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Universidade do Estado da Bahia

Curso: Direito

Professor: Felipe Ventin

Disciplina: Direito de Família

Aluna: Layze Moraes

Semestre: 2019.1

FICHAMENTO DE DIREITO CIVIL – FAMÍLIA

PRINCÍPIOS DO DIREITO DE FAMÍLIA E TIPOS DE FAMÍLIA

FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de direito civil: direito
das famílias. 9. ed. Salvador: Juspodivm, 2017.

CAPÍTULO 1 - Introdução e Princípios Constitucionais do Direito das Famílias

5.8 Princípios constitucionais específicos do direito das famílias


5.8.1 Princípio da pluralidade das entidades familiares

Pág.76 O legislador constituinte apenas normatizou o que já representava a


realidade de milhares de famílias brasileiras, reconhecendo que a família é
um fato natural e o casamento, uma solenidade, uma convenção social,
adaptando, assim, o Direito aos anseios e às necessidades da sociedade.
Assim, passou a receber proteção estatal, como reza o art. 226 da
Constituição Federal, não somente a família originada através do
casamento, bem como qualquer outra manifestação afetiva, como a união
estável e a família monoparental - formada pela comunidade de qualquer
dos pais e seus descendentes, no eloquente exemplo da mãe solteira.
77 E, como visto antes, é preciso ressaltar que o rol da previsão constitucional
não é taxativo, estando protegida toda e qualquer entidade familiar, fundada
no afeto, esteja, ou não, contemplada expressamente na dicção legal.
77 A nova redação do parágrafo único do art. 1.589 do Código Civil reconhece
o direito de visitas dos avós, confirmando uma ampliação do conceito de
família.
78 As uniões homoafetivas (invocando a criativa e pioneira terminologia
proposta por Maria Berenice Dias) foram reconhecidas pela Excelsa. Corte,
em sede de controle concentrado de constitucionalidade, como ent1dades
fam1llares, merecedoras da especial proteção estatal (STF, Ac. Tribunal
Pleno, ADin 4277/DF, rel. Min. Carlos Ayres Britto, j. 5.5.11, DJe
14.10.11)
79 As uniões homoafetivas, em nosso sistema jurídico, são entidades
familiares, autonomamente compreendidas, merecendo especial proteção,
ao lado do casamento, da união estável, da família monoparental, dentre
outros núcleos.
85 O constituinte, reconhecendo um fato social de grande relevância prática,
especialmente em grandes centros urbanos, ao abrigar como entidade
familiar O núcleo formado por pessoas sozinhas (solteiros, descasados,
viúvos...) que vivem com a sua prole, sem a presença de um parceiro
afetivo. É o exemplo da mãe solteira que vive com a sua filha ou de um pai
viúvo ou divorciado que se mantém com a sua prole sob a sua efetiva
responsabilidade e convivência. São as chamadas famílias monoparentais.
88 Caracterizam a chamada família anaparental, em face da inexistência de
ancestralidade. Por evidente, as famílias anaparentais também constituem
entidades familiares, das quais decorrem regulares efeitos, como obrigação
de prestar alimentos, direito à herança, parentesco etc. E mais
88-89 As famílias reconstituídas (ou, como preferem os argentinos, famílias
ensambladas, stepfamily, em vernáculo inglês ou, ainda, na linguagem
francesa, famille recomposée) são entidades familiares decorrentes de uma
recomposição afetiva, nas quais, pelo menos, um dos interessados traz
filhos ou mesmo situações jurídicas decorrentes de um relacionamento
familiar anterior. É o clássico exemplo das famílias nas quais um dos
participantes é padrasto ou madrasta de filho anteriormente nascido. É
também o exemplo da entidade familiar em que um dos participantes presta
alimentos ao ex-cônjuge ou ao ex-companheiro.
90 Lembre-se, ainda, que a possibilidade de adoção unilateral do enteado pelo
padrasto ou madrasta, autorizada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente
(§§2º e 4º do art. 42), consubstancia evidente hipótese de proteção jurídica
de uma família recomposta.
93 Partindo da premissa de que a família natural é a "comunidade formada
pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes", o art. 25 do Estatuto da
Criança e do Adolescente apresenta uma regra que exige harmonização
com o caput do art. 226 da Carta Social de 5 de outubro, de modo a que se
entenda encartada nesse conceito, também, a família socioafetiva e não
apenas a família biológica. É o exemplo da família que se forma através de
pai e/ou mãe e a sua prole. A família natural, portanto, pode ser biparental
ou monoparental, não se exigindo a condição de casado, solteiro, viúvo,
divorciado de cada uma das pessoas envolvidas.
94 Já a família extensa ou ampliada é aquela que, perpassando a comunidade
de pais e filhos ou a unidade do casal, é formada por parentes próximos
com os quais a criança ou o adolescente convive e apresenta vínculo de
afinidade ou afetividade. Essa família extensa pode se transmudar,
posteriormente, em família substituta, a depender da situação verificada.
Aqui, vale o exemplo da família formada por padrasto ou madrasta e
enteado e por avós que criam os netos. É, enfim, a grande família,
tradicionalmente composta por pessoas agregadas, entrelaçadas por um
vínculo afetivo.
95 Procura-se preservar os vínculos familiares e, ao mesmo tempo, proteger o
infante, diminuindo a dificuldade de adaptação com a nova família.
Exemplo interessante de reconhecimento de efeitos jurídicos para a família
ampliada pode ser lembrado com o direito de guarda e de visitas para os
avós.
Em terceiro prisma, a família substituta, nos termos da norma estatutária, é
constituída, especificamente, através da guarda, da tutela ou da adoção. A
família substituta cumpre a relevante tarefa de "suprir o desamparo e
abandono, ou pelo menos parte dele, das crianças e adolescentes que não
tiveram o amparo dos pais biológicos. Assim, podemos dizer que o Estatuto
da Criança e do Adolescente, além de ser um 'texto normativo, constitui-se
também em uma esperança de preenchimento e resposta às várias formas
de abandono social e psíquico de milhares de crianças", como bem pontua
Rodrigo da Cunha Pereira.'" Seria, pois, a hipótese de uma criança
abandonada e que é adotada por uma pessoa ou por um casal estranho ao
seu núcleo familiar natural ou ampliado.
5.8.2 Princípio da igualdade (isonomia) entre o homem e a mulher

