos,
um dos mais antigos e experientes
pescadores se indigna. “A poluição
é um fator que todos conhecem,
mas o que está acontecendo mesmo
é essa mudança no clima, pois uma
hora está frio e outra está quente.
Os peixes não sabem para onde vão,
então fica muito complicado para
nós pescadores”, reclama Garupa.
Com o aquecimento global, o
meio ambiente acaba sofrendo as
conseqüências. O biólogo José
Antônio dos Santos explica: “todos
nós sabemos que o aquecimento
global está mudando o clima do
planeta, e esse problema é causado
principalmente pelas mãos do
homem. As queimadas, a poluição
e a emissão de gases destróem o
nosso universo, deixando graves
conseqüências. Não podemos ficar
assim de mãos atadas, temos que
fazer algo. Não digo somente os
cidadãos de Laguna, mas sim de
todas as cidades, de todos os países”,
ensina Santos.
 Jornal-laboratório do Curso de Comunicação Social Unisul - Tubarão outubro 2007 6
Saúde

Prevenção que vem do mar Foto de Laura Peruchi Mezari

Texto de Daiani Chaves
Edição de Ariela Martins
Rico em proteínas, vitaminas e
minerais, o peixe é alimento e mais
uma opção de saúde na mesa do
consumidor. Estudos recentes
revelam que os ácidos graxos (óle-
os) encontrados em peixes como
salmão, atum, arenque, sardinhas,
linguado e cação auxiliam na
diminuição da enxaqueca.
A enfermeira Maidi Chaves
explica: “a enxaqueca provém de
uma inflamação na parede de vasos
sangüíneos, o que dificulta a
transmissão de sinais das células
cerebrais entre si. Já os óleos en-
contrados nos peixes servem de
antiinflamatórios melhorando as
neurotransmissões e amenizando as
crises”.
O peixe também é conhecido por
reduzir os fatores de risco associados
às doenças cardiovasculares, como
a hipertensão, colesterol e
triglicéridios no sangue, pois, em
geral, são pobres em gorduras.
Mesmo os mais gordos contém
quantidades apreciáveis de ácidos
polinsaturados do tipo ômega 3,
com um efeito benéfico ao sistema
cardiovascular.
Além disso, o iodo presente nos
peixes de água salgada previne a
formação de coágulos no sangue,
protegendo contra a trombose.
Mesmo com tantos benefícios
proporcionados por esse alimento,
o peixe não é um dos pratos mais
apreciados, principalmente entre as
crianças.
Crianças
incentivadas pela
família gostam
de peixe
A nutricionista hospitalar Letícia
Torcelli Noetzold garante que essa
rejeição geralmente se deve à
influência do hábito alimentar dos
pais. “As crianças que forem
habituadas a comê-los desde cedo
tendem a procurá-los com maior
freqüência”, explica.
Outro fator importante para
aceitação do peixe na dieta das
crianças e até mesmo dos adultos é Os peixes têm ácidos polinsaturados do tipo ômega 3, que benefiam o coração
a forma de preparo. Letícia coloca
que o alimento geralmente é SAIBA MAIS
preparado frito e isso faz com que
absorva muita gordura ruim. Escolher o peixe é o primeiro passo para usufruir os
“O certo é assar ou grelhar, sem benefícios do alimento (Fonte: llamrf.no.sapo.pt)
falar que deste jeito ele fica muito
n O cheiro deve ser suave. Recuse pupila negra e brilhante.
mais saboroso”, argumenta a o peixe com um cheiro muito n A carne deve ser rija e elástica ao
nutricionista. intenso ou de amoníaco. toque.
A forma de apresentação n A pele deve apresentar cor viva e n As guelras devem ser brilhantes,
também é importante. Servi-lo brilhante. avermelhadas e isentas de muco.
acompanhado de batata, farinha de
n O olho deve ser convexo, a n A coluna vertebral do peixe deve
mandioca e arroz branco é uma boa córnea límpida e transparente e a quebrar-se em vez de despegar.
pedida.

Alimento saudável, tradição e sabor

Texto de Laura Peruchi Mezari
Edição de Lucas Borges
Que o peixe é fonte de renda de
muitas famílias todo mundo sabe.
