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1 Administração Indireta
1.1 Noção
Nos próximos capítulos iremos desenvolver melhor o tema. Agora, só afirmamos que a
descentralização pode ser feita de várias formas, com destaque a descentralização por serviços, que
se verifica quando o poder público (União, Estados, Municípios ou Distrito Federal) cria uma
pessoa jurídica de direito público ou privado e a ela atribui a titularidade e a execução(OUTORGA)
de determinado serviço público, surgindo as entidades da Administração Indireta.
1.2 Divisão
• Autarquia
• Empresa Pública
• Sociedade de Economia Mista
• Fundação Pública
1.3 Características
• personalidade jurídica;
• patrimônio próprio;
• vinculação a órgãos da Administração Direta.
Para que possam desenvolver suas atividades, as entidades da administração indireta são dotadas de
personalidade; conseqüentemente, podem adquirir direitos e assumir obrigações por conta própria,
não necessitando, para tanto, das pessoas políticas.
1.5 Patrimônio Próprio
Em função da característica anterior, as entidades possuem patrimônio próprio, distinto das pessoas
políticas.
As entidades da Administração Indireta são vinculadas aos órgãos da Administração Direta, com o
objetivo principal de possibilitar a verificação de seus resultados, a harmonização de suas atividades
políticas com a programação do Governo, a eficiência de sua gestão e a manutenção de sua
autonomia financeira, operacional e financeira, através dos meios de controle estabelecido em lei.
Alguns denominam este controle de tutela, definida por Maria Sylvia Zanella Di Pietro como a
fiscalização que os órgãos centrais das pessoas públicas políticas (União, Estados, Distrito Federal e
Municípios) exercem sobre as pessoas administrativas descentralizadas, nos limites definidos em
lei, para garantir a observância da legalidade e o cumprimento de suas finalidades institucionais.
A autora estabelece diferenças sensíveis entre tutela (vinculação) e hierarquia, conforme o quadro a
seguir.
2.1 Noção
A idéia da autarquia reside na necessidade da pessoa política criar uma entidade autônoma (com
capacidade de administrar-se com relativa independência e não de maneira absoluta, visto que há a
fiscalização do ente criador) para a realização de atividade tipicamente pública, sendo uma das
formas de materialização da descentralização administrativa.
Nesta linha de pensamento, autarquias são entes administrativos autônomos, criados por lei
específica, com personalidade jurídica de direito público interno, para a consecução de atividades
típicas do poder público, que requeiram, para uma melhor execução, gestão financeira e
administrativa descentralizada.
2.2 Características
Tendo personalidade jurídica, as autarquias são sujeitos de direito, ou seja, são de titulares de
direitos e obrigações próprios, distintos dos pertencentes ao ente político (União, Estado, Município
ou Distrito Federal) que as institui.
Submetem-se a regime jurídico de direito público quanto à criação, extinção, poderes, prerrogativas,
privilégios e sujeições, ou melhor, apresentam as características das pessoas públicas, como por
exemplo as prerrogativas tributárias, o regime jurídico dos bens e as normas aplicadas aos
servidores.
Por tais razões, são classificadas como pessoas jurídicas de direito público.
Como exceção a esta regra temos as autarquias territoriais (os territórios), que são dotadas de
capacidade genérica.
Por força de tal característica, as autarquias são denominadas de serviços públicos descentralizados,
serviços públicos personalizados ou serviços estatais descentralizados.
De acordo com a nova redação dada pela emenda constitucional nº 19 ao art. 37, XIX, da
Constituição da República, as autarquias são criadas por lei específica. Para extingüi-las entretanto,
faz-se é necessária somente uma lei ordinária, não necessitando ser específica.
Se a União desejar criar dez autarquias, será necessária a promulgação de dez leis ordinárias
distintas. Caso pretenda extingüí-las, bastará uma única lei.
3 EMPRESA PÚBLICA
3.1 Noção
A exploração da atividade econômica deve ser realizada, em regra geral, pelo setor privado, mas,
excepcionalmente, tal atividade pode ser realizada diretamente pelo setor público, respeitado o
disposto no art. 173 da Constituição da República.
Por várias vezes o Poder Público institui entidades para a realização de atividades típicas do setor
privado, como a indústria, o comércio e a bancária, regidas pelas mesmas normas da iniciativa
privada.
Esses entes podem ser a empresa pública ou a sociedade de economia mista. Neste tópico
dedicaremos ao estudo da primeira.
As empresas públicas são pessoas jurídicas de direito privado criadas por autorização legislativa
específica, com capital exclusivamente público, para realizar atividades econômicas ou serviços
públicos de interesse da Administração instituidora nos moldes da iniciativa particular, podendo
revestir de qualquer forma admitida em direito.
