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Nos últimos 30 anos aprendemos mais sobre o Sistema Solar do que sobre a maioria das
outras áreas da astronomia. Isto se deve não apenas à melhoria dos detectores e
telescópios atualmente existentes nos observatórios terrestres mas, principalmente, às
várias sondas espaciais que cruzaram o Sistema Solar fotografando e realizando
experiências científicas ao longo das últimas décadas.
Até agora sondas espaciais visitaram todos os planetas, com a única exceção de Plutão.
Além disso, vários sistemas de satélites e de anéis foram descobertos e estudados por
essas sondas, assim como alguns asteróides e cometas.
Na verdade, todas essas missões espaciais foram automáticas pois, como sabemos, o ser
humano, por enquanto, caminhou apenas na superfície da Lua. Ao mesmo tempo em
que essas sondas eram lançadas, uma série de missões espaciais tripuladas foi realizada
pelos Estados Unidos, as missões espaciais Apollo. Essa seqüência de lançamentos
culminou com o extraordinário feito de, pela primeira vez, um ser humano, o astronauta
norte-americano Neil A. Armstrong, ser levado até um outro corpo celeste, a Lua, no
dia 20 de julho de 1969.
É importante destacar que estas duas perguntas são intrinsecamente muito distintas já
que na primeira estamos buscando um processo físico que diferencia um único objeto
dentro de um conjunto. Na segunda, estamos procurando um processo comum neste
mesmo conjunto e o estudo da natureza nos diz que o "comum" é mais aceitável do que
a "exceção", embora nunca possamos excluir, a princípio, esta última possibilidade!
Sob o ponto de vista da astrofísica, o Sol é uma estrela relativamente comum podendo
ser descrita como uma enorme bola de gás incandescente com 1,4 milhões de
quilômetros de diâmetro. Sua temperatura superficial é de cerca de 6000 Kelvin
enquanto sua temperatura central supera alguns milhões de graus.
Começando uma longa viagem a partir do Sol, nos afastando cada vez mais dele até
atingirmos distâncias inacreditáveis, encontramos os seguintes planetas:
Além desses corpos maiores, existe também uma grande quantidade de objetos
menores, que também orbitam em torno do Sol, tais como os:
Asteróides Cometas
Espalhados por todo o Sistema Solar temos pequeníssimos grãos de poeira, resquícios
da formação do próprio Sistema Solar. Essa matéria recebe o nome de Poeira
Interplanetária.
Por fim, em órbita em torno de todos os maiores planetas, e também em torno de alguns
menores, temos outros pequenos corpos, os satélites e os anéis.
Satélites Anéis
A seguir vamos dar uma rápida visão das principais características do Sistema Solar.
Logo depois detalharemos alguns pontos que consideramos mais importantes fazendo
uma descrição comparativa dos corpos e dos processos físicos existentes no nosso
sistema planetário.
Propriedades planetárias
Como foi dito acima, o Sistema Solar é muito mais do que apenas os planetas e seus
respectivos satélites. Podemos definir o Sistema Solar como sendo o conjunto de todos
os corpos celestes, independente de tamanho, estado físico ou propriedades, que estão
gravitacionalmente ligados ao Sol e que descrevem órbitas em torno dele. Assim, o Sol
é o centro de referência em torno do qual todos os objetos pertencentes ao Sistema Solar
descrevem suas órbitas. Entre esses objetos estão incluidos os planetas, satélites,
asteróides, cometas, e partículas de gás e poeira interplanetárias que se espalham pelo
espaço existente entre os moradores desse Sistema.
• Cinturão de Asteróides
Localizado entre os planetas Marte e Júpiter, o Cinturão dos Asteróides é o local
onde estão distribuídos a maioria dos asteróides que conhecemos.
• Nuvem de Oort
Com possivelmente milhões de objetos, que seriam restos da formação do
Sistema Solar, esta é a região mais longinqüa do Sistema Solar, situada
muitíssimo depois do planeta mais afastado do Sol, Plutão. A Nuvem de Oort
tem a forma de uma imensa esfera que envolve todo o Sistema Solar.
ano-luz
é a distância que a partícula de luz, chamada fóton, viaja em um ano no vácuo. Sua
abreviação é a.l..
Qual é o valor de um ano-luz?
Para obter este valor basta calcular o número de segundos que existem em um ano e
multiplicar o resultado pelo valor exato da velocidade da luz no vácuo, que é
299792458 metros por segundo.
Uma hora-luz é a distância percorrida pela luz em uma hora. Ela corresponde a 1 079
252 820 km.
A unidade astronômica é definida como a distância média entre a Terra e o Sol. Sua
abreviação é U.A. (sempre em letras maiúsculas).
