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Índice
BREVÍSSIMA INTRODUÇÃO _______________________________________________________ 5
Consciência do brasileiro _______________________________________________________________ 5
1. POLÍTICA E VOTO ____________________________________________________________ 7
1.1. Um mundo assombrado por outros demônios ___________________________________________ 7
1.2. A participação do indivíduo na sociedade______________________________________________ 12
1.3. Espaço público versus espaço privado: para onde foi a cidadania?__________________________ 13
1.4. O animal político _________________________________________________________________ 16
1.5. Crítica à democracia ______________________________________________________________ 16
1.6. Sem a ditadura, a liberdade para não participar ________________________________________ 19
1.7. O que é um político — uma visão etimológica sobre a questão _____________________________ 20
2. ASPECTOS DA FORMAÇÃO POLÍTICA BRASILEIRA _______________________________________ 22
2.1. O voto do analfabeto _____________________________________________________________ 22
2.2. O voto nulo e voto branco__________________________________________________________ 24
2.3. Grande quantidade de brancos e nulos: o que isso representa? ____________________________ 24
2.4. Critérios para a formação da consciêncie eleitoral_______________________________________ 25
2.5. Vantagens e Desvantagens para a Democracia? ________________________________________ 26
3.1. Gastos da política brasileira com campanhas___________________________________________ 27
CONCLUSÕES DO GRUPO _______________________________________________________ 31
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ____________________________________________________ 32
Formação da Consciência Política 5
BREVÍSSIMA INTRODUÇÃO
A maioria não tem apreço
pelo que entende, e o que não
compreendem, veneram. Para serem
estimadas, as coisas têm de custar: será
celebrado tudo o que não for entendido1.
Baltasar Gracían (1601-1658)
Consciência do brasileiro
O brasileiro que votará em 2010 é muito diferente do brasileiro que votou pela
primeira vez, com o fim da Ditadura Militar, quando as eleições diretas indicavam um novo e
próspero rumo para a situação do país. Nosso brasileiro de 2010 tem irrestrito acesso às
informações, vive no século da velocidade, da comunicação, da consciência ecológica e
política. Vive cercado, sitiado, afogado em conhecimentos. Respira informações. Todavia
falta algo...
Marilena Chaui diz que “a consciência reflexiva ou o sujeito do conhecimento forma‐se
como atividade de análise e síntese, de representação e de significação voltadas para a explicação,
descrição e interpretação da realidade e das outras três esferas da vida consciente (vida psíquica,
moral e política), isto é, da posição do mundo natural e cultural e de si mesma como objetos de
conhecimento. Apóia‐se em métodos de conhecer e busca a verdade ou o verdadeiro. É o aspecto
1
Baltasar Gracían (1601‐1658) resume cruamente o problema.
2
Segundo o site www.espalhafato.com.br, em 7/9/2010 , Romário, Bebeto, Myrian Rios, Roberto Dinamite,
Wagner Montes também conseguiram se eleger. Menos sorte tiveram Batoré, Vampeta, Frank Aguiar, Mulher
Pêra, Raul Gil Jr, Kiko KLB, Leandro KLB. Ainda não foi desta vez.
Formação da Consciência Política 6
intelectual e teórico da consciência.”3. Ora, não faltam informações. Todos podem ligar a TV,
ler jornais, acessar conteúdos da internet, mas, mesmo assim, ainda foi Tiririca quem
venceu nas urnas.
Talvez falte ao brasileiro educação, muitos diriam. Entretanto, não faltam vagas para
os jovens nas escolas. Há escola, logo há educação. Mas essa educação não tem garantido
haver, ao menos moral. E moral, substantivo há muito depreciado, fora de moda, é o
norteador de um povo.
A consciência moral (a pessoa) e a consciência política
(o cidadão) formam‐se pelas relações entre as vivências do eu
e os valores e as instituições de sua sociedade ou de sua
cultura. São as maneiras pelas quais nos relacionamos com os
outros por meio de comportamentos e de práticas
determinados pelos códigos morais (que definem deveres,
obrigações, virtudes) e políticos (que definem direitos, deveres
e instituições coletivas públicas), a partir do modo como uma
cultura e uma sociedade determinadas definem o bem e o mal,
o justo e o injusto, o legítimo e o ilegítimo, o legal e o ilegal, o
privado e o público.4
Saber como surge a CONSCIÊNCIA POLÍTICA é uma questão tão interessante quanto
saber se o brasileiro, de fato, ao votar, usa essa mesma consciência. Este trabalho se
propõe a investigar essas duas questões.
3
CHAUI, Convite à Filosofia, p. 148.
4
CHAUI, op. cit., p. 147.