Mas, depois da pesca, como é a
receptividade do consumidor com
esse tipo de alimento?
O Brasil produz cerca de um
milhão de toneladas de pescado por
ano. Segundo o site da Embrapa, a
média per capita de consumo de
peixe in natura no país é de seis
Foto de Daiani Chaves
quilos por ano. Contudo, há uma
tendência de aumento do consumo,
principalmente através de produtos
beneficiados ou industrializados,
como filés e empanados.
Além de ser um alimento
saboroso, o peixe possui um alto
teor nutritivo. “As pessoas ainda
procuram bastante o peixe fresco,
mas a tainha congelada está
conquistando a preferência dos
clientes”, conta Fabiano Roberto
Medeiros, que trabalha na seção de
peixes de um supermercado em
Tubarão. Medeiros
afirma que na
época da
Pás-
coa a procura aumenta signi-
ficativamente. “Nessa data, cres-
cem as vendas de bacalhau e
salmão, pela tradição cristã de não
comer carne vermelha”.
Diversas passagens da Bíblia
mostram a força simbólica do
peixe. Na tradição católica é
costume comer peixe na Quarta-
feira de Cinzas, após o Carnaval, e
na Sexta-feira Santa, antes da
Páscoa. “Quarta-feira Santa é dia
de jejum e o peixe é servido somente
às sextas-feiras, sobretudo Sexta-
feira Santa. Foi o dia da
flagelação e morte de Jesus”,
explica Fábio Régio Bento, soció-
logo e teólogo.
“Eu consumo peixe o ano todo,
não só em datas especiais”, afirma
a costureira Anita Moreira Böger.
Anita conta que seu marido
também gosta muito do
alimento que virou hábito na
casa. “Gosto de fazer tainha assada.
O peixe é um alimento saboroso e
incluí-lo no nosso cardápio é um
hábito de vida saudável”, conclui.
Já para Lucimar Maria Bento
Souza, o peixe é sua fonte de renda
e saúde. Ela não come carne
vermelha há 15 anos. “Tive pro-
blemas intestinais e precisei cortar
a carne vermelha da minha dieta,
por ela ter uma digestão muito
lenta”, conta Lucimar, que logo
notou uma melhora na sua
qualidade de vida.
Há oito anos ela e o marido
abriram um estabelecimento que
vende frutos do mar e produtos
prontos, como salgadinhos e pizza
de camarão, siri e lula. “An-
tigamente, não havia tanta opção
de culinária com peixe. Hoje há
tipos de receitas para tudo: assar,
fritar, ensopar. O mar oferece uma
diversidade enorme”, conclui.
 Jornal-laboratório do Curso de Comunicação Social Unisul - Tubarão
Espetáculo criado pelo mar
Texto de Denise Maurício
Edição de Giorgia Daniel
Em Laguna, no Sul do Estado de
Santa Catarina, pescadores
“tarrafeiros” e golfinhos nariz-de-
garrafa (Tursiops Trunca-tus),
conhecidos localmente por “botos”,
pescam juntos. Na junção das
lagoas locais e da foz do Rio
Tubarão, num canal que deságua no
Atlântico, a água é escura,
impedindo os nativos de verem os
peixes. Estes botos os encontram
facilmente por causa do próprio
órgão emissor de ultrassons.
Os pescadores em pé e em fila,
dentro da água com as tarrafas
prontas para o arremesso,
aguardam a chegada dos “botos”.
Assim que os cardumes de tainhas
são cercados contra as margens da
lagoa, os pescadores acompanham
a perseguição e atiram as redes.
Os golfinhos nascem e morrem
São 440 metros de distância da praia sobre o mar e mais 100 metros em forma de “T”
Plataforma de pesca é atração
Texto de Taís Pacheco
Edição de Adriana Duarte
A Plataforma da Pesca do
Balneário Rincão, em Içara, no Sul
de Santa Catarina, é conhecida por
muitos como “gigante da praia”.
Durante o ano turistas de todo o
Brasil são atraídos pela paisagem.
Os registros da administração
apontam que, no inverno, pelo
menos 200 pessoas visitam a
plataforma por mês e, durante a
alta temporada, o número de visi-
tantes chega a 500. No verão a
praia cheia e o ar fresco do alto mar
são característicos. No inverno o
vento é tão forte que chega a
estremecer a estrutura e a praia
parece deserta.