Pág. 97 A Constituição Federal consagrou no caput do art. 5º (ao cuidar dos direitos
e das garantias individuais) que todos são iguais perante a lei, indicando o
caminho a ser percorrido pela ordem jurídica. Já no inciso I do referido
artigo resolve acentuar as cores da isonomia, explicitando que "homens e
mulheres são iguais em direitos e obrigações". E mais. Ao cuidar da
proteção jurídica da família, no art. 226, volta a tratar da igualdade entre
homem e mulher, deliberando que "os direitos e deveres referentes à
sociedade conjugal são exercidos igualmente -pelo homem e pela mulher”.
5.8.3 Princípio da igualdade substancial entre os filhos

Pág. 111 A incidência da isonomia entre os filhos produzirá efeitos no plano


patrimonial e no campo existencial. Com isso, pondo fim às discriminações
impostas aos filhos adotivos, a igualdade assegura que um filho tenha o
mesmo direito hereditário do outro. Ou seja, não há mais a possibilidade de
imprimir tratamento diferenciado aos filhos em razão de sua origem (se
biológica ou afetiva). Outrossim, nem sequer são admitidas qualificações
indevidas dos filhos, não mais sendo possível juridicamente atribuir a um
filho a designação de adulterino ou incestuoso.
A partir dessas ideias, vale afirmar que todo e qualquer filho gozará dos
mesmos direitos e proteção, seja em nível patrimonial, seja mesmo na
esfera pessoal. Com isso, todos os dispositivos legais que, de algum modo,
direta ou indiretamente, determinem tratamento discriminatório entre os
filhos terão de ser repelidos do sistema jurídico.
5.8.4 Princípio do planejamento familiar e da responsabilidade parental (o
tratamento jurídico da alienação parental)