A "lei" de Titius-Bode
Este fato foi utilizado por outro astrônomo, Johann Elert Bode (1747
-1826) (imagem a direita), para divulgar a idéia de que estaria
faltando um planeta na região equivalente a cerca de 28 unidades. De
fato, alguns anos mais tarde foi descoberto o primeiro asteróide, 1
Ceres, a exatamente 2,8 unidades astronômicas. Esta descoberta
passou a ser vista como a confirmação definitiva da validade da regra
das distâncias planetárias descrita acima, que passou a ser conhecida
como "lei de Titius-Bode".
Hoje em dia, a "lei" de Titius-Bode não passa de uma interessante peça histórica de
numerologia.
Na tabela 1 abaixo são dadas, para cada planeta, as características básicas de sua órbitas.
Tabela 1
Inclinação período de
Semi- do plano da revolução
eixo órbita do
Planeta maior Excentricidade planeta em
(em relação à período período
U.A.) Eclíptica sideral sinódico
(em graus)
87,969 115,9
Mercúrio 0,3871 0,206 7o 00'
dias ano dias
1 ano e
o 224,701
Vênus 0,7233 0,007 3 24' 218,7
dias
dias
365,256
Terra 1,0000 0,017 0o -
dias
1 ano
o 2 anos e
Marte 1,5237 0,093 1 51' 321,73
49,5 dias
dias
11 anos
1 ano e
Júpiter 5,2026 0,048 1o 19' 314,84
33,6 dias
dias
29 anos
1 ano e
Saturno 9,5547 0,056 2o 30' 167,0
12,8 dias
dias
84 anos 1 ano e
Urano 19,2181 0,046 0o 46'
7,4 dias 4,4 dias
164 anos
1 ano e
Netuno 30,1096 0,009 1o 47' 280,3
2,2 dias
dias
247 anos
1 ano e
Plutão 39,4387 0,246 17o 10' 249,0
1,5 dias
dias
Observação:
Na tabela acima consideramos que "ano" equivale a um ano terrestre ou seja, 365,256
dias.
Além do movimento de translação que cada corpo celeste pertencente ao Sistema Solar
descreve em torno do Sol existe um outro movimento, de rotação, que é realizado por
todos esses corpos individualmente. Os planetas e satélites naturais que formam o
Sistema Solar giram em torno de um eixo imaginário que os atravessam. Na maioria dos
casos o sentido dessa rotação é o mesmo que aquele descrito pelo corpo celeste ao
realizar o seu movimento de translação em torno do Sol. Uma das exceções é Vênus,
que gira muito lentamente em direção contrária ao seu movimento de translação.
Dizemos então que o planeta Vênus tem uma rotação retrógrada.
Tabela 2
Planeta período de rotação
Mercúrio 58,646 dias
243,00 dias
Vênus (MOVIMENTO
RETRÓGRADO)
23 horas 56 minutos 04
Terra
segundos
24 horas 37 minutos 23
Marte
segundos
9 horas 50 minutos a 9 horas 56
Júpiter
minutos
10 horas 14 minutos a 10 horas
Saturno
39 minutos
Urano 17 horas 06 minutos
Netuno 15 horas 48 minutos
Plutão 6 dias 9 horas 18 minutos
Todos os planetas realizam seu movimento de rotação em torno de um eixo que não é
perpendicular ao plano de sua órbita em torno do Sol. Os astrônomos definem a
inclinação do eixo de rotação de um planeta como sendo o ângulo que mede a
inclinação do equador do planeta em relação ao plano de sua própria órbita.
Tabela 3
Planeta inclinação do eixo de rotação
Mercúrio 0o
Vênus 2o07'
Terra 23o26'
Marte 23o59'
Júpiter 3o04'
Saturno 26o44'
Urano 98o
Netuno 29o
Plutão ??
É muito importante notar que os eixos de rotação dos planetas Urano e Plutão são muito
inclinados. Na verdade eles estão quase situados nos planos de suas órbitas ao invés de
serem perpendiculares a estes. Isso faz com que esses dois planetas pareçam ter rotação
retrógrada, semelhante a Vênus. No entanto, isso não é verdade. Os planetas Urano e
Plutão não possuem rotação retrógrada.
F = (G M1 M2)/(D2)
onde M1 e M2 são as massas dos corpos e D é a medida da separação, ou distância, entre
eles. O número representado por G é chamado de constante da gravitação.
A tabela abaixo nos mostra quantos por cento da massa total do Sistema Solar está
localizada nos objetos mais característicos do Sistema Solar.