5
A expressão, em rigor, é pátria em chuteiras.
Formação da Consciência Política 7
1. POLÍTICA E VOTO
“Todo homem decente se envergonha
do governo sob o qual vive.”
Mencken6
1.1. Um mundo assombrado por outros demônios7
Carl Sagan, ao tratar da Ciência, trouxe também um cenário muito claro sobre a
Educação norte-americana (estadunidense, se se preferir), que nos inspira e nos guia,
nosso parâmetro de cultura:
Mas há outra razão: a ciência é mais que um corpo de
conhecimento, é uma maneira de pensar. Prevejo como será a
América da época de meus filhos ou netos: Estados Unidos
será uma economia de serviço e informação; quase todas as
indústrias manufatureiras chave se deslocaram a outros países;
os temíveis poderes tecnológicos estarão em mãos de uns
poucos e ninguém que represente o interesse público se
poderá aproximar sequer aos assuntos importantes; a gente
terá perdido a capacidade de estabelecer suas prioridades ou
de questionar com conhecimento aos que exercem a
autoridade; nós, obstinados a nossos cristais e consultando
nervosos nossos horóscopos, com as faculdades críticas em
declive, incapazes de discernir entre o que nos faz sentir bem e
o que é certo, iremos deslizando, quase sem nos dar conta, na
superstição e a escuridão.
6
MENCKLEN, p. 196.
7
Em refência ao título do livro de SAGAN, já que a pseudo‐política pode ser tão nociva quanto a pseudo‐ciência
que ele combate.
Formação da Consciência Política 8
som de trinta segundos (agora reduzidas a dez ou menos), a
programação de nível ínfimo, as crédulas apresentações de
pseudociência e superstição, mas sobre tudo em uma espécie
de celebração da ignorância. Nestes momentos, o filme em
vídeo que mais se aluga nos Estados Unidos é Dumb and
Dumber. Beavis e Buttheadi seguem sendo populares (e
influentes) entre os jovens espectadores de televisão. A moral
mais clara é que o estudo e o conhecimento —não só da
ciência, mas também de algo— são dispensáveis, inclusive
indesejáveis.
Sem educação, sem instrução, não se consegue entender que há escolhas. O povo,
então, sem saber que tem escolhas, submete-se ao líder. No Brasil, líderes políticos têm
caráter messiânico. Vencem pela propaganda, pela força de suas palavras – infelizmente,
nem sempre por suas ações. E o povo se escraviza, voluntariamente, submetendo-se
àqueles que já prometeram: “esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de
ninguém”.
8
SAGAN, p. 34.
Formação da Consciência Política 9
Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios
de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros
internacionais, fiz‐me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o
trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social.
Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo. A
campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou‐se à
dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia
do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no
Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo se
desencadearam os ódios. Quis criar liberdade nacional na
potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás e,
mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma. A
Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o
trabalhador seja livre.
Não querem que o povo seja independente. Assumi o
Governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores
do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam
até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que
importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100
milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou‐se o
nosso principal produto. Tentamos defender seu preço e a
resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia, a
ponto de sermos obrigados a ceder.
Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando
vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado.
Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a
energia para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos
Formação da Consciência Política 10
vilipendiarem, sentireis no pensamento a força para a reação.
Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa
bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama
imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada
para a resistência. Ao ódio respondo com o perdão.
E aos que pensam que me derrotaram respondo com a
minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a
vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será
escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua
alma e meu sangue será o preço do seu resgate. Lutei contra a
espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho
lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não
abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora vos
ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o
primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para
entrar na História.9
Quase 60 anos depois da promessa, o povo ainda acredita que aquele homem, que
será eleito, é especial. O povo ainda quer ser guiado ao matadouro, como tantas vezes já se
cantou:
9
Carta‐testamento de Getúlio Vargas, quando de seu suicídio. Recortes nesse texto poderiam prejudicar o que
há de mais interessante: a retórica da salvação.
Formação da Consciência Política 11
possibilidade / De verem esse mundo se acabar/ A Arca de
Noé, o dirigível / Não voam nem se pode flutuar 10
Veja-se que essa canção popular – que já foi tema de novela em horário nobre11 –
traz algumas das questões mais importantes da discussão ora proposta: conformismo,
saudosismo (de um tempo nem tão melhor), promessas políticas vazias (dirigível e arca
muito claramente enunciam isso) e a ferrugem corrupta12 das engrenagens estatais.