Pág.112 Reza, expressamente, o Texto Maior: “fundado nos princípios da dignidade


da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é
livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos
educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer
forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas" (§ 7º do art.
226, CF)."'
Pois bem, o propósito do planejamento familiar é, sem dúvida, evitar a
formação de núcleos familiares sem condições de sustento e de
manutenção. Há de se levar em conta, ainda, os problemas que decorrem,
naturalmente, do crescimento demográfico desordenado e, por isso, ao
Poder Público compete propiciar recursos educacionais e científicos para a
implementação do planejamento familiar.
113 De acordo com a citada norma legal, como consequência do planejamento
familiar, é possível a realização de esterilização humana assistida. Admite-
se, assim, entre nós, a esterilização cirúrgica como método contraceptivo
através da laqueadura tubária, vasectomia ou outro método aceito
cientificamente, vedada a histerectomia (retirada do útero) ou ooforectomia
(retirada dos ovários), exceto por exigência médica, como reza a Lei nº
9.263/96, notadamente em seus arts. 10, § 4º, e 15.
O citado diploma legal, regulamentando a responsabilidade parenta[
determinada constitucionalmente, admite a esterilização voluntária para
fins de planejamento familiar, em homens e mulheres com plena
capacidade civil, desde que maiores de 25 anos de idade ou que tenham,
pelo menos, dois filhos vivos, observado o prazo mínimo de 60 dias entre
a manifestação de vontade (por escrito) e o ato cirúrgico, durante o qual o
interessado deverá ser conduzido ao serviço de controle de natalidade para
desencorajar a esterilização, através da recomendação de outros
mecanismos contraceptivos.
Naturalmente, haverá responsabilidade civil, por danos materiais e
extrapatrimoniais (morais), de quem realizar a esterilização não autorizada
legalmente. Ao lado do planejamento familiar, o dispositivo constitucional
alude, também, à responsabilidade parental, impondo especial atenção ao
comportamento das pessoas que compõem o núcleo familiar. Bem por isso,
a Lei nº12.318/10 regulamentou a chamada alienação parental (também
conhecida como síndrome das falsas memórias ou síndrome de Medeia),
caracterizada pela interferência na formação psicológica da criança ou
adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou
por quem tenha o menor sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para
repudiar um dos genitores ou causando prejuízo ao vinculo existente entre
eles (art. 2º).
5.8.5 Princípio da facilitação da dissolução do casamento

Pág.115 O texto originário da Lex Legum de 1988 já trazia consigo, como princípio
fundamental, a facilitação da dissolução do casamento, fazendo com que
casar e não permanecer casado fossem o verso e o reverso da mesma
moeda: a autodeterminação afetiva
116 Nas pegadas desse princípio, a Lei nº 7.841/89 aboliu o limite de concessão
de divórcio, antes estabelecido no art. 38 da Lei nº 6.515/77, 179
extinguindo uma esdrúxula situação pela qual somente poderia ser
concedido um único divórcio por pessoa. Depois disso, adveio a Lei nº
11.441/07, autorizando a dissolução consensual do casamento em via
administrativa, através de escritura pública lavrada em cartório, quando não
houvesse interesse de incapaz.

TIPOS DE FAMÍLIA

MADALENO, Rolf.Direito de família. - 8. ed., rev., atual. e ampl. - Rio de Janeiro:


Forense, 2018.

