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OBJETIVOS ESPECÍFICOS
a) Identificar as problematizações acerca da Sociologia de gênero por meio da
literatura.
2. PROBLEMATIZAÇÃO:
2.1 DISCUSSÃO SOBRE OS PROBLEMAS MAIS SIGNIFICATIVOS
3. INSTRUMENTALIZAÇÃO
Amor é um conto de Clarice sobre Ana. A mulher vivia uma rotina normal: dividia-
se entre seu marido, seus dois filhos e seu lar. Um dia, ao voltar do mercado, Ana nota no
bonde um senhor já de idade cego, intrigada com o homem quemastiga seu chiclete.
Concentrada no homem cego, Ana perde seu ponto, desce no Jardim Botânico e fica ali
até anoitecer, observando cada detalhe do loca. Ao notar-se sozinha grita para abrirem o
portão.
Em casa, Ana abraça o filho e após sentar-se em uma cadeira vai ajudar a
empregada com o jantar, sempre pensando no homem cego e na crueldade da vida.
Abraça o filho novamente, até machucá-lo. Todos vão embora e Ana olha-se no espelho
até o fogão fazer barulho e assustá-la, trazendo-a de volta à vida. A mulher abraça o
marido, dizendo que não quer que ele sofra, ele sem nada compreender apenas ri, ambos
vão dormir.
Os sentimentos de Ana passam por uma série de mudanças intimamente ligadas
com fatos corriqueiros do cotidiano da dona de casa. Essas mudanças no modo como a
mulher vê o mundo originam-se após as reflexões de Ana por ter visto o homem cego no
bonde. Até então, a personagem vivia sua rotina mecanicamente, com o vislumbre do
homem cego Ana vive um momento de questionamentos, mas que é esquecido conforme
a mesma retorna para sua casa e sua família, de modo a retornar à sua rotina mecânica.
O conto Amor faz parte do livro Laços de Família, de Clarice Lispector, que data
de 1960. "Amor" retrata um episódio da vida de uma mulher comum que devido a uma
situação gatilho, comoção ao ver um homem cego, começa a refletir e questionar sua
existência, o local que ocupa no mundo, suas relações afetivas e sua vida doméstica. Ana
começa a ficar atordoada por se sentir sufocada por ter seguido “seu destino de mulher”.
Ana representa as donas de casa de classe média que vivem de acordo com os papéis
sociais e que vivem apenas para a família de modo a esquecerem do mundo que se
passa fora de suas casas, diante de algum acontecimento se choca e fica pensativa, mas
no final retorna para sua rotina de sempre.
em um momento o menino é julgado por ser afeminado e em outro por aparentar ter
sentimentos por uma mulher casada.
Em I Love My Husband Nélida Piñon traz uma mulher casada que narra sua vida
com seu marido. Apesar de a narradora iniciar o conto afirmando: “Eu amo meu marido”
(PIÑON, 2000, p. 451), é notório o descontentamento com sua posição de submissa
dentro da família e sua passividade na sociedade. Ela limita-se a ser a sombra do marido,
que trata-a conforme o machismo característico da sociedade. A narradora sofre uma
crise interna sobre seus valores, porém não posiciona-se, ela apenas divaga
interiormente, ao mesmo tempo em que exibe a imagem da dona de casa exemplar. Ela
silencia-se enquanto sofre uma opressão psicológica. Ela revela sua identidade como
omissa, estagnada quanto aos fatos e dependente da figura masculina, o temor de uma
vida diferenciada que possui: a de ser uma simples sombra do marido, revelando, uma
possível identidade vigente na sociedade. A narradora vive a vida por meio de seu
marido, pois é o único a trazer-lhe a vida.
A esposa chega a esboçar uma tentativa de emancipação, questionando o marido
sobre o futuro, acaso alguma mudança ocorresse no modo como eles viviam. Porém ela
recua um enfrentamento, pois ela, na condição de mulher não viveu nada exceto sua
condição de esposa submissa e não sabe como agir frente aos desafios. Ele ambiciona
crescimento financeiro, social e material e ela vive apenas para servi-lo. A mulher passa a
questionar sua condição e vive uma crise de contraditoriedades, ao que o marido não
compreende o que ocorre com sua esposa.
O conto retrata uma submissão feminina exagerada, dominada por um
patriarcalismo que dita as regras das convenções sociais de gênero, cujos papeis são
extremamente marcados, e simbolizam muitas angústias que mulheres reais vivem. Em I
lovemyhusband a mulher só realiza-se a partir de um relacionamento bem sucedido, sua
completude só é possível ao ser possuída sexualmente pelo seu marido e não deve
nunca questionar seu papel. E apesar de todos os “galopes” (456) que a esposa dá ao
questionar-se, o conto termina da mesma forma que começou: “Ah, sim, eu amo meu
marido.” (PIÑON, 2000, p. 451).
príncipes e princesas, mas sim com pessoas reais que sofrem com o desenrolar de
situações causadas por diferenças sociais como as diferenças econômicas e de gênero.
Fonte: Contos retirados de: MORICONI, Ítalo (Org.) Os cem melhores contos brasileiros do século. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2000.
4º Etapa: Solicitar aos grupos que compartilhem com o restante da turma os pontos
elencados após a leitura e debate.
5º Etapa: Relacionar as situações presentes nos contos com a sociedade patriarcal e o
cotidiano deles e encerramento da aula
4. CATARSE
4.1 SINTESE: Objetiva-se com esta aula exercitar a imaginação sociológica e a leitura
literária em conjunto com os alunos para que estes que possam compreender
sociologicamente a relação entre a literatura e as esferas sociais da vida; a relação entre
os conceitos sociológicos que compõe as diversas esferas da temática abordada na aula
e como estas foram formuladas e utilizadas ao longo do tempo até chegar à internet hoje.
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