A verdade é que o povo ainda acredita que o eleito fará as mudanças messiânicas,
cumprirá promessas impossíveis e mudará o universo. E parece sempre aceitar o preço
disso:
Mas parece que vos sentis felizes por serdes senhores
apenas de metade dos vossos haveres, das vossas famílias e
das vossas vidas; e todo esse estrago, essa desgraça, essa ruína
provêm afinal não dos seus inimigos, mas de um só inimigo,
daquele mesmo cuja grandeza lhe é dada só por vós, por amor
de quem marchais corajosamente para a guerra, por cuja
grandeza não recusais entregar à morte as vossas próprias
pessoas.
Esse que tanto vos humilha tem só dois olhos e duas
mãos, tem um só corpo e nada possui que o mais ínfimo entre
os ínfimos habitantes das vossas cidades não possua também;
10
Composta por Zé Ramalho, Admirável Gado Novo já valeria per se uma análise à parte. Infelizmente, o curto
tempo não permite.
11
Essa informação é importantíssima, já que as novelas são a paixão do brasileiro. Exatamente por isso, são
louváveis as iniciativas eventuais de trazer às novelas discussões socialmente pertinentes. Critique‐se a
superficialidade da discussão, entretanto, como dizem no interior, melhor pingar do que faltar — expressão
que, note‐se, também acentua o caráter conformista do brasileiro.
12
Corrumpere, não por acaso, é o infinitivo do verbo latino que significa corromper/corroer, tal como faz a
ferrugem, e origem da palavra corrupção.
Formação da Consciência Política 12
uma só coisa ele tem mais do que vós e é o poder de vos
destruir, poder que vós lhe concedestes.13
1.2. A participação do indivíduo na sociedade
Não se pode, entretanto, esquecer que, ao fazer isso, rompe-se um importante termo
do contrato social: a participação do indivíduo na coletividade. O Contrato Social, segundo
Rousseau, considera que todos os homens nascem livres e iguais. O Estado, assim, é
objeto de um contrato no qual os indivíduos não renunciam a seus direitos naturais, mas, ao
contrário, aceitam acordo para a proteção desses direitos, por isso o Estado destinado
preservar esses mesmos direitos. O Estado é a unidade e, como tal, representa a vontade
geral — não necessariamente a vontade de todos, mas certamente nunca a vontade de um.
Por isso, assusta quando a vontade da maioria é eleger o Tiririca. Assusta também, e mais
ainda, quando a vontade do povo é abrir mão de seus direitos e de suas obrigações.
Quando isso acontece, tem-se o esfacelamento da sociedade — uma sociedade, hoje,
inexplicavelmente paradoxal até mesmo em sua caracterização: sociedade individualista.
Parece oportuno e necessário explicar: Tiririca foi eleito legitimamente pelo povo.
Fez-se valer a legitimidade do voto. Nada de estranho há nisso. Entretanto, terá sido a
eleição de Tiririca motivada pelos valores democráticos mais claros e corretos? Alguém que
transfere todo o patrimônio para o nome de parentes, antes da eleição, com medo de ter de
pagar alguma eventual dívida, é realmente um representante do povo? Se for, existe um
grave problema.
Quando se faz essa pergunta, imediatamente se ouve: depende de cada um. Não,
não depende. O norte das ações de um cidadão não pode ser diferente do benefício da
sociedade. Tudo o que se faz em sociedade, para a sociedade, deve ser em benefício da
sociedade. Exatamente por isso é inaceitável acreditar que a vida numa sociedade
individualista é normal. Não o é.
Aristóteles? – , indigna que tenha sido eleito por representar a esculhambação do sistema.
13
Trecho de Discurso da Servidão Voluntária, de E. de la Boetie. Grifo nosso.
14
Thomas Hobbes, para quem há uma guerra de todos contra todos.
Formação da Consciência Política 13
Recebeu votos não por seu projeto político (porque não o tem) nem por representar uma
opção em relação aos demais candidatos. Elegeu-se por ser engraçado, carismático
(talvez), diferente (certamente) e palhaço. Afinal, votar em Tiririca é mais do que protestar: é
aceitar que pior do que tá não fica. Ninguém se preocupou em saber se há um projeto, um
plano de trabalho para garantir realmente que pior não fica.
1.3. Espaço público versus espaço privado: para onde foi a cidadania?
Vive-se num
Antes: Hoje:
Espaço privado estava O espaço público “se tornou”
contido no espaço público momento em que o espaço privado
15
Em 2009, 193.733.795 habitantes, segundo o IBGE.
Formação da Consciência Política 14
significa de ninguém. Mais vale hoje o cartão de crédito do que o título de eleitor, e as
pessoas se contentam com direitos pelos quais podem pagar. Contentam-se em ter
segurança, saúde e educação particulares. Quando os hospitais públicos começaram a
falhar, correu-se para os planos de saúde; quando as escolas falharam, quem pôde
contratou escolas particulares; quando a segurança apresentou problemas, blindaram-se
carros à espera de que nunca a maldade humana alcançasse os portões dos condomínios.