1.4. A DIVERSIDADE FAMILIAR

1.4.1 A família matrimonial

Pág.47 O casamento identifica a relação formal consagrada pelo sacramento da


Igreja, ao unir de forma indissolúvel um homem e uma mulher e cujos
vínculos foram igualmente solenizados pelo Estado, que, durante largo
tempo, só reconheceu no matrimônio a constituição legítima de uma
entidade familiar, marginalizando quaisquer outros vínculos informais.
O discurso de adoção ao princípio da monogamia acompanhou o longo
percurso da cristandade do matrimônio monogâmico, indissolúvel e
destinado à procriação o único espaço da sexualidade
1.4.2 A família informal

Pág.48 A família informal é uma resposta concreta a essa evolução e ela já foi
sinônima de família marginal, muito embora figurasse como panaceia de
todas as rupturas matrimoniais enquanto ausente o divórcio no Direito
brasileiro, ela serviu como válvula de escape para quem, desquitado, não
podia casar novamente porque o matrimônio era um vínculo vitalício e
indissolúvel. Denominado concubinato, em 1988 foi alçado à condição de
entidade familiar com o advento da vigente Carta Federal, trocando sua
identidade civil pela expressão consolidada de união estável.
A Carta Política de 1988 resgatou a dignidade do concubinato e passou a
denominá-lo união estável, mas não tratou o legislador constituinte de
apagar as marcas do preconceito e da histórica censura às relações
informais de uma união marginal que, embora socialmente tolerada, já
mereceu no período colonial brasileiro a condição de crime passível do
degredo e do cárcere.
1.4.3. A família monoparental

Pág.49 Famílias monoparentais são usualmente aquelas em que um progenitor


convive e é exclusivamente responsável por seus filhos biológicos ou
adotivos. Tecnicamente são mencionados os núcleos monoparentais
formados pelo pai ou pela mãe e seus filhos, mesmo que o outro genitor
esteja vivo, ou tenha falecido, ou que seja desconhecido porque a prole
provenha de uma mãe solteira, sendo bastante frequente que os filhos
mantenham relação com o progenitor com o qual não vivam
cotidianamente, daí não haver como confundir família monoparental com
lugar monoparental.
As causas desencadeadoras da monoparentalidade apontam para a
natalidade de mães solteiras, inclusive por técnicas de inseminação
artificial, até mesmo post mortem e motivos ligados a uma prévia relação
conjugal (não necessariamente oriunda do casamento, mas da conjugação
de interesses em uma vida comum), com separação de fato, divórcio,
nulidade ou anulação do casamento, ou viuvez.
Segundo Demian Diniz da Costa, é fundamental a ideia de formação
monoparental constituída por um homem e uma mulher, sem cônjuge, que
vivem em união livre, ou casais com posterior separação e com a presença
de filhos. Até os 25 anos o filho é considerado dependente econômico de
seus genitores e até essa idade subsiste uma família monoparental.
1.4.4 A família anaparental

Pág.49 O propósito desse núcleo familiar denominado anaparental não tem


nenhuma conotação sexual como sucede na união estável e na família
homoafetiva, mas estão juntas com o ânimo de constituir estável vinculação
familiar. Nesse arquétipo, a família anaparental está configurada pela
ausência de alguém que ocupe a posição de ascendente, como na hipótese
da convivência apenas entre irmãos.
49-50 Observam Renata Almeida e Walsir Rodrigues Júnior não existir família
anaparental onde ausente a pretensão de permanência, por maior que sejam
os vínculos de afetividade do grupo, como, por exemplo, em uma república
de estudantes universitários, cujos vínculos não foram construídos com a
intenção de formar uma família e certamente serão desfeitos com o término
do curso. Havido como entidade familiar anaparental, esse núcleo que se
ressente da presença de uma relação vertical de ascendência e que pode
reunir parentes ou pessoas sem qualquer vínculo de parentesco, mas com
uma identidade de propósitos, 34 não foi contemplado pelo reconhecimento
legal de efeitos jurídicos na ordem sucessória, e até mesmo no âmbito de
alimentos.
1.4.5 A família reconstituída