A atração principal são as
baleias, que parecem posar para os
flashes dos visitantes. Outros
animais como golfinhos, pingüins,
outubro 2007 7
Esportes
nas lagoas da cidade. Criados dentro de Paranaguá, no Paraná, é um privilégio de assistir. É maravilhoso
do canal, em contato com deles: “Amo este lugar, esta energia sentir a integração dos pescadores
pescadores, vão perdendo o medo e, e este espetáculo que temos o com esses animais”, afirma Silva.
segundo se crê, muito deles chegam
a empurrar os peixes para serem
capturados pelos pescadores que os
conhecem.
Esta pesca é praticada o ano
inteiro, mas entre maio e julho, na
desova da tainha, a atividade é mais
freqüente, por causa da quantidade
do peixe. Este espetáculo atrai
muitos turistas para a cidade. A
pesca com auxílio dos botos só
existe, além de Laguna, na Austrália
e na África do Sul.
Estima-se que há cerca de 40
botos nas lagoas da cidade. Para
assistir a este espetáculo é só se
dirigir aos Molhes da Barra.
Na época da pesca com auxílio
do boto, a cidade de Laguna recebe
muitos turistas de todos os lugares
do país. O estudante de Marketing
Leandro Silva, de 21 anos, da cidade O boto auxilia pescadores e atrai turistas para a cidade de Laguna
Foto de Neka Dal Pont/P.M. Içara
Pesca submarina em SC
cumpre a legislação
Texto de Cíntia Abreu subaquático em Laguna.
Edição de Daiane Fernandes
Atividade subaquática
A pesca submarina é um é cara e perigosa
esporte cheio de emoções.
Registros históricos mostram
que indígenas da Polinésia já se
A pesca de rede ou tarrafa
captura grandes quantidades de
dedicavam à caça de peixe em pescado ao mesmo tempo, já na
leões-marinho e focas também
mergulho há centenas de anos. pesca subaquática há uma
podem ser vistos do local.
Atualmente, a prática é conhe- seleção por parte do praticante.
A Plataforma foi fundada em
1985, há 22 anos. A primeira cida como “pesca subaquática” Para a prática subaquática,
estrutura, em forma de “T”, foi ou popularmente chamada de é preciso equipamentos como:
inaugurada em 1988, teve como pescaria submarina. nadadeiras, máscaras, roupa de
primeiro presidente Jayme Antônio O esporte foi regulamentado neopreme – chamadas roupas
Zanatta. Em 1993, a parte lateral e incluído no Código de Caça e de borracha, cinto de lastro,
foi construída. Pesca de 1960, e dois anos após, luvas, ar balete(arma), bóias,
Joelce Pedro Biff já morou em no dia 21 de março foi criada no cabos e transporte. Isso tudo
Içara. “Quando eu cheguei aqui e estado a Federação Catarinense, torna o esporte com um custo
dei de cara com as baleias brincando com a intenção e a preocupação elevado. “A pesca submarina é
tão pertinho da gente, fiquei emo- de manter o equilíbrio um esporte muito perigoso.
cionado”. A mesma emoção sente ecológico. “Existe um mito Temos vários exemplos de vidas
Moacir Felício, um dos funcionários entre os vários tipos de pesca, perdidas em pescarias deste
da associação, a cada dia de serviço.
dizem que a pesca submarina a- tipo”, alerta Farias.
“Aqui eu posso fazer o que gosto de
trapalha outras pescas. Mas o O pescador ainda salienta
frente para uma bela criação de
Deus. A natureza foi muito generosa que atrapalha a pescaria é a falta que o atleta precisa ter muito
com o Rincão”. de bom senso. É preciso cumprir cuidado e tranqüilidade, pois
A Plataforma também é ponto de a legislação, e se isso for este esporte depende das
encontro de amigos, que realizam respeitado o esporte não condições do tempo, vento,
torneios de pesca e o pescado é atrapalha”, afirma Álvaro maré e o próprio condicio-
doado a entidades do município. Pestana de Farias, pescador namento físico do praticante.