Cada um apenas pensou nas vantagens que poderia ter, no bem que conseguiria para si
mesmo. O resultado não poderia ser outro. Como criticar pichações em muros se os muros
não são de ninguém? O Outro inexiste. O espaço público inexiste. Somente essa visão
explica o descaso com o Outro, com as leis, com o voto. Só isso explica urinar na rua,
apostar corrida em avenidas movimentadas, pôr em risco a vida do outro. E votar em
palhaços para que o circo esteja completo.
A “indústria política” – isto é, a criação da imagem dos
políticos pelos meios de comunicação de massa para a venda
do político aos eleitores‐consumidores ‐, aliada à estrutura
social do país, alimenta um imaginário político autoritário. As
lideranças políticas são sempre imaginadas como chefes
salvadores da nação, verdadeiros messias escolhidos por Deus
e referendados pelo voto dos eleitores.
1.4. O animal político
Em nossa história recente, especialmente a partir dos anos 60, sob regime autoritário
e ditatorial, começou a proliferação da defesa da democracia – muito frequentemente
apoiada pelo discurso político capitalista20.
1.5. Crítica à democracia
16
CHAUI, op. cit., pp. 435‐6.
17
O homem é um animal político.
18
SOUZA, p. 118.
19
Note‐se que em Atenas pequena parcela da população de fato tinha direito a voto.
20
Note‐se que a defesa da escolha é um requisito capitalista, ao menos quando se trata da relação de
consumo, da competitividade, da livre‐concorrência.
21
CHAUI, op. cit., p. 430.
Formação da Consciência Política 17
É importante lembrar que a democracia já foi criticada muitas vezes, ao contrário da
impressão que se tem hoje, de que ela é o único sistema de governo aceitável.
[...] Aqui, a ironia que jaz sob toda a aspiração humana
se revela: a busca da felicidade, como sempre, traz apenas a
infelicidade no fim das contas. Mas dizer isto é o mesmo que
dizer que o verdadeiro charme de democracia não é para o
bico do democrata, e sim para o do espectador.
Como um homem que é sinceramente democrata pode
ser democrata?24
22
Não faltam exemplos de leis que não representem a vontade do povo: lei que proíba o uso de nomes de
pessoas em animais domésticos, lei que proíba propagandas de trazerem termos em inglês ou outra língua que
não o Português etc..
23
Grifo nosso.
24
MENCKLEN, pp. 93‐5.
Formação da Consciência Política 19
Diretas, Já!, vieram os políticos de carreira e, gradativamente, parecia que todas as
conquistas haviam sido feitas. Não sobrou algo por que lutar.
Por fim, afastado das urnas, o brasileiro não parece compreender o que significa o
voto. Mais tecnologia, urnas eletrônicas, propagandas contínuas na TV e no rádio também
não parecem resolver um problema que assola o país: não se entende o que significa um
político.
1.6. Sem a ditadura, a liberdade para não participar
O brasileiro não compreende mais a política. É algo chato. E chato é também quem
discute política. O brasileiro não entende a política, afinal ela parece perverter valores éticos
e, ainda assim, é correta. Rouba, mas faz, diz-se. Roubar é errado, certo? Ou errado? A
verdade é que roubar é errado – na lei e na tradição – , mas, ao ser usado como referência
de caráter – rouba, mas faz –, roubar se torna um ato corriqueiro, dirimido pelo fazer. Assim
também ocorre com outros ilícitos, afinal estupre, mas não mate. Roubar e estuprar, assim,
não podem ser crimes. Todavia os presídios estão lotados daqueles que roubaram, mas
fizeram (um pé de meia, uma casa para a família, uma festança com drogas...); que
estupraram, mas não mataram.
25
Lex priuata: leis que valham apenas para uns poucos ou para um.
Formação da Consciência Política 20
no Brasil, ao menos na visão de muitíssimos brasileiros desacreditados, decepcionados e,
amiúde, iludidos com novos salvadores sebastianistas.
1.7. O que é um político — uma visão etimológica sobre a questão
Muitas pessoas criticam os POLÍTICOS. É natural. É natural? Por quê? Parece que o
brasileiro se acostumou a criticar (apenas) aqueles que ele próprio elege como seus
representantes. Será que ele sabe o que é um político?
Político26:
adjetivo
1 relativo ou pertencente à política. Ex.: partido p.
2 relativo aos negócios públicos, ao governo. Exs.: reformas p.; crise p.