Pág.50 A partir do casamento podem surgir e é comum que surjam diferentes ciclos
familiares experimentados depois da separação, ficando a prole com a
mulher em uma nova conformação familiar, dessa feita uma entidade
monoparental. Seguindo sua trajetória de vida e, sobrevindo ou não o
divórcio, ela se casa novamente ou estabelece uma união estável e passa a
constituir uma nova família, que não tem identificação na codificação civil,
e passou a ser chamada de família reconstituída, mosaica ou pluriparental.
A família reconstituída é a estrutura familiar originada em um casamento
ou uma união estável de um par afetivo, onde um deles ou ambos os
integrantes têm filhos provenientes de um casamento ou de uma relação
precedente.
50-51 Muitas das famílias refeitas evitam a coabitação contínua e estável para
impedir os conflitos e desinteligências entre o novo companheiro e os filhos
da primeira relação, ou mesmo entre os filhos de ambos os parceiros que
reconstruíram suas vidas afetivas depois da separação de uma família
anterior. Mesmo assim, nessas relações existem vários intercâmbios e
atividades comuns, inclusive formas de apoio econômico e financeiro,
porém, sem o difícil compromisso de uma convivência cotidiana.
51 Embora o §1° do artigo 1.595 do Código Civil reconheça a existência
jurídica do parentesco entre madrastas e padrastos, enteados e enteadas e
estenda os vínculos de afinidade aos irmãos do cônjuge ou companheiro,
com exceção da Lei n. 11.924, de 17 de abril de 2009, qualquer outro
dispositivo legal cria, reconhece ou estabelece qualquer relação de direitos
e de deveres entre os parentes por afinidade e pelo contrário, existe muito
preconceito com os termos de madrasta e padrasto, cujas palavras são
ligadas a pessoas más e que se tornaram os novos parceiros do pai (a
madrasta) ou da mãe (o padrasto) ao tomarem o lugar do outro genitor que
morreu ou se separou de fato ou se divorciou.
1.4.6 A família paralela

Pág.56 Casamentos múltiplos são vedados, como proibidos os relacionamentos


paralelos, porque não se coaduna com a cultura brasileira uma união
poligâmica ou poliândrica, a permitir multiplicidade de relações entre
pessoas já antes comprometidas, vivendo mais de uma união ao mesmo
tempo.
Essa não tem sido a opinião da doutrina e da jurisprudência nacionais, onde
autores como Carlos Cavalcanti de Albuquerque Filho apontam para a
existência de uma crise do sistema monogâmico e observam que a
prostituição já não mais cumpre sua função estabilizadora do casamento,
sendo cada vez mais comum deparar com diferentes arranjos familiares
tolerados pela sociedade.
Renata Miranda Goecks e Vitor Hugo Oltramari defendem o
reconhecimento oficial das uniões paralelas desenvolvidas dentro do
princípio da boa-fé, e afirmam que descabe ao Estado negar a realidade de
pretender que a concomitância de relações seja algo distante do Direito de
Família.
1.4.6.2 A união poliafetiva

Pág. 65 Tem sido o afeto a nota frequente que identifica a constituição e o


reconhecimento oficial de uma entidade familiar, e faz pouco tempo que o
Supremo Tribunal Federal, no julgamento conjunto da ADPF n. 132/RJ e a
ADI n. 4.277/DF conferiu ao artigo 1.723 do Código Civil de 2002
interpretação conforme à Constituição Federal, para excluir do dispositivo
legal todo significado que impeça o reconhecimento da união contínua,
pública e duradoura entre pessoas do mesmo sexo como entidade familiar.
66 Esta é a família poliafetiva, integrada por mais de duas pessoas que
convivem em interação afetiva dispensada da exigência cultural de uma
relação de exclusividade apenas entre um homem e uma mulher, ou
somente entre duas pessoas do mesmo sexo, vivendo um para o outro, mas
sim de mais pessoas vivendo todos sem as correntes de uma vida conjugal
convencional. É o poliamor na busca do justo equilíbrio, que não identifica
infiéis quando homens e mulheres convivem abertamente relações
apaixonadas envolvendo mais de duas pessoas. Vivem todos em notória
ponderação de princípios, cujo somatório se distancia da monogamia e
busca a tutela de seu grupo familiar escorado no elo do afeto.
1.4.7 A família natural