Tabela 4
Percentagem
da massa total do
Objeto
Sistema Solar
Sol 99,80
Júpiter 0,10
todos os cometas 0,05
todos os demais planetas 0,04
satélites e anéis 0,00005
asteróides 0,000002
poeira cósmica 0,0000001
Como é mostrado nessa tabela, mais de 99% de toda a massa do Sistema Solar se
concentra no Sol e quase todo o restante em um único planeta, Júpiter. A massa dos
outros oito planetas representa apenas 40% daquela possuida por Júpiter. Portanto, o
movimento de qualquer corpo do Sistema Solar é regido pela atração gravitacional do
Sol, perturbado em maior ou menor grau pelos demais corpos.
Tabela 5
massa em
massa
relação
Planeta (em
à massa da
quilogramas)
Terra
Mercúrio 3,300 x 1023 0,055
Vênus 4,870 x 1024 0,815
Terra 5,976 x 1024 1
Marte 6,420 x 1023 0,107
Júpiter 1,900 x 1027 317,80
Saturno 5,690 x 1026 95,1
Urano 8,680 x 1025 14,6
Netuno 1,020 x 1026 17,2
Plutão 1,290 x 1022 0,002
Um corpo com massa exerce atração gravitacional sobre outros corpos situados na sua
vizinhança. Dizemos então que a massa de um corpo cria, em volta dele, um campo
gravitacional. Todos os outros corpos colocados na superfície desse corpo sentem a
ação do seu campo gravitacional, que é exercida por intermédio de uma força que
recebe o nome de força gravitacional.
Assim, sabemos que todos os planetas, satélites, etc exercem atração gravitacional sobre
outros corpos celestes e sobre todos os objetos colocados na sua superfíce.
Para que qualquer corpo possa deixar a superfície de um planeta ou satélite é necessário
que ele possua uma velocidade suficientemente grande para vencer essa atração
gravitacional. A essa velocidade damos o nome de velocidade de escape. Esse é o
motivo pelo qual ao lançarmos um objeto para cima, estando na superfície da Terra, ele
volta à superfície do nosso planeta. Nesse caso, a velocidade atingida por ele não foi
suficiente para superar a atração gravitacional da Terra ou seja, sua velocidade era
menor do que a velocidade de escape exigida pela massa da Terra.
Tabela 6
gravidade velocidade
superficial de escape
Planeta
(em (em
metros/segundo2) km/segundo)
Mercúrio 3,78 4,25
Vênus 8,60 10,36
Terra 9,78 11,18
Marte 3,72 5,02
Júpiter 24,8 59,64
Saturno 10,5 35,41
Urano 8,5 21,41
Netuno 10,8 23,52
Plutão ?? ??
A tabela abaixo nos dá a densidade média dos planetas pertencentes ao Sistema Solar:
Tabela 7
Planeta densidade média
Mercúrio 5,44
Vênus 5,25
Terra 5,52
Marte 3,94
Júpiter 1,24
Saturno 0,63
Urano 1,21
Netuno 1,67
Plutão 1 (??)
Veremos mais tarde que os valores das densidades dos planetas do Sistema Solar
permite-nos separá-los em dois tipos básicos: os que apresentam densidade em torno de
5 g/cm3, como a Terra, e aqueles com densidades muito menores, em torno de 1 g/cm3,
como Júpiter.
Como pode ser visto na Tabela 8 abaixo os elementos mais abundantes no Sistema
Solar são o hidrogênio, o hélio, um pouco de oxigênio e de carbono além de traços de
outros elementos tais como o neônio, o nitrogênio, o magnésio, o silício, o ferro e
alguns outros.
Tabela 8
Número de átomos
do elemento químico
Elemento Símbolo
por milhão de
átomos de H
Hidrogênio H 1000000
Helio He 68000
Oxigênio O 690
Carbono C 420
Neônio Ne 98
Nitrogênio N 87
Magnesio Mg 40
Silício Si 38
Ferro Fe 34
Enxofre S 19
Argônio Ar 4
Alumínio Al 3
Calcio Ca 2
Níquel Ni 2
Essa tabela nos diz que, por exemplo, para cada milhão de átomos de hidrogênio
encontramos 68000 átomos de hélio, 690 de oxigênio, etc.
O gráfico abaixo mostra as abundâncias dos 30 elementos químicos mais leves (do
hidrogênio ao zinco) comparados com um valor de 1012 átomos de hidrogênio (ou seja,
um trilhão de átomos de hidrogênio). Por exemplo, para cada trilhão de átomos de
hidrogênio existentes no espaço, existem cerca de 70 bilhões de átomos de hélio. Todos
os elementos mais pesados que o zinco têm abundâncias menores do que 1000 átomos
por trilhão de átomos de hidrogênio. A maioria dos outros elementos químicos são
muitíssimo mais raros. Sabemos, por exemplo, que para cada trilhão de átomos de
hidrogênio existem somente seis átomos de ouro.