3 que se ocupa de assuntos públicos. Exs.: classe p.; carreira p.
4 relativo ou pertinente à cidadania. Ex.: deveres p.
5 cuidadoso, prudente ou ladino em coisas práticas; diplomático. Ex.:
tato p.
adjetivo e substantivo masculino
6 que ou aquele que trata ou se ocupa da política
7 que ou aquele que revela polidez, cortesia.
8 Derivação: sentido figurado. que ou aquele que revela esperteza,
astúcia
Se alguém perguntasse a um transeunte o que é um político?, há uma grande
chance de a definição ser diferente dessa que o Dicionário traz. É provável que se ouça algo
como “político é quem está no poder” ou “políticos são os caras que mandam”. Político, na
verdade, é (ou deveria ser) cada um, cada cidadão, cada brasileiro. O POLÍTICO deveria ser
aquele cidadão disposto a lutar por seu país — do gr. politiko&j, “político”, de poli&thj,
“cidadão”, ou seja, o brasileiro deveria ser político, interessar-se por política, por sua Po&lh
ou Po&lij, sua “Pólis”, seu país.
Ambição27:
substantivo feminino
1 forte desejo de poder ou riquezas, honras ou glórias; cobiça; cupidez.
Ex.: sua a. abriu‐lhe as portas da alta sociedade
2 anseio veemente de alcançar determinado objetivo, de obter sucesso;
aspiração, pretensão. Ex.: sua a. era tornar‐se um grande pintor
26
HOUAISS, s.u..
27
Idem, s.u..
Formação da Consciência Política 21
A Língua Portuguesa nasceu do Latim. Muitas ideias do Direito Brasileiro também
nasceram do Direito Romano. Muitos significados de termos latinos acompanham, ainda
hoje, palavras da última flor do Lácio. Mesmo em Latim, ambição é uma característica dos
políticos:
votum, -i, subs. n. I‐ Sent. próprio: 1) voto, promessa, oferenda
feita aos deuses (por um benefício pedido ou concedido), súplica, orações
(Cíc. Leg. 2, 22). Daí: 2) Coisa desejada, desejo expresso, desejo (Hor. Sát. 2,
6, 1). [...]
Há uma clara relação entre o voto e o sagrado, entre a CONFIANÇA depositada pelo
eleitor e o político, que recebe o voto. Confiar, de confidere, é fazer algo com fé. A crença
de que o eleito vai ajudar, vai trabalhar pelo país. Entretanto, falta ao brasileiro a
CONSCIÊNCIA de que eleger não basta. É preciso participar ativamente das atividades
políticas, cobrar, incentivar, pagar os impostos honestamente, exigir do governo mudanças e
propor mudanças ao governo. Enfim, é preciso ser mais do que marionete em tempos de
eleição.
28
FARIA, s.u..
Formação da Consciência Política 22
2. ASPECTOS DA FORMAÇÃO POLÍTICA BRASILEIRA
“A democracia é a arte e a ciência de administrar
o circo a partir da jaula dos macacos.”
Mencklen29
2.1. O voto do analfabeto
O voto é feito pelo eleitor com a consciência de que está fazendo a melhor escolha para a
sociedade, a qualidade de um voto mede-se pela reflexão e análise exigidas, e não pelo
gesto mecânico do cumprimento de um dever. Portanto o analfabeto pode exercitar seu
direito de voto com o afã de colaborar com a melhora do Estado, como fazem associações
comunitárias, que dentre outras ações , reivindicam realizações dos que foram investidos
através do voto, tornando equivocada a generalização de que o voto analfabeto é
desprovido de qualidade, e legitimando-o como forma de exigir uma educação eficaz com
programas de erradicação de analfabetismo que priorizem a condição humana de e poder
julgar conscientemente o que seja melhor para a sociedade, como cita o presidente Castello
Branco em sua Mensagem ao Congresso de 24 de junho de 1964:
“O analfabeto que permanece nesse estágio em virtude das omissões de ação estatal
precisa ser integrado na comunhão social pelo reconhecimento de sua condição
humana...Nada impede que desde já se reconheça que a coerência como princípio da
universidade do sufrágio nos deve levas a alargar o mais possível o exercício desse direito.”
A exclusão dos analfabetos talvez não fosse discriminatória se tivessem à sua disposição
escolas gratuitas. Embora nossa Constituição e numerosos documentos internacionais
29
Op. cit., p. 196.
Formação da Consciência Política 23
falem do direito à educação e da obrigatoriedade do curso primário, na realidade, como
regra geral, os analfabetos, sobretudo na idade escolar, não tiveram condições físicas e
sociais de matricular-se em um estabelecimento de estudo. Como analisamos
anteriormente, o analfabetismo em geral é conseqüência de situações econômicas e sociais
diversas.