Pág.68 Em conformidade com o artigo 25 do Estatuto da Criança e do Adolescente,


a família natural é a comunidade formada pelos pais ou qualquer destes e
seus descendentes e que deveria ser o equivalente à família biológica, não
fosse a evidência de que a família tanto pode ser biológica como
socioafetiva, pois há muito deixaram os laços de sangue de ser a única
forma de constituição da família. Entretanto, não há como esconder que o
conceito estatutário da família natural está orientado no seu traço biológico,
pois a família natural adviria da gestação da mulher.
1.4.7.1 A família extensa ou ampliada

Pág.68 A família extensa ou substituta, descreve o parágrafo único do artigo 25 do


Estatuto da Criança e do Adolescente, é aquela que se estende para além da
unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes
próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantém vínculos
de afinidade e afetividade. No âmbito do Estatuto da Criança e do
Adolescente, a criança ou o adolescente, antes de ser posto em família
substituta, não sendo possível reinseri-la na sua família natural, de origem
ou dos laços de sangue, deve ser introduzida em núcleo de sua família
extensa, consistente de avós, tios, primos, entre outros, não sendo suficiente
a existência de laços de parentesco, sendo preciso que a criança ou
adolescente conviva com tais parentes e possua com eles vínculos de
afinidade e de afetividade.
1.4.7.2 A família substituta

Pág.68 A família substituta está regulada no artigo 28 do Estatuto da Criança e do


Adolescente e, de acordo com o § 3º do artigo 19 do ECA, a manutenção
ou reintegração de criança ou adolescente terá como preferência a sua
família natural em relação a qualquer outra providência, só sendo colocada
em família substituta se não for possível reinseri-la na família natural ou
encaixá-la na família extensa ou ampliada, e depois de os pais naturais
terem sido previamente destituídos do poder familiar. Embora o artigo 28
do ECA não descreva o conceito de família substituta, ela está representada
pelos pais que se cadastram de forma unilateral ou bilateral, quando casados
ou vivendo em união estável, como candidatos à adoção, aguardando
adotados e adotantes a longa espera que sempre envolve essas lentas
trajetórias rumo à adoção.
1.4.8 A família eudemonista

Pág.69 O termo família eudemonista é usado para identificar aquele núcleo


familiar que busca a felicidade individual e vive um processo de
emancipação de seus membros. O Direito de Família não mais se restringe
aos valores destacados de ser e ter, porque, ao menos entre nós, desde o
advento da Carta Política de 1988 prevalece a busca e o direito pela
conquista da felicidade a partir da afetividade.
1.4.9 A família homoafetiva

Pág. 69 Desde o advento da Carta Política de 1988, a sociedade brasileira vivencia


a identificação de uma nova forma de conjugalidade presente há muito
tempo em outros países e agregada ao Direito brasileiro com o
reconhecimento jurisprudencial da pluralidade de modelos familiares.
Primeiro a jurisprudência e depois o Direito atribuiu efeitos jurídicos aos
comportamentos dos pares afetivos, renunciando o privilégio até pouco
tempo vigente, de exaltação jurídica reservada exclusivamente ao
casamento civil, passando a aceitar, em um primeiro momento, que apenas
pessoas de sexos distintos pudessem se associar em um projeto de vida em
comum, mas que não passava pelo matrimônio civil.
70 O enquadramento da união estável homoafetiva havia resistência
jurisprudencial por alusão expressa à oposição de sexos, exigindo a sua
diversidade como requisito fundamental para aplicar os efeitos jurídicos à
qualquer entidade familiar, não sendo considerado qualquer outro vínculo
afetivo que não fosse formatado exclusivamente entre um homem e uma
mulher, destacando os julgados alguns artigos do Código Civil e da
Constituição Federal, que aludem à expressa possibilidade de casamento e
de união estável apenas entre pessoas de diferentes sexos, e assim seguiria
sendo decidido por significativa parcela da jurisprudência brasileira
enquanto o sistema legal não remediasse este vazio constitucional e
mudasse no ponto, o Código Civil

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