3.2 Características
Por realizarem, em regra, atividades econômicas, o art. 173 da Constituição da República estabelece
que devem as empresas ter o mesmo tratamento jurídico da iniciativa privada, inclusive no que
tange às obrigações tributárias e trabalhistas.
A grande distinção entre a empresa pública e a sociedade de economia mista está na distribuição do
capital, pois na primeira (empresa pública) só há capital público, ou seja, todo o capital pertence ao
poder público, inexistindo capital privado.
As empresas públicas não realizam atividades típicas do poder público, mas sim atividades
econômicas em que o Poder Público tenha interesse próprio ou considere convenientes à
coletividade.
As empresas públicas, de acordo com o Decreto-Lei 200/67, podem revestir-se de qualquer forma
admitida no Direito, inclusive a forma de Sociedade Anônima.
Apesar de serem pessoas jurídicas de direito privado, não se aplica o Direito Privado integralmente
às Empresas Públicas, pois são entidades da Administração Pública algumas normas públicas são
aplicadas a estes entes, com destaque a obrigatoriedade de realizarem licitações e concursos
públicos, e a vedação de seus servidores acumularem cargos públicos de forma remunerada.
De acordo com a nova redação dada pela emenda constitucional nº 19 ao art. 37, XIX, da
Constituição da República, a criação das empresas públicas necessita de autorização legislativa
específica. Para extingüi-las precisa-se apenas de uma autorização legislativa, não necessitando ser
específica.
4.1 Noção
As sociedades de economia mista são as pessoas jurídicas de direito privado, com a participação do
Poder Público e de particulares no seu capital, criadas para a realização de atividade econômica de
interesse coletivo, podendo, também, exercer serviços públicos.
São semelhantes à empresa pública, tendo como diferenças básicas o fato do capital ser
diversificado (capital público e privado) e só podendo ter a forma de sociedade anônima.
Diferente da empresa pública, cujo capital pertence exclusivamente ao Poder Público, na sociedade
de economia mista é possível que haja capital privado. Apenas deve ser destacado que o controle
será público, tendo o Estado a maioria absoluta das ações com direito a voto.
Da mesma forma que as empresas públicas, as sociedades de economia mista também realizam
atividades econômicas ou serviços públicos.
As sociedades de economia mista, por força de lei, são regidas pela forma de sociedade anônima,
diferente da empresa pública que pode ter qualquer forma admitida em direito.
De acordo com a nova redação dada pela emenda constitucional nº 19 ao art. 37, XIX, da
Constituição da República, a criação das sociedades de economia mista será igual a das empresas
públicas, necessitando de autorização legislativa específica.
A extinção também será igual a da empresa pública, ou seja, é preciso a autorização legislativa, não
necessitando ser específica.
5 FUNDAÇÃO PÚBLICA
5.1 Noção
Existem dois tipos de fundação, uma regida pelo Direito Público e outra por normas privadas.
Preocuparemo-nos com as primeiras, deixando as demais para o estudo do Direito Civil.
Em primeiro lugar, devemos definir fundação como sendo a atribuição de personalidade jurídica a
um patrimônio, que a vontade humana destina a uma finalidade social. Trata-se de um patrimônio
com personalidade.
As fundações públicas são instituídas pelo poder público, com, é claro, patrimônio público afetado a
um fim público.
5.2 Características
Como ensina a doutrina, a fundação pública vem a ser um patrimônio dotado de personalidade
jurídica, assim, para ser criada, é necessária a dotação de um de conjunto de bens (patrimônio).
Com o advento da nova Constituição, como ensina Celso Antônio Bandeira de Mello as fundações
públicas passaram a ter o mesmo tratamento jurídico das autarquias, sendo assim, classificadas
como pessoas jurídicas de direito público.
Entretanto, essa visão não é unânime, Maria Sylvia Zanella Di Pietro e Hely Lopes Meirelles
entende que a Fundação Pública pode ser de Direito Público ou Privado conforme a lei instituidora.
No nosso entender a emenda nº 19 tendeu a dar razão a esta última corrente, pois estabeleceu a
criação da fundação pública de forma semelhante a das empresas públicas.
De acordo com a nova redação dada pela emenda constitucional nº 19 ao art. 37, XIX, da
Constituição da República, as fundações públicas, como as empresas públicas e as sociedades de
economia mista, são criadas por autorização legislativa específica, entretanto para extingüi-las é
necessária apenas uma autorização legislativa, não necessitando ser específica.