O analfabeto adulto tem reconhecida em lei sua capacidade jurídica para os atos em geral
da vida civil e pública, ele pode comprar e vender bens, pagar impostos, alugar moradia,
lutar em guerras, empregar-se e ter empregados, contrair matrimônio e tornar-se pai ou mãe
de família. Está submetido à responsabilidade civil e criminal em diversos setores da vida
jurídica, sujeito à obrigações cívicas e deveres sociais como o alfabetizado.
Como os demais homens o analfabeto está sujeito a ser inadequado, mas muitas vezes a
sua condição de iletrado contribui para que seja mais atento e cauteloso. Analfabetismo não
é sinônimo de ignorância, vem a propósito citar uma passagem do discurso de 1 de junho de
1880 do líder liberal Joaquim Saldanha Marinho:
“O poder marital, o pátrio poder, a faculdade de testar são direitos elevados
a importantíssimas prerrogativas; para isso é indispensável maior soma de
critério, de boa fé e de sinceridade, e ainda ninguém se lembrou de excluir
dos respectivos exercícios os que não sabem ler e escrever. Por que, pois, a
lei política há de excluir a presunção geral de discernimento em que se funda
a lei civil ( )O chefe de família tem interesses muitas vezes complicados a
dirigir, e a lei o reconhece capaz; tem grandes deveres morais a cumprir,
deveres de proteção a mulher, deveres de autoridade e de educação para
com os filhos, e a lei reconhece o analfabeto capaz de os desempenhar;
entretanto, é a esse mesmo homem que a lei política nega o discernimento
preciso para escolher um candidato entre os mais honrados, inteligentes e de
melhor conceito; a liberdade de consciência não é negada ao analfabeto; a
própria Constituição lhe dá o direito de escolha de religião; a Constituição
reconhece em todo discernimento necessário para crer o que melhor lhe
convier e quer‐se agora negar‐lhe o discernimento para a escolha de um
candidato em quem mais confie. O analfabeto, ante a lei criminal, ‐ apto para
reconhecê‐la ter vontade de indispensável conhecimento para proceder de
uma ou outra forma, e alie política há de privá‐lo até do sendo comum para
votar em um que lhe pareça melhor ? Só não tem inteligência para exercer
um simples direito político ?”
Embora a ampliação das escolas tenha sido meta de sucessivos governos no Brasil e
embora tendo havido progressos, as estatísticas ainda nos falam de mais de 20 milhões
de analfabetos. A informação é muito necessária para a boa escolha dos candidatos,
sobretudo em períodos eleitorais, de diversos candidatos aos meios de comunicação ,
permitirá analfabetos e alfabetizados opções mais esclarecidas. Desta maneira diminui
muito a importância relativa da palavra escrita como fonte de informação já que a leitura
certamente não é o único veículo de aquisição de conhecimento.
2.2. O voto nulo e voto branco
O voto nulo é um protesto válido. Significa que o eleitor não está satisfeito com a proposta
de nenhum candidato e se recusa a votar em qualquer um dos candidatos. Esse tipo de voto
é importante e é o que efetivamente faz a democracia, pois a existência dele permite que o
eleitor manifeste a sua insatisfação.
Para anular o voto,é preciso que o eleitos digite um número inexistente no número do
candidato. Se um eleitor tentar votar em branco, o terminal eletrônico avisa "Você está
votando em branco" e então o eleitor pode confirmar, ou corrigir. Agora, se o eleitor coloca
um número inexistente num terminal, ele acusa "Número incorreto, corrija seu voto". Assim,
os votos nulos são desencorajados.
2.3. Grande quantidade de brancos e nulos: o que isso representa?
A grande quantidade de votos brancos em uma eleição mostra um quadro de satisfação dos
eleitores para ambos os candidatos que a disputam, e por isso os eleitores direcionam seus
votos a qualquer um dos candidatos que receba a maioria de votos.
Formação da Consciência Política 25
Já a grande quantidade de votos nulos mostra a insatisfação dos eleitores pelos candidatos
que disputam as eleições. Se na eleição entre candidato A e candidato B, e o candidato A
terminasse as eleições com 42% dos votos e o candidato B com 30%, 10% de brancos e
18% nulos as eleições teriam que ser repetidas e nem candidato A e nem candidato B
poderiam participar das eleições naquele ano. Ou seja, o voto nulo, do qual ninguém fala e
que o terminal acusa como "incorreto”, é o único voto que pode anular uma eleição inteira e
remover do cenário todos os candidatos daquela eleição de uma só vez.
Isso contribui para a campanha do voto consciente, se alguém estiver votando no candidato
A ou no candidato B, mas preferia não votar em nenhum dos dois, pode optar pelo voto
nulo.
Nenhum eleitor é obrigado a colocar no poder qualquer candidato que não corresponda
ao perfil desejado por ele.
2.4. Critérios para a formação da consciêncie eleitoral
Não há cidadão onde não há consciência política. Não há consciência política onde não há
instrução. Não há instrução onde não se tem um governo disposto a realmente fazer seu
país melhor. O Brasil atende a todas as condições anteriores.
Neste país, há muito faltam iniciativas honestas em busca de formação política do povo.
Não se investe em Educação, mas em construção de escolas; não se investe em formação
de professores, mas em produção de professores. Alheios ao que acontece de fato no país,
os governantes lançam ideias esdrúxulas para problemas reais – nem sempre os mais
urgentes.
O povo, por seu lado, contenta-se com medidas emergenciais, com esmolas, porque crê
que pior do que está não fica. E fica. A cada dia, mais e mais pessoas se afastam da
política, dos políticos, dos direitos. E isso acontece até porque não houve, num país de
liberdade de expressão e mortal inimigo da ditadura e de tudo o que houve durante a
ditadura, incentivo político, afinal, a política está sempre nas mãos das oligarquias
opressoras.
Barry Levinson, em 1996, dirigiu Dustin Hoffman e Robert De Niro em Wag the Dog, uma
produção tímida e impressionante. Para tentar salvar a Democracia Americana, ou seja,
para reeleger o presidente – que se envolveu com uma bandeirante e suscitou um
escândalo que poria tudo a perder – , propõe-se uma guerra fictícia, de efeitos especiais,
contra a Albânia. Assim, por causa do espetáculo, em defesa da sociedade americana, o
presidente recuperou a popularidade e foi eleito. A vida imita as telas e, em 2001, Bush
conseguiu o mesmo com sua GUERRA CONTRA O TERROR.
3.1. Gastos da política brasileira com campanhas
A candidata a presidente Dilma Rousseff, do PT, em sua campanha tinha previsão para
gastar 110 milhões no primeiro turno e 47 milhões no segundo turno. Totalizando 157
milhões. No entanto, o partido pede um aumento para cerca de 176 milhões de reais. José
Serra, candidato do PSDB, tem gastos semelhantes. O seu partido pretende gastar cerca de
180 milhões de reais em sua candidatura30. Marina Silva, do PV, gastou cerca de 90 milhões
somente no primeiro turno, com o forte investimento de seu vice, Guilherme Leal,
proprietário de varias empresas, entre elas, a “Natura”. Colocando em foco a
sustentabilidade.31
De onde vem tanto dinheiro? Pelo menos na teoria, a maior parte do dinheiro arrecadado
pelos partidos vem de pessoas físicas (pessoas comuns, como seu pai, seu vizinho)
qualquer um pode contribuir. 10% dos ganhos declarados à Receita no ano anterior à
eleição. Já as pessoas jurídicas podem doar 2% de seu faturamento bruto. O TSE exige que
se faça uma previsão de gastos, e se essa previsão for ultrapassada o partido tem de pagar
uma multa.
PESSOAS E EMPRESAS
Há duas maneiras de cidadãos e empresas financiarem uma campanha: doar
diretamente ao candidato ou fazer um depósito para o comitê do partido,
30
http://www.formadoresdeopiniao.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=6302:a‐
campanha‐eleitoral‐de‐jose‐serra‐preve‐gastos‐de‐180‐milhoes&catid=77:politica‐economia‐e‐
direito&Itemid=106
31
http://www.clicksergipe.com.br/blog.asp?pagina=1&postagem=17001&tipo=politica2010
Formação da Consciência Política 28
que distribui o dinheiro aos vários candidatos da legenda. As doações diretas
a Lula somaram 1,8% do total, contra 79,8% dos que preferiram fazer
doações ao comitê. Militantes também contribuem como pessoas físicas.
FUNDO PARTIDÁRIO
Todo ano os partidos recebem uma verba do Fundo Partidário, dinheiro que
vem do orçamento do governo federal. Uma parte é distribuída igualmente
entre todos os partidos, e outra parte leva em conta o número de
representantes que cada um elegeu: quanto mais eleitos, mais dinheiro. Em
2006, o fundo distribuiu R$ 148 milhões aos partidos do país.
EVENTOS E PRODUTOS
Publicidade por material impresso ‐ R$18 985 368,27
Publicidade por faixas, estandartes e placas ‐ R$15 754 820,75
Produção de programas de rádio, televisão ou vídeo ‐ R$12 000 160
Despesas com transporte ‐ R$10 019 704,80
Pesquisas e testes eleitorais ‐ R$6 575 897
Locação de mão‐de‐obra de terceiros ‐ R$6 101 036,13
Comícios ‐ R$4 271 013,21
Recursos de partido político ‐ R$3 239 019,11
Recursos de outros candidatos/comitês ‐ R$2 380 829,15
Publicidade por marketing ‐ R$2 121 000
Outros gastos ‐ R$10 041 822,29
TOTAL DE DESPESAS DE CAMPANHA: R$91 490 670,71
Formação da Consciência Política 29
O Estado brasileiro também tem vários gastos previstos para a época de
eleição. O TSE, na eleição de 2010 gastou R$ 480 milhões, e ainda ficou
abaixo da previsão, que era de R$ 549 milhões. O valor corresponde a R$
3,56 por pessoa, considerando os 135.804.433 eleitores, distribuídos em
5.567 municípios. Somente em logística gastou‐se cerca de R$ 35 milhões.
São usadas 420 mil urnas eletrônicas nas seções.
O gasto também compreende a utilização de equipamentos eletrônicos como
satélites, montagem de redes de comunicação, etc. Esse investimento gerou
uma velocidade 600% maior em relação a eleição de 2008. Os gastos com os
mesários também estão nesta conta. São 2,1 milhões de mesários e R$ 82
milhões com o pagamento de lanche. Além disso, cada mesário recebe R$ 20
por turno de votação.
Outro fato que traz discussão por parte da imprensa e da população é o
recesso parlamentar, por causa do segundo turno o congresso atrasa
votações e faz um “recesso branco” de quase três meses. Existe um ditado
popular onde” tempo é dinheiro”. Este é o maior exemplo. Os congressistas
declararam um recesso e continuam recebendo suas verbas de gabinete e
salários normalmente, mas não são obrigados a cumprir suas jornadas de
trabalho . Nesse período, apenas uma medida com benefício para a
população foi aprovada. O aumento da licença maternidade de quatro para
seis meses.
Cada um dos 513 deputados recebe, todo mês, um salário de R$ 16.512, mais
auxílio moradia de R$ 3000, uma verba de gabinete de R$ 60.000(para
contratar até 25 funcionários), mais uma ajuda de custo que varia de R$ 23
mil a R$ 35 mil todo mês ( para passagens aéreas, combustível, material).32
A população paga um funcionário que está de recesso simplesmente por
interesse de promover um candidato e ainda tem a “cara de pau” de dizer
que a população está focada apenas nas eleições assim como os
parlamentares, que estão focados nas campanhas. Segundo o canal de
notícias (Portal R7), “Após a decisão, em entrevista à TV Câmara, o vice‐
32
http://blogs.diariodepernambuco.com.br/politica/?p=9458
Formação da Consciência Política 30
presidente da Casa, deputado Marco Maia (PT‐RS), atribuiu a prorrogação ao
interesse da sociedade pelas eleições. [A sociedade brasileira, os
parlamentares, a própria imprensa, todo mundo está na expectativa do
resultado que terá o segundo turno. A grande maioria dos parlamentares
está nos seus Estados, empenhados na campanha.]”33
33
http://www.formadoresdeopiniao.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=6302:a‐
campanha‐eleitoral‐de‐jose‐serra‐preve‐gastos‐de‐180‐milhoes&catid=77:politica‐economia‐e‐
direito&Itemid=106
Formação da Consciência Política 31
CONCLUSÕES DO GRUPO
Não há como entender a formação política de um povo desvinculada da prática
política. É incoerente, impossível. No Brasil, e não só aqui, o voto precisa ser muito mais
bem entendido para ser voto de fato.
Berry Levinson, há mais de uma década, dirigiu Wag the Dog (renomeado , no Brasil,
para Mera Coincidência). Nesse filme, que trata da tentativa de reeleição de um presidente
estadunidense envolvido com escândalo sexual, vê-se o diálogo de intelectuais, artistas e
políticos numa cena, no mínimo, antológica: perguntam-se (entre eles) para quem irá o voto.
Um a um, eles respondem: “há muito não vou até às urnas”. Nenhum deles vota. Todos
criticam o país em que vivem, todos criticam os políticos que governam a terra da liberdade,
mas nenhum deles vota.
Não é para menos que, eleição após eleição, o que se tem visto é a gradual e
incisiva chegada de mais e mais artistas ao poder. O Big Brother Brasil é nas urnas. Só se
conhece quem tem vida pública em novelas ou espetáculos musicais. Não se pode discutir
passado com quem mal entende o presente político.